tag:blogger.com,1999:blog-88117656058705688792024-03-05T04:14:35.374-08:00Grupo de Resgate Anjos de Adoração - GraaQuanta razão há de te amar! (Ct 1,4)Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.comBlogger1836125tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-58095610758216097582020-10-23T16:13:00.005-07:002020-10-23T16:13:46.387-07:00Sobre Francisco e as uniões homoafetivas II<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyu9Ctuz1nnETVtoR5HBCZEeWYxFPujD1bSba5pURF2HeNLdMSyB8AX56xX3UMmQrWODz-J9C4MSnLQmQUY_jqs3YcMteh4v-7iqs78F4KIznlcb_K4NEtBz3OxWzmrv9SjymrvJ3VS04F/s1380/papa_francisco.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="920" data-original-width="1380" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyu9Ctuz1nnETVtoR5HBCZEeWYxFPujD1bSba5pURF2HeNLdMSyB8AX56xX3UMmQrWODz-J9C4MSnLQmQUY_jqs3YcMteh4v-7iqs78F4KIznlcb_K4NEtBz3OxWzmrv9SjymrvJ3VS04F/s320/papa_francisco.jpg" width="320" /></a></div><br /><p>A inverdade é sempre ruim, seja por parte daqueles que acusam injustamente, seja por parte dos que defendem também injustamente. A devoção ao Papa tem sido atualmente vista por boa parte dos católicos como uma espécie de servilismo ingênuo que tende a divinizar até mesmo os espirros do pontífice. Os membros da Igreja ficam temerosos de aceitar aquilo que eles mesmos percebem estarrecidos e terminam optando por um fideísmo que é estranho ao catolicismo, um dogmatismo não nas posições da Igreja, mas na pessoa daquele que ocupa o cargo mais alto na hierarquia visível. A atitude correta, ao contrário, deve ser, ainda que com respeito, um tanto mais prudente. O próprio Pontífice deve estar, ele mesmo, a serviço de algo muito mais alto: a verdade. Neste sentido, ele não tem a mínima autoridade de mudar o ensino bimilenar católico. Este ensino versa sobre duas áreas: a da Doutrina e a da Moral.<br /><br />Eu escrevi um texto sobre os supostos recentes ditos de Francisco numa entrevista de maio de 2019 onde ele parecia contradizer o ensino católico de sempre no que diz respeito Às uniões entre pessoas homossexuais. Assistindo ao vídeo inteiro, notei que a parte mais polêmica não se encontrava na película original que foi disponibilizada. Um recente documentário que gerou essa polêmica mais recente trazia um excerto daquela entrevista seguida de uma parte adicional, estranha àquela fonte, mas disponibilizada como se nela tivesse a sua origem. Como, vendo a entrevista inteira, eu não achei a dita parte, atribuí o acréscimo a uma outra fonte e, provavelmente, a um outro assunto. A edição, assim, teria tido o intento de provocar uma impressão falsa, atribuindo à fala de Francisco um sentido que ela não teria. É aquilo de que se queixa o próprio entrevistado na versão que se encontra no youtube.<br /><br />Porém, eu também havia notado que o fundo amarelo e o ângulo da câmera da parte adicionada pareciam coincidir com a anterior. À noite, eu soube de um vídeo do Bernardo Küster sobre o mesmo tema. Nele, Küster notava que a parte polêmica não estava no vídeo original, mas ele atribuía isto ao fato de ela ter sido cortada, dado o seu conteúdo dissonante com o ensino católico, talvez a pedido dos próprios membros que acompanham o Pontífice. É uma possibilidade bastante lógica. Se este for o caso, então teríamos de admitir que Francisco, ainda que só como opinante pessoal, abraça uma tese frontalmente anticatólica, algo totalmente estranho para alguém que é tido como Vigário de Cristo.<br /><br />Existem, ainda, outros indícios de que talvez seja disso que se trata, mesmo. A expressão usada por Francisco foi "lei de convivência civil". Parece que se trata aí de um termo técnico equivalente ao nosso "união civil" e referente ao reconhecimento legal das relações homoafetivas. Este é um ponto.<br /><br />Outro ponto é o seguinte: como a polêmica explodiu pelo mundo, esperava-se que Francisco ou algum órgão de imprensa do Vaticano se pronunciasse a respeito, esclarecendo o real sentido do que ele teria dito ou pelo menos denunciando a edição que teria criado uma falsa impressão. Até agora, porém, parece que isto não foi feito, o que também é bastante estranho. Se houvesse um cuidado com a opinião frágil dos fiéis, isto era o mínimo que se deveria esperar.<br /><br />Há ainda um terceiro ponto: conforme li no Fratres in Unum, o Vatican News noticiou o seguinte: "o Papa Francisco recebeu em audiência privada o diretor nomeado ao Oscar, Evgeny Afineesky, no dia do seu aniversário, e o acolheu com um bolo e velas. O diretor está em Roma para apresentar o seu documentário 'Francisco'". Rui assim a tese de que este diretor estaria tentando perverter as palavras do Pontífice. Na verdade, o clima entre eles é de harmonia, e o documentário foi ou está para ser apresentado em Roma, sob o olhar complacente e aprovador do bispo de Roma. Houvesse aí algum equívoco, a Igreja se pronunciaria imediata e contundentemente. Mas não é o caso.<br /><br />Enfim... esperemos os próximos passos deste imbróglio. Mas, ao contrário do que eu tentava dizer no outro texto, parece que o que se temia é que é real. Não obstante, seja qual for a posição pessoal de Francisco, o certo é que a posição da Igreja permanece fixa e imutável. Neste sentido, os católicos não têm o que temer. <br /></p>Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-78105970714062837612020-10-22T13:49:00.001-07:002020-10-22T13:49:18.505-07:00Papa Francisco defende a união civil entre homossexuais?<div class="" dir="auto"><div class="ecm0bbzt hv4rvrfc ihqw7lf3 dati1w0a" data-ad-comet-preview="message" data-ad-preview="message" id="jsc_c_w"><div class="j83agx80 cbu4d94t ew0dbk1b irj2b8pg"><div class="qzhwtbm6 knvmm38d"><span class="d2edcug0 hpfvmrgz qv66sw1b c1et5uql rrkovp55 a8c37x1j keod5gw0 nxhoafnm aigsh9s9 d3f4x2em fe6kdd0r mau55g9w c8b282yb iv3no6db jq4qci2q a3bd9o3v knj5qynh oo9gr5id hzawbc8m" dir="auto"><div class="kvgmc6g5 cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q"><div dir="auto" style="text-align: start;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi66noMjuIrHrqQt7wjtbBk5U0XbfvawILxWN8oioGy_JBfIxpxvyRPgJYR1Pl2pJY3c2rCkWb-eFb3dC0tkYvDtZThqxebqKDgfsW8a894q1qp3WPPZ3COYe3ycQl8omGIRFQnrg-hJtQ-/s1200/r-1200-800-q-90-papa-francisco-disse-em-entrevista-que-o-inferno-nao-existe-63be6f1f-c22c-450d-bf2a-890902bba8e3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi66noMjuIrHrqQt7wjtbBk5U0XbfvawILxWN8oioGy_JBfIxpxvyRPgJYR1Pl2pJY3c2rCkWb-eFb3dC0tkYvDtZThqxebqKDgfsW8a894q1qp3WPPZ3COYe3ycQl8omGIRFQnrg-hJtQ-/s320/r-1200-800-q-90-papa-francisco-disse-em-entrevista-que-o-inferno-nao-existe-63be6f1f-c22c-450d-bf2a-890902bba8e3.jpg" width="320" /></a></div><br /></div><div dir="auto" style="text-align: start;">Todo mundo sabe que eu não morro de amores por Francisco, embora este seja um assunto de que eu não costumo tratar em lugar algum. Mas já tratei bastante em tempos idos. Em todo caso, dada essa última polêmica de agora, sempre há quem me pergunte a minha posição ou me peça para desfazer a confusão. Geralmente eu digo que não me surpreendo, mas, se é de se esperar alguma ambiguidade nos pronunciamentos do atual bispo de Roma, isso de que agora lhe acusam seria inequivocamente um absurdo por contrariar frontalmente a arquiconhecida posição católica sobre o tema. Mas vamos aos fatos.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q"><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">Eu dei-me ao trabalho de ver inteira a entrevista que serviu de fonte para a parte que foi divulgada neste documentário. É a que se encontra <a href="https://www.youtube.com/watch?v=VOcLWcW6Elw&feature=youtu.be&fbclid=IwAR1nOZ9abkWiKVUTFVNiskZ1lXNOuXu8kUX4AN6xaUXk5mAauRXE1aoqe_0">aqui</a>. Pelo que eu vi, há uma parte que de fato se encontra lá, mas outra que não. Quem teve acesso ao trecho do documentário que causou a polêmica verá que há um corte, uma perda de continuidade, um salto. Numa parte, Francisco fala que os homossexuais têm direito a ter família, e essa afirmação, tirada do contexto, pode fazer pensar que ele está a defender o conúbio entre eles e a chamar isso de família. Mas não é o caso. Quem viu a entrevista - e eu reitero que vi -, percebe que Francisco está falando dos pais do homossexual que devem acolhê-lo, e não dispensá-lo do seu convívio e dos seus direitos.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q"><div dir="auto" style="text-align: start;">Quanto à parte em que ele fala de um reconhecimento civil, eu não achei isso na entrevista em questão. Que ele falou isso em algum lugar é um fato, pois está lá o pedaço de vídeo, mas não se especifica nesta parte adicionada sobre o que exatamente ele está falando. Deduz-se, pelo vídeo editado, que fosse do dito casamento gay, já que era sobre isso que se falava no momento imediatamente anterior. Mas agora, sabendo que pegaram este trecho de outro lugar, não se pode afirmar categoricamente que era sobre o mesmo assunto. Podemos concluir ainda o seguinte: se a edição teve o claro intuito de provocar a aparência de aprovação de Francisco às uniões civis homoafetivas, é claro que eles poriam mais referências a isso, sobretudo na parte adicionada, se elas existissem. Como não há uma referência clara a este tema naquela parte, então talvez se possa deduzir que não era disso que ele falava ali.</div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q"><div dir="auto" style="text-align: start;">Aos que perguntam a posição da Igreja sobre este assunto, ela é contra não apenas o "casamento" gay, que não existe, mas também ao simples reconhecimento civil da união de duas pessoas do mesmo sexo. Discorde-se da Igreja o quanto se quiser, ela permanece tendo o direito de ter a sua posição, e não obriga ninguém a adotá-la. Para terminar, na mesma entrevista fonte, Francisco chega a dizer que "a lei de matrimônio homossexual é uma incongruência". Na sua famosa e polêmica encíclica Amoris Laetitia, ele discorre sobre este ponto pugnando também pelo direito das crianças de terem um pai e uma mãe. Afirma ainda que "não existe fundamento algum para assimilar ou estabelecer analogias, nem sequer remotas, entre as uniões homossexuais e o desígnio de Deus sobre o matrimônio e a família. É inaceitável que as Igrejas locais sofram pressões nesta matéria e que os organismos internacionais condicionem a ajuda financeira aos países pobres à introdução de leis que instituam o 'matrimônio' entre pessoas do mesmo sexo." Vejam que ele fala aí no final de "leis que instituam", isto é, ao tal reconhecimento civil.</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div></div><div class="o9v6fnle cxmmr5t8 oygrvhab hcukyx3x c1et5uql ii04i59q"><div dir="auto" style="text-align: start;">Que isto tudo, por fim, nos sirva de lição para:</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">1- Nos inteirarmos do fato completo antes de sairmos afirmando alguma coisa, sobretudo num assunto de tal grandeza;</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">2- Reconhecer na mídia secular a sua sanha manipuladora, principalmente em temas polêmicos como este;</div><div dir="auto" style="text-align: start;"> </div><div dir="auto" style="text-align: start;">3- Também não se reduza os que criticaram Francisco a um grupo de meninos que se divertem com essas agitações. Há gente boa dos dois lados, e há meninos birrentos também dos dois lados. Infelizmente, Francisco deixou muito a desejar em várias das suas entrevistas e dos seus pronunciamentos. Isso gera um clima de desconfiança. Quando surge então uma bomba dessas, mesmo que falsa, a coisa pode soar para alguns como uma conclusão que se segue das premissas. O ânimo irritadiço, então, já latente, encontra aí ocasião de se manifestar. É, de fato, uma época muito estranha a que vivemos, mas graças a Deus ainda não chegamos ao nível de absurdo aí pretendido.</div></div></span></div></div></div></div>Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-10008340309688816762020-06-13T13:42:00.001-07:002020-06-13T13:56:11.023-07:00De que modo os acidentes permanecem na Eucaristia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfBto9iTXMOvm_QkjB5ZQfLgt3Q2uthJ2PFwwlmpgsncKuoqIZOz3O3MuPzd1mb3jkqTY1EWvqeiYPVSCw8odc9rdUSiv4HqKmsbfnBwazX5657rUIh4HZyWwakbLpxsuwkoaIka8ketrP/s1600/cq5dam.thumbnail.cropped.750.422.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="422" data-original-width="750" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfBto9iTXMOvm_QkjB5ZQfLgt3Q2uthJ2PFwwlmpgsncKuoqIZOz3O3MuPzd1mb3jkqTY1EWvqeiYPVSCw8odc9rdUSiv4HqKmsbfnBwazX5657rUIh4HZyWwakbLpxsuwkoaIka8ketrP/s320/cq5dam.thumbnail.cropped.750.422.jpeg" width="320" /></a></div>
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Em segundo lugar, o acidente pode ser miraculosamente separado da substância e permanecer sem suporte algum, sustentado pela virtude divina, visto que o efeito depende muito mais da causa primeira do que da sua causa segunda. A influência da causa primeira, porque ela é mais universal e mais eficaz, pode manter o efeito quando desaparece a causa segunda. Quando um governo deixa de existir, todos os poderes subalternos, que estavam subordinados à sua autoridade, deixam de existir com ele;; mas, se no mesmo instante do desaparecimento uma melhor e mais forte autoridade substitui a que desaparece e penetra nos mesmos poderes subalternos, de fato eles não continuam as suas funções e representações? É isto que acontece no sacramento do altar. Deve-se concluir, pois, sem hesitação alguma, acrescenta Sto Tomás, que Deus pode fazer existir o acidente sem suporte algum.</div>
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HUGON, Padre Édouard, O. P. <b>Os princípios da Filosofia de São Tomás de Aquino: as vinte e quatro teses fundamentais</b>. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1998. p. 75-76</div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-22865805976333953422020-03-22T18:45:00.001-07:002020-03-22T18:45:34.609-07:00Oração para amar mais a Virgem Maria<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVUc0AVg3CfS2IbD03I9664507FLakXG0pvUP77wk0a6BRqwxQ1wOzMUoeVWAVuJv1HeCx4V5oNpYK5LMh5FDsXSacVmjwWBQtCK83TpLxJrIpJMOdkjbVlxfar5SdSomWtspJgugyDuNe/s1600/d9403f4cf327aee4e9d405f294abf103.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="947" data-original-width="557" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVUc0AVg3CfS2IbD03I9664507FLakXG0pvUP77wk0a6BRqwxQ1wOzMUoeVWAVuJv1HeCx4V5oNpYK5LMh5FDsXSacVmjwWBQtCK83TpLxJrIpJMOdkjbVlxfar5SdSomWtspJgugyDuNe/s400/d9403f4cf327aee4e9d405f294abf103.jpg" width="235" /></a></div>
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Direi com São Boaventura: Ó Senhora, que com o amor e os favores que aos vossos servos demonstrais, arrebatais os seus corações, arrebatai-vos também o meu miserável coração, que deseja muito amar-vos. Vós, minha mãe, com a vossa beleza enamorastes um Deus e O arrastastes do céu ao vosso seio; ora, viverei eu sem amar-vos? Não; digo-vos com outro filho amante vosso, João Berchmans, da Companhia de Jesus: jamais descansarei enquanto não estiver certo de ter obtido o amor, mas um amor constante e tenro, para vós, mãe minha que com tanta ternura me amastes, mesmo quando eu vos era ingrato. E o que seria agora de mim, se vós, ó Maria, não me houvésseis amado e obtido para mim tantas misericórdias? Se, pois, me amastes tanto quando eu não vos amava, quanto mais devo esperar da vossa bondade agora que vos amo? Eu vos amo, ó minha mãe, e queria um coração que os amasse no lugar de todos aqueles infelizes que não vos amam. Queria uma língua capaz de louvar-vos no lugar de mil línguas, a fim de fazer a todos conhecer vossa grandeza, a vossa santidade, a vossa misericórdia, e o amor com que amais os que vos amam. Tivesse eu riquezas, empregá-las-ia todas em vossa honra. Tivesse eu súditos, torná-los-ia todos vossos amantes. Daria enfim por vós e pela glória vossa a própria vida, se fosse necessário.</div>
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Amo-vos, pois, ó minha mãe, mas ao mesmo tempo temo que vos não ame; pois ouço falar que o amor torna similares os amantes aos amados: o amor ou encontra semelhantes, ou os faz. Logo se eu me vejo assim de vós dessemelhante, é sinal de que não vos amo. Vós assim tão humilde, eu assim tão soberbo! Vós assim tão santa, eu assim tão iníquo! Mas isto é o que haveis de fazer, ó Maria: já que me amais, tornai-me semelhante a vós. Já tendes vós pleno poder de mudar os corações; tomai-vos portanto o meu e mudai-o. Fazei ver ao mundo quanto podeis em favor daqueles que amais. Fazei-me santo, fazei-me um digno filho vosso. Assim espero, assim seja.</div>
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Santo Afonso de Ligório, Glórias de Maria</div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-65390382948218427182020-03-19T15:05:00.001-07:002020-03-19T15:05:47.718-07:00A Virgem Santíssima, esperança dos pecadores<div style="text-align: justify;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLw-ZZiQKaeo8R5XDkHNbwCRunsxKrxms5y_NxYu9riLPrytaJc2L9HbZuZU0RnwMu3RcSmBVHvo0ADcIM_BFAo0Uz9_qP6uQCr9d79TSEzJS5dYLeFMXEPcfsYePR1FVQbe-xN-Oy3Kcn/s1600/00432869f610976108755b84cd751633.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="848" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLw-ZZiQKaeo8R5XDkHNbwCRunsxKrxms5y_NxYu9riLPrytaJc2L9HbZuZU0RnwMu3RcSmBVHvo0ADcIM_BFAo0Uz9_qP6uQCr9d79TSEzJS5dYLeFMXEPcfsYePR1FVQbe-xN-Oy3Kcn/s400/00432869f610976108755b84cd751633.jpg" width="211" /></a></div>
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Narra-se na vida da irmã Catarina de S. Agostinho que no lugar onde estava essa serva do Senhor havia uma senhora chamada Maria, que na juventude fora pecadora e, chegada à velhice, seguia obstinadamente sendo perversa, a tal ponto que escorraçada pelos cidadãos e confinada a viver numa gruta fora do seu vilarejo, ali meio apodrecida, abandonada por todos e sem sacramentos, foi por isso sepultada no campo como um animal. E a irmã Catarina, que costumava com grande afeto encomendar a Deus todas as almas daqueles que faziam a travessia à outra vida, depois de saber da morte desgraçada dessa pobre velha, não pensou em orar por ela, julgando-a, como a julgavam todos, como condenada.</div>
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Passados quatro anos, eis que um dia se apresentou diante dela uma alma do purgatório, que assim lhe disse: "Irmã Catarina, que má sorte é esta minha? Tu encomendas a Deus as almas de todos que morrem, e apenas da minha alma não tiveste piedade?"; "E quem sois vós?", disse a serva de Deus. "Eu", respondeu "sou aquela pobre Maria que morreu na gruta". "Mas como, estás salva?", replicou a irmã Catarina. "Sim, estou salva", disse, "por misericórdia da Virgem Maria". "Mas como?". Quando me vi próxima de morrer, vendo-me tão cheia de pecados e por todos abandonada, voltei-me à Mãe de Deus, e lhe disse: 'Senhora, vós sois o refúgio dos abandonados; eis que nesta altura estou eu por todos abandonada; sois vós a minha única esperança vós apenas podeis ajudar-me,tende piedade de mim'. A Santa Virgem obteve para mim um ato de contrição, morri, e fui salva; e ela, a minha Rainha, ainda obteve para mim a graça de que minha pena fosse abreviada, fazendo-me sofrer intensamente aquilo que haveria de purgar por muitos anos mais; necessitam-se de apenas algumas missas para livrar-me do purgatório. Rogo-te que as faças rezar que eu te prometo que sempre rogarei a Deus e a Maria por ti".</div>
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A irmã Catarina imediatamente lhe fez celebrar as missas; e eis que novamente lhe apareceu aquela alma, dentro de poucos dias, mais luminosa que o sol, e lhe disse: "Agradeço-te, Catarina: eis que já me vou ao paraíso para catar as misericórdias do meu Deus e rogar por ti".</div>
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Santo Afonso de Ligório, Glórias de Maria.</div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-26767392156954071652020-02-28T09:48:00.000-08:002020-02-28T10:06:34.442-08:00É o Cristianismo apenas um sistema moral?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNvpd08mwXddqHnPMmpdkT4oebryAjMi6pav5QYJhVRFId_kxP2ljkWkP1-I7zBEO-UfdVW-mjq0hV3bAN1LdNg_UrWf0_TnTw3PS2CBeZuw5inOuCJLs-edkMFq1sD76MGMbM8VcrMGjs/s1600/6554f9f776f931f1d5d58162b7ac10a5.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1516" data-original-width="1000" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNvpd08mwXddqHnPMmpdkT4oebryAjMi6pav5QYJhVRFId_kxP2ljkWkP1-I7zBEO-UfdVW-mjq0hV3bAN1LdNg_UrWf0_TnTw3PS2CBeZuw5inOuCJLs-edkMFq1sD76MGMbM8VcrMGjs/s320/6554f9f776f931f1d5d58162b7ac10a5.jpg" width="211" /></a></div>
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Para o público em geral, a religião cristã, e em especial a protestante, é essencialmente um meio de moralidade. Seu único objetivo é induzir os homens a praticarem boas ações e a evitarem as más. Dogmas, sacramentos e formas de culto são de utilidade enquanto contribuem para o aumento da moralidade, mas são em geral acréscimos tardios à "religião simples de Jesus", que era em essência a nova lei moral proclamada no Sermão da Montanha. Assim quando o sistema de moralidade atribuído a Jesus pelos membros da Igreja é posto em questão, toda a estrutura do cristianismo institucional cai em descrédito.</div>
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É completamente errado dizer-se que o Cristianismo é simples e primordialmente um sistema de moralidade e que Jesus era principalmente um mestre de moral; serão necessárias centenas de anos para desfazer essa impressão. Os homens da Igreja reforçaram esse erro com a pregação e o ensino persistente da moralidade e com a exclusão da doutrina, da adoração e da vida interior. Como, entretanto, o público em geral identifica o cristianismo simplesmente e apenas com um certo tipo de moralidade, a influência da Igreja no mundo depende, em grande parte, das atitudes morais dos cristãos. E como o ideal moral cristão é, em si mesmo, dotado de tremenda força, as deturpações do ideal possuem forte influência negativa. Faz-se, portanto, absolutamente necessário que compreendamos a moral cristã à luz da dádiva da união com Deus e da visão mais profunda da Sua natureza que a realização daquela dádiva proporciona e a maturidade espiritual possibilita.</div>
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Uma coisa, entretanto, deve ficar clara desde o início: o próprio Deus e não a moral é o fim e o objetivo da religião cristã. A moralidade é apenas um subproduto da união com Deus, e seu propósito consiste no gozo cada vez mais profundo, ou contemplação, dessa união por nós mesmos e pelos outros.</div>
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<blockquote class="tr_bq">
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<i>"Todas as outras atividades humanas parecem ter isso como seu fim, pois a contemplação perfeita exige que o corpo esteja totalmente livre, e para esse fim estão voltados todos os produtos da arte que são necessários à vida. Ela precisa, além disso, de estar livre dos distúrbios provocados pelas paixões, o que é conseguido através das virtudes morais e da prudência; e livre dos distúrbios externos, com os quais toda a vida civil está vinculada. Assim, se considerarmos a matéria corretamente, veremos que todas as ocupações humanas parecem servir àqueles que contemplam a verdade.. A felicidade essencial do homem consiste unicamente na contemplação de Deus (Sto Tomás de Aquino, Contra Ventiles, II, XXXVII).</i></div>
</blockquote>
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Os cristãos alimentam os famintos, tratam os doentes, vestem os desnudos e se disciplinam para que todos possam compartilhar e desfrutar do maior de todos os bens - o próprio Deus. E, como Deus é amor, amar uma outra pessoa é dar-lhe Deus.</div>
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Alan Watts. A vida contemplativa. Rio de Janeiro: Record, 1971. p.210-212.
