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De novo: Batismo por imersão, por efusão e infantil. Evidências.

Imagem supostamente milagrosa onde a água do batismo toma a forma de um terço

Já escrevemos sobre o assunto aqui, mostrando a diferença fundamental entre o batismo de João Batista e o batismo inaugurado pelos Apóstolos, que é o batismo cristão. Logo, não há porque regrar um pelo outro. Mas, pressupondo aquele texto, que sugerimos que o leitor veja antes deste, eu gostaria de trazer essas evidências de batismo cristão sem ser por imersão já nos primeiros séculos, bem antes de Constantino.

A primeira evidência, já descrita no outro texto, se refere ao episódio imediatamente posterior a Pentecostes. Pedro toma a palavra e converte cerca de três mil pessoas. Eles estavam em Jerusalém. Logo depois da pregação, os que os ouviam perguntaram: "Que devemos fazer, irmãos?" (At 2,37), ao que Pedro responde: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vós, para os vossos filhos e para todos os que ouvirem de longe o apelo do Senhor, nosso Deus." (At 2,38-39) O episódio é concluído assim: "Os que receberam a sua palavra foram batizados. E naquele dia elevou-se a mais ou menos três mil o número de adeptos."

Antes de falar propriamente do batismo por efusão, notemos algumas coisas neste texto:

- É Pedro quem fala em nome da Igreja - Pedro é o Papa;

- O batismo dá o dom do Espírito Santo; portanto, não é meramente simbólico. Nele, ocorre algo real, concreto, ontológico: a doação do Espírito Santo. É a realização do que disse Jesus a Nicodemos: quem não renascer da água e do Espírito não pode herdar o Reino dos Céus; portanto, diferente do que dizem os protestantes, que afirmam ser o batismo uma simples ordenança, ele tem ligação necessária com a salvação (Cf. 1Pe 3,21);

- O batismo causa a remissão dos pecados. Existem dois tipos de pecado: os que cometemos e os que herdamos de Adão. Logo, embora a criança não tenha os primeiros, possui o segundo, que é suficiente para vedá-la o acesso a Deus, e que foi a razão da Redenção. Logo, também as crianças devem batizadas para que lhe seja perdoado o pecado original e possa, recebendo o Espírito Santo, que é o Espírito de filiação, salvar-se;

- A idéia do batismo infantil é reforçada em Pedro dizer que a promessa não é apenas para os pais, mas também para os filhos; portanto, o batismo não faz acepção de idade;

- A mesma idéia é sugerida ainda por vários outros textos em que os apóstolos aparecem batizando "toda a casa"; logo, também as crianças;

- Os adeptos são ditos tais depois do batismo. Portanto, o batismo deve estar no início da vida cristã, e não no meio.


Repetimos agora o que dissemos no outro artigo: em Jerusalém não havia rios. Portanto, não é possível que aquelas três mil pessoas tenham andado 43 quilômetros até o Jordão para serem batizadas. Eles o foram ali mesmos. Não havendo rios, o batismo não foi, obviamente, por imersão.

A Didaché, escrito do século I, traz igualmente a possibilidade de o batismo ser por efusão:

"Na falta de uma (água corrente) ou outra (água parada) [para imersão], derrame três vezes água sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Did. VII, 3)."

Lembramos que a Didaché é um escrito cristão cuja autenticidade é reconhecida por quaisquer estudiosos, católicos ou não. É fora de dúvida que é autêntico. Portanto, isso prova irrefutavelmente que os cristãos, já no século I, admitiam outras formas de batismo.

Uma outra evidência para isto vem de uma imagem da Catacumba de Domitila, do final do Séc. III, isto é, entre 250 e 300 d.C. Reforçamos que isto é anterior a Constantino, que é o Imperador que os protestantes gostam de dizer, sem nenhum fundamento, que foi o responsável pela suposta corrupção da cristandade - que obviamente nunca ocorreu. Lembremos: as catacumbas eram os lugares onde os cristãos se escondiam das perseguições. Elas hoje nos dão variadíssimas informações sobre a vida e a Fé dos primeiros; sobre as imagens que eles produziam e sobre costumes que eram comuns entre eles. Abaixo, ponho a imagem de uma Pia Batismal encontrada na referida Catacumba:

A imagem ao fundo é um poço, e a da direita embaixo é uma pia batismal.

Se percebe claramente que ninguém pode mergulhar nisso aí, a menos que seja bem infante. E, se fosse o caso, estaria provado o batismo infantil.

