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Sobre a Interpretação da Sagrada Escritura

Deus se comunica a todos os homens, desde tempos remotos, além de outras fontes, pela Sagrada Escritura. É certo que todos os seus autores, embora dotados de um estilo próprio e envolvidos dentro de um contexto cultural, escreviam, no entanto, sob a ação do Espírito Santo. E, embora haja na Bíblia algumas inexatidões históricas, há, porém, perfeição em seu sentido espiritual. Naquilo que a Bíblia se propõe expressar, ela é infalível. Nisto consiste o dogma da "Inerrância Bíblica". Portanto, qualquer que seja o texto, seu sentido espiritual é verdadeiro, profundo e, mesmo, atual.

É necessário, porém, não se lançar a fazer qualquer interpretação imediata da Bíblia. É claro que existem trechos mais simples, se bem que profundos; mas também há outros em que é preciso orientar-se. O erro de querer interpretar a Bíblia por si mesmo é, em si, a causa de tantas heresias e movimentos não católicos no decorrer da História. Ora, se Deus se propôs revelar-se, Ele o fez e confiou os sagrados ensinamentos e a reta interpretação à Sua Igreja. Alguns, afirmando que o estilo dos escritores é simples, lançam-se a qualquer conclusão precipitada da Sagrada Escritura; confundem simples com simplório. Em verdade Cristo deseja que haja ordem e submissão. Uma prova de que nem todos podem compreender, à primeira vista, o reto ensinamento cristão é que Jesus, antes de ressuscitar Lázaro, reza a Seu Pai nestes termos: "dou-te graças, Pai, porque escondes estas coisas aos soberbos e as revelas aos humildes". Desta forma, já sabemos que a simples presunção humana não alcança, não mergulha na substância das Escrituras. É aos simples que é revelado o Mistério. No entanto, não quer isto significar que não se deva ter o estudo devido, que não se deva preparar-se intelectualmente. Desta forma, cairíamos no "fideísmo", doutrina já condenada por João Paulo II, que consiste em propor uma Fé que despreze a razão. Não é disto que Cristo fala; aliás, há mesmo quem, por um pretexto de utilizar a virtude da pobreza, não se prepare intelectualmente, negligencie os estudos. Nada mais errado. A estes, lanço a ordem de S. José Maria Escrivá: "Se puder ser sábio, não te permito que não o seja". O que Cristo quer ensinar é que desde os ignaros aos mais intelectuais, todos devem revestir-se de santa humildade diante dos mistérios do Eterno, reconhecendo que estes os ultrapassa ao infinito. Só assim, o homem se porá à disposição de ser ensinado. Apenas que senta humildemente aos pés do Mestre e O escuta com quietude e humildade, poderá ser ensinado. Mas... Aqui ainda reside um risco: acreditar-se desprovido de orgulho e bem intencionado e partir para a interpretação pessoal da Bíblia. É preciso submeter-se; textos há em que pode haver dúvida. Nestes momentos, sinal de humildade é reconhecer que a Igreja é Mãe e Mestra em Fé e Moral, e saber dela o que o texto significa. Sobre a livre interpretação da Bíblia, S. Pedro já a condenada em uma de suas cartas: "A Sagrada Escritura não está aberta à livre interpretação". Em outro texto, Pedro adverte a alguns discípulos que não se apressem a interpretar erroneamente os textos de Paulo, pela sua complexidade. Pedro afirma que, embora os textos em si sejam úteis, podem constituir perigo para os que os interpretem a seu modo particular, sem recorrer a uma reta orientação. O próprio Cristo, interrogado por seus discípulos sobre o porque de se expressar por meio de palavras, responde: "Para que olhem e não vejam; ouçam e não compreendam". Ora, isto não quer dizer que seus ouvintes não tenham feito suas próprias conclusões, mas antes, que tais conclusões não se identificavam com a Verdade única e absoluta. Só aos amigos são revelados os segredos do Céu. Podemos provar mesmo pelos efeitos desta presunção de confiar na própria interpretação sem se submeter à experiência e infabilidade da Igreja o quanto é perigoso e o quanto isto pode distanciar de Deus e da reta verdade. Aliás, todos os mestres do passado estranhariam esta forma de religiosidade onde o discípulo forma-se a si mesmo sem submeter-se a um mestre; no máximo, ririam de certas denominações... Se o Espírito é um e unifica, se Deus é absoluto e não se contradiz, prova é de não ser de Deus as imensas contradições destas denominações outras. Nelas muitas formas há de interpretar um mesmo texto; aliás, a oferta é numerosa; no entanto, Cristo é apenas um e Sua Verdade não é dúbia. Se há, por isto, tantas versões de interpretações, isto quer significar que, com excessão da Verdadeira, todas as demais são falsas. De fato, como dizia o Apóstolo Paulo: "Não há comunhão entre a luz e as trevas". S. Francisco também já afirmava: "quando a bandeira da Verdade ergue-se, todas as demais têm que ceder". É preciso, por isto, para que se possa verdadeiramente compreender os mistérios do Cristo, submeter-se à Sua Amada Esposa, a Igreja. A ela, e somente a ela ao Amado quis revelar-se. De fato, que Esposo seria infiel à sua Esposa? Não caiamos neste erro de querer saber sem mestres. Isto não quer dizer que não possamos ler a Bíblia particularmente; podemos e devemos. Mas, devemos também conhecer a reta e perfeita doutrina da Igreja, para que não corramos o risco de cair em heresia, e ter a humildade de, diante de um texto difícil, perguntar a alguém mais experiente e confiável. Chega de RR. Soares, Edir Macedo, Silas Malafaia, Ellen White e seus disparates! Queiramos Cristo inteiro, na Igreja que Ele mesmo instituiu firmada sobre Pedro e os Apóstolos e sobre a qual as portas do inferno nunca prevalecerão. Que assim seja, Amém.
Fábio Luciano
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