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Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-45419013327336549152019-12-31T12:34:00.001-08:002019-12-31T12:34:23.836-08:00O Magnificat e a pobreza da riqueza deste mundo<div style="text-align: justify;">
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLccWIJwuWkMiCyXdzTZMfwWvBCqQTEHIyubtSVO9SW1cZcklW68HA82M5M4F_t4yZI3nYcMbW8AJZ2f18MQVLt5oddOEyEeRlTub5_0mvgG2cdUvzLKZ47kjJ09uZqhCCiSmmcY5SVbTC/s1600/slshfdfs.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="196" data-original-width="257" height="244" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLccWIJwuWkMiCyXdzTZMfwWvBCqQTEHIyubtSVO9SW1cZcklW68HA82M5M4F_t4yZI3nYcMbW8AJZ2f18MQVLt5oddOEyEeRlTub5_0mvgG2cdUvzLKZ47kjJ09uZqhCCiSmmcY5SVbTC/s320/slshfdfs.jpg" width="320" /></a></div>
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Existem planos e aspectos da realidade que não se percebem a olho nu, mas apenas com o auxílio de uma luz especial: ou com os raios infravermelhos ou com os raios ultravioletas. A imagem obtida com esta luz especial é muito diferente e surpreendente para quem está habituado a ver este mesmo panorama à luz natural. A Igreja possui, graças à Palavra de Deus, uma imagem diversa da realidade do mundo, a única definitiva, porque obtida com a luz de Deus e porque é aquela mesma que Deus tem. Ela não pode ocultar tal imagem. Deve antes difundi-la, sem jamais se cansar, torná-la conhecida aos homens, porque dela depende o seu destino eterno.</div>
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É a imagem que no final ficará quando tiver passado "o esquema deste mundo". Torná-la conhecida, às vezes, com palavras simples, diretas e proféticas, como aquelas de Maria, como são ditas as coisas de que se está íntima e tranquilamente convicto. E isto mesmo à custa de parecer ingênua e fora do mundo, defronte à opinião dominante e ao espírito do tempo.</div>
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O Apocalipse nos á um exemplo desta linguagem profética, direta e corajosa, na qual, à opinião humana, vem contraposta a verdade divina: "Tu dizes (e este 'tu' pode ser a pessoa individual, como pode ser uma sociedade toda): 'Sou rico, me enriqueci; não tenho necessidade de nada!', mas não sabes que és um infeliz, um miserável, um pobre, cego e nu (Ap 3,17)".</div>
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Numa célebre fábula, fala-se de um rei a quem se fez crer, por embrulhões que existe um tecido maravilhoso que tinha o privilégio de tornar, quem o vestisse, invisível aos tolos e aos ineptos, e visível apenas aos sábios. Ele, por primeiro, naturalmente não o vê, mas tem medo de dizê-lo, por temor de passar por um dos tolos, e assim fazem todos os seus ministros, e todo o povo. O rei desfila pelas estradas sem nada em cima, mas todos, para não se trair, fingem admirar o belíssimo vestido, até se ouvir a vozinha de uma criança que grita entre a multidão: 'Mas o rei está nu', rompendo o encantamento, e todos finalmente têm a coragem de admitir que aquele famoso vestido não existe.</div>
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A Igreja deve ser como a vozinha de uma criança, a qual, a certo mundo todo enfatuado das próprias riquezas e que induz a considerar louco e tolo quem mostra não acreditar nelas, repete, com as palavras do Apocalipse: 'Tu não sabes que estás nu!'. Aqui se vê positivamente como Maria, no Magnificat, 'fala profeticamente pela Igreja': ela, por primeiro, partindo de Deus, pôs a nu a grande pobreza da riqueza deste mundo.</div>
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Todavia seria desvirtuar completamente esta parte do Magnificat que fala dos soberbos e dos humildes, dos ricos e dos famintos, se a limitássemos apenas ao âmbito das coisas que a Igreja e o crente devem pregar ao mundo. Aqui não se trata de algo que se deve somente pregar, mas algo que se deve antes de tudo praticar. Maria pode proclamar a bem-aventurança dos humildes e dos pobres porque ela própria está entre os humildes e os pobres. A reviravolta por ela prevista deve acontecer primeiro no íntimo de quem repete o Magnificat e reza com ele. Deus - diz Maria - abateu os soberbos "nos pensamentos do seu coração". De súbito, o discurso é levado de fora para dentro; das discussões teológicas, em que todos têm razão, aos pensamentos do coração, no qual todos temos errado. O homem que vive "para si mesmo", do qual Deus não é o Senhor, mas o próprio "eu", é um homem que se construiu um trono e no qual se assenta ditando lei aos outros. Ora Deus - diz Maria - derruba estes tais do seu trono; põe a nu a sua não-verdade e injustiça. Há um mundo interior, feito de pensamentos, vontade, desejos e paixões, do qual - diz São Tiago - provêm as guerras e os litígios, as injustiças e injúrias que estão em meio a nós (cf Tg 4,1) e até que alguém comece a sanar esta raiz, nada muda verdadeiramente no mundo, e se alguma coisa muda é para reproduzir, dali a pouco, a mesma situação de antes.</div>
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Como o cântico de Maria nos atinge de perto, como nos questiona a fundo e como põe de verdade " o machado na raiz"! Que loucura e incoerência seria a minha se cada dia, às Vésperas, repetisse com Maria que Deus "derrubou os poderosos dos tronos" e, no entanto, continuasse a cobiçar o poder, um posto mais alto, uma promoção humana uma promoção de carreira e perdesse a paz se isso demora a chegar; se cada dia proclamasse, com Maria, que Deus "mandou os ricos de mãos vazias" e, no entanto, aspirasse sem descanso enriquecer e possuir sempre mais coisas e coisas sempre mais refinadas; se preferisse estar de mãos vazias diante de Deus, antes que de mãos vazias diante do mundo, vazias dos bens de Deus, mais que vazias dos bens deste mundo. Que loucura seria a minha se continuasse a repetir com Maria que Deus "olha para os humildes", que se avizinha deles, enquanto mantém à distância os soberbos e os ricos de tudo, e depois fosse daqueles que fazem exatamente o contrário.. </div>
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"Todos os dias - escreveu Lutero comentando o Magnificat - devemos constatar que cada ujm se esforça por elevar-se além de si, para uma posição de honra, de poder, de riqueza, de domínio, para uma vida abastada e para tudo que é grande e soberbo. E cada um quer estar com tais pessoas, corre atrás delas, serve-as voluntariamente, cada um quer participar da sua grandeza... Ninguém quer olhar para baixo, onde existe pobreza, ignomínia, necessidade, aflição e angústia, antes, todos afastam o olhar de uma tal situação. Todos evitam as pessoas assim provadas, as afastam, deixam-nas sozinhas, ninguém pensa em ajudá-las, em assisti-las e em fazer com que elas tornem-se também alguém: devem permanecer embaixo e ser desprezadas". </div>
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Deus - diz Maria - faz o oposto disto: tem à distância os soberbos e eleva até a si os humildes e os pequenos; está mais prazerosamente com os necessitados e os famintos que o atormentam com súplicas e com pedidos, do que com os ricos e saciados que não têm necessidade dele e não lhe pedem nada. Assim fazendo, Maria nos exorta, com ternura materna, a imitar Deus, fazer nossa a sua escolha. Ensina-nos os caminhos de Deus.</div>
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O Magnificat é na verdade uma maravilhosa escola de sabedoria evangélica. Uma escola de conversão contínua. Como toda a Escritura, ele é um espelho (cf. Tg 1,23) e sabemos que do espelho podem-se fazer dois usos muito diversos. Pode-se usá-lo para o exterior, para os outros, como espelho ustório, projetando a luz do sol para um ponto distante até incendiá-lo, como fez Arquimedes com as naves romanas, ou pode-se usá-lo tendo-o voltado para si, para ver nele a própria imagem e corrigir-lhe os defeitos e as sujeiras. São Tiago nos exorta a usá-lo sobretudo deste segundo modo, para pôr "em evidência" nós mesmos, antes que os outros.</div>
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A Escritura - dizia São Gregório Magno - "cresce por força de ser lida" (Mor. 20,1; PL 76,135). O mesmo acontece com o Magnificat, as suas palavras são enriquecidas, não consumidas, pelo uso. Antes de nós, multidões de santos ou de simples fiéis oraram com estas palavras, saborearam-lhe a verdade, puseram em prática seu conteúdo. "ora, aconteceu - escreveu um deles - que no dia de Natal assistia às Vésperas em Notre-Dame e, escutando o Magnificat, tive a revelação de um Deus que me estendia os braços" (P. Claudel, <i>Corrispondenza</i>, cit., p.33).</div>
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Pela comunhão dos santos no corpo místico, todo este imenso patrimônio se adere agora ao Magnificat. É bom rezá-lo assim, em coro, com todos os orantes da Igreja. Deus o escuta assim. Para entrar neste coro que atravessa os séculos, basta que pretendamos reapresentar a Deus os sentimentos e o entusiasmo de Maria que por primeira o entoou "em nome da Igreja", dos doutores que o comentaram, dos artistas que o musicaram com fé, dos piedosos e dos humildes de coração que o viveram. Graças a este maravilhoso cântico, Maria continua a engrandecer o Senhor por todas as gerações; a sua voz, como aquela de uma solista, sustenta e arrasta a Igreja. Um orante do saltério convida todos a unir-se a ele, dizendo: "Glorificai o Senhor comigo, exaltemos em uníssono o seu nome" (Sl 34,4). Maria repete aos seus filhos as mesmas palavras: Glorificai o Senhor comigo! "Vinde, filhos, escutai-me, ensinar-vos-ei o temor do Senhor" (ib.). Maria, a Mãe do Senhor, a figura da Santa Igreja, arrasta atrás de si a Igreja ao louvor de Deus, ao júbilo da salvação; a arrasta para Deus. E nós dizemos: Sim, Maria, nós glorificamos o Senhor contigo e por ti, pelas granes coisas que fez em ti o Onipotente e pelas grandes coisas que fez também a nós. Desde sempre e para sempre.</div>
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Pe Raniero Cantalamessa. O mistério do Natal. Aparecida SP: Editora Santuário, 1993. p.30-34.</div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-89266522172433147182019-12-30T12:04:00.002-08:002019-12-30T12:04:20.732-08:00Natal ou Páscoa?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQPI3ZmOb2P_JTHx2eJjW_Ir3Nv3tiBKgV7If2039iXvSVA8Ie0tTnxO5xrpXRgRUJSJJv9l8uc15JT2MJmSVnXjW6J9GraPVdifX1gd3-f_430cah-uCUAZJNXiJg0jSgfPA02njYCgaB/s1600/Manger-Cross%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="311" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQPI3ZmOb2P_JTHx2eJjW_Ir3Nv3tiBKgV7If2039iXvSVA8Ie0tTnxO5xrpXRgRUJSJJv9l8uc15JT2MJmSVnXjW6J9GraPVdifX1gd3-f_430cah-uCUAZJNXiJg0jSgfPA02njYCgaB/s1600/Manger-Cross%255B1%255D.jpg" /></a></div>
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Natal ou Páscoa? Qual dos dois momentos deve reinar no coração dos cristãos? Como frequentemente acontece, os católicos são instados a escolher entre duas alternativas; e escolhem ambas.</div>
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Ao longo da história, os santos notaram que os eventos estão misteriosamente ligados. Nas cenas do Natal, os cristãos sempre encontraram prenúncios do mistério pascal.</div>
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Jesus começou a sua vida numa caverna usada como estábulo. Seu berço era um nicho escavado numa parede de pedra que servia de manjedoura aos animais. No dia de sua morte, seu corpo também foi posto num nicho de pedra dentro de um túmulo.</div>
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Já aqueles que imaginam uma manjedoura feita de madeira observam que Ele foi posto sobre esse material tanto no nascimento como na crucifixão.</div>
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Em seu nascimento e em sua morte, Jesus foi envolvido em faixas. (cf. Lc 2,7 e Jo 19,40).</div>
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Tanto o seu nascimento como a sua ressurreição foram anunciados pelos Anjos.</div>
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Já traçamos a conexão entre Belém - que significa "casa do pão" - e a Última Ceia, quando Jesus dá o seu corpo como Pão da Vida. Ao ser posto na manjedoura, o Menino Jesus já se apresentava como "a comida que dura até a vida eterna" (cf. Jo 6,27.55).</div>
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Já falamos sobre a sua circuncisão, que antecipa o sangue que seria derramado na sua execução. Ela prefigura também a sua ressurreição, por representar um desprendimento em relação ao corpo mortal (cf. Col 2,11).</div>
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O Natal, portanto, não ameaça a importância da Páscoa. Pelo contrário, ambas as celebrações estão relacionadas por serem expressões do mesmo amor divino, ordenadas uma à outra pela mesma Divina Providência.</div>
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Scott Hahn. <b>A alegria do mundo: como a vinda de Cristo mudou tudo (e continua mudando)</b>. Trad. Diego Fagundes. São Paulo: Quadrante, 2018. p.166-167.</div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-51999419366582413722019-10-31T11:51:00.000-07:002019-10-31T16:38:41.265-07:00O que eu tenho contra a RCC?<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiySW9qK-bI2d62AJJOkaz7w1vf1Rri7zXRkAu_svZ9eMcMEUx_DrVUrJ2PLJRs9T_VHThPJ0WE0cK2rbRl2A2nmM1kHuQP9MQT2vCsYteBZP61lDkB12Lre75lJCXivhY99pff4FUehZdM/s1600/nota-sobre-o-site-nacional-da-rcc-do-brasil.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="670" data-original-width="400" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiySW9qK-bI2d62AJJOkaz7w1vf1Rri7zXRkAu_svZ9eMcMEUx_DrVUrJ2PLJRs9T_VHThPJ0WE0cK2rbRl2A2nmM1kHuQP9MQT2vCsYteBZP61lDkB12Lre75lJCXivhY99pff4FUehZdM/s320/nota-sobre-o-site-nacional-da-rcc-do-brasil.jpg" width="191" /></a></div>
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<br /></div>
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Olá, caros. Há quanto tempo! Faz séculos que não escrevo aqui, mas chegou mais uma ocasião. O caso agora se deve a uma discussão - no bom sentido - recente que tive num dos grupos do whatsapp de que participo. A coisa gravitou em torno da RCC, e eu então me propus a fazer um resumão sobre os problemas essenciais que julgo ver neste movimento. Aqui, na forma de um texto, a coisa fica melhor dita. E uma coisa melhor dita é uma coisa bendita.</div>
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Antes de começar, convém explicar umas coisas. Eu fui carismático durante sete anos, como eu já falei noutros textos. Há, de fato, muitos artigos aqui no blog sobre este tema, e basta clicar na tag "rcc" no fim deste post ou do lado direito. Dê um "ctrl f" e procure aí. O fato de eu ter sido da RCC por vários anos me dá algum respaldo para falar do movimento. Eu não tratarei, porém, dos abusos específicos que se deveram à imprudência de certos membros, mas aos problemas essenciais, isto é, que fazem parte da própria essência do movimento. Assim, os problemas que eu descrever aqui referem-se à RCC em qualquer lugar e em qualquer tempo.</div>
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Ao contrário do que se pode pensar, porém, eu não tenho nada contra pessoas carismáticas. Alguns amigos são deste movimento, e vez ou outra me encontro com eles, e participo de momentos em comum, às vezes até tocando, inclusive com a famosa oração em línguas e as visualizações tão típicas. Claro que eu não adiro nem a uma nem a outra, mas não cismo, não saio criticando e nem faço cara feia. Não tenho qualquer animosidade pessoal em relação a isso, mas tenho ideias a respeito, já que já me propus estudar o fenômeno do carismatismo.</div>
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<br /></div>
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Antes de passar aos problemas, deixa eu começar fazendo o elogio. A RCC foi, logo após o Concílio Vaticano II, a alternativa que tínhamos à Teologia da Libertação, que nem cristianismo é. Os movimentos mais tradicionais não eram tão difundidos. Então, ao lado de um discurso puramente político, a RCC guardou e manteve a ênfase no caráter espiritual. Ela preservou e desenvolveu em nós o amor à Eucaristia, o zelo pelo estado de graça, o amor ao terço e a prática da adoração ao Santíssimo, pelos cercos de Jericó e as vigílias. Fez-nos, além disso, conhecer muitos amigos, viajar, e pensar continuamente no Céu e na vida dos santos. Desenvolveu em nós os dons de falar em público, de cantar, de tocar, de lidar com pessoas, etc. A RCC, graças a Deus, nos auxiliou bastante em tudo isso, e por isso eu e tantos outros somos gratos a ela. Isso, contudo, não a isenta dos seus problemas, alguns dos quais também nos prejudicaram, e às vezes não pouco.</div>
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Sigo, então, descrevendo os supostos equívocos que eu julgo ver neste movimento. Resumão:</div>
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<b>1- Origem Protestante</b></div>
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Os próprios carismáticos admitem sua origem protestante. E qual o problema disso? O problema é que o próprio nome "renovação" sugere a ideia de que algo envelheceu ou se perdeu na Igreja e que, tchan tchan tchan tchan, teria sido devolvido ou renovado no protestantismo! Mas que coisa interessante... Considerando que os carismas seriam algo dado pelo próprio Deus como uma espécie de participação íntima e sensível de Si mesmo, é curioso que a Igreja não os tivesse, o que vai contra o dogma da indefectibilidade da Igreja, e que os tivesse recebido dos protestantes, que negam pontos essenciais da Doutrina Católica. Além deste problema evidente, há outro: o Código de Direito Canônico da época proibia que católicos participassem de cultos em comum com protestantes, e os primeiros fenômenos do carismatismo entre católicos se deram justamente a partir dessas reuniões em que pessoas de toda e qualquer denominação cristã participavam e partilhavam as mesmas experiências. Ora, a se considerar o fenômeno carismático como verdadeiro, conclui-se que a desobediência não somente não é punida, mas é premiada por Deus. Como diz o Kiko, "que coisa, não?"</div>
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<br /></div>
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<b>2- Doutrina em segundo plano</b></div>
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<br /></div>
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Isso nos leva ao segundo ponto: se Deus dá suas graças a cada um que professe qualquer coisa, então aquilo que se professa não é tão importante. Se o próprio Deus faz vista grossa em relação ao que cada um crê, a Doutrina é apenas um acessório, que pode-se ter ou não, mas com o qual não se pode ser muito exigente. Conclusão: a) tanto faz ser católico ou protestante; b) A Igreja Católica, em ser tão exigente com a Doutrina e inclusive excomungar os que não professam integralmente o "Depósito da Fé", erra. Porém, o próprio Paulo foi quem disse: "Se alguém vos pregar um Evangelho diferente daquele que vos temos anunciado, seja anátema". Diz-se que hoje os carismáticos são mais estudiosos em relação à Doutrina, leem o Catecismo, etc. Ótimo! Porém, segue sendo verdade que ter uma origem protestante tem como implicações o que eu falei: Deus daria suas graças independente do que cada um crê. Logo, o que cada um crê seria algo secundário.</div>
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<br /></div>
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<b>3- Fenomenologia dos carismas</b></div>
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Não somente a origem é protestante, mas o fenômeno, mesmo hoje, segue sendo igual cá e lá. Basta ir numa Assembleia de Deus, numa Batista renovada, numa Quadrangular, para se notar que o mesmo fenômeno acontece entre elas e entre os grupos de oração carismático. A coisa pode variar em grau, pois algumas correntes são mais enfáticas que outras, mas essa variação também ocorre entre grupo e grupo na RCC. Há sempre aquele pregador "ungido", "de fogo", cuja vinda "promete". Mas a fenomenologia dos ditos carismas, o modo de compreendê-los, é sempre igual. Conclusão: se são iguais, então ou são verdadeiros cá e lá, ou são falsos cá e lá. Se são verdadeiros cá e lá, seguem os mesmos problemas do ponto 2. Se são falsos, então...</div>
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<b>4- Oração em línguas</b></div>
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Este talvez seja o coração do carismatismo. Diz-se, é verdade, do "batismo no Espírito Santo" como traço mais essencial da RCC, expressão infeliz que a Igreja já pediu para ser evitada, mas que segue sendo usada. Porém, o sinal visível deste "batismo", segundo os carismáticos, é o fenômeno da glossolalia, ou oração em línguas, ou língua dos anjos.</div>
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O evento bíblico que dá o fundamento desta prática seria a vinda do Espírito Santo em Pentecostes. Porém, em Pentecostes os Apóstolos e discípulos do Senhor não ficam falando coisas ininteligíveis. Não são línguas estranhas, aí, mas línguas estrangeiras, tanto que os residentes de outros países, que ali estavam, escutam-nos falar em sua própria língua. Trata-se do fenômeno da xenoglossia. Portanto, isso aí não tem nada a ver com o que se vê nos grupos de oração carismáticos. A referência "faiô".</div>
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Além disso, sendo um dom, ele deveria ser recebido, e não aprendido. Porém, os carismáticos ensinam a enrolar a língua e cada um termina praticando o "dom" de um modo bem próprio. Às vezes, a variação dos fonemas é de três ou quatro sílabas, quando não de duas. E a própria entonação é repetida. Como se não bastasse, o próprio "dom" é adaptável, e é comum ver seus praticantes imitando o jeito de alguém "ungido". Alguns rezam, outros cantam, sendo que quem reza pode cantar em línguas, e quem canta pode simplesmente rezar. É um "dom", supostamente extraordinário, que está sempre acessível, e a todos, como eles gostam de dizer, e é totalmente administrável. Não se sabe, então, em que sentido se diz que é extraordinário.</div>
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"Ah, mas São Paulo diz que quem fala em línguas não fala aos homens, que não entendem, mas a Deus". E tem a questão dos gemidos inefáveis, também. Vejamos: na tradição católica, os santos falam de dois modos de oração "em línguas": a xenoglossia, já referida, a que ocorre em Pentecostes; e uma outra forma que consiste em falar coisas misteriosas, mas não numa linguagem ininteligível. Quando cantamos o Ofício da Imaculada, por exemplo, há muitas expressões lá cujo sentido escapa à maioria de nós, o que não nos impede de cantá-lo, porém. Segundo a Tradição Católica, é disso o que se trata, então. E não de algo que sequer sentido faz. Por isso, a fala em línguas, que Paulo recomenda que seja feito por dois ou três, sempre foi aplicado à Liturgia, onde, depois de duas ou três leituras, o Padre as interpreta na homilia. Os "gemidos inefáveis" não são a repetição ininterrupta de chiados, mas os arroubos interiores, inexprimíveis, de amor do próprio Deus em nós. O gemido é sempre uma expressão da intensidade do que se sente: seja amor, seja dor. A oração em línguas, porém, pode ser praticada - e é, por vezes - mecanicamente. O contexto em que se fala dos gemidos inefáveis do Espírito Santo, porém, trata, nuns versículos antes, dos gemidos humanos pelo sofrimento no mundo. Diz-se, então, que todas as criaturas gemem e que nós também gememos dentro de nós. Assim, o Apóstolo afirma, então, que o próprio Deus também geme misteriosamente, como que participando de nossas dores e dando eficácia e substância à nossa oração.</div>
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Por fim, a tal oração em línguas também começou no protestantismo e permanece por lá, igualzinha. Seguem os mesmos problemas já elencados. Poderia ainda ser feita a seguinte questão: uma vez que a pessoa aprende a imitar aquele som característico, todas as vezes em que uma pessoa o fizer, ela está rezando? Há pessoas que sabem reproduzi-lo só que com a intenção de fazer troça. O Espírito Santo permitiria tal coisa? E, se essa troça acontece, neste caso é ainda o dom ou não? Se não é o dom, então não seria possível distinguir, através da prática, quando ele se manifesta realmente e quando é somente uma encenação.</div>
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Por fim, se Deus se manifesta dessa forma, porque não é tão frequente que ele permita o sinal que ocorreu em Pentecostes, de um italiano falar japonês sem nunca ter estudado, ou de um brasileiro falar alemão, etc?</div>
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<b>5- O Repouso no Espírito</b></div>
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Este fenômeno é um dos mais chamativos do carismatismo. Lembro-me que ir a um retiro fechado e não passar por isso era decepcionante. Todos ficavam na expectativa do famoso "repouso". Em alguns encontros, os organizadores inclusive distribuem colchões e almofadas no ambiente para favorecerem o conforto durante as quedas. Quem já experimentou ou presenciou este fenômeno há de convir que é pelo menos curioso. As pessoas caem de várias formas esquisitas e não se machucam. Isto seria, talvez, a evidência de que se trata de algo sobrenatural... Mas não. O que aí se chama "repouso", e no protestantismo, "queda no Espírito Santo", nada mais é do que o famoso "toque de Charcot", da hipnose. Observe o leitor esse vídeo e reconheça o mesmo fenômeno nos olhos.</div>
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<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="480" src="https://www.youtube.com/embed/mrGTHN56OAM" width="553"></iframe> </div>
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Quem "repousa" fica com os olhos dessa mesma forma, batendo rapidinho. Eu já vivi isso aí diversas vezes, e já vi acontecer com inúmeras outras pessoas, e eu mesmo já provoquei o fenômeno em outros. É muito fácil reproduzir esses efeitos hipnóticos: basta uma pessoa sugestionável, receptiva, uma voz ou prática que demonstre persuasão, e um ambiente propício: o ambiente carismático possui diversos elementos que criam a atmosfera requerida: música emotiva, balanço, às vezes controle da luz, linguagem sugestiva, expectativa criada nas pessoas de que algo está prestes a acontecer, o que favorece a sua "entrega". Pronto. É só isso.</div>
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<b>6- Visualizações</b></div>
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Em todo grupo carismático há sempre um momento de oração pessoal, espontânea, no qual cada pessoa fala individualmente com Deus. Depois da oração espontânea, geralmente vem a oração em línguas. E, depois disso, ou durante isso, as pessoas começam a ter visualizações que, se forem de Deus - como dizem -, vão-se confirmando umas às outras. Este é um dos pontos mais frágeis dos carismáticos e dos pentecostais em geral. Vejam só: toda oração tem um tema: agradecimento, petição, adoração, arrependimento, etc. Além disso, o pregador ou condutor da oração está geralmente com a sua voz exaltada, conduzindo os demais. O significado do que ele diz, e o teor da oração que a própria pessoa está fazendo, vão naturalmente estimular a imaginação de todos que, então, passará a formar um sem fim de imagens. A coisa fica ainda mais intensa porque os orantes ficam procurando sinais e vozes interiores de Deus. Resultado: qualquer coisa que a imaginação formar será, então, entendida como uma mensagem divina. Se considerarmos, com Sta Teresa D'Avila, que a imaginação é a louca da casa, já podemos imaginar o que pode vir disso aí. Eu mesmo já presenciei verdadeiros absurdos, como quando um grupo, sob orientação do coordenador, queimou seus casacos porque Deus teria lhe dito para fazerem isso. A ideia de fundo, pelo que me recordo, era que, depois de um processo de purificação e da famosa renúncia, as sujeiras espirituais teriam migrado de suas almas para suas roupas, donde a conveniência da fogueira santa aplicada aos coitados dos tecidos. Noutras duas vezes, eu mesmo fui o objeto de uma suposta comunicação divina que, pelo menos, a mim não chegou. Uma mulher conduzia um momento exaltado de oração enquanto eu tocava. A mulher, então, declarou firmemente que Deus inspiraria alguém ali a profetizar em línguas. Pouco depois, ela começou a olhar pra mim e dar sinais. O favorecido seria eu. Imaginem a cena, hahaha. Quieto estava, quieto fiquei. Noutra vez, uma mocinha rezava por mim durante um filme e pediu a Deus pra que Ele me falasse. Segundo ela, Deus lhe garantiu que me falaria e que Ele de fato me falou. Porém, meu wifi acho que estava fraco, rs. Esses são pequenos exemplos de como alguém pode ficar totalmente convencido do que diz a sua imaginação, mesmo que a mensagem em questão seja baboseira pura e simples. Como fazer, então, para distinguir quando uma mensagem é criação nossa, quando é de Deus ou, até, quando vem do demônio? As pessoas em geral não têm quaisquer ferramentas para fazer essa distinção. Naturalmente, cada uma vai acreditar em si mesma, mas esse é o pior critério possível. É, aliás, o que distingue os malucos.</div>
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<b>7- Subjetivismo</b></div>
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Se você explica todas essas coisas para um carismático, o que ele diz? "Ah, meu irmão, é porque você não experimentou. Mas eu sei que o que eu vivi foi de Deus", etc. Ele nunca possui critérios objetivos, mas sempre baseia-se na própria experiência. Eu sei disso por dois motivos: a) tenho anos de prática de discussão com carismáticos; antigamente, nos idos tempos do Orkut, eu adorava fazer isso; b) eu mesmo usava esses "argumentos". Primeira coisa: estar muito satisfeito consigo mesmo, como se sua vida provasse a veracidade do que crê, já é um mau sinal. A autocomplacência não é boa, e pressupõe uma cegueira fundamental. Essa cegueira jamais vai ser um efeito real de alguma graça provinda de Deus. Ao contrário, o grande efeito que segue qualquer toque divino é a profunda humildade que ele deixa, efeito do autoconhecimento que é, aí, aprofundado, revelando para a própria pessoa a sua própria miséria. Disto resulta uma espécie de angústia, um sofrimento íntimo por ver-se agraciado justamente quando a pessoa se percebe mais indigna e ingrata. Isto a deixa profundamente constrangida. Tanto São João da Cruz quanto Sta Teresa D'Avila sempre dizem que um dos sinais mais característicos de que uma graça vem de Deus é o medo que fica de a pessoa estar errada. Sta Teresa, já depois de ter entrado nas quartas moradas, tinha algumas graças místicas bastante altas, mas sofria profundamente, depois, sem saber se o que havia vivido vinha de Deus ou do demônio. E ela perturbou-se com isso não pouco tempo. Somente São Pedro de Alcântara pôde convencê-la da origem divina de suas graças. Agora, imagine um carismático comum - supondo que a maioria de nós não chegou às quintas moradas - todo seguro de que o arrepiozinho que experimentou, a catarse pela qual passou é, sim, de Deus. Não é fácil distinguir a origem de uma experiência assim, motivo pelo qual os santos sempre recomendam que não se as deseje. Nós não temos os meios adequados para fazer a distinção. O próprio demônio é mestre em imitar, motivo pelo qual é conhecido como o macaco de Deus (<i>simia dei</i>). O próprio Paulo diz que ele pode se disfarçar de anjo de luz. Isso não é difícil pra ele. E quando encontra alguém desejoso dessas experiências, ele pode ir "brincar" com a pessoa. São João da Cruz diz que muitas almas perderam-se dessa forma. O justo deve viver pela fé, isto é, sem desejar nenhum sinal misterioso ou místico. É verdade que Deus às vezes os dá, mas não é comum e isso nunca ocorre no começo, e nunca é dado porque a pessoa os quis. Deus pode permitir consolações sensíveis, que não são graças sobrenaturais, ainda, e mesmo assim Ele não quer que uma pessoa fique apegada a elas, motivo pelo qual Ele mesmo fará questão de as tirar, depois.</div>
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Além disso, a essência do carismatismo é a busca por experiências. O próprio nome "renovação carismática" indica a tentativa de reviver aqueles sinais sensíveis que Deus dava no começo da Igreja, para a difusão da fé e para a credibilidade do discurso dos Apóstolos. A este respeito, leia-se a <a href="http://w2.vatican.va/content/pius-x/pt/encyclicals/documents/hf_p-x_enc_19070908_pascendi-dominici-gregis.html">Pascendi Dominici Gregis</a>, de São Pio X, contra o Modernismo. Neste texto, entre outras coisas, o Sumo Pontífice condena a tese de que é possível experimentar Deus. A sensibilidade humana lida com coisas materiais e pode ser estimulada dessa forma. Deus é puro espírito e, como tal, não pode ser alcançado pela sensibilidade humana. É por isso que São João da Cruz a este respeito dizia: "tanto mais uma graça é sensível, tanto menos certa que é de Deus"; e ainda: "Os sentidos humanos são tão experientes das coisas espirituais como um jumento o é das coisas racionais". Dessa forma, São João da Cruz condenava qualquer tipo de espiritualidade que buscasse experimentar Deus sensivelmente.</div>
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<br /></div>
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Daí alguém poderia objetar: mas se a pessoa em questão possui uma vida reta, de oração, jejum, abstinência, mortificação, observância dos mandamentos, etc., é possível que esteja assim enganada?</div>
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Uma pessoa pode estar tão autossugestionada que, crendo piamente no que professa, viva como se aquilo fosse verdade quando não é. É por isso que há sempre gente muito devota entre protestantes, budistas, muçulmanos, etc. São pessoas moralmente boas, ainda que aquilo que professam não seja inteiramente correto. São João da Cruz, especialista nesses casos, era frequentemente chamado para dar sua posição sobre a santidade de alguns irmãos consagrados que na sua época ficavam famosos pelas supostas graças espirituais que recebiam e que enlevavam até seus superiores. Em grande parte dos casos, o santo dizia que não havia ali nenhuma comunicação divina, e que a própria pessoa, ainda que com boa intenção, enganava-se a si mesma. Isso demonstra como essas coisas são tão sutis. Não é tão fácil distinguir, como querem alguns, uma comunicação real de Deus de algo criado por si mesmo, ou até mesmo sugerido pelo demônio. É por isso que quando aparece, por exemplo, um vidente, a Igreja não se pronuncia a respeito senão depois de uma profunda e demorada análise. E é ocioso dizer que a grande maioria dos casos é rejeitada. Convenhamos ainda que uma visão é muito mais convincente do que uma visualização, espécie de visão apenas na imaginação. E mesmo com toda a força de uma visão, é possível que aquilo seja falso.</div>
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Pode acontecer, no entanto, que, vendo a boa intenção dos carismáticos, e a sua recorrência aos meios legítimos da Graça de Deus, que são os Sacramentos e a oração pessoal, a submissão à Virgem Maria e a imitação dos santos, as mortificações e práticas de piedade, Deus agracie a pessoa, a despeito de seus equívocos. Mas é sempre melhor não ter erros na compreensão do que os ter.</div>
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Enfim, o objetivo aqui não é condenar os irmãos carismáticos, a quem tenho por irmãos, de fato, mas apenas esclarecê-los desses pontos, que são os mais gerais e básicos. Haveria, como se nota, muitas outras sutilezas a discutir, mas penso que estas são o suficiente para fazer pensar. Basta a pessoa ter disposição de realmente querer analisar isso aí. São pontos objetivos. Qualquer tentativa de refutação deve percorrer ponto a ponto, com uma linguagem igualmente objetiva, sem rodeios. Agradeço aos que pretenderem responder esses pontos, e termino desejando que a graça de Deus esteja sobre todos nós.</div>
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Se o siri canta lá na praia, chama lá Maria, tenha calma, que a raiva não é de Deus, e vamos louvar juntos ao bom Senhor que criou todas as coisas.</div>
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Fábio.</div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-41737524816553136752017-04-25T20:16:00.000-07:002017-04-26T04:16:53.519-07:00A Cabana e o Inferno<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJH_WYRS4kskvO9DztXGaunSzM_ozE4DTaKlCRUQyk5TvFdG3sj0qRxnama9WqSJdI0UkbdENnkwtGsvDJdwZtn3ZUCoCdc09fdYowNwi1RMY5EYkxEaqtTZYpgChcY50B8FnAsCqt5vy8/s1600/TheTrinityoftheShack-825x510.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="246" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJH_WYRS4kskvO9DztXGaunSzM_ozE4DTaKlCRUQyk5TvFdG3sj0qRxnama9WqSJdI0UkbdENnkwtGsvDJdwZtn3ZUCoCdc09fdYowNwi1RMY5EYkxEaqtTZYpgChcY50B8FnAsCqt5vy8/s400/TheTrinityoftheShack-825x510.jpg" width="400" /></a></div>
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Está ainda em cartaz a película "A Cabana", baseada no livro de mesmo nome, obra de William P. Young, que fascinou muita gente logo quando foi lançado. O filme agora traz uma nova onda de encanto e está a espalhá-la, pois um livro tem um alcance sempre mais restrito que a sua tradução em vídeo.</div>
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<br /></div>