Ah, e por falar nisso, ainda no século III, encontramos também a gravura de um batismo infantil na Catacumba de São Calisto. Confira:


De onde tirei a imagem e a datação: Fonte 1, Fonte 2, Fonte 3, Fonte 4, Fonte 5

Note que a imagem acima serve pra provar duas coisas: que o batismo infantil ocorria e que não precisava ser por imersão. Não deixa de ser engraçado, então, que sites protestantes, ironicamente ostentando o título de "compromisso com a verdade", mintam descaradamente, dentre outras coisas, datando, de modo totalmente arbitrário, o início do batismo infantil no ano 416, século V, quando todas as evidências, históricas e teológicas, mostram que o batismo infantil data do início da Igreja.

Veja o que diz Sto Irineu de Lião, já no Séc. II:

"Jesus veio salvar todos por meio d'Ele mesmo, quer dizer, os que através d'Ele nasceram de novo de Deus: os recém-nascidos, os meninos, os jovens e os velhos" (Adversus Haereses, 2,22.4)

Em inglês

"For He came to save all through means of Himself-all, I say, who through Him are born again to God -infants, and children, and boys, and youths, and old men." Fonte: Early christian writings

Já Orígenes, também no Séc. II e início do III, escreve:

"A Igreja recebeu dos Apóstolos a tradição de dar batismo também aos recém-nascidos. Pois eles a quem os segredos dos divinos mistérios foram comprometidos estavam conscientes de que em todo mundo estava a contaminação inata do pecado, que precisava ser lavada através da água e do Espírito." (Comentário sobre a Epístola aos Romanos, Livro 5, 9, 11)

Em inglês

"The Church has received the tradition from the apostles to give baptism even to little children. For they to whom the secrets of the divine mysteries were commited were aware that in everyone was sin's innate defilement, which needed to be washed away through water and the Spirit." (Commentary on the Epistle to the Romans, Book 5, 9, 11)

São Cipriano, no século III, diz:

"Não se o deve proibir (o batismo) à criança, que, ainda recém nascida, em nada pecou, a não ser na medida em que, nascida de Adão segundo a carne, contraiu o contágio da morte antiga pelo primeiro nascimento, e que por isso mesmo mais facilmente se aproxima da remissão dos pecados porque lhe são perdoados não os pecados próprios, mas os alheios" (Carta a Fido)

Interessante notar essa relação que Cipriano explicitamente faz do batismo e da graça conferida por meio dele. Isso prova que, desde o início, a compreensão do batismo é bem católica.

Observe agora esta outra imagem - que não dá pra discernir se é criança ou adulto pelo desgaste da figura ao lado. Mas, como o braço, e não só a mão, está na altura da cabeça, ao invés de vir de baixo pra cima, como ocorreria se fosse um adulto o batizado, pode-se supor com algum grau de probabilidade que o batizante é bem maior que o batizado, o que sugere a possibilidade de este ser uma criança - retirada das Catacumbas de São Marcelino e São Pedro, também do terceiro século:



Fonte da Imagem, Fonte 2, Fonte 3

Perceba que ele também não é feito por imersão.

O Dicionário da Bíblia Oxford diz o seguinte:
"Evidências arqueológicas dos primeiros séculos mostram que o batismo era às vezes administrado por submersão ou imersão... mas também por efusão de um vaso quando água era derramada na cabeça do candidato..."

A História do Cristianismo edições Cambridge afirma que esse costume de derramar água três vezes na cabeça do batizando era um costume comum:

"A Didache (...) assume que a imersão era normal, mas ela permite que se água suficiente para imersão não está à disposição, a água pode ser derramada três vezes sobre a cabeça." e ainda "Este último deve ter sido um arranjo frequente, pois corresponde à maioria das representações do batismo dos artistas dos primeiros séculos. As primeiras casas de encontros cristãos conhecidas por nós, em Dura Europos, no Eufrates, datando do início do século III, contêm uma bacia muito rasa para imersão." (p.160-161)
Mas não se pense que o batismo por imersão não é praticado pela Igreja. Abaixo, imagem de batismo por imersão na Igreja Católica:



