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Santa Catarina de Sena ensina a viver o tema da CF2010 de uma forma católica


Impossível servir a Deus e ao dinheiro
Por Santa Catarina de Sena, Virgem e Doutora da Igreja

Carta para Laudônia Strozzi

1. Saudação e objetivo

Em nome de Jesus Cristo crucificado e da amável Maria, caríssima irmã no doce Cristo Jesus, eu Catarina, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo, vos escrevo no seu precioso sangue, desejosa de vos ver uma verdadeira serva de Cristo crucificado.

2. As vantagens de servir a Deus

Servir a Cristo crucificado não é servir, mas reinar, pois torna a pessoa livre, libertada da escravidão do pecado; tira sua cegueira; dá-lhe a iluminação perfeita; dela afasta a morte (do pecado) e concede-lhe a vida da graça; suprime a guerra e traz-lhe apaz e a quietude; veste a alma de caridade e a sacia com a carne do Cordeiro, assada no fogo do amor no madeiro da cruz, para glória de Deus Pai e a nossa salvação. A pessoa se torna firme, sem temor servil. Portanto, servir a Deus é um grande bem e uma inestimável dignidade. Além disso, servir a Deus com todo o empenho do coração é nosso dever!

3. Deus é ciumento do nosso amor

Mas atenção! Deus é um patrão que não aceita concorrentes, nem quer ser servido pela metade. Exige a totalidade. Por isso, é impossível servir a Deus e ao mundo. Disse Jesus: "Ninguém pode servir a dois senhores. Quem serve a um, despreza o outro" (Lc 16,13). Os dois não combinam. O mundo oferece exatamente o contrário do que descrevemos antes. Quem é escravo da própria sensualidade, dos prazeres, das posições sociais, das riquezas, honras e grandezas humanas, dos filhos, do marido ou de alguma pessoa ou ainda de amor humano, com a intenção de saciar a própria sensibilidade fora de Deus, tal pessoa apenas recebe morte, cegueira e vazio. Porque tudo isso exclui a caridade e destrói a dignidade humana. Agindo assim, a pessoa vende ao mundo e ao demônio a própria liberdade, submetendo-se ao pecado. Afinal, deposita amor em algo que é menor do que ela mesma. Desse modo, peca contra Deus. As realidades terrenas foram feitas para nossa utilidade; nós, porém, fomos feitos para Deus. Quem se põe ao serviço das realidades terrenas, fora do plano divino, peca e torna-se escravo do pecado, que é privação. O homem se reduz a nada, sem Deus, que é (tudo).

4. Como usar os bens materiais.

Convém-nos, pois, renunciar ao mundo e servir a Deus. Mas por que o mundo é tão contrário a Deus? Porque Jesus nos ensina a servir a Deus na pobreza voluntária. Quem possui riquezas materiais não pode retê-las com apego do coração. Deve desapegar-se dos bens terrenos. O mundo ama o orgulho; Deus ama a humildade. Esta virtude agrada tanto a Deus, que ele se humilhou diante de nós, quando o seu Filho com humildade e paciência correu em direção à cruz por nossa causa. Cristo pede e exige de nós a paciência, a esperança e a fé viva. Pede paciência, repito, para que aceitemos os acontecimentos por Deus mandados e para que perdoemos a quem nos ofende. O mundo exige o inverso. Quer a vingança e o rancor contra o próximo. A esperança e a fé viva fazem-nos apoiar em Deus, que é firme e estável; não nas criaturas. Devemos depor nossa confiança e nossa fidelidade em Cristo crucificado. Não em nossa sensualidade. A fé viva produz virtudes e boas ações em nós.

Deus também ama a justiça; o mundo ama a injustiça. Sejamos justos, portanto, justos em nós mesmos. Quando a sensibilidade se revoltar contra Deus, é necessário que o amor e aluz da consciência a repreendam diante do livre-arbítrio. Este a ferirá com a espada do ódio (ao pecado) e a eliminará com a espada do amor divino. Façamos desse modo, caríssima irmã! Então seremos servos fiéis e também senhores.

5. Amar a virtude, repudiar o pecado

Entendestes como é importante e útil servir a Deus. Sem tal atitude não atingimos a finalidade para a qual fomos feitos. Vimos ainda como é o perigo e a infelicidade em que cai a alma ao servir o mundo com seus prazeres. Vimos a razão pela qual o mundo e Deus não podem ser amados ao mesmo tempo, estando eles distantes um do outro. Cristo ama a virtude e repudia o vício. De tal modo o fez, que sendo homem renunciou à vida e no seu corpo descontou nossas maldades através de flagelos, padecimentos, desprezo, afrontas e por fim a morte na cruz. Portanto, sendo o pecado tão desagradável a Deus, temos de fugir dele até a morte. Pecamos sempre que amamos o que Deus repudia e quando desprezamos o que Deus ama.

6. Exortação final e conclusão

Elevemos, então, nossas aspirações e sirvamos a Deus com muito amor. Despojemos o coração de toda vaidade, de todo apego desordenado aos filhos, ao marido, às riquezas. Tudo nos foi dado por empréstimo, para nosso uso. Usemos tais realidades na medida do necessário, em sintonia com o agrado divino. Não nos convém reter como posse pessoal uma coisa que não nos pertence. A graça de Deus, sim, podemos considerá-la como nossa. Tão nossa, que demônio e criatura alguma conseguem tirá-la de nós sem nosso consentimento. Como é ignorante quem se priva de tão grande tesouro! A fim de conservar melhor tal tesouro, escondei-vos nas chagas do Crucificado, lavai-vos no seu sangue. Nada mais acrescento.

Permanecei no santo e doce amor de Deus.

Jesus doce, Jesus amor.

Santa Catarina de Sena, Cartas Completas.
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3 comentários:

Fique à vontade para comentar. Mas, se for criticar, atenha-se aos argumentos. Pax.

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