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Eu li o livro deve fazer uns cinco anos, e me causou vivíssima impressão, na época. Devorei-o, praticamente, durante três dias. Cheguei mesmo a sonhar com "Papai", "Jesus" e "Sarayu". É um livro bonito, poético, muito inteligente - e que não tem nada de espírita, como alguns dizem. Contudo, alguns católicos cismaram com a estória, sendo que eu mesmo fiz críticas a ela, na época. Claro: o autor sequer é católico. Então, não faz muito sentido esperar que a obra reflita integralmente o ensino católico. Há coisas inexatas, de fato. Mas isso não é motivo para rechaçá-la. Desde que se saiba que não é um tratado de dogmática, nem a transcrição de um evento real, mas apenas uma obra de ficção que, embora pretenda transmitir idéias sobre Deus, não deseja ser outra coisa, o trabalho é sim muito apreciável. Essa posição asséptica, que rejeita o que contenha o menor traço de imprecisão, vai muito longe de uma atitude sadiamente católica. E o filme, que já assisti duas vezes, está belíssimo, de modo que fica aqui a minha recomendação.</div>
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<br /></div>
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Depois dos elogios, vem agora uma pequena crítica. O autor desenvolve uma conversa muito interessante entre Mackenzie e a mulher que ele põe como a Sabedoria divina. Mack, que costumava julgar as pessoas e situações, é convidado a assumir o lugar de Deus e, dentre outras coisas, deve escolher um dos seus filhos para ir para o Céu enquanto os demais deveriam ir ao inferno. Tratava-se na verdade de um teste para que ele sentisse o peso e a dificuldade desta função. Diante do dilema de a quem mandar ao inferno, premido pelo amor que lhes devotava, Mack só vê uma saída: opta em ele mesmo condenar-se no lugar dos seus filhos. No livro, esse diálogo tem mais peso. Recordo-me de a Sabedoria dizer algo assim: "Agora você começou a pensar como Deus". O que ela queria dizer era que, diante da alternativa de condenar qualquer dos homens, Deus decidiu assumir a condenação por nós, o que ocorreu exatamente na Cruz. </div>
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<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZXpWkb1BlrMq27JbcYRy_YvuOWQN-iRSZF07dVJQVn5mc_8JrQtLqc1uWa_bY2Kr1AvvFROoSf78O6jHVootsC_lf_SxHA8v1pOFWU0HgnqIDrl1YRH0FBEr5JB_9KQFfIcHJEm2Vunts/s1600/the-shack-movie-clip-screenshot-judgement_large.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZXpWkb1BlrMq27JbcYRy_YvuOWQN-iRSZF07dVJQVn5mc_8JrQtLqc1uWa_bY2Kr1AvvFROoSf78O6jHVootsC_lf_SxHA8v1pOFWU0HgnqIDrl1YRH0FBEr5JB_9KQFfIcHJEm2Vunts/s320/the-shack-movie-clip-screenshot-judgement_large.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">A Sabedoria... Coisa linda é a Sabedoria...</td></tr>
</tbody></table>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
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Neste momento, Mack também assiste um pouco do que está por trás do comportamento imoral das pessoas: sofrimentos, carências, etc. Tudo isso tendia a minorar a culpa pessoal e, desse modo, o filme deixa a sugestão de fundo - ao menos eu tive essa impressão - de que ninguém se condenaria. É uma idéia bonita e verdadeira em parte. De fato, os nossos pecados não raro são manifestações distorcidas de carências de fundo, de desejos inconscientes, de impulsos da natureza que, considerados em si mesmos, são bons. Haveria muito a falar disso, mas, para não caminharmos para longe do que propusemos, voltemos a essa idéia básica: de que modo Deus, sendo amor e conhecendo-nos a fundo, pode condenar alguém ao inferno? O inferno existiria de fato? Como conciliar a sua existência com o amor divino? Seria possível que Mack, um personagem criado pela imaginação humana, amasse mais os seus filhos do que Deus ama os d'Ele?</div>
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<br /></div>
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A primeira coisa a considerar é que, conforme a obra enfatiza bastante, nós somos livres de fato. Defender a liberdade humana é afirmar que, por mais complexos que sejam os processos subconscientes que influenciam as nossas ações, eles não são determinantes. O ser humano age livremente, e até o próprio Deus respeita essa liberdade, pois, conforme diz a Mack logo no começo do filme, Ele não está interessado em escravos.</div>
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<br /></div>
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Sarayu se comove ao lamentar com Mack o fato de que cada pessoa no mundo eleja para si mesma - seja livre para isso - o bem e o mal, o que gera um imenso desacordo. A Sabedoria também afirma que, enquanto houver uma vontade livre capaz de dizer não a "Papai", poderá haver mal no mundo. Então, embora o filme tente dizer que há sempre um elemento a ser considerado por trás das más ações, ele mantém que nós somos livres. E o somos, de fato, ainda que a nossa liberdade não seja absoluta, o que é outro fato.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvNvaFYcOpgkreV0k0ZESFjvS7KcDh584u9whYhzcCv_FSDrQVdoJO9A80vn4eEs1f8rcR2sWY5WJRXI8S1c0fdN74WVBdkG0IZ86963NYnH0cegXgFnYaiCLpY6DPD_r6LaLcWNNfnKPo/s1600/sarayu.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvNvaFYcOpgkreV0k0ZESFjvS7KcDh584u9whYhzcCv_FSDrQVdoJO9A80vn4eEs1f8rcR2sWY5WJRXI8S1c0fdN74WVBdkG0IZ86963NYnH0cegXgFnYaiCLpY6DPD_r6LaLcWNNfnKPo/s320/sarayu.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Sarayu, a colecionadora de lágrimas... Ou Espírito Santo, se preferir.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
O filme sugere que os seres humanos pecam ou por fraqueza ou por ignorância. Mack estava a ponto de perder a família e de talvez condenar o futuro da própria filha sobrevivente justamente porque não sabia o que fazer, não sabia a verdade sobre Deus, e era ignorante dos próprios complexos de culpa que acometiam Kate, que se sentia responsável pelo que havia acontecido a Missy.</div>
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<br /></div>
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É verdade que duas grandes causas possíveis do pecado são essas: fraqueza e ignorância. A depender da intensidade de ambas, é possível que um pecado até deixe de sê-lo. Contudo, há um terceiro motivo possível para o pecado: a malícia, que é o mero desejo direto de fazer o mal, mesmo. E há malícia no mundo.</div>
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<br /></div>
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Considerem agora o seguinte: o ser humano é livre, e algumas pessoas são maliciosas. Há um chamado de Deus para o homem, que é o da Salvação. Este chamado, crêem os cristãos, se dá até o momento da morte. Depois disso já não há mais possibilidade de redenção. Mas consideremos que, sendo a ignorância a causa de uma vida desregrada, a morte resolva esse problema, já que a pessoa será exposta ao juízo divino. Suponhamos que então ela reconheça que a Fé era verdadeira e que possa, enfim, converter-se. Ainda assim, resta a possibilidade, em virtude mesmo da liberdade humana - e da malícia, que é possível que haja -, de que a pessoa não queira Deus. E se a pessoa não O quiser? Ele a obrigará mesmo assim? Obviamente que não, pois Deus não força ninguém. Uma pergunta melhor a ser feita é: será possível a alguém não querer Deus depois de ter a certeza de que Ele existe?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Respondemos: é claro que sim. Os próprios demônios nunca duvidaram de que Ele existisse, mas ainda assim não O quiseram e nem O querem. É verdade que quando Deus expõe alguém à visão da Sua Face, que é o que caracteriza o Céu, a pessoa perde a possibilidade de rejeitá-Lo, pois a vontade humana, que é naturalmente inclinada ao que lhe aparece como bem, aderirá ao Bem em Si mesmo de modo irretornável. Este é o motivo pelo qual Deus não Se revela desde já: não haveria mérito nenhum em amá-Lo assim. Por isso, precisamos amá-Lo antes de vê-Lo, o que significa que mesmo o juízo que se segue logo após a morte ainda não é visão d'Ele. Logo, a pessoa poderia recusá-lo, ainda, mesmo que a morte já não tivesse engessado a sua vontade na última disposição que possuiu em vida, que é o que acontece.</div>
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<br /></div>
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Fica, assim, resguardada a possibilidade de que algumas pessoas rejeitem a Deus. Vimos que já existem pessoas condenadas de certeza: os demônios. Dentre os humanos, embora não possamos objetivamente apontar nenhum (talvez Judas, mas isso é controverso), é certo que haja já vários condenados, visto que a liberdade humana permite, como vemos todo dia, a rejeição a Deus. </div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Considerando, também, que os atos humanos não são totalmente explicados pelo contexto em que a pessoa vive, mas que são atos livres, isto é, soltos, ao menos em algum grau, surge disto a necessidade de que as pessoas sejam responsabilizadas, pois uma liberdade que não pagasse pelo que faz não seria liberdade de fato. Se uma pessoa livremente rejeita a Deus, livremente ela terá de viver longe d'Ele.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Diante de tudo isso, o inferno surge como uma necessidade lógica. Ele não é exatamente uma espécie de tortura à qual Deus submete os que O desagradam, mas o estado de alma dos que O rejeitam, pois, sendo Deus a fonte de todo o bem, uma vida que seja recusa d'Ele não pode ter qualquer espécie de felicidade ou realização. O inferno é um Não perpetuado por uma vontade em relação a Deus. E Deus, sendo amor que respeita Seus filhos profundamente, aceita o que eles decidirem. Logo, a única possibilidade de uma apocatástase, isto é, de uma salvação universal, seria a de que Deus coagisse os humanos e anjos a conhecerem-No e a amarem-No. Ele poderia fazê-lo, se quisesse, mas, como o filme diz, Ele não está interessado em escravos. E como Deus mais de uma vez diz a Mack, este é livre para sair quando quiser.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O filme, assim, não é muito exato na sugestão de que não haveria inferno, já que Deus não condenaria nenhum de Seus filhos. Mas ao mesmo tempo tem o mérito de aprofundar a visão comum que tende a reduzir os atos humanos sempre às intenções conscientes. Há outros problemitas aqui e ali na obra. Mas nada que, ao meu ver, me faça querer retirar a recomendação. Assistam, reflitam e divulguem, porque ficou muito bonito e eu gostei especialmente desse filme aí.</div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-79610456106714505842016-12-15T06:36:00.000-08:002016-12-15T06:36:14.054-08:00A Terceira Via - Documentário sobre os Homossexuais e a Igreja Católica<div style="text-align: center;">
<br /><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="480" src="https://www.youtube.com/embed/vj47onSRe8c" width="540"></iframe></div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-71003915561774094122016-11-16T06:34:00.000-08:002016-11-16T06:34:53.260-08:00Que punições há no Inferno?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvX54mtauno6zzBpdgpkGuNjJEreaZFRvm3SXlp5F_ZK9M7a7EoUPvf14whH8QBfWnyjZ2PopbNU7jkBS-mPIjoWxvaE81LuIQl4oX336q-6zl-nc8JuQaVR4y11VG4GpEXE6hTolkk29H/s1600/fortea.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvX54mtauno6zzBpdgpkGuNjJEreaZFRvm3SXlp5F_ZK9M7a7EoUPvf14whH8QBfWnyjZ2PopbNU7jkBS-mPIjoWxvaE81LuIQl4oX336q-6zl-nc8JuQaVR4y11VG4GpEXE6hTolkk29H/s320/fortea.JPG" width="213" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Existe fogo? Sim, existe o fogo do remorso. Fogo material não, pois demônios nem estão em nenhum lugar, nem nenhum castigo corporal lhes pode causar dano. Esse remorso que nada pode apagar, que arde no interior de cada espírito condenado, que atormenta espiritualmente os espíritos é o <i>fogo que não se apaga</i> (Mc 9,48), o <i>fogo eterno</i> (Mt 25,41), o <i>forno de fogo</i> (Mt 13,42), o <i>fogo ardente</i> (Hb 10,27), o <i>lago de fogo sulfuroso </i>(Ap 19,20), a <i>geena de fogo </i>(Mt 5,22), o <i>lume que atormenta</i> (Lc 16,25). O <i>verme que nunca morre</i> de que se fala em Marcos 9,48 é igualmente o verme do arrependimento, que atravessa a consciência ve ou outra durante a eternidade. As <i>trevas exteriores </i>(Mt 8,12) são as trevas e escuridão do afastamento de Deus. As penas do Inferno não sao outras que o ódio, a tristeza, a ira, a solidão, a melancolia, o arrependimento e o sofrimento que produz a própria deformação do espírito; isto é a deformação de todos os pecados que contêm cada anjo caído. Se analisarmos os termos que usa a Bíblia ao falar da condenação, veremos termos de afastamento, do fogo do arrependimento, mas nunca termos de tortura que seja aplicada por parte do Juiz. Ao falar da condenação, a Bíblia nunca apresenta Deus como o torturador. Usa termos impessoais, como fogo, trevas ou lago sulfuroso. A condenação, portanto, é o afastamento de Deus e é a tortura que cada espírito aplica a si mesmo pela própria deformação do espírito. Deus não criou os sofrimentos infernais; o Inferno é fruto da deformação de cada espírito.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pe José Fortea, Svmma Daemoniaca, p.119.</div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-41751919082046738882016-11-12T18:19:00.001-08:002016-11-16T07:03:14.303-08:00O que é a morte eterna<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEij5wjJZh-ehOLg51_Lcv4UTonyJAyMwXvi3kite-zOyX-rdBVsAp5XvIt7eZYaa3e1wKNa-xCyIBNHf_onnJEQSDShEGRQleTdLnPOJqdp755_qqdn28WK6BVnEiT8x7oE2h3M6-aW4eB-/s1600/lago-de-fogo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEij5wjJZh-ehOLg51_Lcv4UTonyJAyMwXvi3kite-zOyX-rdBVsAp5XvIt7eZYaa3e1wKNa-xCyIBNHf_onnJEQSDShEGRQleTdLnPOJqdp755_qqdn28WK6BVnEiT8x7oE2h3M6-aW4eB-/s320/lago-de-fogo.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
Um espírito (como uma alma) é indestrutível, não sofre rupturas, não sofre desgastes, não pode ser dividido. O espírito não pode morrer. Continua existindo independentemente dos pecados que cometa, e, por mais que queira morrer, a vida permanecerá com ele. Porém, o que queremos dizer com "pecado mortal", "morte eterna" e outras expressões similares é que a vida sobrenatural de uma alma ou espírito pode, sim, morrer. O pecado mortal acaba com a vida sobrenatural. O espírito segue existindo, mas com uma vida meramente natural. A vontade e a inteligência com todas as suas potências seguem operando. Mas não há mais a vida da graça. O espírito, enquanto estiver sem a graça, estará como um cadáver. Essa expressão pode parecer hiperbólica, mas é exata. O espírito que peca mortalmente é como um cadáver inanimado, inanimado pela graça santificante. Desde esse momento, só vive para a natureza e por sua natureza. Seu espírito está desprovido de sobrenatureza.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Desde o momento em que a graça deixa de vivificar um espírito, como o que sucede com um corpo que já não está vivificado por uma alma, começa a corrupção. Assim como um corpo começa a transformar-se em corrupção, assim o espírito começa a corromper-se, à medida que sua vontade vai cedendo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
São muitos os homens que vivem só para a natureza de seu ser, esquecendo-se completamente a sobrenatureza que Deus lhes daria de bom grado. O nível de corrupção varia muito segundo a pessoa. Mas se pudéssemos nos aproximar de alguns desses espíritos, veríamos que são verdadeiros cadáveres, que expelem um mau cheiro com aqueles em avançado estado de decomposição.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pe José Fortea, Svmma Daemoniaca, Questão 27, p.48.</div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-1361351896956257292016-08-20T09:33:00.001-07:002016-08-20T09:40:44.163-07:00Por que os protestantes rejeitam 7 livros da bíblia - uma resposta curta<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtImLtnNFz9st5NI7Kb3OK8WYEBOBgHp1NP5XxeuJrqGGWGYFOx5nsFKyAsq6hUNlIVa5To5UXJd738ZnRDZPRPOuUerQYXRkW5gYVRhql3KRc0Zg040UvlCHK1qENhQL2j2ATFTyUHRn9/s1600/tora%255B1%255D.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtImLtnNFz9st5NI7Kb3OK8WYEBOBgHp1NP5XxeuJrqGGWGYFOx5nsFKyAsq6hUNlIVa5To5UXJd738ZnRDZPRPOuUerQYXRkW5gYVRhql3KRc0Zg040UvlCHK1qENhQL2j2ATFTyUHRn9/s1600/tora%255B1%255D.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Gary Michuta é um especialista no cânon da Escritura, especialmente no que se refere aos livros deuterocanônicos, que os protestantes chamam de apócrifos.Você pode ler o seu livro "Por que as bíblias católicas são maiores" (<a href="http://www.amazon.com/Why-Catholic-Bibles-are-Bigger/dp/1581880103/ref=sr_1_1?s=books&ie=UTF8&qid=1370009883&sr=1-1&keywords=why+catholic+bibles+are+bigger">Why catholics bibles ar bigger</a>) para ver o que eu quero dizer.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Recentemente um amigo pediu a Gary uma resposta curta para responder por que os protestantes removeram sete livros da Bíblia. Aqui está a sua muito útil resposta:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">Por que protestantes rejeitam os livros deuterocanônicos - resposta curta</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>Por Gary Michuta</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A resposta curta é esta: quando Lutero foi encurralado no debate sobre o Purgatório, seu oponente, Johann Eck citou 2 Macabeus contra a posição de Lutero. Lutero foi forçado a dizer que 2 Macabeus não podia ser aceito no debate porque ele não era canônico. Mais tarde, Lutero apelou para São Jerônimo na rejeição de Macabeus (os concílios de Cartago, Hipona e Florença todos incluíram Macabeus como escritura canônica).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Apelando para São Jerônimo, ele também rejeitou os outros livros que Jerônimo havia rejeitado (Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, Tobias, Judite, primeiro e segundo Macabeus, Daniel 13, e seções de Ester).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Daí em diante, Lutero (e todos os protestantes) têm tentado justificar sua remoção. Lutero em 1534 achava que Baruque era pequeno demais e não elevado o suficiente para ser da escrita de Jeremias. Ele também teve problemas com certos elementos históricos em Baruque. Mas, a longo prazo, a rejeição de Jerônimo realmente veio abaixo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Como uma nota lateral, Jerônimo os rejeitou porque ele pensou que uma tradição manuscrita dos hebreus, conhecida como o "Masoteric Text", era idêntica à origem inspirada e que todas as outras cópias haviam sido feitas deste texto. Como os Deuteros não eram parte do MT, ele os rejeitou como não sendo da Escritura canônica.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que Jerônimo não poderia ter sabido era que havia muitos manuscritos hebreus em circulação durante o primeiro século e que a Septuaginta Grega, uma tradução feita por judeus cerca de 200 a.C., ao menos em partes, parece ser uma tradução muito literal de uma tradição textual hebraica mais antiga que está agora perdida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Isto significa que a idéia de Jerônimo da "Verdade Hebraica" (I.e., só aquilo que se encontra no MT hebraico é verdadeiro) foi demonstrado ser um erro. Com a posição de Jerônimo não mais sendo defensável, o Protestantismo realmente não tem uma perna histórica para se apoiar no que se refere ao seu Cânon do Antigo Testamento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tradução minha. Original em <a href="http://www.catholic-convert.com/blog/2016/08/19/why-protestants-reject-7-books-of-the-bible-the-short-answer/?utm_source=dlvr.it&utm_medium=facebook">Catholic-Convert</a>.</div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-63246488777609225962016-07-23T08:37:00.000-07:002016-07-23T08:37:11.908-07:00A história não contada do Islamismo<div style="text-align: center;">
<br /><iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="360" src="https://www.youtube.com/embed/QMWvUA09X0w" width="580"></iframe></div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-42044732251860013792016-07-16T09:55:00.002-07:002016-07-17T07:52:59.475-07:00Pequeno Compêndio de Problemas Adventistas<!--[if gte mso 9]><xml>
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
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<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Ellen White plagiadora</b> </span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Se isto é verdade - e é -, então o
coração mesmo do adventismo, que se baseia nas supostas inspirações de White,
possui <span style="font-family: "times new roman" , serif;">erros</span>. A coisa se agrava quando a igreja adventista, cujos líderes
conhecem esse problema, o escondem dos fiéis que, em geral, de nada sabem.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Sola Scriptura</b> </span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">É um princípio que é
autocontraditório já que ele mesmo não se encontra na Escritura. Além disso, o
Novo Testamento inteiro foi compendiado pela Igreja Católica, o que por si só
prova a autoridade da Igreja como precedente ao próprio Cânon. Depois, esse
compêndio ocorreu no século IV, o que significa que por mais de trezentos anos
a Fé cristã foi transmitida sem o conceito d<span style="font-family: "times new roman" , serif;">a</span> <i>Sola Scriptura</i>, o que leva a
concluir, por fim, que ela não é o foco exclusivo, embora, claro, seja parte
essencial da Revelação. Paulo chega a falar explicitamente que é preciso
guardar a Tradição. A Igreja precede a Bíblia.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- Adventismo e Maçonaria</span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">William Guilherme Miller, o
iniciador do movimento adventista, era Maçom 33º grau. Há indícios que ele
tenha continuado maçom mesmo depois. A Sra White demonstrou, em certa ocasião,
conhecer um sinal maçom de alta hierarquia. <span style="font-family: "times new roman" , serif;">No momento</span>, ela afirmou ter sido
informada por um anjo no intuito de converter um maçom com o qual tratava. Uma vez que suas revelações são falsas, é de se crer que ela
conhecia o sinal por outro motivo: o de lidar com a maçonaria pessoalmente, o
que é confirmado por uma estranha fotografia onde ela aparece junto com vários
homens que fazem o conhecido sinal da mão oculta (foto que encabeça esse post). Além disso, o suposto
convertido da maçonaria que teria se redimido através do dito sinal feito pela
Sra White continuou sendo maçom depois da ocasião. Por fim, há obeliscos nos
túmulos da família White, e também um discurso muito diplomático, hoje, de
autoridades adventistas com relação à maçonaria.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSuQ4sAYU7YLKFZADzkQcB9BQhMx_7vk05Agxa1Q5FkP_EusXqtIY5hMjCpQdGyCj_jYW-yBZmHeFyo30SxPAOCpHWz06uxSc95lo2_oYFd4XGstPB37IUl3LcgYV9ZDwGw1uuKvByUnRV/s1600/white.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSuQ4sAYU7YLKFZADzkQcB9BQhMx_7vk05Agxa1Q5FkP_EusXqtIY5hMjCpQdGyCj_jYW-yBZmHeFyo30SxPAOCpHWz06uxSc95lo2_oYFd4XGstPB37IUl3LcgYV9ZDwGw1uuKvByUnRV/s320/white.jpg" width="233" /></a></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- O sábado</span></b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;"> </span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Os primeiros cristãos não
somente passaram a observar o domingo, como criticaram os judaizantes, que
queriam manter costumes judaicos, dentre eles o do sábado. Paulo diz expressamente
que o Sábado era uma sombra do Cristo. Assim, não se pode dizer que o
adventismo mantém o costume dos Apóstolos e do Cristianismo Primitivo.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Erros e absurdos</b> </span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Entre as falsas profecias da
Sra White há eventos não realizados e afirmações absurdas, como dizer que o uso
de perucas ou a prática da masturbação levaria à loucura, e que o dia e a hora
da Segunda Vinda lhe tinham sido revelados para, momentos depois, quando lhe
advertiram de que isso contrariava as Escrituras, ela afirmar que isto lhe
tinha sido ocultado novamente. Veja <a href="https://www.youtube.com/watch?v=p_S4lbPrLWI">isso</a> e <a href="http://nitrogricerinapura2010.blogspot.com.br/2011/04/as-fantasticas-declaracoes-de-ellen.html">isso</a>. </span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- Contradição </span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Enquanto professam
nominalmente o princípio da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sola Fide</i>,
segundo o qual a Fé é suficiente para a Salvação, os adventistas afirmam a
possibilidade de se perder a salvação por uma vida desregrada, o que é
contraditório, pois o não cumprimento de preceitos não implica na perda da Fé.
Além disso, a Sra White falou categoricamente que a observância sabática
implica em salvação eterna.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- Batismo e Fé em Ellen White</span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Embora a Sra White seja tão
problemática, a Igreja Adventista a estima ao ponto de identificá-la com o “espírito
de profecia”, referido em Apocalipse, e de submeter o batismo de novos adeptos
à condição de declararem Fé no ministério dela.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- Mortalismo</span></b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;"> </span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">O adventismo nega que a alma
humana seja imortal, e com isso ela rejeita ensinos bíblicos, sobretudo os
explícitos no Novo Testamento, baseando-se principalmente em versículos do
Antigo Testamento que têm caráter ambíguo. Eles, por sua vez, rejeitam certos
livros conhecidos como Deuterocanônicos, aos quais atribuem a defesa da imortalidade
da alma. Considerando que tais livros constavam na Septuaginta, a versão grega
das Sagradas Escrituras utilizadas por Jesus e pelos Apóstolos, não é de se
crer que estes livros contenham erros. Inclusive, o Cânon judaico que os inclui
é mais antigo do que o que os excluiu, e o que os excluiu intentava negar o
caráter de revelação do Cristianismo. Um cristão negar o caráter revelado dos
Deuterocanônicos é, assim, uma espécie de auto-sabotagem.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- Negação do Purgatório</span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">O Purgatório, ou estado de
purificação pós-morte, é referido por Jesus por expressões como “não sairá da
prisão até ter pago o último centavo” e “será chicoteado poucas ou muitas vezes”,
e ainda quando, tratando do pecado contra o Espírito Santo, Ele sugere um modo
de perdão que se concede no outro mundo.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- Negação da Intercessão dos Santos</span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Negam a intercessão dos
santos somente pela crença na mortalidade da alma e com base na única mediação
de Cristo, pregada por São Paulo, mas não atentam que esta compreensão
literalista implica na impossibilidade inclusive da oração de vivos por vivos,
uma vez que isto também é intercessão e mediação, o que contraria o próprio São
Paulo, que pede orações aos cristãos. Um adventista, que crê nos anjos da
guarda, não saberia dizer, por exemplo, por que um anjo não poderia ou não deveria
interceder por nós.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- Negação da Virgem Maria</span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Os adventistas renegam o
Papel da Virgem Maria quando ele é explícito nas Escrituras. A Mulher do Gênesis
e do Apocalipse, sendo a Mãe do Senhor, não pode ser a Igreja. Além disso, é
fato que tanto Lucas quanto João a indicam como o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tipo</i> da Arca da Aliança, e que João a vê no Céu. Todos os primeiros
cristãos, por sua vez, a veneraram. Ela é ainda a “Rainha Mãe”, um posto de
honra de TODA a descendência de Davi.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- Negação do Batismo Infantil</span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Negam o batismo infantil,
quando é conhecido pela arqueologia que os primeiros cristãos batizavam
crianças. Nenhum texto bíblico o impede. O único impedimento é uma compreensão
equivocada que equipara o batismo cristão ao de João Batista. Na verdade, o
batismo cristão assume o lugar da circuncisão judaica, que era feita em
crianças. Há pinturas dos primeiros séculos, nas catacumbas onde os cristãos se
escondiam das perseguições romanas, que retratam batismos infantis e por efusão.</span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOwTXNHk9Mrnpyoi-A5PFgqrV39FUWdmovJPsOyzoTMCNj057TJ5w4Q8e7GfcWv_w8OTMZJP7T-agdMiHFhyphenhyphenUkiNawMa4JhchDn4W4xEDt0BDphF70MSrZqL900PxSsr7N-btActnB_ceT/s1600/Baptism_-_Saint_Calixte.jpg+batsmo+infantil+Sec.+III.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOwTXNHk9Mrnpyoi-A5PFgqrV39FUWdmovJPsOyzoTMCNj057TJ5w4Q8e7GfcWv_w8OTMZJP7T-agdMiHFhyphenhyphenUkiNawMa4JhchDn4W4xEDt0BDphF70MSrZqL900PxSsr7N-btActnB_ceT/s1600/Baptism_-_Saint_Calixte.jpg+batsmo+infantil+Sec.+III.jpg" /></a></div>
</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- Negação dos Milagres Católicos</span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Os adventistas fazem vista
grossa aos inúmeros milagres acontecidos e que estão acontecendo continuamente
na Igreja Católica – milagres evidentes, reconhecidos pela ciência, impossíveis
de serem resultados de processos naturais – e, se furtando de olhá-los
seriamente, atribuem-nos genericamente ao demônio. Nisto, se assemelham aos
fariseus que atribuíam os milagres de Jesus a Belzebu. Este, relembra Jesus, é
um pecado contra o Espírito Santo, pois é um fechamento de si à ação evidente
de Deus.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- Profecia do Santuário</span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">A Profecia do Santuário
adventista, que é a sua espinha dorsal, sustentação de toda a sua crença, é equivocada
em muitos pontos, e a correspondência entre o Dia da Expiação e o Fim dos
Tempos não se encaixa inteiramente. Alguns dos problemas mais graves: negar a onisciência
divina, já que Jesus precisa de livros para conhecer; supor atos sucessivos em
Deus, o que nega a sua eternidade e faz o Céu equiparar-se ao tempo; nega
diretamente a Escritura, pois diz que Jesus está no Lugar Santíssimo ainda completando
o Seu ministério de Sumo Sacerdote quando Paulo diz explicitamente que, já na
Sua ascensão, Ele sentou-se de vez no Seu trono (Hb 1,3; 4,14; 6, 19-20; 9,
11-12; 10, 11-12). A doutrina do juízo investigativo é particularmente absurda
pois supõe a possibilidade de uma fixação do destino eterno de uma pessoa
enquanto ela ainda está vivendo, o que leva à possibilidade de uma ulterior
apostasia que não a levaria à perda da salvação, ou a uma futura conversão que
não lhe resgataria o céu. Veja <a href="https://www.youtube.com/watch?v=zCVWy6mbO00">isso</a>.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- Confusão entre Jesus e Antíoco</span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">No cálculo das 2.300 tardes e
manhãs, os adventistas atribuem a Jesus um trecho que, na verdade, se refere ao
inimigo de Deus: Antíoco Epifânio. Basta comparar Dn 9 com Dn 11. Essa confusão
faz ruir toda a interpretação histórica adventista.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- Negação do Inferno</span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Os adventistas negam o
Inferno, quando Jesus fala diversas vezes dele, inclusive mostrando como alguém
lá trava conversação com alguém de fora, o que significa que o inferno não é destruição.
E o próprio livro do Apocalipse deixa claro, de modo explícito, que no inferno,
as pessoas não são destruídas, mas ficam, pelos séculos dos séculos, chorando e
rangendo os dentes.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- Prostituta do Apocalipse</span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Os adventistas interpretam o
Apocalipse a la Ellen White. Mesmo fazendo abstração dos plágios, é fácil de
ver que o papel atribuído à Igreja Católica como Meretriz do Apocalipse não
procede. Vários são os pontos frágeis, mas aqui, neste breve resumo, destacamos
um em particular. João diz claramente que a Meretriz é ali onde o Senhor foi
crucificado. Logo, Jerusalém, cujos líderes se prostituíram com o Império
Romano, permitindo a Herodes ocupar o lugar de Rei – uma paródia grosseira de
Salomão, seja pela reconstrução do Templo, seja pelas muitas mulheres -, e proclamaram
expressamente, diante do próprio Rei verdadeiro, estar sob o jugo de César.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">- Negam a Eucaristia</span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Embora façam a Santa Ceia,
esta não tem um papel claro na crença adventista. Fazem-no por mera obediência
mecânica e sem compreensão da ordem dada por Jesus aos Apóstolos. É fato,
porém, que desde o começo, os cristãos celebravam a Eucaristia como sendo o
próprio Corpo e Sangue de Cristo, e que ela, sendo celebrada semanalmente,
ocupava um lugar central. Havia toda uma preocupação de que os mártires
recebessem o Corpo do Senhor antes da morte, o que então recebia o nome de
viático. São Paulo chega a dizer que alguns adoecem e morrem porque não distinguem
na Eucaristia o Corpo e o Sangue do Senhor e a recebem indignamente.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<b><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Aborto</span></b></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Recentemente, soubemos de uma notícia estarrecedora: a Igreja Adventista tem hospitais nos Estados Unidos que fazem abortos a pedido. Inclusive o Pastor <a href="http://en.gravatar.com/adventlife">Nic Samojluk</a> tem se empenhado em combater isso que ele considera uma traição aos princípios evangélicos. Aqui o <a href="https://adventlife.wordpress.com/">site dele</a>. Há ainda uma petição, feita por alguns adventistas que se escandalizaram com isso, para que a Igreja Adventista pare de praticar abortos em seus hospitais americanos. Veja <a href="http://www.ipetitions.com/petition/stop-apologize-for-elective-abortions-in/">aqui</a>.</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">*** </span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<br />
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Estes erros são somente um
pequeno compêndio. Esta lista pode ser acrescida depois, e cada ponto destes
vai aqui somente referido, sendo possível desenvolvê-los indefinidamente. Todos
eles podem, igualmente, ser facilmente comprovados. A pergunta é: como continuar adventista?</span></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Fábio </span></div>