Inclusive, a coisa é tanta o reverendo W. A. McKay, talvez pelas evidências históricas de batismos por efusão, escreveu um trabalho acusando a Igreja Católica Apostólica Romana de ter inventado o batismo por imersão! Cada um com suas maluquices, não é? Mas ele se baseia num argumento curioso. Escreve ele, nesse livro que traz o longo nome de "Imersão provada não ser um modo de batismo da Escritura mas uma invenção romana e imersionistas mostram desconsiderar a autoridade divina em recusarem o batismo aos filhos infantes dos crentes", referindo-se ao batismo do Eunuco realizado por Felipe em At 8,38-39, único testemunho bíblico mais explícito do batismo de cristãos:

"Onde está a evidência de que o eunuco foi mergulhado? 'Porque', grita o Batista, "ele desceu com Felipe à água e depois saíram de novo. Mas não é tal insignificância razoável com o senso comum? Milhares não descem à água e saem de novo sem mergulharem na água? Isto não está dizendo que Felipe desceu à água e saiu tanto quanto o eunuco? Eles 'ambos' foram. Se então eles provam que o eunuco foi imergido, eles provam que também Felipe foi imerso." (Immersion proved to be not a scriptural mode of baptism but a romish invention and immersionists shewn to be disregarding divine authority in refusing baptism to the infant children of believers, p. 47)

Interessante que enquanto uns acusam a Igreja de ter inventado o batismo por efusão, outros a acusam de ter inventado o batismo por imersão, rs. Mas, enfim, depois de tudo isso, a conclusão inelutável é a seguinte: o batismo pode ocorrer tanto por imersão quanto por efusão, e os primeiros cristãos batizavam sim crianças.
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2 comentários:

  1. por favor, gostaria de saber onde estar registrado na biblia que herdamos o pecado de adão, ou orígenes que falou isto. aguardo a resposta meu kerido. Deus te abençoe. abraços

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  2. Olá, Fernando. Seja bem vindo.

    Bem, que nós herdamos o pecado de Adão, é um consenso entre todos os cristãos. As consequências do pecado, descritas por Deus em Gn 3,14-19, podem ser vistas entre nós. Só isso já sugere que nós nos contaminamos daquele pecado.

    Paulo escreve: "Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores" (Rm 5,8) e esclarece ainda mais no versículo 10, que nós éramos inimigos de Deus e fomos reconciliados com Ele por meio de Jesus. Antes do Cristo, estávamos em inimizade com Deus, e este estado de inimizade era logicamente herdado de Adão.

    Do versículo 12 em diante, escreve Paulo: "Da mesma forma como o pecado entrou no mundo por meio de um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram; (abro um parênteses para ver essa relação necessária: todos morrem porque todos pecaram. No entanto, se uma criança morre, como podemos dizer que ela pecou? Na verdade, ela morre por ter herdado o pecado original, que é herança de Adão), pois, antes de ser dada a lei, o pecado já estava no mundo. Mas o pecado não é levado em conta quando não existe lei. Todavia, a morte reinou desde o tempo de Adão até o de Moisés, mesmo sobre aqueles que não cometeram pecado (...) Se muitos morreram por causa da transgressão de um só, muito mais a graça de Deus, isto é, a dádiva de um só homem, Jesus Cristo, transbordou para muito! (...) Por um pecado veio o julgamento que trouxe condenação, mas a dádiva decorreu de muitas transgressões e trouxe justificação. Se pela transgressão de um só a morte reinou por meio dele, muito mais aqueles que recebem de Deus a imensa provisão da graça e a dádiva da justiça reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo. Consequentemente, assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens, assim também um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens. Logo, assim como por meio da desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores (aqui fica claríssimo!), assim também, por meio da obediência de um único homem, muitos serão feitos justos. (Rm 5,12-19)

    O próprio fato de nascermos com inclinações perversas indica que a concupiscência surgida do pecado de Adão é-nos transmitida. Paulo indica que nós somos justificados em Jesus Cristo, a partir da Sua Paixão. Ora, o que nos faz participar da Paixão de Jesus é precisamente o batismo.

    "Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?"

    Como essa é uma doutrina óbvia no cristianismo, absolutamente todos os comentadores cristãos dos primeiros séculos falam explicitamente sobre isso, pois o pecado original é exatamente a razão de ser da Redenção. Se o pecado de Adão morresse com ele, não haveria necessidade nenhuma de salvar as demais pessoas.

    E é por isso que Jesus diz que é preciso nascer de novo, pois o primeiro nascimento foi estragado.

    Quaisquer dúvidas, pergunte. Abraço!

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