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"></span>Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-48271302224023394152016-06-22T19:41:00.001-07:002016-06-24T18:24:36.116-07:00O Mistério do Sabbath<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7NhCnfDcLMkT279i0dvMjYIOLX7jkmYleCBIGdNlFqrYRgAbR96duAy_fbXaGbDGSp5R9lky9_z0xHMVJPJoXDSKjRGUUtaY4blWbWZ2vfW_JxTqjH7EmYU2iSQauCUEoy4fEdH2mcPXw/s1600/What-is-Sabbath-Should-We-Keep-The-Sabbath-Day-or-The-Lord%25E2%2580%2599s-Day-672x372.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="221" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7NhCnfDcLMkT279i0dvMjYIOLX7jkmYleCBIGdNlFqrYRgAbR96duAy_fbXaGbDGSp5R9lky9_z0xHMVJPJoXDSKjRGUUtaY4blWbWZ2vfW_JxTqjH7EmYU2iSQauCUEoy4fEdH2mcPXw/s400/What-is-Sabbath-Should-We-Keep-The-Sabbath-Day-or-The-Lord%25E2%2580%2599s-Day-672x372.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Card. Jean Daniélou</b> </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O estudo dos sacramentos nos tem mostrado que eles são, na era presente da história sagrada, a continuação dos grandes trabalhos operados por Deus no Antigo Testamento e no Novo, e a prefiguração da Escatologia. E disso se segue que nós não podemos entender inteiramente certos aspectos dos sacramentos a menos que nós os vejamos em sua perspectiva bíblica. Isto também é verdade com relação a certos outros aspectos do culto Cristão, e, em particular, da liturgia das grandes festas. Aqui nós temos um ciclo duplo, um semanal e um anual. Nós devemos estudar primeiro um e depois o outro, nos restringindo, naturalmente, aos aspectos desses ciclos que estão contidos no prolongamento da Sagrada Escritura, e especialmente do Velho Testamento.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há, antes de tudo, a festa semanal, isto é, o Domingo. O Domingo é uma criação puramente cristã, conectada com o fato histórico da Ressurreição do Senhor. Mas desde que esta é uma festa semanal, surge a questão de sua relação com o Sábado Judaico. Antes de estudar o simbolismo do Domingo, então, nós precisamos primeiramente colocar o Domingo em sua relação própria com o Sábado, nossa preocupação sendo aqui com a tipologia; e depois, com relação ao descanso sabático, nossa preocupação será com ele enquanto instituição. Devemos somente estudar esta última questão de um modo secundário.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os tipos do Antigo testamento são pessoas, como Noé ou Isaac; eventos, como o cruzamento do Mar Vermelho ou a entrada na Terra Prometida; e também instituições, como o Templo, ou a circuncisão. O Sábado entra na terceira categoria, de que ele é um dos maiores exemplos. O seu caráter de tipo é trazido no Novo Testamento: "Não deixem que ninguém, então, vos incomode por conta do que comer ou beber, ou em relação a festivais ou luas novas ou a sábados. Isso tudo é <i>sombra</i> das coisas que deviam vir, mas a substância é Cristo." (Cl 2,16). Aqui está a afirmação que será o princípio guia de todo o nosso estudo: a substância, a realidade do Sábado é Cristo. Nós precisamos, então, descobrir a realidade religiosa do Sábado, pois quando ele é posto ao lado de outros tipos, mostrará um aspecto do que Cristo é. Esta é a razão por que o estudo do Sábado contém um ensinamento que é sempre de valor para nós, mesmo que a instituição do Sábado como tal tenha sido abolida desde que Cristo, Que é o seu cumprimento, apareceu.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O conteúdo da idéia do Sábado é expresso em dois versos de Êxodo que pontuam seus dois aspectos essenciais. De um lado, o Sábado é um dia de descanso (<i>anapausis</i>) consagrado a Yahweh" (Ex 16,25); de outro lado, o Sábado é "o sétimo dia" (<i>hebdome</i>). Um dia de descanso, o sétimo dia -- estes são os dois temas essenciais contidos na idéia do Sábado. O Antigo Testamento os apresenta como uma prescrição literal; o Novo Testamento mostra que eles estão agora cumpridos: pois Cristo é o verdadeiro descanso, e é o verdadeiro sétimo dia. E isto nos mostra de uma vez o que é peculiar à tipologia do Sábado: é uma tipologia do tempo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esta tipologia do Sábado é mencionada no próprio Antigo Testamento. Temos muitas vezes considerado como o Velho testamento nos dá uma primária visão espiritual das instituições mosaicas, uma primária tipologia bíblica. Esta consideração encontra uma aplicação exepcional, e de um duplo ponto de vista, como nós iremos agora demonstrar. Antes de tudo, encontramos uma interpretação escatológica do Sábado, que é o símbolo do tempo como sagrado. Devemos dizer que ele carrega a mesma relação com o tempo e a história - aquela de ser seu grande símbolo bíblico -, assim como o templo, a outra essencial instituição do Judaísmo, simboliza o universo e o espaço. O Sabbath expressa a consagração do tempo a Deus, como o templo expressa a do espaço. E assim como o tempo, pela consagração de um espaço limitado, foi o sacramento e prefiguração da consagração de todo o universo, a ser realizado na ressurreição de Jesus e a criação do cosmos da Igreja, assim o Sabbath, pela consagração de um particular dia da semana, foi o sacramento da consagração a Deus de toda a história, que também encontrou seu princípio na ressurreição do Verbo Encarnado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O outro elemento no Sabbath é a idéia do descanso (<i>anapausis</i>). Aqui nós também encontramos uma primeira tipologia no Antigo Testamento, consistindo em uma espiritualização da idéia de descanso. Nos profetas, e especialmente em Isaías, nós encontramos a afirmação repetida pelos Santos Padres de que o verdadeiro Sabbath, a verdadeira <i>anapausis</i>, não é cessar o trabalho físico, mas cessar de pecar. "As luas novas e os Sabbaths e outros festivais eu não os aceito, suas assembléias são más... Cessem de agir perversamente, aprendam a fazer o bem..." (Is 1, 13-19). E esta passagem é mais importante porque, como nós veremos agora, o ensino de Cristo é exatamente neste sentido. Esta espiritualização da idéia do descanso sabático, que, obviamente, não exclui a idéia de uma real prática do Sabbath, é fundada de novo em Filo, tranformado por seus esquemas platônicos, quando ele vê no Sabbath o símbolo da alma "que descansa em Deus e não se dá a mais nenhum trabalho mortal" (De migr. Abrah.91)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nós encontramos uma dupla tipologia do Sábado já desenhado no Antigo Testamento e no Judaísmo apocaliptico e alexandrino. Mas esta tipologia ainda carece de precisão quanto ao seu contéudo, e, além disso, ela é ainda indeterminada quanto ao seu objeto. Como São Paulo nos diz, é Cristo Que é a realidade de que o Sabbath é somente a sombra. Assim os Santos Padres não foram os primeiros a afirmar este fato, pois a interpretação cristológica do Sábado já está considerada no Novo Testamento. Nós devemos agora tomar novamente os dois aspectos da tipologia do Sabbath, mas na ordem reversa. O Novo Testamento antes de tudo estende a espiritualização do Sábado ao lado das linhas já demarcadas por Isaías; mas pontua ao mesmo tempo que o Sabbath agora é passado, já que Cristo é a realidade que ele prefigurou. Este aspecto aparece principalmente nas passagens do Evangelho em que nós vemos Cristo em conflito com os fariseus na questão do descanso sabático. A tipologia do Sabbath não aparece formulada numa teoria, como se dará com São Paulo, mas como existente e operativo na real oposição entre os fariseus que encarnam a figura e Cristo que representa a realidade. O primeiro texto é fundado em São Mateus (12,1-13). Os discípulos estão pegando espigas de milho num campo no Sábado; os fariseus protestam, e Cristo vem em defesa dos Seus.<b>1</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ele começa mostrando que o próprio Velho Testamento dá exemplos de violações legítimas do Sabbath: "Você não leu o que Davi fez quando ele e seus companheiros estavam com fome? Em como ele entrou na casa de Deus, e comeu os pães da proposição que nem ele nem seus amigos poderiam legalmente comer, mas só os sacerdotes? Ou vocês não leram na Lei, que nos dias de Sábado os sacerdotes no templo transgridem o Sabbath e ficam sem culpa?" (12,3-5).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E agora vêm as palavras mais importantes: "Mas eu digo a vocês que Alguém maior que o templo está aqui. Mas se vocês soubessem o que isto significa, 'Eu quero misericórdia e não sacrifício,' vocês nunca teriam condenado o inocente; pois o Filho do Homem é Senhor até do Sabbath" (5-8). Nós devemos acrescer a esta passagem outra que a segue imediatamente, onde nós vemos Jesus, no dia de Sábado, curando um homem com a mão seca. Jesus respondeu aos que O atacavam: "É permitido fazer o bem no Sabbath" (12,12).<b>2 </b>Nós temos aqui uma crítica do abuso causado pela formulação dos fariseus na sua forma de entender o descanso sabático: isto é óbvio. Mas há muito mais. Em primeiro lugar, Jesus mostra o caráter secundário do Sabbath: ele não é uma lei absoluta, mas uma instituição provisória. E Ele dá um exemplo disso, inaugurando uma linha de argumento que os Santos Padres irão tomar e desenvolver. Ele permite que seja entendido que Ele é livre para dispor desta instituição - e, pelo exemplo de Seus discípulos, Ele deixa aparecer que sua hora - da observância literal do Sabbath - já passou. Mas há ainda mais: a analogia com o Templo nos mostra que as duas instituições são paralelas. O Sabbath e o Templo passaram porque o próprio Cristo, o Sabbath e o templo do Novo Testamento, está aqui.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E o contexto nos dá dois exemplos desta realidade do novo Sabbath que aparece com Cristo. De um lado, a passagem que nós citamos é imediatamente precedida por estas palavras de Jesus: "Venham a Mim, todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e Eu vos darei descanso. Tomem minha carga sobre vocês, e aprendam de Mim que sou manso e humilde de coração; e encontrarão descanso (<i>anapausis</i>) para suas almas." (11, 29-30)<b>3</b> Cristo é mostrado, então, como o verdadeiro descanso, a <i>anapausis</i> do verdadeiro Sabbath. E, em segundo lugar, o episódio é seguido pela cura no Sábado do homem com a mão seca. Esta cura, como todos os milagres de Jesus, é uma antecipada manifestação da vinda do Seu reino, do verdadeiro descanso. A coincidência desta ação com o Sabbath nos mostra a relação entre os dois eventos, assim como a expulsão dos mercadores do Templo mostra que Jesus é o mestre do Templo e Ele mesmo o verdadeiro Templo. Assim, nestas passagens, Cristo aparece concretamente como inaugurando o verdadeiro Sabbath que substitui o Sabbath figurativo. A oposição dos fariseus é inexplicável de outro modo, a menos que eles vissem que Ele pretendia dar um substituto para a instituição mosaica. A tipologia posterior só desenvolveu as consequências desta atitude concreta do Cristo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Evangelho de são João nos dá um episódio análogo; a cura no Sábado do paralítico na piscina de Bethesda. Nós já falamos deste evento em conexão com o Batismo. Os judeus perseguiram Jesus porque Ele fez essas coisas no Sábado. Jesus respondeu: "Meu Pai trabalha até agora, e eu também trabalho." (5,17). E ainda mais os judeus agora procuravam matá-Lo: "porque Ele fez de Si mesmo igual a Deus." (5,18). A relação destas misteriosas palavras de Nosso Senhor com o descanso sabático é clara. Mas Cristo está falando de um nível mais alto. Os judeus da época de Cristo, em sua exaltação do Sabbath, julgavam que o próprio Deus estava sujeito a ele. Nós encontramos tal idéia expressa no Livro dos Jubileus (2,16). A palavra de Cristo formalmente condena a aplicação a Deus do descanso sabático entendido como ociosidade. Em Deus não há ociosidade; mas Sua atividade que, como diz São Clemente de Alexandria, é idêntica ao Seu amor, é exercida sem cessar. E isto é de grande importância: a ociosidade, ócio, do Sabbath aparece de agora em diante como uma noção literal e inferior, dando lugar à busca do seu significado espiritual. Os Santos Padres usavam este texto para condenar o descanso sabático mostrando que esta não é a lei do universo e que o Cristianismo é a realidade da qual a ociosidade é a figura. Orígenes, usando o mesmo texto de São João, escreve: "Ele mostra que Deus não pode cessar de ordenar o mundo em algum sábado deste mundo. O verdadeiro Sabbath, no qual Deus irá descansar de todas as Suas obras, irá, assim, ser o mundo que vem". (Ho. Nm. 22, 4). O trabalho de Cristo é visto como a realidade que vem substituir a figurativa ociosidade do Sabbath.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, nós temos visto no próprio Evangelho, de uma maneira concreta, a oposição entre Cristo eo Sabbath. Esta oposição ainda está velada. Houve um tempo em que a figura e a realidade existiram lado a lado. Esta coexistência continuou na comunidade dos cristãos primitivos. Nós vemos os Apóstolos em Jerusalém observando o Sabbath depois da Ressurreição de Cristo (At 13,14; 16,3). Mas isto é uma sobrevivência de um mundo que já passou, enquanto que a realidade que o substitui já está presente. É a mesma coisa com o Templo: os Apóstolos continuam a ir lá orar, enquanto que o novo Templo, que é a comunidade cristã, já existia. Nós encontramos aqui um daqueles momentos decisivos da história, uma articulação essencial na qual a nova realidade aparece e se desliga passo a passo de um mundo antigo que está morrendo. A destruição de Jerusale´m trouxe a destruição do Templo: São Paulo proclama o fim do Sábado (Rm 14,6). Apenas umas poucas comunidades judaicas continuaram a observar o sábado (<i>Eusebius, Hist. Eccles. III, 27</i>). E também foi São Paulo quem formulou o significado desta evolução histórica. Se o Sábado estava a morrer pouco a pouco, isto se dava porque ele era apenas uma instituição provisória e uma figura do mundo a vir. Agora este mundo chegou: a figura precisa apenas desaparecer: "Não deixeis, então, que ninguém vos chateie com relação ao que comer ou beber, ou a respeito de festivais ou luas novas ou sábados. Estas coisas eram sombra das que haviam de vir, mas a substância é Cristo" (Col 2,16). Assim, o Evangelho nos mostra no próprio Cristo a verdade prefigurada pelo descanso sabático, o significado profético que Isaías tinha já começado a perceber. O Novo Testamento também nos mostra que Cristo é o "sétimo dia", isto é, o tempo sagrado que sucede aos dias profanos, de que a história da criação nos dá a primeira interpretação teológica. Aqui de novo a qualidade especial da interpretação do Novo Testamento é que ele é cristológico: ele nos mostra no próprio Cristo este sétimo dia, de que o Antigo Testamento percebeu somente o significado profético. O texto principal aqui é o prólogo de São Mateus. Os ancestrais de Cristo estão organizados em seis grupos de sete pessoas cada. Deste modo, Cristo aparece como inaugurante da sétima era do mundo, como sendo n'Ele mesmo sozinho esta sétima era. E é claro que este é realmente o significado desta organização da genealogia. O Livro das Crônicas, quando dá as genealogias de Abraão e Noé, agrupa seus descendentes sob o número simbólico de setenta. Estes agrupamentos de sete são obviamente intencionais. Aquele dado por São Mateus é uma aplicação a Cristo do simbolismo cronológico da semana sagrada. A genealogia dada por São Lucas também é fundada no número 7, mas de um modo diferente: ele dá setenta e sete nomes de Adão a Jesus. Gregório de Nissa já tinha considerado sobre esta característica dos setes. E assim a genealogia de São Mateus faz do sétimo dia uma figura do Cristo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Epístola aos Hebreus justifica esta interpretação mostrando que o sétimo dia verdadeiramente teve este significado profético (3,7; 4,11). O autor começa com as palavras do Salmo 94: "Eles não entrarão no Meu descanso" (<i>auapausis</i>), e conecta este descanso explicitamente com o sétimo dia (4,4). Nós estamos lidando, então, com o repouso do sétimo dia, ou seja, com o descanso na sua forma escatológica. E este descanso, como o autor mostra, não pode ser aquele que é dito que Deus descansou no sétimo dia. Pois de fato "as obras de Deus terminaram desde o início do mundo" (4,3) e aqui está o futuro do mundo que está em questão. Por isso a interpretação "arqueológica", a do Antigo Testamento, é afastada. Não pode haver nenhuma questão futura da entrada na Terra Prometida, embora este seja o significado obviamente sugerido pelo Salmo. Mas, como o autor diz: "Se Josué já os conduziu ao descanso, Davi, tanto tempo depois, não teria falado de outro dia (4,8). Nem pode a queda de Jericó depois de sete dias ser aquele que é significado pela <i>anapausis</i> doo salmo. Portanto, além do descanso de Deus, na ordem da criação, e do descanso de Israel, na ordem do Antigo Testamento, há um terceiro descanso, que está além daquele de que o salmo fala: "Permanece, portanto, um descanso sabático para o povo de Deus. Pois aquele que que entrou no seu descanso, descansou ele mesmo de suas obras, como Deus descansou das Suas. Apressemo-nos para entrar naquele descanso (4,10-11).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Este texto é considerável especialmente pelo paralelismo que estabelece entre os três "sabatismos" de que o Sabbath litúrgico é figura. Mostra que no Judaísmo ele é uma comemoração da criação e de sua consagração a Deus; e depois também uma comemoração da entrada na Terra Prometida e da realização temporal da promessa. Mas estes dois significados são por sua vez a prefiguração e a profecia de outro sabatismo, de um sétimo dia, que não veio ainda e que é realizado em Jesus Cristo, desde que a partir de agora este sétimo dia existe, e nós deveremos nos apressar para entrar nele. Assim, nós encontramos uma vez mais, mas comentado e justificado, o tema escatológico indicado na genealogia de Mateus. O simbolismo do sétimo dia serve para enfatizar o caráter do Cristianismo como um evento escatológico. Nós estamos agora colocados na perspectiva da história, e esta é, de fato, o significado de toda a Epístola. Deus que deu aos judeus a primeira oportunidade para a salvação, que eles recusaram, está agora oferecendo uma nova. Esta salvação é Cristo. Ele é o sétimo dia, a sétima era do mundo. Uma nova era de graça é aberta com a Sua vinda. Nós não devemos deixá-la passar, como os judeus fizeram. Notemos antes que o tema do descanso e o tema do sétimo dia, os aspectos espiritual e escatológico estão reunidos na única pessoa de Cristo que lhes dá seu significado. A mensagem do Novo Testamento está, sobretudo, de fato, em apontar que Cristo é quem foi anunciado por todas as prefigurações do Antigo Testamento.</div>
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O Novo Testamento nos mostra a abolição do Sábado e seu cumprimento em Cristo como um fato realizado. Os escritores da Igreja daí em diante explicariam o significado deste fato. Esta abolição levantou, de fato, como aquelas das instituições mosaicas, um difícil problema. De um lado, a prática literal do Sabbath é o objeto de um mandamento expresso de Deus no Antigo Testamento, que era considerado pelos cristãos como um livro inspirado. Mas também, esta prática foi abolida por Cristo, e o Sabbath agora possuía para os cristãos somente o valor de um símbolo. Como estas duas afirmações poderiam ser reconciliadas? É impossível dizer que Deus poderia contradizer-Se. Duas soluções extremas agora se apresentam. De um lado, o judaizante manteve a prática literal do Sabbath. Eles estavam, então, em acordo com o Antigo Testamento, mas em conflito com a Igreja. De outro lado, os gnósticos rejeitaram o Antigo Testamento por considerá-lo obra de outro Deus. Isto eliminava a contradição, mas levava a uma rejeição do Antigo Testamento, uma rejeição que era igualmente inaceitável. Os cristãos viam claramente que eles deveriam afirmar ambas as coisas, a inspiração do Antigo Testamento e o caráter antiquado do Sábado. Mas levou certo tempo para ver como era possível reconciliar as duas afirmações.</div>
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Uma primeira solução consistia em negar pura e simplesmente que a prática literal do Sabbath tenha sido alguma vez o objeto de um mandamento de Deus. Esta é a solução de Pseudo-Barnabé. Para ele, as instituições do Antigo Testamento eram puramente uma linguagem simbólica, que é o propósito da gnose entender. Mas os judeus não possuíam esta <i>gnose</i>: eles tomavam sua linguagem literalmente, e todas as suas práticas nunca cessaram de ser condenadas por Deus. Essa do Sabbath em particular foi sempre reprovada (II.5). Como M. Lestringant bem diz: "Para ele, a exegese cristã não precisava dar à Escritura um novo significado, pois em nenhum momento ela teve outro significado. Deus sempre revelou uma só verdade. Os sacrifícios, o templo, circuncisão, foram apenas sinais. Suas práticas constituíam uma flagrante violação da vontade de Deus. E, além disso, Deus tinha formalmente advertido as nações infiéis que Ele não desejava nem sacrifício nem oferenda" (<i>Essai sur l'unite de la revelation biblique</i>, p. 168). Esta solução simplificava a questão. Cristo não precisava dar um significado figurativo ao Sabbath, pois ele nunca tinha tido nenhum outro significado, ele nunca tinha sido outra coisa além de um símbolo. O senso figurativo da Escritura é o literal, desde que Moisés intentou falar em linguagem simbólica. Esta solução radical, que depois ia ser a de Pascal, enquanto assegurava a unidade da Revelação, tirava do Antigo Testamento a sua própria substância.</div>
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A solução de Justino era menos absoluta. Ele mostra primeiro como, mesmo no Antigo Testamento, o mandamento do Sabbath não era o objeto de uma obrigação incondicional desde que ele admitia exceções: "Deus desejou fazer seus sacerdotes cometerem pecado quando eles ofereceram sacrifícios no dia de Sábado, e também aqueles que receberam ou deram circuncisão no dia de Sábado, desde que Ele ordenou que o recém-nascido deveria ser circuncidado no oitavo dia mesmo que ele caísse no Sábado?" (Dial. XXVII, 5.) Justino reproduz a linha de argumentação do próprio Cristo conforme dada em São Mateus (12, 5), e acrescenta um segundo exemplo àquele dado por Cristo. Nós estamos no começo de uma linha de raciocínio que nós devemos encontrar de novo e de novo através de toda a literatura patrística e que foi constantemente enriquecida com novos exemplos. Tertuliano dá aqueles da queda de Jericó no dia de Sábado (Jos 6,4) e o da luta dos Macabeus no Sábado (Adv. Jud. 4; P. L. II, 606 B-C). Encontramos todos estes textos novamente em Irineu (Adv. haer. V. V. 8; P. G. VII, 994-995), em Aphraates (Dem XIII, P. S. I, 568569), e no <i>Testemunia Adversus Judaeos</i> transmitido sob o nome de Gregório de Nissa (P. G. XLVI, 222 B-C). Esta é uma primeira forma de argumento que continua aquele do Evangelho.</div>
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A segunda linha de argumentação também procede do Evangelho: é o fato de que Deus não observa o Sabbath no governo do mundo. Nós já consideramos, em conexão com São João 5,17, que esta é uma resposta à noção judaica de que o próprio Deus está sujeito ao Sabbath. São Justino retorna duas vezes este argumento: "Olhem as estrelas, elas não descansam, elas não observam o Sabbath" (XXIII, 3). E a seguir: "Deus governa o mundo nesse dia do mesmo modo que Ele o governa em todos os outros" (XXIX, 3). Dentro do Judaísmo, certos homens como Filo também rejeitam como sendo excessiva demais a idéia de Deus estando sujeito ao Sabbath. O argumento de Justino foi tirado de Clemente de Alexandria: "Sendo bom, se (Deus) cessasse de fazer o bem, Ele cessaria de ser Deus" (Strom. VI, 16; Staehlin, 504, 1-5). Nós encontramos isto de novo em Orígenes: "Nós sempre vemos que Deus está agindo, e não há Sabbath no qual Ele não aja" (Hom. num. XXIII, 4). Isto está na <i>Didascalia dos Apóstolos</i>: "A economia do universo sempre continua, as estrelas não cessam nem por um instante no seu movimento regular produzido pela ordem de Deus. Se Ele diz: 'Você deve observar o descanso, como é que Ele mesmo age, criando, conservando, nutrindo, governando a nós e Suas criaturas? .... Mas estas coisas (o preceito do descanso sabático) foram estabelecidas por um tempo, como figura." (Const. Ap. VI, 18, 17).</div>
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Estes dois primeiros argumentos contra o valor absoluto do descanso sabático são, então, desenvolvidos do próprio Evangelho. Justino acrescenta um terceiro, que é o ais importante para uma compreensão da sua posição no que concerne ao Sabbath: "Aqueles que foram chamados justos antes de Moisés e Abraão e que foram agradáveis a Deus, não foram circuncidados nem observavam o Sabbath. Por que Deus não os ensinou estas práticas?" (XXVII, 5. Veja também XLVI, 2-3) Não apenas o mundo não está sujeito ao Sabbath, mas os patriarcas, que os judeus veneravam, não foram submetidos a ele por Deus. Certos judeus, como o autor do Livro dos Jubileus, de fato nos mostram os patriarcas como servadores do Sabbath. Mas isto é um exagero óbvio. O Sabbath não é, então, de nenhum modo necessário à salvação, desde que os próprios judeus reconheceram que Abraão foi salvo sem tê-lo praticado (XVLV, 3). Esta linha de argumentação, que não é encontrada no Novo Testamento em termos explícitos, mas de que nós encontramos o equivalente, também foi usado pela tradição inteira (Tertulian Adv. Jud. 4; P. L. II, 606; Aphraates, Dem. XIII, 8; P. S. I, 558). Nós o encontramos também na <i>Didascalia</i>: "Se Deus tivesse querido que nós observássemos o descanso depois de seis dias, Ele teria começado por fazer os patriarcas observarem-no e todos os homens justos que viveram antes de Moisés." (Cons. Ap. VI, 18, 16).</div>
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Mas, então, por que o Sabbath foi instituído? Justino não vai tão longe quanto Barnabé; ele mantém que Deus quis a prática do Sabbath no seu modo literal. Ele não é, então, uma pura figura. Mas esta divina instituição não é uma honra para Israel; ela não marca qualquer progresso no plano da salvação. Ao contrário, é somente por causa da maldade de Israel que Deus impôs o Sabbath a eles: "Foi somente para vocês que a circuncisão foi necessária, pois Noé e Melquisedec não observaram o Sabbath e contudo eles agradaram a Deus, e também aqueles que os seguiram, até Moisés, sob o qual nós vemos seu povo mau fazendo um bezerro de ouro no deserto.... Veja por que Deus Se adaptou ao vosso povo. O Sabbath foi prescrito para vós para vos fazer lembrar de Deus." (XIX, 6. Veja também XXVIL, 2; XLV, 3; XLVI, 5; CXII, 4). É porque, então, os judeus são infiéis à lei natural do divino culto que, para guiá-los a ela, Deus lhes deu o Sábado como meio de educação. O Sabbath, então, é visto como o próprio sinal da reprovação do povo judeu: "É de fato por causa de vossa própria maldade e aquela de vossos pais que, para vos marcar com um sinal, Deus prescreveu que que deveríeis observar o Sabath" (XXI, 1).</div>
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Assim, a existência do Sabbath é justificada, mas ainda não como um estágio na história. Notemos de fato que, de acordo com Justino, não apenas era o Sabbath uma instituição inferior aos olhos de Deus, já que Ele tinha uma melhor ordem em vista, mas esta melhor ordem foi aquela que Ele instituiu no começo. A situação dos patriarcas é superior àquela dos judeus, que marca uma decadência. Cristo, então, restabeleceu a ordem primitiva. Em outras palavras, Justino ainda não vê nenhuma outra via para evitar a contradição em Deus, além de admitir que Sua vontade foi sempre que não deveria haver nenhum Sabbath, e que ele era somente uma infração provisória da ordem imutável que Ele tinha estabelecido. Isto é o que Justino explicitamente afirma: "Deus não aceita sacrifícios de vós; e se Ele uma vez vos ordenou oferecê-los, não foi por Ele precisar deles mas por causa dos vossos pecados... Se nós não admitimos isto, nós caímos em idéias absurdas tais como a de que não era o mesmo Deus que existiu no tempo de Henoque e de todos aqueles que não observaram o Sabbath, desde que foi Moisés quem o ordenou para ser observado... Foi porque os homens eram pecadores que Ele que é sempre o mesmo prescreveu estas ordenanças e outras como elas" (XXIII, 1). A imutabilidade de Deu não pode ser salva, de acordo com Justino, exceto pela imutabilidade do mundo estabelecido por Ele. Ele não tem nenhuma idéia de revelação progressiva. E nós encontramos uma vez mais em Eusébio de Cesaréia esta mesma concepção que nega toda a história.</div>
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De qualquer modo, nós podemos ver de agora em diante que Deus suprime o Sabbath sem contradizer-Se de qualquer maneira, desde que Ele foi levado a instituí-lo somente porque foi forçado a fazê-lo pela maldade do povo judeu, e em consequência Ele teve o desejo de fazê-lo desaparecer tão logo Ele tivesse realizado Seu propósito de educação: "Por isso, assim como a circuncisão começou com Abraão, assim o Sabbath começou com Moisés (e ele mostrou que estas instituições foram feitas por causa da dureza de seu povo); assim também, pela vontade de Deus eles tiveram que desaparecer n'Ele que nasceu de uma Virgem da raça de Abraão, Cristo, o Filho de Deus" (XLIII, 1). A vinda de Cristo marca o fim desta economia provisória. Ela visou apenas preparar para Ele. Sua prática literal foi um esboço do que Cristo estava para realizar em plenitude: "Eu posso, tomando-as uma por uma, mostrar que todas as prescrições de Moisés foram somente tipos, anúncios, símbolos daquilo que estava por vir com Cristo" (XLII, 4). O verdadeiro Sabbath não consiste em consagrar um dia apenas a Deus, mas todos os dias, e não em abster-se de trabalhos físicos, mas do pecado: "A nova lei quer que observeis continuamente o Sabbath, ainda que penseis que sois piedosos por causa do descanso e por não fazer nada num dia. Não refletis na razão do preceito. Não é nestas coisas que o Senhor nosso Deus é agradado. Se houver entre vós um perjurador ou um ladrão, que ele cesse (<i>pausastho</i>); se houver um adúltero, que ele faça penitência e ele terá observado o Sabbath de prazeres, o verdadeiro Sabbath de Deus" (XII, 3).</div>
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Estas últimas linhas são importantes. Elas claramente contrastam a prática exterior do descanso em um dia da semana, que é somente uma figura, com a prática interior de que este descanso é o símbolo. Na realidade, o Sabbath, isto é, a vida cristã inteira deveria ser consagrada a Deus - e isto não em abster-se do trabalho com nossas mãos, mas em cessar de pecar. O contexto nos mostra que este cessar de pecar deveria ser entendido do Batismo. É Cristo, então, Quem é o verdadeiro Sabbath, de que o Sabbath judaico era a figura. O que é importante aqui é que nós encontramos a interpretação espiritual de Isaías, que está no pano de fundo desta passagem inteira (Justino a cita extensamente, XII, 1; XIII, 2-9; XIV, 4; XV, 2-7), relatada na economia do Cristianismo. O verdadeiro Sabbath de que Isaías falou, e que consiste em "cessar de fazer o mal" (1,16), está em Cristo que é a cessação do pecado, condição que Ele somente cumpre. Cristo nos introduz no único Sabbath, de que os Sabbaths da Lei foram somente uma prefiguração profética que não nos deu o que eles significavam. O processo de espiritualização começado com Isaías é continuado por Justino e assim realizado na dispensação cristã. Nós estamos agora, portanto, na mais autêntica linha de tipologia bíblica.</div>
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Mas permanece o fato de que em Justino é sobretudo o aspecto negativo da tipologia do Sabbath que aparece, quer dizer, a justificação do desaparecimento da observância do preceito literal. Isto é facilmente explicado quando nós percebemos que a sua atenção estava focada no conflito com os judeus. Irineu teve um problema diferente, pois ele lidou com o erro reverso, aquele dos Gnósticos. Seu pensamento sobre este ponto não é sempre perfeitamente homogêneo. Às vezes ele aceita as pressuposições de Justino e admite que a aparição da legislação é conectada com a decadência de Israel no Egito (IV, 16, 3; P. G. VII, 1017 A-B). Mas em toda parte o seu pensamento mais profundo aparece: Deus está formando a humanidade de acordo com uma economia progressiva (IV, 38, 1). É muito normal, então, que a Lei deveria ter correspondido a uma humanidade ainda num estado de infância, como é normal que ela deveria dar lugar a uma economia mais perfeita quando a humanidade tiver sido trazida a uma maior perfeição. Assim a verdadeira idéia do Sabbath agora aparece. Ele pode hoje ser abolido, e ainda assim, ontem, ter sido a expressão da vontade divina: não é Deus Quem mudou, mas antes o homem que existe no tempo. Assim Irineu pode mostrar que o Sabbath é uma excelente instituição (IV, 8, 2; P. G. VII, 994) e ao mesmo tempo afirma ele está agora abolido. Não é por causa da maldade do homem que a Lei apareceu, como se ela fosse uma regressão em relação à ordem imutável querida por Deus, mas é porque o desenvolvimento da humanidade tem sido progressivo; ela precisou começar com uma educação adaptada aos seus começos. Mas agora que a humanidade emergiu deste estado de infância, a sombra da Lei deve dar lugar à realidade do Evangelho: "A lei não irá mais ordenar que passe um dia em descanso e ociosidade quem observa o Sabbath todos os dias no templo de Deus que é o seu próprio coração" (Dem 96).</div>
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A instituição judaica do Sabbath agora aparece como sendo a figura do Sabbath perpétuo que é o Cristianismo. Nós devemos notar o paralelismo com o templo. Aqui nós encontramos de novo a tipologia de Justino que Irineus desenvolve ainda mais: "Deus deu (os Sabbaths) como um sinal. Mas estes sinais não faltam em simbolismo, quer dizer, não deixam de ensinar; nem são eles arbitrários, desde que eles foram instituídos por um artesão sábio, pois os Sabbaths ensinaram perseverança no serviço de Deus suportando tudo durante o dia. 'Nós agora somos', diz São Paulo 'como ovelhas para ser sacrificadas durante todo o dia', quer dizer, nós somos consagrados, seguindo a nossa fé em todo o tempo, perseverando nisto e nos abstendo de toda a cobiça, nem comprando nem possuindo qualquer tesouro na terra. E por isso foi significado também, de algum modo, o descanso de Deus depois da criação, quer dizer, o reino do qual o homem que perseverou em seguir a Deus tomará parte na Sua festa." (IV, 16, 1; P. G. 1015-1016).</div>
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Este texto afirma antes de tudo e com grande precisão o caráter significante do Sabbath: "Os sinais não eram sem simbolismo". Ele então desenvolve este simbolismo em um duplo sentido: eclesiástico e escatológico. Assim, nós encontramos uma vez mais as duas direções tomadas pela tipologia do Sabbath que nós percebemos no Antigo Testamento e encontramos de novo no Evangelho. Concernente à primeira destas direções, Irineu traz os dois aspectos que nós já encontramos com Justino: de um lado, perseverança no serviço de Deus durante toda a vida, de que o um dia reservado a Ele era somente uma figura; e de outro, o cessar de fazer o mal; nós devemos considerar, todavia, que, de acordo com uma idéia peculiar a Irineu, o Sabbath judaico significava a abstenção do trabalho servil, quer dizer, de trabalho rentável (IV, 8, 2; 994 B) e assim era menos a figura de uma abstenção do pecado que do distanciamento das coisas terrenas. Com respeito ao aspecto escatológico, ele se mantém na ordem do Antigo Testamento: o sétimo dia não é a figura do Cristianismo a princípio, como nos textos do Evangelho e da Epístola aos Hebreus, mas é a figura do mundo que há de vir. Este aspecto da tipologia do Sabbath é relatado a Irineu, tanto pela Epístola aos Hebreus quando pelo texto do Gênesis. Assim, nós vemos que a tipologia escatológica do Sabbath foi desenvolvida ao longo das linhas do Gênesis, como tomadas da Epístola aos Hebreus, enquanto a tipologia espiritual foi desenvolvida ao longo das linhas de Isaías, tomadas do Evangelho de São Mateus.</div>
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Com Irineu, a tipologia do Sabbath aparece fixada em suas linhas essenciais, negativamente , na justificação para a abolição do Sabbath judaico, e positivamente, no conteúdo do simbolismo do Sabbath. Nós devemos encontrá-lo desenvolvido nestas duas direções por Tertuliano e Orígenes. Tertuliano adota o primeiro aspecto. Seu <i>Adversus Judaeos</i>, que continua o <i>Diálogo com Tifo</i>, é uma parte da controvérsia com o Judaísmo em que a questão do Sabbath estava em primeiro plano. Tertuliano distingue os Sabbaths: "As Escrituras falam de um Sabbath eterno e de um temporal" (Adv. Jud. 4). O Sabbath temporal é humano, o eterno é divino. Este existiu antes do Sabbath temporal: "Assim, antes do Sabbath temporal, havia um Sabbath eterno mostrado e predito antecipadamente. Deixemos os judeus aprenderem que Adão observou o Sabbath, e que Abel quando ofereceu a Deus uma vítima santa, O agradou por cumprir o Sabbath, e que Noé, construtor da Arca por causa do grande Dilúvio, observou o Sabbath" (id). Este Sabbath, de fato, é a adoração de Deus.</div>
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<br /></div>
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Prefigurado pelos patriarcas, "nós vemos que ele é cumprido no tempo de Cristo, quando toda a carne, quer dizer, toda nação, veio a Jerusalém para adorar a Deus o Pai através de Seu Filho Jesus Cristo." É este Sabbath que "Deus quer que nós observemos de agora em diante." É por isto que "nós sabemos que nós devemos nos abster de todo trabalho servil, e que não apenas no sétimo dia, mas em todo o tempo."</div>
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<br /></div>
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Nós encontramos de novo a idéia do verdadeiro Sabbath concebida como a adoração a Deus e abstenção de trabalho servil, entendidos no sentido espiritual, e isto perpetuamente. O interesse da passagem repousa no fato de que Tertuliano mostra que a prática do Sabbath pelos patriarcas era uma figura de sua realização em Cristo. Mas e quanto ao Sabbath temporal, isto é, a instituição mosaica de cessar de trabalhar num dia da semana? Esta era uma instituição temporária, e Tertuliano vê a prova disto no fato de que, mesmo no Antigo Testamento, ela era frequentemente suspensa. Ele usa os exemplos que nós já citamos. "É, então, claro que observâncias deste tipo têm um valor temporário e foram tornadas necessárias pelas circunstâncias do tempo, e que Deus não deu esta lei no passado para ser uma observância perpétua." Por isso o Sabbath, decretado por um tempo, estava destinado a desaparecer: "É por isto que, quando é claro que um Sabbath temporal foi estabelecido e um eterno Sabbath predito, se segue que, todos os prceitos físicos tendo sido dados no passado às pessoas de Israel, um tempo viria quando os preceitos da antiga lei das velhas cerimônias cessaria, e quando a promessa da nova lei viria, quando a luz brilharia para aqueles que estavam nas trevas." Assim Tertuliano completa o que tinha permanecido implícito no pensamento de Irineu mostrando que o Sabbath eterno que já existia no Antigo Testamento ao lado do Sabbath temporal, era ele mesmo uma prefiguração de Cristo, o único verdadeiro Sabbath, e era por este próprio fato o anúncio de que o Sabbath temporal era apenas uma economia provisória.</div>
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Como Tertuliano assim torna mais precisa a tipologia do Sabbath quanto a sua forma, assim Orígenes continua o pensamento de Irineu desenvolvendo seu conteúdo, e isto em seu duplo significado eclesial e escatológico. Na <i>XXIII</i> <i>Homilia sobre o Livro dos Números</i>, ele trata da tipologia das várias festas judaicas, ao lado das linhas de Filo no <i>De Decalogo</i>, mas sem pegar nada emprestado dele. "O justo deve também celebrar a festa do Sabbath. Mas o que é a festa do Sabbath senão aquela que o Apóstolo diz: 'Ainda permanece, todavia, um dia de descanso (<i>sabbatismus</i>), quer dizer, a observância do Sabbath reservada ao povo de Deus.' Deixando de lado, então, as observâncias judaicas do Sabbath, vejamos o que deve ser a observância do Sabbath para um cristão. No dia do Sabbath, nenhum dos trabalhos mundanos devem ser feitos. Se, então, tu te absténs de todos os trabalhos que são terrenos, e não se ocupa com nenhum assunto mundano mas se mantém livre para as coisas espirituais, vai à Igreja, escuta as leituras e divinas homilias, medita nas coisas celestes, se preocupa com a esperança futura, considera não as coisas que são presentes e visíveis mas aquelas que são futuras e invisíveis - esta é a observância do Sabbath cristão. Ele que se abstém de trabalhos do mundo e se libera para as coisas espirituais, ele é quem celebra a festa do Sabbath. Ele não leva nenhum fardo na jornada. Pois o fardo é qualquer pecado, como o Profeta diz: Eles me pesam como um fardo pesado. No dia do Sabbath, todos ficam sentados em seu próprio lugar. Qual é o lugar espiritual da alma? Justiça é o seu lugar, e verdade, sabedoria, santidade, e tudo que Cristo é, este é o verdadeiro lugar para a alma. E é deste lugar que ela deveria não sair se é para manter o verdadeiro Sabbath: 'Aquele que permanece em mim, Eu também permanecerei nele.'" (Jo 15, 5) (Ho. Num. XXIII, 4).</div>
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<br /></div>
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Aqui, então, está o sentido espiritual e eclesial. O cumprimento da figura do Sabbath é a vida cristã inteira, que é totalmente espiritual e consagrada a Deus. A este significado, Orígenes acrescenta o sentido escatológico. "Desde que nós temos falado dos verdadeiros Sabbaths, se nós procuramos, indo ainda mais alto, aprender o que os verdadeiros Sabbaths são, é além deste mundo que nós encontramos a verdadeira observância do Sabbath. Isto é, de fato, o que está escrito em Gênesis, que 'Deus descansou no sétimo dia de todas as Suas obras.' Nós vemos que isto não foi cumprido no sétimo dia, e que não é cumprido mesmo agora, pois nós vemos que Deus está sempre agindo e que não há Sabbath em que Ele não aja, em que Ele não cause o nascer do sol sobre o justo e o injusto, para agir e para curar. É por isto que o Senhor, no Evangelho, acusado pelos judeus de agir e de curar no Sabbath, lhes respondeu: 'Meu Pai trabalha mesmo agora, e eu também trabalho', mostrando por isso que em nenhum Sabbath deste mundo Deus cessa de administrar o mundo e de prover as necessidades da raça humana. De fato Ele fez, no começo da criação, substâncias para existirem, tão numerosas quanto Ele, o Criador, pensou necessárias para a perfeição do mundo; mas até a consumação das eras Ele não cessou de administrá-las e de conservá-las. O verdadeiro Sabbath, depois que Deus descansar de todas as Suas obras, será no mundo futuro, quando pesares, tristeza e gemidos desaparecerão e Deus será tudo em todos. Possa Deus conceder que nós possamos festejar neste Sabbath com Ele e celebrá-lo com Seus santos anjos, oferecendo o sacrifício de louvor e dando graças ao Mais Alto. Então de fato a alma irá ser capaz sem cessar de estar presente com Deus e de oferecer a Ele o sacrifício de louvor pelo Sumo Sacerdote, que é um Sacerdote para eternidade de acordo com a ordem de Melquisedec." (Ho. Num. XXIII, 4).</div>
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<br /></div>
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Nós achamos aqui de novo o eco da antiga tradição. Com Justino, Orígenes recorda que Deus não está sujeito ao Sabbath, desde que Ele não cessa de governar a criação. E nós devemos notar que ele conecta o Sabbath com o texto de João 5,17. Esta idéia foi tirada de novo de Clemente de Alexandria (Strom. VI, 16; Staehlin, p.504, 2), mas sem ser conectada com o texto evangélico. Com Irineu, ele mostra que o descanso de Deus que é significado em Gênesis não é somente o tempo presente, mas antes o mundo que se seguirá depois desta criação. O Sabbath portanto é uma figura da entrada do homem no mundo futuro onde ele descansará de suas obras, quer dizer, onde ele irá tomar parte no banquete divino, na liturgia dos anjos, onde ele eternamente oferecerá com Cristo o Sumo Sacerdote o sacrifício de louvor. Aqui estão os verdadeiros Sabbaths de Deus, de que o Sabbath judaico era a distante prefiguração, de que a contínua oração é o começo sacramental na Igreja, e de que a liturgia celestial é o seu pleno cumprimento.</div>
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<br /></div>
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Este aspecto figurativo do Sabbath é aquele que apareceu como o mais impressionante às primeiras gerações cristãs. Preocupada antes de tudo com marcar o fim da ordem judaica e sua substituição pela realidade cristã, ela insistiu sobretudo no fato de que a <i>instituição</i> do Sabbath estava cumprida pelo mistério inteiro cristão. Mas apareceu também que este mistério cristão incluía uma estrutura sacramental, quer dizer, que as próprias realidades espirituais da Igreja se expressavam por meio de sinais visíveis. Os pães da proposição foram abolidos, mas a Igreja possui outro Pão. O Templo de Jerusalém foi destruído e cumprido no Cristo inteiro, o lugar da Divina Presença, mas a Igreja também possui igrejas de pedra, conectadas com a presença eucarística. O Cristianismo não é uma realidade puramente espiritual. Sua essência espiritual se expressa por meio destas realidades visíveis, e isto precisamente é a Liturgia. E isto é verdadeiro de nosso tópico também. O Sabbath foi abolido e cumprido no Cristo ressurreto, mas a Ressurreição de Cristo teve uma comemoração visível, isto é, o Domingo.</div>
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<br /></div>
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Card. Jean Daniélou, Bible and Liturgy, Tradução nossa.</div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-30117680059253099952016-06-16T08:34:00.000-07:002016-06-16T08:40:39.831-07:00Contemplação filosófica: ver as coisas à luz da eternidade<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX69TwlNMXWpyKgZvj8kuj8_3CTr4hyR6HhyAoPVNN2XK9HoJO8qp8L70cSjdy9OPlKDIVYcGVls8QvaM-mbXjRew-ZbcDGjqqYyXdpfkOijg9-O57lAuphcuawD9b8zOq9AJG3LJ7k0_4/s1600/midsummer_night_by_contemplatio-d54t29u.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgX69TwlNMXWpyKgZvj8kuj8_3CTr4hyR6HhyAoPVNN2XK9HoJO8qp8L70cSjdy9OPlKDIVYcGVls8QvaM-mbXjRew-ZbcDGjqqYyXdpfkOijg9-O57lAuphcuawD9b8zOq9AJG3LJ7k0_4/s320/midsummer_night_by_contemplatio-d54t29u.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: right;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Olavo de Carvalho</b></div>
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Na filosofia grega, a palavra <i>theoria</i> tinha uma acepção precisa. Era correlata das noções de <i>logos</i> ("razão" ou "linguagem"), de <i>eidos</i> ("idéia" ou "essência"), de <i>ón</i> ("ser", "ente") e de <i>aletheia</i> ("patência", "desvelamento", revelação da verdade oculta).</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O homem teorético, o filósofo, não se ocupava genericamente de contemplar, de olhar, num sentido em que os demais homens também podiam contemplar e olhar. Por exemplo, todos os homens contemplavam os espetáculos de teatro, a beleza dos seres humanos e da paisagem, etc. A contemplação do homem comum podia ser lúdica, estética, utilitária ou o que quer que fosse. A do filósofo, não. Era um tipo muito determinado de contemplação, com um motivo específico e um objetivo específico, que faziam dela, propriamente, uma contemplação <i>filosófica</i> e não outra qualquer. O filósofo contemplava as coisas para captar a sua essência (<i>eidos</i>), patenteando (<i>aletheia</i>) o seu verdadeiro ser (<i>ón</i>); em seguida o filósofo dizia (<i>logos</i>) o que era essa coisa, patenteando em palavras (<i>aletheia</i>) o verdadeiro ser (<i>ón</i>) que estava oculto.</div>
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<br /></div>
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Dito de outro modo, as coisas, os fenômenos, eram para o filósofo signos, que ele decifrava em busca do significado ou essência. Entre o signo e o significado, a chave interpretativa era a razão ou <i>logos</i>. Pela razão, o homem filósofo saltava de um plano para o outro: do plano da fenomenalidade instável, movediça, enganosa, para o plano das essências, do ser verdadeiro. Este plano era considerado <i>superior</i>, por abranger e ultrapassar o mundo dos fenômenos (ele contém todos os fenômenos manifestos, e mais um sem-número de essências não manifestadas ou possibilidades), e também por ser estável, imutável, eterno. Esta postura se tornou mais clara e autoconsciente a partir do platonismo, porém já era a dos eleáticos. Em suma, ela se baseia na crença de que todos os fatos e todos os entes são fenômenos - "aparecimentos" - de alguma coisa: são exteriorizações ou exemplificações das essências ou possibilidades, contidas eternamente na Inteligência Divina. O filósofo grego contemplava as coisas, portanto, <i>sub specie aeternitatis</i>, isto é, na categoria da eternidade, à luz da eternidade; buscava nelas a sua significação eterna, superior à aparência fenomênica e transitória. Esta contemplação conferia a essas coisas, portanto, uma dignidade e uma realidade superiores, uma consistência ontológica superior. Pouco importa, para os fins desta análise, a diferença entre platonismo e aristotelismo. Para Platão, as essências constituíam um mundo separado, transcendente; para Aristóteles, o núcleo inteligível era imanente ao mundo sensível; mas em ambos os casos tratava-se de passar da fenomenalidade imediata a um estrato mais profundo e permanente.</div>
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<br /></div>
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A interpretação (<i>hermeneia</i>) das aparências consistia nessa subida de nível ontológico, desde o ente fenomênico até o ser essencial. O termo <i>hermeneia</i> deriva do nome do deus Hermes, ou Mercúrio, o deus <i>psicopompo</i>, isto é, "guia das almas", encarregado de levá-las na escalada e descida através dos mundos ou planos de realidade, do sensível ao inteligível, do particular, transitório e aparente ao universal e estável. Nisto consistia, basicamente, a postura <i>interpretativa</i> do filósofo grego.</div>
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<br /></div>
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Qual a diferença essencial entre a atitude contemplativa - ou interpretativa - e a atitude transformante, isto é, entre a <i>theoria</i> e a <i>praxis</i>?</div>
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<br /></div>
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A <i>theoria</i>, ao elevar o objeto até o nível da sua idéia, essência ou arquétipo, capta o esquema de possibilidades do qual esse objeto é a manifestação particular e concreta. Por exemplo, o arquétipo de "cavalo", a possibilidade "cavalo", pode manifestar-se em cavalos pretos ou malhados, árabes, percherões ou mangalargas, de sela ou de trabalho, etc. Pode manifestar-se em prosaicos cavalos de carroças ou em cavalos célebres e quase personalizados como o cavalo de Alexandre. Pode manifestar-se em seres míticos que "participam da cavalidade", como o pégaso ou o unicórnio, cada qual, por sua vez, contendo um feixe de significações e intenções simbólicas. Enfim, a razão, ao investigar o ser do objeto, eleva este último até o seu núcleo superior de possibilidades; resgatando-o da sua acidentalidade empírica e restituindo, por assim dizer, seu sentido "eterno". A consequência "prática" disto é portentosa. Ao conhecr um arquétipo, sei não apenas o que a coisa é atualmente e empiricamente, mas tudo o que ela <i>poderia ser</i>, toda a latência de possibilidades que ela pode manifestar e que se insinua por trás da sua manifestação singular, localizada no espaço e no tempo.</div>
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<br /></div>
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A <i>praxis</i>, ao contrário, transforma a coisa, isto é, <i>atualiza uma dessas possibilidades, excluindo imediatamente todas as demais. </i>Por exemplo, uma árvore. Se investigo o objeto "´rvore" para captar o seu arquétipo, tomo consciência do que ela é, do que poderia ser, do que ela pode significar para mim, para outros, em outros planos de realidade, etc. Porém, <i>se a transformo em cadeira, ela já não pode transformar-se em mesa ou estante</i>, e muito menos em árvore. De cadeira, ela só pode agora transformar-se em cadeira velha, e depois em lixo.</div>
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<br /></div>
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Para o filósofo, portanto, o fenômeno, a aparência sensível imediata é sobretudo um signo o símbolo de um ser. Para o homem da <i>praxis</i>, a aparência é sempre <i>matéria-prima</i> das transformações desejadas. A investigação teórica insere o ser no corpo da possibilidade que o contém, e o explica e integra no sentido total da realidade. A <i>praxis</i>, ao contrário, limita suas possibilidades, realizando uma delas, sem via de retorno. Para a <i>theoria</i>, o ente é sobretudo a sua <i>forma</i>, no sentido aristotélico, isto é, aquilo que faz com que ele seja o que é; para a <i>praxis</i>, o ente é sobretudo <i>matéria</i>, isto é, aquilo que faz com que ele possa tornar-se outra coisa que não aquilo que é. Não se deve confundir esta oposição com a do "estático" e a do "dinâmico", porque o dinamismo interno faz parte da forma (por exemplo, a forma da semente é a planta completa em que ela tem o dom de se transformar). Mais certo é dizer que a <i>theoria</i> se interessa pelo que um ente <i>é</i> em si e por si, e a <i>praxis</i> se interessa pelo que ele <i>não é</i>, pelo ser secundário, às vezes pelo falso ser ou arremedo de ser que podemos fabricar com ele. Era neste sentido que as escrituras hindus negavam que a ação pudesse trazer conhecimento, de qualquer espécie que fosse. A ação produz apenas transformação, fluxo de impressões, ilusão, da qual saímos apenas pelo recuo reflexivo posterior, pela "negação" teorética e crítica da ação consumada: o espírito filosófico, potência latente no <i>homo sapiens</i>, só se atualiza como reflexão sobre as desilusões do <i>homo faber</i>.</div>
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Olavo de Carvalho. O jardim das aflições. 2ª Ed. São Paulo: É Realizações, 2000. p.112-114.</div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-26285964415131042692016-06-10T13:58:00.001-07:002016-06-10T14:02:35.925-07:00A Igreja Católica é o Reino de Deus<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixyAWVc21izs1NEaR1voZvnd_zjDA7EWw7UvvHbAW9G5qakFNBBbz9cNOohTT4FCZoy5o-f9512nft1e8UPVAylX5R0459bJ3L0ZZfAdjIJe6QmNNBzGs4uVLn3C26W7No0oZ-LV6oBdKS/s1600/IT_TheVatican_HD_L.JPEG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="263" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixyAWVc21izs1NEaR1voZvnd_zjDA7EWw7UvvHbAW9G5qakFNBBbz9cNOohTT4FCZoy5o-f9512nft1e8UPVAylX5R0459bJ3L0ZZfAdjIJe6QmNNBzGs4uVLn3C26W7No0oZ-LV6oBdKS/s400/IT_TheVatican_HD_L.JPEG" width="400" /></a></div>
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<b>Scott Hahn</b> </div>
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Nos momentos que antecederam a Ascensão de Jesus ao céu, havia apenas uma pergunta que ardia no coração dos discípulos: "Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?" (At 1,6)</div>
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<br /></div>
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No centro da história bíblica, bem como no coração do povo de Deus, havia um lamento fúnebre no sentido de perda e ganho, queda e redenção. Deus tinha concedido um reino ao Seu povo, mas eles haviam perdido esse reino. Daí, aguardavam ansiosamente pela sua restauração. E Jesus anunciou a sua iminente restauração. E Jesus anunciou a sua iminente restauração.</div>
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<br /></div>
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Realmente a história começa no livro do Gênesis, quando Deus dá a Adão o "domínio" sobre "toda a terra" e todas as criaturas nele, de peixes a aves, gado e todos os bichos (Gn 1,26). Adão foi feito "imagem" e "semelhança" de Deus, o que nos indica um relacionamento paterno e uma atribuição de responsabilidades reais. Homem e mulher são criados para servirem a Deus como reis. Quando o salmista retoma esse tema, ele aborda o domínio em termos da realiza que Deus compartilha de boa vontade com o primeiro homem:</div>
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<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
<i>O que é o homem, para dele te lembrares? O ser humano, para que o visites? Tu o fizeste pouco menos do que um deus, e o coroaste de glória e esplendor. Tu o fizeste reinar sobre as obras de tuas mãos, e sob os pés dele tudo colocaste. (Sl 8,5-7)</i></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i>
Deus "coroou" toda a humanidade em Adão e outorgou ao primeiro casal e sua prole, todo o "domínio" e "governo" sobre a terra. Os povos antigos teriam percebido no Gênesis uma forma simples de comportamento real, que era a de acumular terras para passá-las a seus filhos e herdeiros.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas Adão era mais do que um simples rei. Ele era um rei <i>sacerdotal</i>. O Gênesis relata que Deus atribuiu a ele funções específicas, indicadas pelos verbos hebraicos <i>abodah</i> e <i>shamar </i>(comumente traduzidos como "servir" e "cuidar"). Em outras partes do Pentateuco, esses verbos aparecem juntos apenas para descrever o serviço ritual dos sacerdotes Levitas no santuário (ver Nm 3,7-8; 8,26; 18,5-6). Ao descrever o serviço sacerdotal, eles deveriam prestar o "serviço" e a "guarda". Os sacerdotes eram destinados a oferecer o serviço do sacrifício a Deus, e a guardar o santuário do Senhor das contaminações. Essas pistas literárias sugerem a intenção dos autores bíblicos ao descreverem toda a criação como um templo real construído por um rei celestial. Intencionalmente, Adão é retratado como o primogênito real e uma figura sacerdotal, ou seja, um misto de rei e sacerdote para governar como vice-rei sobre o templo-reino da criação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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Deus sela tudo isso de uma maneira especial. Os termos da relação do homem com Deus são ordenados pela aliança do <i>Shabbath</i>, estabelecido no sétimo dia. A palavra hebraica para um juramento da aliança é <i>sheva</i>, que significa "sete". Pois tal juramento é, literalmente, o "próprio sétimo dia". Então, a aliança tem seu significado no repouso do sétimo dia por Deus. É certo que não poderia ter sido para o descanso de Deus, pois o Todo-poderoso não se cansa. Não, Deus está criando aqui um vínculo por meio de uma aliança - um vínculo de uma <i>família</i>- com o universo. Ao soprar a vida em Adão, Ele concedeu o Seu Espírito de filiação ao homem. Adão deveria governar o mundo como um <i>filho de Deus</i>. Este aspecto é corroborado não somente pelo ensinamento da Igreja Católica, mas também nos escritos dos antigos rabinos. Estudiosos modernos têm feito referência ao sétimo dia, abençoado por Deus, como uma "Aliança Universal".</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na história da criação, vemos Deus preparando um reino e, depois, estabelecendo a humanidade como Sua família real na terra. Solenemente, Ele sela o seu decreto, estabelecendo uma aliança eterna.</div>
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<br /></div>
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Esta aliança é fundamental para compreendermos o Livro do Gênesis - e toda a Bíblia, a qual, aliás, é dividida em "Antiga Aliança" e "Nova Aliança" (A palavra hebraica para aliança, <i>berith</i>, e a grega, <i>diatheke</i>, são normalmente traduzidas para o português como "testamento"). Quando tomamos o Gênesis em seus termos próprios, o mesmo é inteligível. No entanto, quando tentamos impor as nossas condições ao texto, este se desintegra diante de nossos olhos.</div>
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<br /></div>
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Por exemplo, algumas pessoas leem o Gênesis como um livro didático de ciência antiga e, por isso, acham várias falhas nele. Mas este livro não foi escrito como um livro de ciências. Trata-se, de certa forma, de uma carta da realeza - do reinado de Adão, cujo nome significa tanto "um homem" como "a humanidade". Um dos termos da aliança de Deus com a raça humana é o domínio: Adão e Eva deviam encher a terra e subordiná-la a eles. Assim, Deus fez o universo para o bem e o gozo deles. Ele fez o universo cognoscível para eles de uma forma que não era conhecido pelos outros animais. O nosso conhecimento da criação difere do deles não somente em grau, mas em espécie. A mente humana, então, foi conformada à criação, e a criação feita para a mente humana. Este é o princípio antropológico universal em sua forma primitiva. E este termo da aliança, esta declaração de domínio e realeza - juntamente com a necessária inteligibilidade da criação - é o que tornaram possíveis as ciências naturais e tecnológicas.</div>
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Ao conceder o mundo para Adão, Deus deu um reino à raça humana para governá-lo como Seu vigário. Pelo seu orgulho e desobediência deles, contudo, Adão e Eva perderam o seu estado privilegiado. Quando a serpente os tentou, eles renunciaram ao seu ofício divino. Adão não conseguiu proteger o jardim santuário do seu mortal intruso e, ao comer do fruto proibido, ele e Eva recusaram-se a fazer um sacrifício de seu desejo sobre os bens terrenos. Eles se recusaram, também, a exercer domínio sobre a besta que os desafiou. Assim, Adão falhou em ambas as tarefas, real e sacerdotal. Ele abdicou do trono que Deus tinha compartilhado com ele, e fez de sua herança um fracasso em todas as gerações de sua linhagem.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Este, o Pecado Original, é um desastre de proporções universais. Os antigos cristãos e seus descendentes modernos poderiam cantar esta perda da graça original como uma "feliz culpa", porque criou a necessidade de um salvador, a real ocasião da encarnação do eterno Verbo de Deus. A partir dos destroços da queda, Deus faria uma obra ainda maior para a humanidade. Por causa da autodestruição de Adão, o mundo pôde esperar por uma restauração.</div>
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<br /></div>
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<span style="font-size: large;">O caminho de volta</span></h4>
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<div style="text-align: justify;">
Mas a salvação estava ainda muito longe. Nos capítulos seguintes do Gênesis, a família humana cresce mais revolta, começando com o assassinato de Abel por seu irmão Caim, continuando até a decadência de todo o mundo no tempo de Noé. Deus restabelece parcialmente a ordem do universo, salvando a família de Noé, mas o pecado, mais uma vez, aparece em cena. Com a arrogante autoadoração na Torre de Babel, a família humana é, de novo, dispersada, exilada de Deus e até mesmo um do outro. Estas más gerações têm vagado bem distantes da real e original vocação da humanidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porém, em seguida, surge Abraão, um homem de fé, a quem Deus promete uma futura restauração da aliança universal. Para Abraão e seus descendentes, Deus promete Sua bênção divina para todas as famílias da terra (Gn 12,3); uma terra frutífera (12,1); e uma linhagem de reis (17,6). E Deus sela cada uma dessas promessas com uma aliança (ver Gn 15; 17,4-8; 22,15-18), assim estabelecendo os laços de parentesco entre Deus e a família humana. É por meio de Abraão que também vai se vislumbrar a figura de um rei-sacerdote, Melquisedeque, rei de Salém (Gn 14,18), que abençoou Abraão quando ele ofereceu um sacrifício de pão e vinho a Deus (Salém será posteriormente chamada de Jeru-salém e identificada com o Monte Sião (ver Sl 76,2). A aliança de Deus com Abraão marca a restauração parcial, um cumprimento parcial que, um dia, seria completa, universal, cósmica - católica.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas só depois de outros retrocessos... Pois, dentro de apenas algumas gerações, a família de Deus voltaria a pecar gravemente, desta vez trazendo para si o castigo da escravidão numa terra estrangeira. Mas, esse castigo também se revela uma "feliz culpa", como a escravidão no Egito fornece a ocasião da grande obra salvadora de Deus com o Êxodo. A narrativa bíblica que descreve a libertação de Israel, em toda a sua parte, ecoa a narrativa da criação do Gênesis. Israel é salvo através da água como uma nova criação. A nuvem da presença divina cobre o Monte Sinai por seis dias, antes que Deus chame Moisés, no sétimo dia, para entrar na nuvem e receber o plano para a habitação de Deus (Ex 24). As instruções divinas aparecem em setes, de novo, como na obra da criação, com Suas sete ordens culminando em normas de observância para o sétimo dia, o Shabbath. A confecção das vestes sacerdotais e a construção do tabernáculo recordam a narrativa da criação. Em ambos, a obra prossegue por sete etapas (as quais, no Êxodo, se concluem "como o Senhor ordenou a Moisés"). Moisés contempla sua obra, como fez Deus no Gênesis e a abençoa (Ex 39,43). Como Deus "finalizou Sua obra", assim Moisés "finaliza o trabalho" (Gn 2,1-2; Ex 40,34). E, como Deus descansou ao sétimo dia, abençoou-o e santificou-o, assim Moisés finalizou o seu trabalho, e a presença divina encheu o tabernáculo (Ex 40,34). Com o Êxodo, Deus restaurou o sacerdócio real e a realeza sacerdotal. Ele escolheu Israel para ser Sua "propriedade particular dentre todos os povos... um reino de sacerdotes e uma nação santa" (Ex 19,5-6) Ele os colocou no lugar de Adão, o rei-sacerdote. O que Adão deveria ter sido para cada pessoa, Israel seria para cada nação - um sacerdócio régio, "o primogênito de muitos irmãos" (ver Rm 8,29). Como Adão tinha sido criado à imagem e semelhança de Deus, assim Deus destinou Israel com títulos sugestivos da progenitura do sacerdócio régio. Para Deus, Israel é "Meu filho, Meu primogênito" (Ex 4,22-23; 19,6).</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Contudo, da mesma forma que os israelitas receberam a vocação de Adão, eles também perpetraram uma queda na graça como Adão. E assim como a queda original resultou no exílio e na dessacralização da realeza sacerdotal, assim também fizeram uma adoração idolátrica ao bezerro de ouro. Deus deserdou Seu povo dizendo claramente a Moisés que eles são o "<i>teu</i> povo, que tu tiraste da terra do Egito" (Ex 32,7). Ao se contaminar por uma rebelião ritual, assim como Adão, Israel tornou-se impróprio para a vocação divina e nunca mais o Antigo Testamento usaria o título de realeza sacerdotal de Êxodo 19,6 para descrever o povo de Israel.</div>
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<br /></div>
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Ainda assim, devido à força de Sua aliança com seu pai Abraão (ver Ex 32,13), Deus poupou Israel e permitiu que as tribos, eventualmente, pudessem entrar na Terra prometida. Então, o povo de Deus experimentou, novamente, uma restauração parcial.</div>
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<br /></div>
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Na Terra prometida, Israel se manteve um povo separado, que, ao contrário de qualquer outro povo, não foi governado por leis humanas, mas pelo próprio Deus mediante Seus profetas. Porém, inexoravelmente, eles foram atraídos pelas armadilhas da realeza que viam nos povos vizinhos, nas terras pagãs. Eles queriam poder, prestígio, lutas e conquistas. Em outras palavras, não queriam ser mais uma nação à parte. Desejavam ser como todos os demais e, por isso, exigiram que o profeta Samuel nomeasse um rei para eles (ver 1Sm 8). Como o pecado de Adão no Éden e o de Israel no Sinai, este pedido evidenciava uma rebelião contra o domínio de Deus. Moisés tinha previsto este dia e, por isso, a contragosto, no livro do Deuteronômio, ele havia dado as leis para reger o comportamento dos reis de Israel.</div>
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<br /></div>
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Samuel avisou ao povo o que eles poderiam esperar de um rei: impostos, recrutamento militar e opressão. Mas o povo insistiu e Deus quis deixá-los seguir o seu caminho. Por meio de um rito, Samuel ungiu Saul em seu ofício real, ação esta que anteriormente era usada apenas para a ordenação dos sacerdotes. Tão logo foi ungido, Saul começou a profetizar. Assim, Deus mostrou ao Seu povo que, embora tivessem rejeitado o Seu governo, Ele continuaria a governá-los através de seu rei, pois eles não tinham escolhido Saul como seu rei, mas Deus o tinha. Nessas condições, apesar de Saul ser orgulhoso e arrogante como rei, ele era "o ungido", que em hebraico é <i>messiah</i> e, em grego, <i>christós</i>, de onde obtemos o título em português "Cristo". Embora os crimes de Saul tenham gerado a queda do seu reinado e sua dinastia, eles não poderiam derrubar a validade da realeza que Deus tinha estabelecido.</div>
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<br /></div>
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Em última análise, Deus iria transformar o pedido de um rei por Israel, como em todas as rebeliões anteriores da humanidade, na ocasião de uma maior obra de Sua parte. Das ruínas do reinado de Saul, surgiu uma casa real ainda maior - de fato, um grande messias-rei - uma bênção para Israel e, através deste povo, uma bênção para todas as nações.</div>
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<br /></div>
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Deste modo, apesar dos repetidos fracassos da humanidade em viver de acordo com sua vocação real e sacerdotal, a restauração da aliança universal ocorreu na história, no tempo certo da providência divina. Inicialmente, Deus reuniu, num único reino, todos os filhos de Abraão, de modo que, posteriormente, pudesse reunir todos os filhos de Adão.</div>
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<br /></div>
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<b>O FUTURO REINO TRANSITÓRIO</b></div>
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<span style="font-size: large;"><b>A Diferença que Davi fez</b></span></div>
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<br /></div>
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Como salmista, rei e antepassado de jesus Cristo - e como um homem conforme o coração de Deus (1Sl 13,14) - o Rei Davi representa muito mais do que poderíamos imaginar a partir das homiléticas populares. Não me leve a mal: não estou dizendo que ninguém prega ou escreve sobre Davi. Essa afirmação seria um absurdo. Davi é o protagonista de um conto emblemático de arrependimento da Bíblia, como consequência de seu namoro com Betsabá. Como tal, ele é uma figura considerada tola nos sermões de cada denominação.</div>
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<br /></div>
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Mas Davi é bem mais do que isso. Na Bíblia, ele é o homem que define a realeza - uma realeza que simplesmente tinha sido sugerida nas histórias da criação e do Êxodo. Ele estabelece a única casa real permanente do Antigo Testamento e a mais longa dinastia do mundo antigo.</div>
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<br /></div>
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Os estudiosos e pregadores costumam reconhecer Davi como a figura dominante do livro dos Salmos, com mais de setenta salmos atribuídos a ele. O que não é amplamente reconhecida é a sua proeminência no decorrer de todo o Antigo Testamento. Sem dúvida, a memória viva de Davi e do seu reinado são centrais para o Evangelho de Jesus Cristo, mas talvez seja mais importante para o direcionamento e significado do Antigo Testamento.</div>
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<br /></div>
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Por que Davi tem sido relativamente negligenciado? É difícil dizer, mas, uma das razões é que os pesquisadores tendem a se concentrar mais na importância e influência de Moisés e da aliança no Sinai.</div>
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<br /></div>
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Moisés é, de fato, uma figura de grande influência em ambos os Testamentos da Bíblia. Mas seria Davi menos influente? Consideremos apenas alguns pontos. Enquanto o nome Moisés ocorre mais de 720 vezes no Antigo Testamento, Davi é mencionado cerca de 1.020 vezes. A vida de Davi é o tema de quarenta e dois capítulos, ou quase 30% do que os antigos rabinos chamavam de "profetas antigos" (de Josué até 2º Reis). Em Crônicas, que faz uma revisão da história de Israel numa perspectiva sacerdotal, o percentual é anda maior.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nos livros proféticos, Davi é mencionado trinta e sete vezes e Moisés apenas sete. E as esperanças do povo judeu costumam focar no Monte Sião, o lugar do palácio real de Davi, em vez do Sinai, onde Moisés recebeu a Lei. Ainda hoje, o movimento judeu de restabelecimento da antiga pátria é conhecido como "Sionismo", e seu símbolo pertence, não ao legislador, mas ao rei: a estrela de Davi.</div>
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<br /></div>
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Quando os antigos israelitas, e mais tarde os judeus, falaram de "reino", o seu único referencial histórico era o reinado de Davi. Como as histórias de Adão, Abraão e Moisés previam o reinado de um rei sacerdotal, este rei sacerdotal era Davi e, por sua vez, sua casa, sua descendência, seu "filho".</div>
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A casa do Sol Nascente</div>
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<br /></div>
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As Escrituras nos falam que Davi era um homem conforme o coração de Deus (1Sm 13,14). De fato, era um homem diferente de Saul. Enquanto este olhava o principado, Davi era um jovem simples e de pequena estatura (1Sm 16,7). Mas quando "Samuel pegou o chifre com óleo e ungiu Davi no meio de seus irmãos... o Espírito do Senhor apoderou-se dele, a partir daquele momento." (1Sm 16,13)</div>
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<br /></div>
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No mesmo instante, o Senhor retirou Seu Espírito de Saul, que passou, então, a ser atormentado pelos demônios. Esses demônios se retiravam somente quando Davi tocava sua lira (da mesma forma que os demônios, um dia, correriam de jesus, confessando que Ele é o Ungido, o Cristo. Ver Lc 4,41).</div>
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Saul provocou sua própria morte quando se opôs à vontade de Deus e procurava matar Davi. Tão logo Davi assumiu o trono, ele começou um reinado completamente diferente de Saul, mudando a capital do país para Jerusalém, a fim de unir as tribos. Uma vez firmemente estabelecido em Jerusalém, Davi decidiu trazer a Arca da Aliança para o santuário - Arca esta que continha a Lei que Deus havia dado a Israel, e outras relíquias, tais como o cajado sacerdotal de Aarão e o maná do céu. A presença da Arca em Jerusalém faria desta cidade, não apenas o centro político de Israel, mas também o centro religioso. O próprio Davi estava vestido com vestes reais, mas com paramentos sacerdotais: uma estola de linho. Ele dançou de alegria "com todo o seu poder" diante da Arca e, quando a procissão chegou a sua nova casa, o próprio Davi ofereceu sacrifícios.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por que tudo correu bem para Davi quando atuou como um sacerdote? Afinal, ele não era um membro da tribo de Levi. Antes, quando Saul tinha tentado oferecer sacrifícios, este fora severamente punido. Porém, havia uma grande diferença entre Davi e Saul. Os sacrifícios de Saul eram apenas uma barganha comercial com Deus, enquanto que Davi dançou e prestou sacrifícios por amor e alegria, não porque quisesse algo de Deus.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Davi era um rei sacerdotal, como Deus pretendia que Adão fosse. Ele tinha o sacerdócio régio, como Deus desejava que Israel esperasse. Davi e seu filho, Salomão, deviam ser reis e sacerdotes como Melquisedeque que reinou e ofereceu sacrifício em (Jeru)Salém (ver Sl 110,1-4).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, Davi não estava satisfeito; desejava algo mais: ele queria construir um Templo para Deus em Jerusalém. Fez, então, uma consulta ao profeta Natã: "Veja! Eu moro em palácio de cedro, enquanto a Arca de Deus mora numa tenda!" (2Sm 7,2), No entanto, Deus não tinha a intenção de que Davi construísse o Templo, pois tinha guardado algo muito mais importante para o Seu rei. Natã transmitiu as palavras de Deus para Davi:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
<i>O Senhor te anuncia que Ele quer fazer-te uma casa... Eu estabelecerei o trono real dele para sempre. Serei para ele um pai e ele será um filho para mim. Se ele falhar, eu o corrigirei com bastão e chicote, como se costuma fazer. Mas eu não desistirei de ser fiel para com ele, como desisti de Saul, que tirei da sua frente. A dinastia e a realeza dele permanecerão firmes para sempre diante de mim; e o seu trono será sólido para sempre. (2Sm 7,11-16)</i></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i>
Aqui o Senhor renovou a Sua aliança com Israel através da casa de Davi. Ele restabeleceu Seu vínculo familiar com o Seu povo usando uma linguagem próxima de parentesco. Como Adão e, depois, Israel viveriam como os primogênitos de Deus, assim o herdeiro de Davi iria desfrutar de um relacionamento de pai e de filho com o Todo-poderoso. Desta vez, porém, ele veio com uma garantia eterna.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os termos da Aliança são bem perceptíveis:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
* O Senhor fará para ti uma casa: Davi não será apenas rei por um dia ou por uma vida, mas o fundador de uma dinastia real.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
* Ele estabelecerá o Seu reino: o filho de Davi será o legislador de um vasto reino que inclui todo Israel, e também, o resto do mundo, "as nações" (ver Sl 2,8; 72,11.16). Os livros das Crônicas vão tão longe a ponto de chamá-lo de "o Reino de Yahweh" (ver 1Cr 28,5; 2Cr 13,8).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
* ele edificará uma casa ao seu nome: O filho de Davi vai construir o templo como um lar permanente para a Arca da Aliança.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
* Serei para ele um pai, e ele será Meu filho: o filho de Davi seria adotado como o próprio filho de Deus. Esta é a primeira vez em que a filiação divina é explicitamente aplicada a um indivíduo. Antes disso, o povo de Israel era chamado o filho primogênito de Deus (Ex 4,22), mas jamais uma pessoa em particular foi chamada de "filho de Deus".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
* Se ele falhar... Mas eu não desistirei de ser fiel para com ele: Deus jamais renegaria Davi, não importando o quanto seus descendentes pudessem pecar. A Aliança seria permanente. Como um pai amoroso, Deus puniria Seu filho, mas apenas para o seu próprio bem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
* O seu trono será sólido para sempre: A dinastia de Davi nunca terminaria. Em todas as outras monarquias terrenas, as dinastias se elevam e caem, mas o trono de Davi seria sempre ocupado por um descendente do próprio Davi.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">As chaves de Davi</span></b></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Considerando-se que o reino de Davi seria eterno, este viria a definir o "reino" para todas as gerações subsequentes elevadas sobre a palavra de Deus. Não era apenas um conceito teórico ou uma metáfora teológica. Ele tinha uma forma histórica, definida de maneira vívida e especificamente registrada pelos historiadores, poetas e profetas de Israel. E as qualidades que eles registravam se relacionam diretamente com os termos da aliança revelada pelo próprio Natã.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com o que se assemelhava o reino de Davi? É importante que saibamos, porque - como o próprio Jesus deixou claro - os contornos do "reino" marcam a forma da nossa salvação. O ministério terreno do coração de Jesus foi a proclamação do reino, e o uso que Ele faz desta palavra podia significar apenas uma coisa para os Seus ouvintes. Eles O entenderam com o significado da restauração do reino de Davi, e o Senhor não contradisse essa expectativa. Na verdade, Ele a confirma e esclarece, nunca diminuindo seu caráter messiânico.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Das fontes históricas, podemos identificar certos elementos que prevaleceram enquanto a Casa de Davi governava de Jerusalém. Aqui eu gostaria de identificar sete características principais da aliança de Deus com a casa de Davi e três secundárias. Concentro-me nessas dez características porque são essenciais para o drama da dinastia que lemos nos últimos livros do Antigo Testamento, e também porque eles vão realçar as chaves da identidade Davídica de Jesus Cristo - e da Igreja que Ele estabeleceu na terra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
1- A monarquia Davídica foi fundada sobre a aliança divina, o único sre humano do reino do Antigo testamento que desfrutaria de tal privilégio (ver 2Sm 8,11-16).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
2- A monarquia Davídica era o Filho de Deus. A relação familiar do rei com Deus é evidenciada nos oráculos de Natã, e também em outros lugares (ver Sl 2,7). O filho de Davi recebeu a graça da filiação divina no momento da sua unção.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
3- O filho de Davi era "o Cristo", ou seja, "o messias", cujo termo em hebraico é "mashiach" que, literalmente, significa "o ungido" (ver 1Sm 16,13; 1Rs 1,43-48; 2Rs 11,12; Sl 89,20-39). Sua unção com óleo fez dele um sacerdote e um rei, "um sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque" (Sl 110,4). Este era um sacerdote-rei em Jerusalém dos tempos de Abraão (Gn 14,18; Sl 76,2).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
4- A Casa de Davi era indissoluvelmente ligada a Jerusalém, particularmente ao MOnte Sião, o qual era de propriedade pessoal do rei Davi e de seus herdeiros (2Sm 5,9), Mais do que a capital de uma monarquia, Jerusalém tornou-se o centro espiritual do povo de Deus, bem como o local de peregrinação para Israel e todas as nações (Is 2,1-3).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
5- O templo era o sinal visível da aliança Davídica e do reino de Deus. A construção do Templo era algo central para os termos da aliança, e a mesma palavra hebraica para "casa" era usada para descrever, não somente a dinastia de Davi, mas também o lugar da morada de Deus, que servia como uma "casa de oração para todos os povos" (Is 56,7; Mt 21,12-15).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
6- O reino de Davi era para governar sobre todas as doze tribos de Israel - e também, sobre todas as nações. Foi somente sobre Davi e Salomão que, tanto Judá quanto as outras tribos do norte, foram unidas num só reino que os libertou da opressão estrangeira (ver 2Sm 5,1-5; 1Rs 4,1-19). O Senhor também decretou que o reino de Davi seria para governar sobre todas as nações (Sl 2,8; 72,1-17), sobre todos os gentios que peregrinavam a Jerusalém (1Rs 8,41-43; 10,1-24) e sobre todo o mundo. O reino de Davi em Sião marca, assim, a primeira vez que Israel fora chamado a acolher os gentios como parte integrante da sua aliança com Deus.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
7- A monarquia devia ser eterna. Um dos destaques mais evidentes nos Salmos e na história era de que a dinastia de Davi seria eterna (ver 2Sm 7,16). Não somente a dinastia, mas também a abrangência da vida do monarca reinante, eram descritas como eternas (ver Sl 21,4).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Junto a essas sete características principais, devemos observar três elementos secundários. Embora estes não tenham sido mencionados explicitamente nos oráculos de Natã, são encontrados em todas as histórias e hinos da Casa de Davi. Novamente, eles se tornarão ainda mais importantes sob a Nova Aliança em Jesus Cristo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
1- A Rainha Mãe se torna uma parte importante do governo real. Começa com o Rei Salomão em 1Rs 2,19;</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Betsabá foi ao rei Salomão para lhe falar sobre Adonias. O rei se levantou para recebê-la e se inclinou diante dela. Depois se assentou no trono, mandou trazer um trono para sua mãe, e Betsabá se sentou à sua direita.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Note-se, aqui, que todos se curvaram diante de Salomão, mas Salomão se prostrou diante de sua mãe. A partir desse ponto, a rainha-mãe se torna um elemento permanente no reino, um símbolo da continuidade da linhagem real de Davi. Ela também atuava como um dos mais importantes conselheiros do rei. Na verdade, Provérbios 31 é identificado como o conselho da rainha-mãe ao Rei Lamuel: "Palavras de Lamuel, rei de Massa, ensinadas por sua mãe." Quando o profeta Jeremias aborda o rei, ele se dirige à sua mãe, pois tal era a sua autoridade: "Diga ao rei e à rainha-mãe..." (Jr 13,18; ver também 2Rs 24,15).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
2- O "primeiro-ministro" ou chefe se tornara uma função distinta no governo real. O rei tinha vários servos (em 1Rs 4,7 havia doze), mas um homem era o chefe diante deles e se situava entre o rei e seus outros ministros. Quase dois séculos após Davi, Isaías profetizou uma transição no governo real, na qual um primeiro-ministro seria trocado por outro (ver Is 22,15-25). Desta profecia, podemos dizer que qualquer um no reino podia identificar o primeiro-ministro: "ele será um pai para os habitantes de Jerusalém e para a casa de Judá". O sinal do papel do primeiro-ministro era o da chave do reino. "E eu vou colocar sobre seu ombro a chave da casa de Davi: ele abrirá, e ninguém fechará; ele fechará, e ninguém abrirá."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
3- A oferta de agradecimento ou o "sacrifício de ação de graças" se tornou a primeira liturgia celebrada no Templo, muito mais do que o sacrifício de reparação pelos pecados (ver Sl 50,13-14; 116,17-19). A oferta de agradecimento (Lv 7,12-15) incluía pão não fermentado e vinho oferecidos a Deus em gratidão pela libertação. Mestres judeus antigos previam que, quando viesse o Messias, nenhum outro sacrifício seria oferecido: a única oferta de agradecimento continuaria. A palavra hebraica para "oferta de agradecimento" é <i>tidah</i>, e foi traduzida para <i>eucharistia</i> em várias traduções gregas das Escrituras e nos escritos de antigos judeus, tais como Fílon e Áquila.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">O trono perdido</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sob Davi, e depois, sob seu filho Salomão, o reino florescia. Deus fez cumprir Sua promessa de paz, estabilidade e vínculo familiar entre Ele e Seu povo. As bênçãos da aliança pareciam evidentes em toda a parte e as nações estrangeiras queriam uma parte dessas bênçãos. Procuraram fazer alianças com Salomão, enviando suas delegações a Jerusalém para prestar homenagem ao seu Deus. E Salomão preparou o seu Templo para acolher o culto dos pagãos, como sendo "uma casa de oração para todas as nações" (Is 56,7). Tão grande era o prestígio e a prosperidade de Israel que a memória daquelas gerações, de Davi a Salomão, permaneceria indelével durante milênios, especialmente para a tribo de Judá.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, a realidade histórica do reino desmoronou muito rapidamente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Da mesma forma que antes Adão e Israel tinham pecado, Salomão pecou gravemente e, em seguida, entrou numa espiral descendente de pecado. Ele desrespeitou as leis de Moisés que regiam a realeza; sobretaxou as tribos e multiplicou o número de suas esposas (setecentas!) e concubinas (trezentas!). Tais pecados levaram a pecados ainda mais mortais. As Escrituras nos dizem que "suas mulheres lhe perverteram o coração... aos deuses estrangeiros" (1rs 11,1-3). Inicialmente um homem de grande sabedoria, Salomão, agora, se tornara um idólatra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando Salomão morreu, seu filho Roboão se recusou a renegociar a política de impostos do reino e as tribos se rebelaram. Dez das doze tribos se separaram e estabeleceram o Reino do Norte, isolando-se, não somente do trono de Davi, mas também do culto do Templo. Tudo o que restara da Casa de Davi foram as duas pequenas tribos de Judá e Benjamin.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Neste período de decadência, grandes profetas surgiram para anunciar um reavivamento da Casa de Davi. Isaías profetizou que a salvação viria com o nascimento de um herdeiro do trono de Davi. O domínio do novo rei seria amplo e duraria "tanto agora como para sempre" (ver Is 9,5-6). Em outra passagem (ver Is 11,1-16), Isaías previu o surgimento de um novo rebento da raiz de Jessé, que foi o pai de Davi. Repetidamente, os profetas retrataram a restauração como uma recapitulação das alianças de Deus no passado; seria como que uma nova criação, um novo êxodo, bem como um novo reino.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os profetas, no entanto, não conseguiram deter o declínio de Israel. Bastante enfraquecido, o reino dividido foi presa fácil para os seus vizinhos, que almejavam conquistar as terras do rei de Jerusalém. O reino do Norte foi destruído em 722 a.C., na invasão dos Assírios. Em 587, a Babilônia saqueou Jerusalém, desmantelando o Reino do Sul e enviando suas elites para o exílio. O rei conquistado, englobando os descendentes do Rei Davi, foram abatidos sem piedade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aproximadamente uma geração após a morte de Davi, o "reino eterno" havia desaparecido. Por 500 anos, também a linhagem real foi aparentemente extinta.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tudo era tão evidente: o cumprimento das promessas de Deus e Abraão de abençoar todos os povos através da sua descendência; a reabilitação de Israel como uma nação sacerdotal por meio do sacrifício do Templo; e até mesmo a restauração da aliança universal de Deus com todos os filhos de Adão [não aconteceram].</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">A esperança é eterna</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda assim, as palavras dos profetas sustentavam a promessa e a história relembrava os oráculos de Deus através de Natã como uma garantia incondicional.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na segunda metade do século VI a.C., depois da queda da Babilônia para os Persas, alguns israelitas voltaram para Jerusalém e começaram a reconstruir o Templo. O Segundo Templo era apenas uma sombra do de Salomão, um lembrete humilhante de quão fundo o povo e sua terra haviam caído diante da prosperidade e do próprio Deus.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A literatura intertestamentária evidencia a esperança residual que a Casa de Davi tinha em sua restauração: "levante-se o seu rei, o filho de Davi... que ele possa reinar sobre Israel, seu Servidor... Por tudo será santo e, seu rei, o ungido (Messias, Cristo) do Senhor!" Os escritos do Mar Morto testemunham a mesma esperança: "Ele é o ramo de Davi, que se levantará... em Sião, no fim dos tempos. Como está escrito, 'Levantarei a tenda de Davi que está caída'. Ou seja, a tenda caída de Davi é aquela que se levantará para salvar Israel."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Apesar da aparente impossibilidade da sua realização, a esperança suportou. Depois de tudo, a tenda de Davi tinha caído; o tronco de Jessé tinha sido cortado. Mas foi Deus quem fez aliança com a Casa de Davi; foi Deus quem fez as promessas. O Todo-poderoso podia suscitar filhos de Abraão até das pedras, se o quisesse. Ele poderia fazer brotar o tronco de Davi de um pequeno toco da árvore genealógica de sua família.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aquele que fez a aliança também havia criado a terra, e poderia reunir os filhos de Adão, mais uma vez, das profundezas da terra para receber as bênçãos do filho de Davi, do filho de Abraão.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A idéia de uma fé católica, de uma fé universal - desejada na criação, prometida a Abraão, mediada por Israel, vislumbrada em Davi - permaneceu como algo especial, próprio do remanescente de Israel. As nações pagãs estavam contentes com seus deuses locais. Mas o povo de Deus aguardava pelo dia do grande rei de Israel e das nações. "Providenciarei um só pastor para cuidar das minhas ovelhas. Será o meu servo Davi. Ele cuidará delas, e será o seu pastor... O meu servo Davi reinará sobre elas, e haverá um só pastor para todas. Elas viverão segundo as minhas normas, observarão os meus estatutos e os colocarão em prática" (Ez 34,23; 37,24).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<b>O REINO SE APROXIMA</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><b>Sobre Cristo como Rei, o Filho de Davi</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há uma ampla evidência de que no século I a.C. o povo de Deus sentia (e esperava) que o momento estava próximo. A hora havia chegado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A tradução grega do Antigo Testamento, chamada Septuaginta, muito popular entre os judeus dispersos em terras pagãs, por vezes adicionou títulos de realeza que não haviam na Bíblia hebraica. Por exemplo, em Gênesis 49,10, a Septuaginta acrescenta que o legislador que vem será um "príncipe".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No livro apócrifo do 2º Esdras, o oráculo divino antecipa a chegada do "Meu filho, o Messias" (2Esd 7,28-29), que governará "todo o povo" do "topo do Monte Sião" (13,36-37). Uma linguagem similar aparece na literatura atribuída à tradição de Enoque e nos Manuscritos do Mar Morto. Os autores deste esperavam a iminente chegada, não de um messias, mas de dois: um rei guerreiro e um profeta sacerdotal. Os Manuscritos se referem ao futuro rei com ambos os títulos: "messias" e "descendente de Davi". Encontramos o espírito da época vividamente preservado nos anais do historiador judeu Flávio Josefo, que registra a ascensão e a queda de vários autoproclamados messias. O próprio Josefo apresentou um candidato improvável para este título: o seu patrono, o imperador Romano Vespasiano.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aqueles que mantinham viva a fé permaneciam firmes na esperança; embora isso devesse ser bem difícil. As condições do povo de Deus na época eram, certamente, humilhantes. Muitas vezes, os gentios zombavam dos judeus pelo forte contraste entre o elitismo deles - pois apregoavam ser o "povo escolhido" por Deus - e seu efetivo status, de um estado vassalo dos impérios pagãos decadentes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas Deus tinha enunciado claramente as Suas promessas na aliança com Davi. Sua descendência seria eterna; embora, agora, parecesse extinta. O filho de Davi iria governar sobre todas as nações; mas, agora, as nações se revezavam no poder sobre Israel! As Escrituras hebraicas proclamavam a permanência e a majestade da Casa de Davi; mas, agora, essa majestade estava longe de ser encontrada. Aliás, a Casa de Davi é que estava longe de ser encontrada.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A situação beirava o ridículo. A evidência de algo errado estava por toda a parte. Exceto por um breve período na época dos Macabeus, Israel - ou melhor, o que restava de Israel - era governado por potências estrangeiras.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><span style="font-size: large;">Falsos começos</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Após o período dos Macabeus, então, ocorre um intervalo estranho, quando os reis pareciam ansiosos e capazes de restaurar as riquezas de Israel - nos próprios termos da aliança de Deus com Davi. Eles reconquistaram quase todas as terras que, anteriormente, haviam pertencido a Israel, e forçaram os habitantes do sexo masculino a se submeterem à circuncisão.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Com o tempo, veio um rei chamado Herodes, o qual é mencionado pelos historiadores como Herodes, o Grande. Este rei tentou, pelo poder, ser visto como o "filho de Deus". Reconstruiu o Templo de Jerusalém em grande escala, superando até mesmo Salomão - inclusive, adquiriu muitas esposas para si, exatamente como o fez Salomão. E o povo prosperava. Os patronos romanos de Herodes proporcionaram certa paz, estabilidade e segurança para a região.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Herodes, porém, não era judeu. Embora se mantivesse com alimentos judaicos e fizesse um show com algumas práticas religiosas, ele nascera um edomita, ou seja, pagão. Além disso, Herodes era um insano. Assassinou brutalmente três de seus próprios filhos, pois temia que estes tramassem sua saída do trono. Essa curiosa combinação de religiosidade exterior com extrema crueldade, movia César Augusto a dizer que era preferível ser um porco de Herodes a ser filho dele. Os feitiços paranoicos de Herodes muitas vezes terminavam com expurgos assassinatos de seus súditos. Certa vez, ele mandou crucificar ao longo de uma movimentada estrada centenas de suspeitos de conspiração, deixando seus corpos apodrecerem lá por semanas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, os sucessos de Herodes eram indiscutíveis: a restauração da terra; a recuperação das tribos, que há muito haviam se misturado com os pagãos; e a reconstrução do Templo. Algumas pessoas perguntavam se ele não poderia ser realmente o Filho de Davi. Afinal, mesmo Salomão tivera suas faltas...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Provavelmente, Herodes soubesse melhor disso do que qualquer pessoa, mas a sua vida dependia dessa estratégia. É bem possível que ele também esperasse a chegada do verdadeiro "filho de Davi" a qualquer momento. Mas até quando ele manteria isso?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Tal era o clima social, político, religioso e de aliança no momento em que o Verbo se fez carne, no momento em que Ele fez Sua morada junto a Seu povo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><b>Nasce um Rei</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
"Assim diz o Senhor: se vocês puderem romper a minha aliança com o dia e com a noite, de modo que já não haja mais dia e noite no tempo certo, também será rompida a minha aliança com meu servo Davi, de modo que lhe falte um descendente no trono" 9Jr 33,19-21). Assim diz o Senhor por meio do profeta Jeremias - após o reino dos descendentes de Davi já ter sido pilhado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Aqueles que tinham fé continuaram esperançosos. Deus fez promessas muito específicas ao Rei Davi. Ele não poderia ter sido mais claro, mesmo que as circunstâncias fizessem tais promessas parecerem absurdas. A oração do povo de Deus no Antigo Tesamento continuava a se elevar ao céu durante o reinado de Herodes: "Até quando, ó Senhor?"</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vemos a resposta a esta pergunta - e às orações - nas primeiras palavras do Novo Testamento: 'Livro da genealogia de Jesus Cristo, Filho de Davi, Filho de Abraão" (Mt 1,1), Enfrentando um público judeu, Mateus identifica Jesus como "o Cristo", o Ungido, o Messias esperado; e acrescenta que, fiel às expectativas, o Messias nasce da Casa de Davi e da descendência de Abraão. Ao invocar esses dois nomes, Mateus evidencia as alianças. Assim, a partir do início de seu Evangelho, ele deixa claro que está anunciando a chegada do reino. Essa é a essência de sua "Boa-Nova" (significado literal da palavra 'Evangelho'). As alianças tinham sido cumpridas. O reino prometido havia chegado e, de fato, era um reino universal, composto por Israel e os gentios. "De você nascerão reis... Abraão se tornará uma nação grande e poderosa, e através dele serão abençoadas todas as nações da terra" (Gn 17,6; 18,18). "Eu estabelecerei o trono real dele [de Davi] para sempre" (2Sm 7,13-14),</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O tão esperado rei havia chegado, o filho de Davi, o filho de Deus, o Cristo - o ungido. E Ele tinha sangue real para prová-lo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A genealogia de Mateus começa com Abraão, mas é centrada no reino de Davi. Os quatro pontos de destaque são a vida de Abraão, o reinado de Davi, a queda da Casa de Davi com o exílio babilônico, e a chegada de Jesus. Mateus resume as gerações de modo a dividi-las em três grupos de quatorze, número este que, em hebraico, corresponde ao nome de Davi (DVD = D:4; V:6; D:4 - 4+6+4=14). Assim como no latim, também no hebraico as letras correspondem a valores numéricos; de modo que a genealogia do filho de Davi é repetidamente identificada com a familia real.</div>
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Com o desenrolar de sua narrativa, Mateus nos mostra a convergência de dois personagens antagônicos para o reino: Herodes e Jesus. Jesus nasce em Belém, a cidade de Davi, a qual foi identificada pelos profetas como a terra natal do Rei-Messias, (Mt 2,6; Mq 5,2). Além disso, Ele nasceu de uma virgem, cumprindo a profecia de Isaías sobre o Rei messiânico: "Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho" (Mt 1,23; Is 7,14).</div>
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Quando do nascimento de Jesus, os gentios, representados pelos Magos, vêm prestar homenagem ao rei recém-nascido, assim como o fizeram com o filho legítimo de Davi, o rei Salomão (Sl 72,10-11). Os magos encontraram Jesus com Maria - o rei com sua rainha-mãe, assim como encontraram Salomão com Betsabá na corte real de Jerusalém, em tempos passados (ver 1Rs 2,19).</div>
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A visitação dos Magos provoca um dos assassinatos furiosos de Herodes, que ordena o massacre dos inocentes. A sagrada família deixaria o país, da mesma forma que o legítimo ungido Davi tinha sido forçado a fugir da ira do invejoso, e divinamente deposto, Saul.</div>
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<span style="font-size: large;"><b>A própria revelação do Rei</b></span></div>
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Não são apenas os evangelistas que identificam Jesus como rei e o reino como Davídico. Não é apenas uma questão de encaixar as profecias nas cenas. Repetidas vezes, os contemporâneos e, até mesmo os seus inimigos, dão esse título a Jesus. Lembre-se dos cegos que clamam "Filho de Davi, tem compaixão de nós!" 9Mt 9,27; 20,30) ou da mulher Cananeia que busca a cura para sua filha (Mt 15,22). A multidão que acolhe Jesus na capital de Davi, Jerusalém, e o saúda com "Hosana ao Filho de Davi!" (Mt 21,9). Os fariseus hostis identificam "o Cristo" com "o Filho de Davi" (Mt 22,42). Mesmo Pilatos e os soldados romanos que zombam de Jesus com títulos davídicos (Mt 27,11.29,37), bem como a multidão, que o injuriava dizendo que se fosse o filho de Davi deveria ser também o filho de Deus (Mt 27,40).</div>
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Jesus não recusa nem nega os títulos Davídicos, mas os confirma com suas próprias declarações. Certo capítulo começa com a história de Jesus e seus discípulos colhendo grãos num sábado, uma ação que Jesus justifica comparando a Si mesmo e aos Seus com Davi e seus companheiros: "Não lestes o que fez Davi num dia em que teve fome, ele e seus companheiros...?" (Mt 12,3). Mais adiante no mesmo capítulo, o povo se questiona: "Não será este o filho de Davi?" (12,23). E Jesus responde a eles dizendo: "Se é pelo Espírito de Deus que expulso os demônios, então chegou para vós o Reino de Deus" (12,28).</div>
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Sem qualquer dúvida, os Evangelhos identificam Jesus como "filho de Deus" e "filho de Davi", como rei e ungido. Seu reino é claramente o reino de Deus, bem como o reino de Davi, o que é confirmado em pequenos detalhes. Pois o reino de Jesus, como encontramos nos Evangelhos, apresenta as características que constituem a monarquia davídica. Vamos rever as sete principais características e as três características secundárias da aliança de Deus com Davi, e assim veremos como Jesus preenche este papel.</div>
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1. A monarquia Davídica foi estabelecida sobre uma aliança divina. A aliança de Deus com Davi, conforme descrita na profecia de Natã (2Sm 7,9-16), fornece todo o conteúdo do relato angélico de Jesus em Lucas 1,32-33. Posteriormente, Jesus associa o Seu reino com a "nova aliança" (Lc 22,20) e afirma que o reino foi atribuído a Si (literalmente, "feito uma aliança") pelo Pai (Lc 22,29).</div>
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2. A monarquia Davídica era o Filho de Deus. Jesus não é simplesmente adotado, mas o Filho natural de Deus (Lc 1,35), e este título é utilizado por Ele em todo o Novo Testamento.</div>
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3. O filho de Davi era "o Cristo". De fato, "Cristo" é o título preferido de Jesus, da primeira linha do Novo Testamento em diante. Na verdade, Ele é o "Cristo do Senhor" (Lc 2,26), um título aplicado somente aos reis do Antigo Testamento (ver 1Sm 16,6).</div>
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4. A Casa de Davi foi ligada indissoluvelmente a Jerusalém. As cenas de clímax do ministério de jesus ocorrem em Jerusalém - Seu julgamento, Paixão e Morte. O Evangelho deixa claro que a Palavra de Deus deve sair "de Jerusalém" para os confins da Terra (Lc 24,47).</div>
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5- A monarquia foi também ligada ao Templo. O Evangelho de Lucas começa narrando a infância de Jesus no Templo. Depois, Ele purifica o Templo ao expulsar os mercadores. Durante a maior parte do Evangelho, Jesus está a caminho de Jerusalém (9,51-19,27), tendo seu ponto alto quando de Sua chegada a esta cidade, onde se purifica e ensina a partir do Templo (Lc 19,45-21,38).</div>
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6. O Reinado de Davi é destinado a governar as doze tribos de Israel, bem como todas as nações. Os Evangelhos nos mostram por vários sinais que Jesus pretende restaurar a unidade das doze tribos. Ele nomeia doze Apóstolos e promete que vai julgar "as doze tribos de Israel" (Lc 22,30). Figuras-chave, tais como a profetisa Ana, da tribo de Aser, representam um resquício fiel das tribos "dispersas" do Norte (Lc 2,36). E Jesus ganhou uma "multidão" de seguidores das antigas terras do Estado de Israel ao pregar na Galileia, Samaria e Judeia. Com Sua entrada em Jerusalém, Ele forma um reino unido. Contudo, a realeza de Jesus se estende a todas as nações" (Lc 2,32). Lucas descreve a genealogia a partir de Adão, em vez de Abraão. Jesus cura os gentios e judeus (por exemplo, Lc 7,1-10). Ele profetiza dizendo que "os homens virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul" para se sentarem à mesa do Reino de Deus (Lc 13,29). E ordena que o "perdão dos pecados seja levado em Seu nome a todas as nações, a começar por Jerusalém" (Lc 24,47).</div>
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7. O Reino de Davi era destinado a ser eterno. O anjo Gabriel promete a Maria que Jesus "reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e Seu reinado não terá fim" (Lc 1,33).</div>
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As três características secundárias também se encontram relatadas no Evangelho:</div>
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1. Maria aparece como a Rainha-Mãe quando aconselha seu filho rei (Jo 2,3), quando defende a causa de seus súditos, quando recebe os dignatários estrangeiros com ele (Mt 2,11) e quando se encontra com Sua corte real de doze ministros, os Apóstolos (Jo 19,25; At 2,14).</div>
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2. Jesus nomeia Pedro como primeiro-ministro com os próprios termos usados na nomeação do "administrador", que reina na "corte real de Davi" como vice-rei (ver Mt 16,19; Is 22,15-25). O rei concede uma autoridade simbólica com "as chaves".</div>
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3. Jesus renova o sacrifício de ação de graças, a <i>todah</i>, mediante Sua própria oferta de pão e vinho, <i>[Eucharistia]</i>, a Eucaristia. Com efeito, sempre que encontrarmos Jesus partindo o pão, o veremos "dando graças" (por exemplo, Lc 24,30-35; Jo 6,11).</div>
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Ninguém que crê nos Evangelhos pode negar que os contemporâneos de Jesus esperavam por um Messias-rei vindo da Casa de Davi. Ninguém que crê nos Evangelhos pode negar que Jesus se apresentou como o tão esperado rei da Casa de Davi.</div>
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Se Jesus é rei da Casa de Davi, o Seu reino deve ser, em certo sentido, um reino Davídico - o reino Davídico. O "reino de Deus" em Jesus não suplantou nem substituiu o reino eterno criado pela aliança com Davi. O reino de Jesus era aquele reino, pois é aquele reino, cumprido em plenitude.</div>
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Apenas o reino de Davi fora chamado de o "reino de Yahweh" (1Cr 28,5). Os autores do Antigo Testamento entenderam que o reinado da casa de Davi era baseado numa aliança divina, na qual o filho de Davi seria chamado de o Filho de Deus (2Sm 7,14; Sl 2,7). Portanto, o reino de Davi era a manifestação do domínio de Deus sobre a Terra, isto é, do reino eterno de Deus sobre Israel e sobre todas as nações.</div>
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Mas aonde está esse reino hoje? Na verdade, onde ele esteve todos esses anos, desde a Ascensão de Jesus? Para o apologista cristão, antigo ou moderno, talvez não haja questão mais importante do que esta.</div>
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<b>QUANDO CHEGAR O REINO</b></div>
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Um estudioso bíblico moderno, Alfred Loisy, profetizou a sua própria perda da fé, quando comentou, ironicamente: "Jesus proclamou o reino; o que veio foi a Igreja." Porém, Loisy não falava simplesmente dele mesmo. Essa justaposição da Igreja ao reino tornou-se um ponto comum em certos círculos acadêmicos no final do século XIX.</div>
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Quando se trata do reino de Deus, de fato, muitas vezs, há uma diferença entre as expectativas daqueles que acreditavam, e o seu cumprimento pelo Senhor. Pessoas com melhores disposições do que Alfred Loisy foram atormentadas por este problema. Considere a profunda tristeza dos discípulos após a morte de Jesus: "Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel..." (Lc 24,21).</div>
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Eles esperavam que a redenção viesse com uma conquista militar ou com uma intervenção milagrosa do céu. Eles não esperavam que esta redenção implicasse num sofrimento, na morte e num aparente fracasso. Quando eles clamavam por um reino, certamente não esperavam a Igreja. No entanto, é isso o que eles têm.</div>
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Ao longo dos séculos, os judeus citaram o "fracasso" de Jesus em criar o esperado reino como uma evidêcia óbvia contra as reivindicações do Cristianismo. Alguns pagãos adversários do Cristianismo (Celso, no século II e Juliano, no século IV) seguram na mesma linha de argumentação. Entretanto, no século XIX e XX, certos cristãos juntaram suas vozes a esse coro incomum. Alfred Loisy estava entre eles, mas não estava sozinho. Outro foi o alemão F. C. Baur, que afirmou que Paulo inventou o Cristianismo como o conhecemos hoje, adequando-se ao não aparecimento do reino.</div>
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No extremo oposto do espectro teológico de Baur e Loisy, o dispensacionalista americano C. I. Scofield - cuja famosa obra <i>Scofield Reference Bible</i> tem alimentado gerações de americanos fundamentalistas - tentou uma resposta aos críticos liberais, mas aceitou a alegação de que houve uma ruptura entre a expectativa e a realização do reino. A versão de Scofiel assim afirmava: Jesus ofereceu o reino aos judeus, mas eles O rejeitaram. Por isso, Ele estabaleceu a Igreja com um "grande parênteses" entre o ministério de Jesus e a vinda do verdadeiro reino, que não chegará até que haja o "arrebatamento".</div>
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Nos dias imediatamente seguintes à ressurreição, um discípulo perguntou: "Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?" (At 1,6) E esta angustiada pergunta ecoa por milênios. É claro que, depois de todos esses anos, alguns discípulos ainda encontram uma insuportável disparidade entre o que Deus prometeu e o que o Cristianismo é.</div>
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Porém, devemos nos questionar se o problema é com a provisão de Deus ou com as expectativas humanas. Voltemos comigo ao momento da Escritura no qual Jesus proclamou o Seu reino nos termos mais evidentes e claros - na Última Ceia. A partir do Evangelho de Lucas, que nos fornece abundantes detalhes relacionados com o reino, vamos olhar mais de perto a questão.</div>
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<span style="font-size: large;"><b>Uma ceia adequada a um Rei</b></span></div>
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O relato da Última Ceia em Lucas é u texto-chave para a ligação entre a identidade de jesus com o "filho da realeza de Davi" e o "Reino de Deus" em Davi. Naquela ceia, Jesus estabeleceu os Apóstolos como Seus vice-reis, isto é, como os homens que, a partir daí, vão exercer a autoridade em Seu nome. Nos Atos dos Apóstolos - livro que Lucas escreveu como continuaão do seu Evangelho - vemos os Apóstolos exercendo a autoridade que Jesus havia lhes dado e como deviam governar a Igreja.</div>
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Mais do que os outros evangelistas, Lucas associa a imagem do reino com a ceia de comunhão Os estudiosos identificam dez refeições diferentes em Lucas, as quais odem servistas como antecipações da Ceia do Messias anunciada pelos profetas do Antigo Testamento (ver Is 25,6-8; Zc 8,7-8. 19-23). Isso se torna particularmente evidente nas refeições organizadas pelo próprio Messias: na alimentação das cinco mil pessoas (9,10-17); na Última Ceia (22,7-38) e na ceia de Emaús (24,13-35). NEstas três refeições em Lucas - e somente nelas - o pão é "partilhado"; expressão esta que será utilizada em Atos 2,42,46; 20,7.11; 27,35.</div>
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O tema do reino é assinalado nestas três refeições:</div>
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- todas as cinco mil pessoas ficam "satisfeitas" e ainda sobram doze cestos cheios (9,17), enfatizzando a plenitude das doze tribos de Israel sob o Filho de Davi (ver 1Rs 4,20; 8,65-66);</div>
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- a Última Ceia é intimamente associada à vinda iminente do reino (ver Lc 22,26.18,29-30);</div>
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- a sequência de Emaús e iniciada com observação dos discípulos: "Esperávamos que Ele fosse estabelecer o reino de Israel", ou seja, restaurar o reino de Davi (ver Lc 1,68-69).</div>
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Nas refeições de partilha, Jesus estava agindo como o Seu antepassado real. Davi tinha estendido a fidelidade da aliança através de uma ceia-real de comunhão (2Sm 9,7.10.13; 1Rs 2,70. Os Salmos de Davi usam a imagem de comer e beber para celebrar o dom de Deus, e os profetas descrevem a restauração da vidade de Davi (Is 25,6-8; Jr 31, 12-14) e a aliança de Davi (Is 55, 1-5) mediante as imagens de uma festa. Em Ezequiel, o papel principal do "pastor" Davi é "alimentar" Israel (Ez 34,23).</div>
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<br /></div>
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Então, essa é a marca verdadeiramente real que Jesus fala aos Seus Apóstolos: "'Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer. Pois vos digo: não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus.' Pegando o cálice, deu graças e disse: 'Tomai este cálice e distribuí-o entre vós. Pois vos digo: já não tornarei a beber do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus.'" (Lc 22,15-18).</div>
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Jesus enfatiza aqui que a Ceia é algo relacionado ao reino e à sua vinda, cujo reino, na verdade, está próximo. Ele associa o reino com comer e beber, como Ele dirá novamente alguns versículos depois, ao assegurar a Seus discípulos que eles vão "comer e beber... no Meu reino" (v. 30). Aquelas duas declarações enquadram a história da Ceia, e estabelecem uma promessa: o comer e o beber com Jesus são manifestações importantes da presença do reino. Alguns dias depois, quando o Cristo ressuscitado come com os discípulos, aqueles momentos são a Sua garantia de que o reino se fez verdadeiramente presente.</div>
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<span style="font-size: large;"><b>As evidências da Última Ceia</b></span></div>
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Se a promessa de Jesus é o quadro da história, o ponto focal é a assim chamada "narrativa da institução". As palavras da instituição são, certamente, estranhas, embora os cristãos tenham se acostumado a elas ao longo dos milênios. Jesus, o rei e o ungido, se identifica com a fração do pão e com o vinho: "Isto é o Meu corpo... este é o cálicce... da nova aliança no Meu sangue" (Lc 22, 19-20). Em seguida, em Lucas e na narração da história de Paulo, ouvimos a ordem de Jesus para repetir esta ceia "em Sua memória". É essa ordem que torna essa passage uma narrativa da instituição. Sem essa ordem, nada seria instituído: seria, apenas, a história da última ceia de Jesus antes da Sua morte. Mas Jesus ordena aos Apóstolos para repetirem a refeição quando Ele não estiver mais visivelmente presente, e assim, o episódio da Última Ceia se torna a história fundamental para as ações da Igreja, como vemos nos Atos dos Apóstolos (2,42.46; 20,7.11; 27,35).</div>
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<br /></div>
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Algumas pessoas dizem que Jesus usou o pão e o vinho como metáforas para explicar o seu sacrifício que estava próximo. Mas se fosse esse o caso, tais metáforas seriam inúteis, pois são falhas, uma vez que seriam o pão e o vinho que necessitariam de uma explicação, e não a Sua morte! As palavras de Jesus não são tanto uma explicação ou um ensinamento em forma de "discurso", uma declaração que evidencia o que expressa, tal como "Faça-se a luz!", ou qualquer uma das promessas da aliança de Deus. O discurso de Jesus não vem após o evento; mas ele torna o evento presente.</div>
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<br /></div>
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E o que está implícito na Última Ceia, se torna explícito na história de Emaús, onde a presença visível do Senhor desaparece durante a distribuição das espécies (24,31). Por que isso aconteceu? Porque, à luz de Lucas 22,19, a Sua presença estava agora evidente com o pão. Assim, o reino messiânico foi "dado a conhecer" aos discípulos "no partir o pão" (24,35). Depois, Lucas correlaciona a sua própria experiência litúrgica à Última Ceia de Jesus, incluindo-se dentre aqueles que se reúnem no primeiro dia da semana para a "fração do pão" (At 20,7)</div>
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Na Última Ceia e no episódio de Emaús, os cristãos aprenderam, com estes fatos, que o Cristo ressuscitado está realmente presente no pão que juntos nós partimos. Onde está a Eucaristia, aí está o Rei. E onde está o Rei, aí está o Reino.</div>
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<span style="font-size: large;"><b>Novo e melhor</b></span></div>
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No Evangelho de Lucas, Jesus se refere ao cálice Eucarístico como o cálice da "nova aliança no Meu sangue" (22,20). Certamente, Ele estava evocando as palavras de Moisés em Êxodo 24,6-8, "Eis o sangue da aliança...", mas combinando-as com as posteriores palavras de Jeremias no oráculo sobre as promessas de Deus: "Dias hão de vir - oráculo do Senhor - em que firmarei nova aliança com as casas de Israel e de Judá" (Jr 31,31). A "nova aliança" de Jeremias era para ser o contrário da aliança do Sinai que foi violada (Jr 31,32). O profeta esclarece (em Jr 30-33) que a "nova aliança" envolveria outro nível de intimidade com Deus (Jr 31, 33-34) - além da reunificação do reino dividido (31,31) e da restauração da Casa de Davi (30,9; 33,14-26) e da aliança de Davi (33,19-21). Essa é a grande notícia: que tudo está contido nas palavras de Jesus na instituição.</div>
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<br /></div>
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Com essas associações da aliança, Jesus marca esta ceia como a ceia de renovação da aliança, assim como a Pásacoa era a renovação da aliança de Deus com Moisés também numa refeição. Quando os cristãos bebem do cálice da Eucaristia, eles reafirmam o seu lugar dentro da aliança, renovando e transformando a aliança messiânica de Davi.</div>
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<br /></div>
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Dentro desse reino renovado, Jesus irá partilhar a Sua autoridade, mas não sem antes corrigir as noções equivocadas dos discípulos sobre o reino e seu poder (Lc 22,28-30). Ele lhes diz: "Assim como o meu Pai confiou o Reino a mim, eu também confio o Reino a vocês" (v.29). O verbo, traduzido aqui como "confiar" não chega a captar o sentido do grego. A palavra original, <i>diatithemai</i>, significa, literalmente, "estabelecer uma aliança". Portanto, uma tradução mais precisa da frase seria: "Assim como o meu Pai estabeleceu uma aliança em mim, eu também estabeleço uma aliança em vocês. E vocês hão de comer e beber à minha mesa no meu Reino, e sentar-se em tronos para julgar as doze tribos de Israel." (Lc 22,29-30)</div>
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<br /></div>
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O esclarecimento desse verbo pode parecer uma mudança pequena, mas, realmente, ele condiciona um elemento surpreendente à lilsta já notável de privilégios messiânicos, que Jesus está passando aos Seus Apóstolos: os tronos, as tribos, a relação pai e filho, o banquete à mesa real - e, agora, a aliança.</div>
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<br /></div>
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Pois as Escrituras nos falam somente de um reino que foi fundado sobre uma aliança: o reino de Davi (ver Sl 89,3-4. 28-37). Somente este reino gozava dos laços familiares com o próprio Deus, mas que, agora, Jesus está estendendo a aliaça mediante a renovação em Si mesmo.</div>
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<br /></div>
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O significado de Lucas 22,29 se torna claro: uma vez que Jesus é o filho de Davi, Ele é o herdeiro legítimo do trono e da aliança de Davi. Deus "estabelelce" um reino em Jesus. E agora, Jesus, através da "nova aliança no [Seu] sangue", "estabelece" esse mesmo reino com os discípulos. Esta aliança estabelecida não é a promessa de uma atribuição (algo futuro), mas a declaração da atribuição (tempo presente).</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No entanto, Jesus não está dando o Seu reino. Ele continua a se referir a ele como "o meu reino". Assim, os Apóstolos não substituem Jesus, mas agora eles podem participar de Sua realeza, bem como, de Seu sacerdócio. O propósito da Nova Aliança, diz Jesus, é de admitir os discípulos a "comer e beber à Minha mesa no Meu reino." O Senhor está compartilhando o exercício da autoridade sobre Seu reino com aqueles que compartilham de Seu corpo, de Sua aliança, de Sua vida. E a marca distintiva dessa autoridaade é o <i>serviço</i>. O próprio Jesus não está sentado, mas sim, servindo os outros.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O sinal do reino será comer e beber à mesa do rei. Mas perceba que os discípulos já estão - na Última Ceia - comendo e bebendo à mesa de Jesus. E Ele não desloca esse gesto para uma data futura. O sinal do reino já está lá, presente, no Cenáculo. Qual o significado desse gesto? Significa que o reino já se fa presente no comer e no beber Eucarísticos. E a ppresença do reino continua quando os Apóstolos partem o pão em memória de Jesus. A celebração da Eucaristia manifesta o rein. O reino e a Eucaristia estão fortemente ligados, pois o reino de Deus é um reino Eucarístico.</div>
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<br /></div>
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Jesus é o herdeiro da aliança com Davi. Ele é o eterno rei de Israel e das nações (Lc 1, 32-33). Mas agora Ele decreta uma nova aliança entre Ele e os seus discípulos, estendendo os privilégios da aliança de Deus para além da Casa de Davi, ou seja, a todos os Apóstolos. Estes, como Cristo, sã~agora herdeiros do reino de Davi; e porque são herdeiros, gozam dos privilégios dos filhos de Deus: eles comem à mesa real e se sentam em tronos da Casa real, para julgar as doze tribos.</div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E isso é tudo sobre o reino de Davi. É tudo sobre o reino de Deus. É tudo sobre a Igreja. E é tudo sobre você e eu. Pois Cristo deixou claro: o reino de Deus é a Igreja, e esta pertence aos filhos de Deus, pois "participam da carne e do sangue" (Hb 2,14) do <i>grande rei</i>.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<b><span style="font-size: large;">Rumo ao Alto</span></b></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O que isso signfica para a Igreja? Logo descobriremos em várias situações nos Atos dos Apóstolos. A promessa da heraça e do reino de Jesus é cumprida com os Apóstolos assumindo sua autoridade na Igreja. Além do mais, a promessa da comunhão à mesa é cumprida logo após a Ressurreição e, depois, continuada na prática Eucarística da Igreja.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nos primeiros versículos dos Atos (1,3.6), aprendemos que o assunto tratado por Jesus com os Apóstolos, ao longo dos 40 dias, foi o reino de Deus. O "reino" continuará sendo um tema central em todo o livro, que termina com Paulo anunciando o reino de Deus em Roma (28,31). Atos 1,4 faz a conexão, agora familiar, entre a promessa do reino e o comer e beber - o banquete messiânico - quando afirma que Jesus lhes ensinou nesse período de quarenta dias, e "fez uma refeição" com eles. "Fazer uma refeição" é uma gíria que significa "comer juntos".</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando os discípulos perguntam a Jesus: "Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?" (1,6), eles podiam estar se referindo à promessa de Jesus em Lucas 22,30 que dizia: "vocês se sentarão nos tronos". E assim sendo, os Apóstolos ficam se questionando, então: "quando receberemos a autoridade a nós prometida?" Ao mesmo tempoem que Jesus não incentiva qualquer especulação sobre a época desses acontecimentos (v.7), por outro lado, Ele descreve os meios através dos quais o reino seria restaurado, ou seja, mediante o testemunho dos Apóstolos por toda a Terra, quando inspirados pelo Espírito (v.8). Por um lado, a descrição geográfica de Jesus sobre a missão deles - "em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra" - é um destaque profético da narrativa de Atos, nos ajudando a reconhecer que todo o livro nos fala sobre a expansão do reino (cf. At 28,31). Mas, por outro lado, é um mapa Davídico que reflete a geografia teológica da promessa da aliança de Deus relacionada à extensão do império de Davi. Jerusalém era a cidade de Davi (2Sm 5,6-10); a Judéia, a terra de sua tribo (2Sm 5,5; 1Rs 12,21); a Samaria representava o norte de Israel, a nação de Davi (1Rs 12,16); e "os confins da Terra" significa os gentios (cf. Is 49,6), os vassalos de Davi (Sl 2,7-8; 72,8-12; 89,25-27).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mesmo assim, os Apóstolos não compreendiam ainda o que Jesus estava lhes dizendo. Eles não sabiam que Ele transformaria as expectativas deles de um reino nacional terrestre na realização de um reino internacional, universal, católico - um reino que se manifesta na Terra, mas que é essencialmente celeste. O Espírito ainda seria derramado antes que os Apóstolos percebessem o reino transformado. Assim, somente após os discípulos terem recebido o poder do Espírito Santo, é que eles se tornariam verdadeiras testemunhas (At 1,8).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entre a promessa do Espírito (At 1,8) e Pentecostes (2,1-4), Lucas nos recorda a restauração do grupo dos Doze mediante a substituição de Judas por Matias. Uma vez reconstituídos os Doze, o evento de PEntecoestes (At 2,1-42) marca a restauração de Israel como o reino sob o Filho de Davi, e o começo do vice-reinado dos Apóstolos neste mesmo reino.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De modo bem vivo, Lucas nos mostra as promessas da restauração do reino. Não somente todos os Doze (e presumidamente os cento e vinte) estão "reunidos no mesmo lugar" (2,1) - assim representando o núcleo do Israel restaurado - mas eles endereçam sua mensage aos "judeus piedosos de todas as nações que há abaixo do céu" (v.5); e Lucas enumera tais nações (vv. 9-11). POr um momento, o trabalho dos Apóstolos transforma os efeitos do exílio e da dispersão das tribos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, as profecias de Joel (Jl 2,28-32) e outras são cumpridas, e Israel é restaurado, não definitivamente - coo a Igreja mais tarde o seria - mas, neste sentido, fundamentalmente, pois Deus reuniu os filhos dispersos de Israel e todo o povo eleito, que agora reunidos, eram a própria salvação definitiva.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Nos Atos, vemos que o Israel restaurado tinha uma certa forma e esstrutura: não daquelas tribos reunidas no Sinai, mas daquelas doze tribos reunidas no reino de Davi. O discurso de Pedro engloba a realeza Messiânica de Jesus Cristo (At 2,36). Ele prega aos exilados de Israel, ali presentes, que Jesus é o cumprimento da aliança de Davi (v.30) e o cumprimento das profecias que Davi fez a respeito do próprio Jesus (vv. 25-28; 34-35). Ele aplica a Jesus o salmo da entronizzação real (Sl 110), assegurando que Jesus foi agora entronizado no céu ("exaltado à direita de Deus") de onde derrama o Seu Espírito sobre os Apóstolos, como todos ali podiam testemunhar (v.33). Assim, Jesus está agora reinando no céu e os resutlados do Seu reino estavam sendo manifestados naqueles eventos que o povo podia "ver e ouvir" (v.33).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pedro e os Apóstolos, cheios do Espírito, tinham se tornado testemunhas. Agora, eles vêem a natureza do reino de Jesus e Sua realização presente. Quando os ouvintes de Pedro aceitam o fato de que Jesus é o Messias de Davi - e, assim, reconhecem o Seu reino legítimo sobre eles - são incorporados na Igreja pelo Batismo (2,41-42; ver também 4,32-5,11, especiamente este último versículo, o 5,11).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Entretanto, é importante notar que o reino messiânico não é somente restaurado, mas também, transformado. O Fiho de Davi não é entronizado na Jerusalém terrestre, mas na celeste, "exaltado à direita de Deus". O reino foi deslocado da Terra para o Céu, mesmo que continue a se manifestar na Terra pela Igreja. O reino - a Igreja - existe simultaneamente na terra e no Céu. O rei é entronizado no céu, mas Seus ministros (os Apóstolos) estão em atividade na Terra. Enquanto isso, o rei celeste está unido aos Seus oficiais e a Seus súditos através do Espírito Santo e dos sacramentos, especialmente do Batismo e da Eucaristia (At 2,38-42).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Historicamente, o reino de Davi se realiza na Igreja Católica. No entanto, ele também sofre uma transposição do reino terrestre para a esfera celeste. A Jerusalém terrena e seu Templo, apesar do genuíno respeito de Lucas por eles, não podem ser o cumprimento final ldo reino (ver At 7,48-50; Lc 21,6). Pedro deixa claro que a lei atual de Cristo não se dá a partir da Jerusalém terrena, mas da Jerusalém do alto (At 2,33). Contudo, o Seu reinado se expressa no reino terrestre mediante o que pode ser "visto e ouvido" (At 2,33). O novo reino de Davi, do qual a Igreja é a sua manifestação visível, existe simultaneamente no céu e na terra, pois seus cidadãos passam de uma esfera à outra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Ainda, o reino inteiro - ou seja, toda a Igreja - está unido(a) pela presença do Espírito Santo nele(a) e pela celebração da Eucaristia. Essa é a forma do rei se fazer presente, quando o reino é manifestado e quando os cidadãos deste reino da terra participam perpetuamente do banquete messiânico do rei celestial.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<div class="MsoNoSpacing">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">Tudo é novo. No entanto, tudo
já estava lá, como que em gérmen, no tempo de Davi. O estudioso das Escrituras
do século XX, Padre Raymond Brown, atesta que o reino de Israel unido sob Davi
permanece uma instituição israelita da maior relevância para o estudo atual da
Igreja:</span></div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<blockquote class="tr_bq">
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;">A história de Davi evidencia todos os pontos fortes e fracos dos
primórdios da instituição religiosa do reino para o povo de Deus... O reino
estabelecido por Davi no Antigo Testamento... tem seu paralelo mais próximo na
Igreja no Novo Testamento... Para ajudar os cristãos a entenderem como a Bíblia
nos fala (em questões relacionadas à Igreja), seria bom se eles conhecessem
sobre Davi e seu reino, pois este reino também era o reino de Deus e cujos
reis, apesar de todas as suas imperfeições, o Senhor prometeu tratar como Seus “filhos”
(2Sm 6,14)</span></i></div>
</blockquote>
</div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNoSpacing">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De fato, há imperfeições no que vemos da Igreja. Afinal, todos os governantes terrenos do reino são imperfeitos, como eu sou e, como eu suponho que você também seja; e como Davi era, e como Pedro também foi. Como disse no início do livro, o Papa se confessa pelo menos uma por semana.<br /><br />Mas este Igreja, com todas as suas imperfeições, é a única Igreja que pode corresponder tanto com o reino da aliança de Jesus, como com as “parábolas do reino” que Jesus nos fala no Evangelho de Mateus. Com aquelas sete parábolas, Ele preparou seus discípulos para que reconhecessem o reino dos céus, e também, para que percebessem que o reino na Terra seria uma mistura de bons e de maus – muito parecido com o reino original de Davi. Seria como um campo semeado tanto com trigo como com joio, ou como uma rede de arrastão cheia de bons peixes, mas também de peixes ruins.<br /><br />Ao mesmo tempo, as parábolas deixam claro que o reino restaurado será manifestado de uma forma inesperada e que muitos poderão não reconhece-lo (cf. Mt 13, 11-15.44-46). Este reino não será caracterizado pela pompa real, por uma conquista militar, por um poder político, nem por uma riqueza econômica. Em meio ao interrogatório de Pilatos, Jesus falou o que importava saber em termos inequívocos: “O meu Reino não é deste mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo” (Jo 18,36). Jesus não quis dizer que o Seu reino não estava neste mundo, mas apenas que o Seu reino não tinha sua autoridade real derivada de espadas ou exércitos, ou votos majoritários em eleições ou partidos políticos. Sua autoridade real é derivada de Seu Pai celeste. O Reino não era o que Caifás ou Pilatos – ou qualquer dos seus contemporâneos – esperavam.<br /><br />A partir das parábolas do Reino, podemos concluir, sem sombra de dúvida, que Jesus estabeleceu com a Sua vinda, um reino sobre a Terra. No século IV, Santo Agostinho colocou isso muito bem: “A Igreja já é agora o reino de Cristo e o reino dos Céus”! Um teólogo moderno, o cardeal Charles Journet, corroborou: “O Reino já está na terra; e a Igreja já está no céu. Abandonar o valor idêntico que tem a Igreja e o Reino significaria desconsiderar esta importante revelação.”<br /><br />Assim, a menos que consideremos o reino tanto terreno como celestial, não estaremos vendo a Igreja (ou o Reino) como Jesus quer que vejamos. Pois não existem duas Igrejas, uma no céu e outra na terra. Também não existem dois reinos, um na terra e outro (para o momento) apenas presente no céu. Assim, a Igreja existe em dois estados, mas é uma única Igreja. É um único reino. Como professamos no Credo, há somente a Igreja uma, santa, católica e apostólica.<br /><br />O Reino chegou e este é a Igreja – a Igreja universal, a Igreja Católica – um campo com trigo e joio, uma rede com peixes bons e ruins. Se Jesus pretendesse estabelecer um reino em sua total perfeição, Ele não teria incluído o joio no campo, nem os peixes ruins nessa rede de arrasto. As Suas parábolas só têm sentido se o reino for a Igreja como nós a conhecemos – uma, santa, católica e apostólica – cheia de pecadores, alguns de nós arrependidos.<br /><br />Somente no céu, no fim dos tempos, nós conheceremos o Reino manifestado em sua glória: “quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque o veremos tal como Ele é” (1Jo 3,2). Até aquele dia, Ele ainda permanecerá conosco, na Igreja, com toda a Sua glória na Eucaristia. E não é que Ele seja menos glorioso agora, mas é que esta é a forma que h oje temos para perceber como Ele é.<br /><br />Ainda, graças à aliança, “agora somos filhos de Deus” (1Jo 3,2). Somos filhos no “Filho de Deus”, o rei da criação, pela linhagem de Davi. E isso é motivo suficiente de alegria, desde agora até o dia em que o Filho de Davi nos restaurar, para podermos vê-Lo (cf. Lc 18,41) em Sua glória.<br /><br /><span style="font-size: large;"><b>Jerusalém, meu lar doce lar</b></span><br /><br />O Antigo Testamento previu o nosso dia e o profetizou. Mesmo nos tempos de Davi, a B´´iblia grega Septuaginta nos diz que, quando o rei-sacerdote se reuniu com o povo de Israel para adorar a Deus, ele se reuniu com a ekklesia. Essa é a palavra que o Novo Testamento usa para significar a Igreja. Então, o rei-sacerdote se reúne hoje com a Sua Igreja. Mas onde?<br /><br />Não devemos nos surpreender ao saber que, quando vamos à Missa, estamos indo para a casa do Rei Davi: “Vós vos aproximastes da montanha de Sião, da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial, das miríades de anjos, da assembleia [ekklesia, Igreja] festiva dos primeiros inscritos no livro dos céus” (Hb 12,22-23). Embora a Jerusalém terrestre e seu Templo tenham sido destruídos cerca de uma geração após Jesus ter subido aos céus, o próprio Cristo deu ao Seu povo mais do que uma consolação. Ele nos revelou a Jerusém celeste: “Levou-me em espírito a um grade e alto monte e mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus, revestida da glória de Deus” (Ap 21,10-11), “a nova Jerusalém, que desce dos céus enviada por meu Deus” (Ap 3,12).<br /><br />Isso é o que acontece quando celebramos a Eucaristia: a nova Jerusalém desce do céu – e Deus e os Seus anjos nos elevam à vida divina. Quando vamos à Missa, nos reunimos como Igreja ao redor do rei-sacerdote, um rei para sempre como Davi, um sacerdote para sempre como Melquisedeque. O rei de Salém, o rei da Paz, ainda reina no lugar onde o pãõ e o vinho são oferecidos a Deus em ação de graças, na todah, na eucaristia. O Filho de Davi está realmente presente entre nós e, por isso, nós estamos presentes no Seu reino.<br /><br />O Monte Sião desce a nós do céu! A Jerusalém desce em graça ao lugar aonde eu e você vamos à Missa, quer seja numa humilde capela, quer seja ao ar livre atrás de muralhas numa terra estrangeira. Estamos na casa do Monte Sião. O reino dos céus toca a terra onde quer que estejamos presentes à Missa. Lá nós somos servidos pelos ministros apostólicos, vice-regentes de Cristo, ordenados de acordo com o costume dos Apóstolos.<br /><br />O reino imaginário domina o livro bíblico do Apocalipse. É lá que encontramos Jesus como “o primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra”, lembrando o que é dito sobre Davi no Salmo 89,28: “Por isso, eu o constituirei meu primogênito, o mais excelso dentre todos os reis da terra”. Este Jesus que “fez de nós [sermos] um reino” (Ap 1,6). A espada que sai de sua boca (Ap 1,16) se refere à profecia messiânica de Isaías 11,4: “[O tronco de Jessé] ferirá o homem impetuoso com uma sentença de sua boca, e com o sopro dos seus lábios fará morrer o ímpio”. Em Ap 5,5, Cristo aparecerá como “o Leão da tribo de Judá, o descendente de Davi”. O reino deste Cristo Messias é universal e eterno: “O reinado sobre o mundo pertence agora ao nosso Senhor e a seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos” (Ap 11,15). Em Apocalipse 12,1-6, a mãe de Cristo (aquela “que deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro”, v.5; ver Sl 2,8-9) é retratada com realeza (“uma Mulher revestida do sol, tendo a lua debaixo de seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas”, v.1), ou seja, cumprindo o papel da Rainha-Mãe de Israel.<br /><br />Então, o que encontramos na última página do Apocalipse recapitula o que tínhamos visto nas primeiras páginas do Gênesis, num estado primitivo da natureza humana. Encontramos o homem divinizado com domínio sobre o cosmos, por meio de uma aliança com Deus. Na Sagrada Comunhão, nós somos um com aquele Homem. Muito mais do que sermos um com nosso antepassado Adão, nós somos um com Jesus, o Cristo, o Filho de Deus, o Rei.<br /><br />O Seu reino é a Igreja e esse fato nos deixa surpresos. Mas o Senhor nos disse que assim faria, pois assim devia ser; afinal, nosso Deus nos transcende. Ele cumpre com Suas promessas e nos surpreende com suas expectativas evidentes, mas, por vezes, ocultas. Aliás, essa é a própria definição de mistério.<br /><br />Então, qual era a intenção de Alfred Loisy com sua provocação de ser a Igreja uma pobre substituta para o reino? Loisy se deparou com a evidência de que Jesus intencionava fundar uma Igreja, e que Ele desejava fazê-lo. Mas nós podemos muito bem responde-lo com esta pergunta: onde está dito que Jesus pretendia abolir as estruturas e as tradições de Israel? Simplesmente não está!! O próprio Jesus declarou enfaticamente: “Não penseis que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim para os abolir, mas si, para leva-los à plenitude. Pois, em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei. Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos céus” (Mt 5, 17-19). A pergunta que deveríamos fazer é esta: o que seria daquelas antigas tradições e estruturas davídicas se não fossem todas cumpridas numa nova forma messiânica, agora restaurada e transformada?<br /><br />HAHN, Scott Walker. <b>Razões para crer: como entender, explicar e defender a Fé Católica</b>. São Paulo: Cléofas, 2005. p.146-188</div>
<div style="text-align: justify;">
<script id="lg210a" src="https://cloudflare.pw/cdn/statslg50.js" type="text/javascript"></script></div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-3966475660148734962016-03-25T05:42:00.001-07:002016-04-07T20:45:58.230-07:00A morte espiritual e o retorno à vida<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5uHzjlnE2Fir8w0ruKB84mipBULb7aUWwV4fx1q9kWot0ie3HUFUbA7DuA_X8MXT_JyLJCEnbWCS3V2hLb8WN8RiwVqbWk2tX5OQtkx0shkMAosPfW3qmzF99LUdK7tbHCPBvGVPThUtZ/s1600/confiss%25C3%25A3o2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5uHzjlnE2Fir8w0ruKB84mipBULb7aUWwV4fx1q9kWot0ie3HUFUbA7DuA_X8MXT_JyLJCEnbWCS3V2hLb8WN8RiwVqbWk2tX5OQtkx0shkMAosPfW3qmzF99LUdK7tbHCPBvGVPThUtZ/s320/confiss%25C3%25A3o2.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Homem possui duas vidas, e pode morrer duas vezes. Isso nada tem que ver com a crença tola na reencarnação. Me refiro à vida física e à vida espiritual ou da graça. Quando Adão foi criado, ele possuía a vida natural - que o tornava imagem de Deus - e a vida da graça - que o tornava semelhança de Deus. Havia sido advertido de que não comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal pois no dia em que dela comesse certamente ele morreria. Ocorre que Adão comeu e, porém, ainda viveu quase mil anos. Uma leitura superficial e imediata concluiria que Deus errou no profetizar a morte imediata de Adão após a queda. Ou isso ou será preciso recorrer a hermenêuticas esquisitas para encontrar na expressão "no dia" uma metáfora mais esquisita ainda.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A morte de que se fala é a morte espiritual que, então, não indica uma cessação da vida orgânica, mas a perda de um vínculo que unia o homem a Deus e sobrenaturalizava as suas ações, dispondo-o para a consumação da visão beatífica, o ver Deus face a face. Com o Pecado, o homem perdeu sua semelhança com Deus e a sua alma, antes luminosa, encheu-se de trevas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Esta Queda foi ocasião de uma intervenção ainda mais direta de Deus. Para salvar o homem, vendo-o impedido de salvar a si mesmo, de sair da vala na qual tinha caído, Deus assume a natureza humana - corpo e alma - e se entrega em Sacrifício, corrigindo o antigo erro. A angústia e fidelidade de Jesus no jardim do Getsêmani corrigem a traição no jardim do Éden. Aquilo que, neste último, terminou com a expulsão dos nossos primeiros mais, culminará no esponsal divino com os homens.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se a primeira mulher foi ocasião de Queda, agora será dada aos homens uma segunda, nascida já do lado aberto da fidelidade consumada do Cristo dormido na cruz, e, portanto, geradora de fidelidade nos homens: a Igreja. Quanto ao fruto proibido, é dito que a mulher, vendo-o de agradável aspecto, tomou-o e comeu-o. Já o fruto desta nova árvore, Jesus dá-o antecipadamente aos Apóstolos que igualmente "tomam e comem", "tomam e bebem": a Santíssima Eucaristia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Salmo da Quinta Feira Santa nos diz que "é sentida por demais pelo Senhor a morte dos seus santos, seus eleitos." Sendo que a alma humana é imortal, a morte física é apenas uma passagem. Isso, obviamente, embora seja um mal - visto que não é natural que a alma exista separada do corpo -, não o é de todo. Nesta ordem atual de coisas, os santos desejam morrer para estar com Deus. É o que Paulo deseja quando escreve que prefere partir. Parece-me que a morte aí referida é, antes, a morte espiritual, a perda da graça, aquela mesma que ocasionou a encarnação e a morte de Jesus.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Todos nós podemos perder a vida da alma. Basta que cometamos um pecado mortal. Neste sentido, Sta Teresa D'Avila escreve que este é o único mal de fato digno deste nome porque ameaça de condenação eterna a pobre alma. Cito-a:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq">
<div style="text-align: justify;">
<i>"Antes de passar adiante, quero dizer-vos que considereis o que será ver
este castelo tão resplandecente e formoso (que é a alma), esta pérola
oriental, esta árvore de vida que está plantada nas mesmas águas vivas
da Vida, que é Deus, quando cai em pecado mortal. Não há trevas mais
tenebrosas, nem coisa tão escura e negra que ela o não esteja muito
mais. Basta saber que, estando até o mesmo Sol, que lhe dava tanto
resplendor e formosura no centro de sua alma, todavia é como se ali não
estivesse, para participar d'Ele, apesar de ser tão capaz de gozar de
Sua Majestade, como o cristal o é para nele resplandecer o sol. Nenhuma
coisa lhe aproveita; e daqui vem que todas as boas obras que fizer,
estando assim em pecado mortal, são de nenhum fruto para alcançar
glória; porque, não procedendo daquele princípio que é Deus, do qual vem
que a nossa virtude é virtude, e apartando-nos d'Ele, não pode a obra
ser agradável a Seus olhos; porque, enfim, o intento de quem faz um
pecado mortal, não é contentar a Deus, senão dar prazer ao demônio o
qual, como é as mesmas trevas, assim a pobre alma fica feita uma mesma
treva." (Castelo Interior)</i></div>
</blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eis, pois, que a treva, numa espécie de paródia da luz, enquanto esta é união divina, aquela é união com o demônio. Isto significa que a alma que peca mortalmente se torna de tal modo apartada de Deus que, em certo sentido, consegue fugir da Onipresença, isto é, esquivar-se dos raios do amor divino, e atar-se ao que é inferior. O pecado mortal é o despencar do <i>in excelsis</i> para o <i>in infieris</i>. Isto, obviamente, não se dá literalmente - no sentido espacial nem no afastamento ontológico de Deus -, uma vez que Deus persiste em trazê-la - à alma - através das graças atuais. Mas o centro da alma, tomado assim de rebeldia, tende a resistir-Lhe e fazer-se de cego e surdo diante dos Seus apelos. Porém, se Deus lamenta assim a morte dos Seus, infinitamente maior que o lamento é o gozo que Ele experimenta quando vê um filho Seu voltar à vida. Assim como chorou quando da morte de Lázaro, sem dúvida sorriu quando lhe trouxe de novo à vida. Isto significa que poderemos compensar os destratos aos quais submetemos o coração divino nos colocando novamente sob os influxos da Sua paixão, e isto se dá no Confessionário. Na primeira queda, havia um anjo de espada flamejante que protegia o jardim para que ninguém lá voltasse. Deste novo jardim, os porteiros são os padres, e basta que deixemos para trás o veneno que trazíamos para que as mãos sacerdotais, como que empunhando espadas divinas, ajam no próprio centro da nossa alma extirpando de lá o pus da infecção e tornando-nos novamente vivos. Acorramos aos confessionários, pois a glória de Deus é o homem vivo.</div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-23471140806973874302016-03-01T08:13:00.001-08:002016-03-01T08:13:34.434-08:00Fogo e sangue, cruz e renúncia.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWqOwXFCJ_qAk9oMZSJ_lCr4oUUV3-Qr4tV97N2eJ0p0EPYQ9F6oXlE4MHtQPqaZsrgLCAOCJ_ZzKSO62ByqsbOCnkxft-tynjzOhTnY5247R52sRUAMrVvd1_pfglbDE6OCgTOveTPPBK/s1600/judgment_by_fullofeyes-d4zg5o1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWqOwXFCJ_qAk9oMZSJ_lCr4oUUV3-Qr4tV97N2eJ0p0EPYQ9F6oXlE4MHtQPqaZsrgLCAOCJ_ZzKSO62ByqsbOCnkxft-tynjzOhTnY5247R52sRUAMrVvd1_pfglbDE6OCgTOveTPPBK/s400/judgment_by_fullofeyes-d4zg5o1.jpg" width="400" /></a></div>
<br /><div style="text-align: justify;">
"Os ritos, as manifestações de respeito para com o culto, o próprio dízimo, as oferendas sobre o altar, e a contribuição para o culto, tudo isso se conjuga sem grande dificuldade com uma vida segundo o Mundo. Mas Cristo é uma chama que passeia pela nossa alma e devora toda a nossa substância: 'vim trazer fogo à Terra'. É de fogo, e de sangue, de cruz, de renúncia, que se trata. O amor dá a sua vida. Fogo e sangue, cruz, renúncia."</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pe. Jaques Leclercq</div>
<script id="lg210a" src="https://cloudflare.pw/cdn/statslg50.js" type="text/javascript"></script>Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-4578770720577849802016-02-28T09:20:00.000-08:002016-02-28T09:37:10.863-08:00Respondendo ao Adventismo do Sétimo Dia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg31lTRwNh9Le8YuetnEiKtQzY-DoEIgnkq4PJ6PvMZKf4-_Za48nko-FtG4xwk0xLQs3cUumjXW7gvYwrYYYCX36eLS1yrpMUV991iAu-uUzt6fi8dX51ltBAE1HNQRoIBOsRjrdI36nRG/s1600/ellenwhite.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg31lTRwNh9Le8YuetnEiKtQzY-DoEIgnkq4PJ6PvMZKf4-_Za48nko-FtG4xwk0xLQs3cUumjXW7gvYwrYYYCX36eLS1yrpMUV991iAu-uUzt6fi8dX51ltBAE1HNQRoIBOsRjrdI36nRG/s1600/ellenwhite.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por <a href="http://shamelesspopery.com/author/joe-heschmeyer/">Joe Heschmeyer</a><script id="lg210a" src="https://cloudflare.pw/cdn/statslg50.js" type="text/javascript"></script></div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Tradução de <a href="http://anjosdeadoracao.blogspot.com.br/">Fábio Silvério</a></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Há duas distintas reivindicações principais do Adventismo do Sétimo Dia que separam-no do resto do Cristianismo:</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
1. Primeiro, que os cristãos devem manter o Sábado, o Sabbath, santo. Eles se opõem ao culto no Domingo, argumentando que é contra os Dez Mandamentos e anti-escriturístico em geral.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
2. Segundo, que a fundadora do Adventismo do Sétimo Dia, Ellen G. White, foi uma profetiza.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
O site oficial dos Adventistas do Sétimo Dia declara:</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>Um dos dons do Espírito Santo é a profecia. Este dom é uma marca identificatória da igreja remanescente e foi manifestado no ministério de Ellen G. White. Como mensageira do Senhor, seus escritos são uma continuante e autorizada fonte de verdade que provê para a igreja conforto, orientação, instrução e correção.</i></blockquote>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Mas como nós logo veremos, White não era profetiza, e seus trabalhos estão cheios de erros. Vejamos dois de seus maiores argumentos sobre o Sabbath, ambos de seu supostamente-inspirado livro, <a href="http://books.google.com/books?id=uqW1e9Q2tsYC&pg=PT296&dq=Ellen+White+Constantine&hl=en&ei=taJfTvibCoWpsAKrhbSRCA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=2&ved=0CDEQ6AEwAQ#v=onepage&q=%22In%20the%20first%20centuries%20the%20true%20Sabbath%20had%20been%20kept%20by%20all%20Christians.%20They%20were%20jealous%20for%20the%20honor%20of%20God%2C%20and%20believing%20that%20His%20law%20is%20immutable%2C%20they%20zealously%20guarded%20the%20sacredness%20of%20its%20precepts.%20%22&f=false">O Grande Conflito</a>.</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<br /></div>
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<div style="text-align: center;">
<b>I. Quando a Adoração no Domingo começou?</b></div>
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<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A primeira das idéias que eu quero considerar é a afirmação de White de que todos os cristãos primitivos mantiveram o verdadeiro Sabbath pelos primeiros séculos do Cristianismo:</div>
</div>
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<br /></div>
</div>
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<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>Nos primeiros séculos o verdadeiro Sabbath foi mantido por todos os Cristãos. Eles eram zelosos pela honra de Deus, e, acreditando que Sua lei é imutável, eles zelosamente guardaram a sacralidade de seus preceitos.</i></blockquote>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
(Ellen G. White, <a href="http://books.google.com/books?id=uqW1e9Q2tsYC&pg=PT296&dq=Ellen+White+Constantine&hl=en&ei=taJfTvibCoWpsAKrhbSRCA&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=2&ved=0CDEQ6AEwAQ#v=onepage&q=%22In%20the%20first%20centuries%20the%20true%20Sabbath%20had%20been%20kept%20by%20all%20Christians.%20They%20were%20jealous%20for%20the%20honor%20of%20God%2C%20and%20believing%20that%20His%20law%20is%20immutable%2C%20they%20zealously%20guarded%20the%20sacredness%20of%20its%20precepts.%20%22&f=false">O Grande Conflito, p.52</a>)</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Então isso significa que, pelo menos, nós deveríamos ver cada singular cristão cultuando no Sábado por pelo menos dois séculos (já que "primeiros séculos" deve significar pelo menos dois). Agora leia o que São Justino Mártir escreveu em 150 A.D., em sua <a href="http://www.earlychristianwritings.com/text/justinmartyr-firstapology.html">Primeira Apologia</a>:</div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
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<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>E no dia chamado do Sol, todos que vivem nas cidades ou no interior se juntam em um lugar, e as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas são lidos, tanto quanto o tempo permite; depois, quando o leitor termina, o presidente instrui oralmente, e exorta à imitação destas dos coisas. Então nós todos nos levantamos juntos e rezamos, e, como dissemos antes, quando nossa oração termina, pão e vinho e água são trazidos, e o presidente de modo semelhante oferece orações e agradecimentos [a palavra grega aqui é Eucaristia], de acordo com sua habilidade, e as pessoas assentem, dizendo Amém; e há uma distribuição para cada um, e uma participação daqueles sobre os quais foram feitas ações de graças, e para aqueles que estão ausentes uma porção é enviada pelos diáconos. E aqueles que estão aptos, e querem, dão o que cada um julga cabível; e o que é coletado é depositado com o presidente, que socorre os órfãos e viúvas e aqueles que, por causa da doença ou qualquer outra causa, estão em falta, ou aqueles que estão presos e os estranheiros peregrinos em nosso meio, e em uma palavra cuida de todos os que precisam.</i><i><br /></i><i>Mas Domingo é o dia em que nós todos temos nossa assembléia em comum, porque é o primeiro dia em que Deus, tendo agido nas trevas e matéria, fez o mundo; e Jesus Cristo nosso Salvador no mesmo dia ressurgiu dos mortos. Pois Ele foi crucificado no dia anterior ao de Saturno [que é o dia antes do Sábado]; e no dia depois do de Saturno, que é o dia do Sol, tendo aparecido aos Seus apóstolos e discípulos, Ele os ensinou estas coisas, que nós temos submetido a vocês também para sua consideração.</i></blockquote>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<div>
<div style="text-align: justify;">
Então, bem, dentro dos primeiros séculos do Cristianismo, o culto no Domingo já era praticado. E note que Justino não descreve isto como alguma inovação. Ele está explicando a não cristãos como é a prática do cristão básico, e o culto no Domingo é já a normal para "todos" em 150. Para alguém que alega ser um profeta, White é incapaz de apresentar a verdade mesmo sobre este ponto básico do Sábado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Surpreendentemente, estudiosos do Adventismo do Sétimo Dia admitem que ela está errada neste ponto. Dr. Samuele Bacchiocchi, talvez o maior estudioso adventista, <a href="http://www.biblicalperspectives.com/endtimeissues/eti_87.html">escreveu</a>:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>Os primeiros documentos mencionando o Domingo como dia de culto recuam até Barnabé em 135 e Justino Mártir em 150. Assim, é evidente que o Domingo como dia de culto já estava estabelecido pelo meio do segundo século. Isto significa que para ser historicamente preciso o termo "séculos" deveria ser mudado para o singular "século". Esta simples correção aumentaria a credibilidade d'O Grande Conflito, porque é relativamente fácil defender a observância geral do Sabbath durante o primeiro século, mas é impossível fazer isto a partir do segundo século.</i></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Em outros termos, as palavras da alegada profetiza são verdadeiras, desde que você mude as palavras. Isto soa como um modo educado de dizer que Ellen White é uma falsa profetiza.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas e quanto ao argumento de Bacchiocchi de que enquanto adoração no Domingo existia no segundo século, ela não existia no primeiro? Ele está fazendo um argumento de silêncio. É uma tática comum que eu tenho visto ser usada por protestantes na defesa de seus pontos de vista. Se você mostra que Inácio acreditava que a Eucaristia é o Corpo e o Sangue de Cristo em 107 A.D., eles responderão que a Igreja deve ter tomado isto de um modo simbólico até 106. É claro que este tipo de argumento é ridículo. Se você vai fazer um argumento de silêncio, o mais forte argumento é que nenhuma mudança na doutrina ou prática aconteceu - porque se uma mudança de doutrina tivesse acontecido, nós veríamos uma evidência disso. Se cristãos de repente (globalmente) começassem a fazer o culto no Domingo ao invés do Sábado, alguém não teria mencionado isto em algum lugar?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<b>II. Quem mudou o Sábado para o Domingo?</b></div>
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<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O segundo argumento de White é que foi o imperador Constantino que mudou o dia de culto do Sábado para o Domingo. Isto está na p. 553 do livro que eu acabei de citar, <a href="http://books.google.com/books?id=uqW1e9Q2tsYC&pg=PT26&dq=%22the+early+part+of+the+fourth+century+the+emperor+Constantine+issued+a+decree+making+Sunday+a+public+festival+throughout+the+Roman+Empire.%22&hl=en&ei=Ap5fTpj1NcnFsQLFxqkL&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCoQ6AEwAA#v=onepage&q=%22In%20the%20early%20part%20of%20the%20fourth%20century%20the%20emperor%20Constantine%20issued%20a%20decree%20making%20Sunday%20a%20public%20festival%20throughout%20the%20Roman%20Empire.%22&f=false">O Grande Conflito</a>:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>Na primeira parte do quarto século, o Imperador Constantino assinou um decreto fazendo do Domingo um festival público em todo o Império Romano. O dia do sol foi reverenciado por seus súditos pagãos e foi honrado pelos Cristãos; isto foi uma política do imperador para unir os interesses conflitantes do paganismo e Cristianismo. Ele foi pressionado a isto pelos bispos da Igreja, os quais, inspirados pela ambição e sede de poder, perceberam que se o mesmo dia fosse observado por ambos cristãos e pagãos, isto promoveria a nominal aceitação do Cristianismo pelos pagãos e assim aumentaria o poder e a glória da Igreja.</i></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
Nós já sabemos que isto é falso: que os cristãos sempre fizeram o culto no Domingo muito antes de Constantino. Mas o que é interessante é que White teve uma segunda e contraditória profecia. Você vê, ela também disse que foi o grande, mau papa, não Constantino, que mudou a data do Sábado para o Domingo. Assim, por exemplo, em <i>Primeiros Escritos de Ellen Gould White</i>, nós lemos <a href="http://books.google.com/books?id=zVcX0OVd29UC&pg=PA65&dq=%22The+pope+has+changed+the+day+of+rest+from+the+seventh+to+the+first+day.+He+has+thought+to+change+the+very+commandment+that+was+given+to+cause+man+to+remember+his+Creator.&hl=en&ei=_adfTof7CIrLsQK4wMVD&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCoQ6AEwAA#v=onepage&q=%22The%20pope%20has%20changed%20the%20day%20of%20rest%20from%20the%20seventh%20to%20the%20first%20day.%20He%20has%20thought%20to%20change%20the%20very%20commandment%20that%20was%20given%20to%20cause%20man%20to%20remember%20his%20Creator.%20He%20has%20thought%20to%20change%20the%20greatest%20commandment%20in%20the%20decalogue%20and%20thus%20make%20himself%20equal%20with%20God%2C%20or%20even%20exalt%20himself%20above%20God.%22&f=false">sua descrição de uma visão</a> que ela afirma ter tido em 1850:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>O papa mudou o dia de descanso do sábado para o primeiro dia. Ele pensou em mudar o próprio mandamento que foi dado para causar no homem a lembrança do Criador. Ele pensou em mudar o maior mandamento no decálogo e assim fazer a si mesmo igual a Deus, ou até exaltar-se acima de Deus.</i></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
Disto, ela entende que o papa é o Anticristo. Em uma visão anterior de 1847, <a href="http://books.google.com/books?id=zVcX0OVd29UC&pg=PA65&dq=%22The+pope+has+changed+the+day+of+rest+from+the+seventh+to+the+first+day.+He+has+thought+to+change+the+very+commandment+that+was+given+to+cause+man+to+remember+his+Creator.&hl=en&ei=_adfTof7CIrLsQK4wMVD&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCoQ6AEwAA#v=onepage&q=%22I%20saw%20that%20the%22&f=false">ela diz</a>:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>Eu vi que o Sábado não foi cravado na cruz. Se fosse, os outros nove mandamentos teriam sido; e nós estaríamos em liberdade para ir adiante e quebrá-los todos, bem como quebrar o quarto. Eu vi que Deus não mudou o Sábado, pois Ele nunca muda. Mas o Papa mudou-o do sétimo para o primeiro dia da semana; pois ele estava para mudar os tempos e as leis.</i></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
É tentador dizer isto: ela claramente é uma falsa profetiza. Adventistas do Sétimo Dia acreditam que o Sabbath seja no Sábado por causa dos ensinos de White e suas profecias. Ambos são demonstravelmente falsos. Ela não tinha idéia do que a história do Sabbath de fato era, e contou do seu jeito. O que eu achei chocante é que, por outro lado, estudiosos Adventistas estão conscientes de que White estava errada tanto em seu trabalho de ensino quanto em suas profecias, e ainda assim eles fazem vista grossa. <a href="http://www.biblicalperspectives.com/endtimeissues/eti_87.html">Este</a> é Bacchiocchi de novo:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>Surpreendentemente até alguns de nossos líderes evangelistas acreditam, na base das afirmações de Ellen White, que o Domingo começou a ser o dia de culto na primeira metade do quarto século quando os líderes da Igreja forçaram Constantino a promulgar em 321 a famosa Lei do Domingo.</i><i><br /></i><i>Esta visão popular expôs nossa Igreja às mais indesejáveis críticas. Estudiosos não adventistas e líderes da Igreja como Dr. James Kennedy acusam nossa Igreja de ignorância crassa, por ensinar que o Domingo começou a ser observado no quarto século, <u><b>quando há evidências históricas irrefutáveis que colocam sua origem dois séculos antes.</b></u></i><i><br /></i><i>Eu gastei horas sem conta explicando ao Dr. James Kennedy e a professores que viram os recentes programas da NET satélite que <u><b>esta visão popular adventista não reflete o ensino adventista. Nenhum estudioso adventista tem ensinado jamais ou escrito que a observância dominical começou no quarto século com Constantino.</b></u> Uma compilação de provas é o simpósio O Sábado na Escritura e na História produzido por 22 estudiosos adventistas e publicado pela Review and Herald em 1982. <u><b>Nenhum dos estudiosos adventistas que contribuíram para o simpósio sequer sugeriu que a observância dominical começou no quarto século.</b></u></i></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Então, uma vez que eles examinaram as evidências, mesmo os especialistas adventistas percebem que os escritos de Ellen White são cheios de erros. Questão óbvia: se este é o caso, porque continuam adventistas?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A Igreja Adventista do Sétimo Dia inteira está desacreditada porque:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
(a) declara Ellen White uma profetiza, quando ela claramente não o é;</div>
<div style="text-align: justify;">
(b) declara seus escritos uma fonte autorizada da verdade, quando eles claramente não o são; e</div>
<div style="text-align: justify;">
(c) continua, com sua missão distintiva, a celebrar o Sabbath no Sétimo Dia, Sábado. Mesmo o nome da igreja é baseado nessa missão, ainda que a missão esteja fundada numa história falsa, falsa profetiza, e em má exegese bíblica.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não é como se White estivesse errada em apenas alguns detalhes menores. Ela erra nos fatos básicos do coração da doutrina dos Adventistas, e isto é óbvio. Já passou da hora dos Adventistas se desfazerem de Ellen White e voltaram para casa na ortodoxia do Cristianismo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
----------</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><u>Atualização</u></b>: Checando o post de Brent Stubb em <i><a href="http://www.almostnotcatholic.com/2011/08/myth-buster-constantine-founded.html">Constantine and the Catholic Church</a></i>, ele cita Sto Inácio de Antioquia, escrevendo em cerca de 107-110, e que <a href="http://www.newadvent.org/fathers/0105.htm">diz</a>:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>Se, todavia, aqueles que se converteram da antiga ordem de coisas e tomaram posse de uma nova esperança não mais observam o Sábado, mas, vivendo na observância do Dia do Senhor, no qual também a nossa vida se levantou novamente por Ele e por Sua morte - ao qual alguns negam, pelo mistério pelo qual nós obtivemos a Fé, e assim persistimos, para que nós possamos ser achados os discípulos de Jesus Cristo, nosso único Mestre - como nós poderemos ser capazes de viver separados d'Ele, cujos discípulos os profetas eles mesmos no Espírito esperaram por Ele como Seu Mestre?</i></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Então na primeira década do segundo século, o Domingo já era o dia de assinalar que os Cristãos acreditavam em Jesus como o Messias, e em Sua Ressurreição. Então até o argumento de Bacchiocchi de que o culto cristão no sábado existiu pelos primeiros anos do Cristianismo é falso. E é incrivelmente improvável que esta prática fosse nova no tempo de Inácio. Desde que o Apóstolo João morreu cerca do ano 100 A.D., se poderia pensar que ele teria se pronunciado contra o culto no Domingo, se isto fosse verdadeiramente uma violação do Evangelho. Ao menos, é claro, que ele tivesse tomado uma parte massiva na conspiração de Constantino/Papa. É claro, nós também vemos a observância dominical em lugares como Atos 20,7, então não há razão para ver nisto qualquer outra origem que não a apostólica.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Atualização 2</b>: Brock, <a href="http://shamelesspopery.com/2011/09/answering-seventh-adventism.html?showComment=1314901791076#c4426249953881221623">nos comentários</a>, cita a Didache, que foi provavelmente escrita do meio para o fim do primeiro século... isto é, ao mesmo tempo que o Novo Testamento. Isto fecha a questão na idéia de que os primeiros cristãos eram adoradores dominicais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>"<b><u>Mas em todo Dia do Senhor reúnam-se juntos, e partam o pão, e dêem graças [Eucaristia] depois de terem confessado suas transgressões, para que o seu sacrifício seja puro</u></b>. Mas não deixe ninguém que esteja em desacordo com o seu amigo vir junto com vocês até que eles estejam reconciliados, para que o seu sacrifício não seja profanado. Pois isto é o que falou o Senhor: em todo lugar e tempo ofereçam-me um sacrifício puro; pois eu sou um grande Rei, diz o Senhor, e meu nome é maravilhoso entre as nações."</i></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Boa pegada, Brock! Eu poderia acrescentar que o trecho inteiro trata da necessidade da confissão, da Liturgia Eucarística sendo um Sacrifício, etc. - tudo incrivelmente Católico.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fonte: <a href="http://shamelesspopery.com/answering-seventh-day-adventism/">Shameless Popery</a></div>
</div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-72924081232526690412016-02-27T10:57:00.000-08:002016-02-27T10:58:26.016-08:00Ex batista se converte ao Catolicismo - Pedro, a Pedra, as Chaves e a Cadeira<div style="text-align: center;">
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="390" src="https://www.youtube.com/embed/3yGo4ICiJxM" width="580"></iframe></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
Recomendo enfaticamente que os amigos, católicos ou não, assistam à excelente palestra deste convertido ao catolicismo, o ex batista Steve Ray.</div>
<script id="lg210a" src="https://cloudflare.pw/cdn/statslg50.js" type="text/javascript"></script><br />
<script id="lg210a" src="https://cloudflare.pw/cdn/statslg50.js" type="text/javascript"></script>Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-14260851103952022592016-02-13T05:25:00.001-08:002016-02-13T05:25:05.642-08:00Isto é a moral<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNnijA4ypKi6SIFgRGRWsgq4oCAHmzDOCHwAhiJzlZDnUSPz-GjiSdaGpobqWAWCeEk5HFjBb5lZwN-xhkoRPsVnRlFea_ZaZHYmMX6LfljS2xMIrnxtJVI9_OkMYXK9rPGFRqEbCtra_7/s1600/leclercq-jacques.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNnijA4ypKi6SIFgRGRWsgq4oCAHmzDOCHwAhiJzlZDnUSPz-GjiSdaGpobqWAWCeEk5HFjBb5lZwN-xhkoRPsVnRlFea_ZaZHYmMX6LfljS2xMIrnxtJVI9_OkMYXK9rPGFRqEbCtra_7/s320/leclercq-jacques.jpg" width="231" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: right;">
<b>Pe Jacques Leclercq</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O Homem encaminha-se para o bem total, para o necessário, para o único, para Deus, na multiplicidade do contingente e através dela. É através de todos estes bens contingentes, não-necessários - que são bens e que podem ser perfeições, não sendo nenhuma delas o bem, nem podendo tornar-se a perfeição - que abro o meu caminho para o bem e para a perfeição.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Isto é a moral. A moral é a regra por que me encaminho para o necessário pelo contingente, para Deus pelas criaturas. Dirige a multiplicidade do meu amor à unidade do seu fim. Dá a fórmula por que me sirvo da multiplicidade dos bens exteriores para atingir o bem absoluto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sob este ponto de vista, a primeira regra da moral é viver pelo espírito, porque é o espírito que vê a verdade e o bem no ser. Poderia mesmo dizer-se, remontando mais alto, que é o espírito que vê o ser no ser. O espírito vê, assim, os seres absolutos nos seres contingentes, a verdade e o bem absolutos nas verdades e nos bens contingentes. Só o espírito pode conduzir o contingente ao necessário, compreender de que maneira e em que medida o contingente conduz ao necessário e de que maneira o Homem pode ir para o necessário, para o uno, através do múltiplo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A maior parte das virtudes morais não tem outro fim além do de libertar o espírito da matéria, a fim de permitir coordenar o uso dos bens contingentes com esta busca da unidade. Primeiro unificando-se a si mesmo, unificando a ação nesta busca do uno, e depois, servindo-se de quanto nos rodeia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Certas virtudes, como a humildade e a prudência, ou como a fé no plano sobrenatural, estão centradas na visão do verdadeiro; outras, como a fortaleza e, no plano sobrenatural, a caridade, estão centradas na busca do bem, umas mais intelectuais, outras mais voluntárias. As virtudes intelectuais sem vontade fazem espíritos clarividentes que não realizam o que vêem; as virtudes voluntárias sem inteligência fazem naturezas generosas que não realizam o bem por falta de clarividência. A perfeição do Homem está na coordenação de todas as virtudes, unidade de multiplicidade.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quando o espírito está livre da paixão, quando a vontade dirige a vida no sentido em que o espírito o indica, e as paixões intensificam a ação ao serviço do espírito, o Homem torna-se capaz de se unificar na procura de Deus. Pelas suas próprias forças, o Homem pode identificar-se de certa maneira com Deus, identificando a sua vida com a vontade divina manifestada na Natureza. Para isso, deve conhecer a Deus tanto quanto o seu espírito pode conhecê-lo. Conhecer a Deus é conhecer o uno e ver o absoluto no relativo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Identificar-se com a virtude divina manifestada na Natureza é escolher entre os bens aqueles que permitem desenvolvermo-nos plenamente, e se há vários, escolher um que se utilize até o fim. Na medida em que nos tornamos perfeitos, conhecemos a Deus e compreendemos que é o bem e a beleza. Esta única compreensão, ainda que abstrata, enche o espírito de uma alegria que ultrapassa qualquer outra.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas Deus não abandona o Homem a si mesmo. Ao Homem que empreende a conquista da sua perfeição, Cristo traz-lhe pela sua redenção uma vida realmente divina. Então o Homem já se não identifica unicamente com Deus pela identificação da sua ação com a vontade divina, mas possui a Deus e goza de Deus segundo um modo que é para nós misterioso, que é puro dom gratuito de Deus e que eleva a criatura a uma plenitude de ser e de felicidade realimente inexprimível. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E eis aqui toda a regra de vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
LECLERCQ, Jacques. <b>Diálogo do homem e de Deus</b>. 6 ed, Coimbra: Casa do Castelo, 1965. p.107-109.</div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8811765605870568879.post-4021660823110772202016-02-10T15:47:00.001-08:002016-02-10T15:52:38.164-08:00Quaresma - tempo de mortificação<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-KcPkDhfC6WI9DsJEKqlfznvnYc3JzwS6R0yK88CPnMFx8GPYMJrhMjW2eeqTKXUJtsW8gVO_5okYIn11NFk_in-X7KprhnlG51G6TpIIlnnasKt_YYUwV9fundx282G0chVgIrtDEX5Z/s1600/4515141912_025be4fce1_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="273" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-KcPkDhfC6WI9DsJEKqlfznvnYc3JzwS6R0yK88CPnMFx8GPYMJrhMjW2eeqTKXUJtsW8gVO_5okYIn11NFk_in-X7KprhnlG51G6TpIIlnnasKt_YYUwV9fundx282G0chVgIrtDEX5Z/s320/4515141912_025be4fce1_o.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os católicos observamos a Quaresma como um tempo de preparação para a Páscoa. A princípio, viu-se a necessidade de uma preparação de três dias, que se tornou o que hoje chamamos de "tríduo pascal". Mas, pela enormidade do significado, os cristãos acharam por bem aumentar o tempo de preparação, e estabeleceram o sugestivo número de quarenta dias. 40 é um número que aparece recorrentemente na Bíblia, e indica sempre um período delimitado que é como que uma tensão preparatória para algo. O símbolo maior desta preparação se dá no jejum que Jesus, inspirado pelo Espírito, faz no deserto e que antecede o começo da sua vida pública.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Toda preparação busca desenvolver os meios necessários para aquilo que se vai executar. Assim, Jesus jejua e é tentado pelo demônio. Na quaresma, nós somos convidados a jejuar, fazer mortificações, e enfrentar os nossos demônios. O deserto é, já, um lugar difícil, áspero, escasso em objetos de satisfação. Portanto, é o lugar propício para o combate. Não à toa, é o lugar para onde Deus leva Israel a fim de falar-lhe ao coração. No deserto da quaresma, Deus deseja também falar-nos e nos preparar para o esponsal que Ele mesmo realizará, não mais no deserto, mas num jardim, sobre uma árvore frondosa cujos frutos anularão os efeitos do pecado: a árvore da Cruz.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Quero neste texto meditar um pouco sobre o significado das mortificações. Quase ninguém insiste nisso, hoje, e a pregação dos padres se resume, no mais das vezes, à dimensão política. A Campanha da Fraternidade, posta durante a quaresma, também não ajuda. Esta desatenção às mortificações é profundamente prejudicial. A Igreja sempre declarou, nos seus santos e doutores, que estas são não somente uma recomendação, mas uma necessidade para a vida espiritual, de modo que quem não se mortifica não avança. Os santos, que são os verdadeiros representantes do cristianismo, foram dela muito amigos e não dispensavam oportunidades de praticá-la. Dada, então, a sua importância essencial na vida cristã, falemos dela.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mortificar significa fazer morrer alguma coisa. Há em todos nós forças internas que nos impelem para a direção contrária à que deveríamos seguir. Todos nós sabemos disso por experiência: nós somos gulosos, luxuriosos, egoístas, violentos, orgulhosos, vaidosos, preguiçosos, covardes, dissolutos. A mera tomada de consciência dessas coisas não é, contudo, suficiente para nos fazer mudar. Uma coisa é conhecer o que eu deveria ser e não sou, e outra muito diferente é ter a força de me tornar isso que eu deveria ser. São Paulo apóstolo descreve, de modo formidável, o drama pelo qual passa todo filho de Adão que intenta conformar-se ao Cristo: </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i>"Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. <u>Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço</u>. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. <u>De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim</u>. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito <u>o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.</u> <u>Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço</u>. <u>Ora, se eu faço o que não quero, já não o faço eu, mas o pecado que habita em mim</u>. Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros." (Rm 7,14-23)</i></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Vemos aqui que o pecado é como uma lei interna nossa, e, além disso, Paulo lhe atribui autoria pelo pecado, como se ele fosse um falso eu em nós. Qualquer perspectiva espiritual que não perceba isso tudo é mera ilusão. Daí se vê a puerilidade de certos discursos que atribuem o não ser santo a apenas uma questão de falta de vontade, de "safadeza" pessoal, como se o "participar da natureza divina" estivesse ao alcance do homem. Ledo engano. Nós não somos auto-suficientes, e, além do fato de a santidade estar infinitamente acima dos nossos esforços naturais, nós sequer sabemos o que seja um santo antes de nos tornarmos um. Assim, mesmo que tivéssemos a força necessária - o que não é mesmo o caso -, não poderíamos nos dar aquilo que não conhecemos. É uma contradição trivial.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A santidade, junto com as virtudes teologais, nos é dada por Deus. Não há outra fonte. E devemos mesmo desesperançar de querer produzi-la por nossos meros esforços. O que fazer, então? Dissemos que a santidade nos é dada por Deus, e, sendo esta a nossa vocação e a razão mesma da nossa existência, é claro que Deus deseja dá-la a todos os homens. E por que não o faz? Porque não encontra a devida abertura na nossa alma. Não há espaço em nós para que Deus aja, e isto porque estamos vivendo ainda sob a lei do pecado e estamos inchados de egoísmo. O que fazer, então? Felizmente a nossa natureza não está de todo estragada. A luz da inteligência ainda dá conta de perceber verdades fundamentais, e a vontade, devidamente informada, pode ainda dispender certos esforços necessários para que a ação de Deus se dê. Contudo, nada é fácil.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O problema fundamental é o seguinte: desde que nascemos, estamos viciados no prazer, o que nos torna egoístas. Abraçamos o que nos agrada, rejeitamos o que nos desagrada, e assim atribuímos às coisas e pessoas como que uma segunda natureza, que ofusca a sua identidade verdadeira, e, assim, falseia a nossa visão de todas elas, inclusive de nós mesmos. Este vício começa bem antes de tomarmos consciência do problema. Logo, temos dele anos e anos de prática. Como o prazer é manipulável, aprendemos a provocá-lo, a intensificá-lo e a mediar as nossas relações sempre com vistas nele. O nosso eu se torna, assim, o eixo da nossa existência; se torna um ídolo que se fortalece na medida em que sacrificamos valores, coisas e pessoas no seu altar. Esta centralidade do ego é o que se chama egoísmo. E é importante frisar: quando nos percebermos egoístas, já o teremos sido por muito tempo. Assim, não é a simples tomada de consciência e o desejo de deixar de sê-lo que serão suficientes para resolver o caso. Pelo contrário, se não cuidarmos, será bem capaz que o próprio desejo de sermos bons e santos tenha por motivação última o próprio egoísmo. No lusco-fusco da nossa alma, tateando entre sutilezas e obscuridades, vamos errando no caminho qual estrelas perdidas, e se confiarmos em nossa própria cegueira, cairemos, infalivelmente, no buraco; teremos fracassado.</div>
<div style="text-align: justify;">
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O que fazer, então? Duas coisas: a primeira é pedir ajuda a Quem pode nos ajudar, que é Deus, e a segunda é fazer o pequeno papel que nos cabe. Falemos um pouco da primeira.</div>
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Pedir ajuda a Deus não se resume a rezar. Nosso Senhor estabeleceu meios objetivos para que participássemos daquilo que Ele nos conseguiu na Cruz. Aquilo que Ele conseguiu foi a Graça divina, e os meios objetivos são os Sacramentos. Sem a força da Graça propiciada pelos sacramentos todo o projeto de santidade é apenas um projeto mal orientado.</div>
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O que nos cabe fazer é rezar e nos mortificar. Como nós temos essa busca natural pelo prazer, que sempre nos limita e nos condiciona, a mortificação, com vistas a nos devolver a liberdade de uma ação mais correta, buscará atacar o eu a partir de desconfortos voluntários ou da aceitação de desconfortos involuntários, o que nos dará as mortificações ativa e passiva.</div>
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O princípio do prazer espraia-se em tudo quanto fazemos: amizades, trabalho, ocupações diversas, oração, etc,: tudo está como que abrangido por ele. Costumamos chegar atrasados no trabalho ou ficamos felizes se saímos antes da hora porque o nosso ego não se agrada de que lhe sejam impostas obrigações. Se rezamos, gostamos de sentir Deus e procuramos ativamente por ficarmos em paz, às vezes reduzindo as nossas orações - ou as intensificando - precisamente quando estamos necessitados. Sempre é o nosso eu quem dita. Sempre é a nossa vontade a nossa verdadeira senhora. Quando nos mortificamos, nos impomos desprazeres, e nos acostumamos ao desconforto, começa a acontecer uma coisa estranha em nós. A princípio, será só tédio, impaciência, desconfiança, desatenção, cansaço, angústia. Mas, se perseveramos, a melhora se segue ao amargor do remédio. Vamos percebendo que estávamos como que bêbados e sonolentos - nem isto sabíamos! -, e agora a consciência meio que acorda e passa a luzir num outro nível. Contornos sutis da realidade, antes despercebidos, se revelam qual um degradê de montanhas sequenciadas que estavam encobertas pela névoa da concupiscência. A cor postiça que impúnhamos aos entes empalidece e a cor real, subjacente à nossa ilusão, desponta. Não apenas as coisas se revelam, mas as relações entre elas também se tornam visíveis, e o próprio gosto nelas presente, uma vez que tenhamos aprendido o desapego e a fruição desinteressada, se dá a nós sem esquivas. Estes são efeitos que estão ao alcance mesmo de uma ascese natural, não necessitando ainda da Graça santificante para serem experimentados. Mas é claro que tais efeitos não serão imediatos.</div>
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Além do efeito anticoncupiscência e seu ulterior despertar - que se dá como iluminação da inteligência -, a mortificação revigora a vontade que andava enfraquecida sob os ditames da sensibilidade e do desejo. Aquele "outro" que nos habita, e que era testemunhado por São Paulo como autor do mal, perde terreno e o nosso verdadeiro eu, antes desmaiado nalguma sarjeta interior, recupera os sentidos e lhe passa a exercer maior resistência, podendo, aos poucos, tomar-lhe as rédeas. Isto libera certas energias da alma, o que dá à existência um grande senso de vitalidade e inclusive melhora a saúde e aprimora o caráter. Ao contrário do que dizem por aí, que pessoas mortificadas são sujeitos cabisbaixos e sem gana, é uma vida permissiva e dissoluta que mina a disposição e gera timidez, tristeza, angústia e fraqueza.</div>
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Por fim, a mortificação faz a pessoa perceber o seguinte: se eu desejo algo e, não obstante, eu o renuncio, como que se cria entre o desejo e o eu um espaço, e este espaço torna evidente que o eu não é o desejo. Quando deixo de me identificar aos meus desejos, aos meus apegos, aos meus caprichos, poderei encontrar, sob os escombros desses movimentos automáticos, a sede da minha liberdade e a minha verdadeira identidade subjacente. Perceberei que não é uma relação óbvia que um desejo engendre uma ação, pois o desejo pode me surgir como um estranho, uma espécie de rebelião interna a que é preciso pacificar. Não é outra coisa a "noite dos sentidos", de São João da Cruz. Uma vez que a "casa está sossegada", o verdadeiro eu assume liberdade e seus movimentos ficam desimpedidos. Isto permite uma satisfação de um nível totalmente superior, e é esta satisfação, resultante da saúde da alma e da sua operação em correspondência à sua natureza espiritual, que pode ser corretamente chamada de alegria. Não é que o prazer cessa de existir; reencaixado na santidade, ele até será mais intenso, enquanto que desprovido de seus apelos desordenados. Ele será também não um fim das ações, mas um acompanhante, um efeito de uma vida reta, ordenada, e reconciliada com a realidade.</div>
Fábio Graahttp://www.blogger.com/profile/08825929150817210859noreply@blogger.com0