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Sacramento da Eucaristia


Seguindo com a explanação dos Sacramentos, ouso escrever algo sobre o maior deles; na verdade, todos os demais Sacramentos convergem para ele, de tal forma que se costuma dizer que ele seja O Sacramento. Se, enfim, todos eles têm como fim a Deus, isto é, são meios para Deus, o de que agora tratamos não é apenas meio, mas o próprio fim. Falamos de um Sacramento que é Deus. Deus Sacramento, a Eucaristia.

Antes, é importante notar que este é um dos pontos que diferem a Santa Igreja Católica de todas as demais denominações religiosas. É mesmo um ponto de contradição para a tão almejada união dos credos. De fato, Nosso Senhor, ao expor a necessidade de recebermos tal sacramento, foi abandonado pela multidão, restando-lhe apenas os amigos mais íntimos. Isto acontece ainda hoje. São tão poucos que permanecem fiel a tão augusto mistério.
Sendo Deus, logicamente, deve ser o centro das nossas vidas. A Eucaristia é, como dizia S. Pe. Pio, o Sol da Igreja. Ele chega mesmo a afirmar que seria mais fácil a terra viver sem o sol do que sem a Eucaristia. Alegorias à parte, creio firmemente que a sentença também seja uma verdade literal. Pois bem. Daí podemos também concluir que a Santa Missa deve ser, então, o centro de nossa espiritualidade, da nossa vida, e do nosso dia. A partir dela, se presta o maior culto de adoração possível a Deus, e é por meio dela que vem a nós Jesus, pelas mãos do sacerdote ordenado.

Primeiramente, vejamos algumas considerações que podem esclarecer um pouco este mistério. Vimos, pela explicação sobre os Sacramentos em geral e também, na que trata do batismo, que todos eles foram instituídos pelo próprio Cristo, e o poder de exercê-los foi conferido à Igreja (Cf Mt 16,19). No Sacramento da Eucaristia, Jesus o institui na quinta feira santa, um dia antes de Sua morte. Reunido com os seus discípulos, é também a noite da instituição do sacerdócio. Transubstanciando o pão e o vinho em Sua carne e Seu sangue, os oferece como comida e bebida, conforme já o tinha dito: “Minha carne é verdadeira comida e Meu sangue é verdadeira bebida”(Jo 6,55). Após a celebração da primeira Santa Missa, ordena aos Apóstolos: “Fazei isto é memória de Mim”(Luc 22,19). É importante dizer que a Santa Missa (mais adiante, discorreremos mais especificamente sobre ela como um todo) acontece de forma atemporal, isto é, não se limita a uma cronologia. Não existem, por exemplo, duas Santas Missas. É sempre uma só, a mesma, porque é sempre o Sacrifício Redentor de Cristo, que aconteceu uma vez por todas. Sempre se dá uma atualização, fora do tempo cronológico, onde dizemos que habita o tempo Kairos, o tempo de Deus. Mas, este acontecimento está também relacionado com a ordem dada por Cristo aos Apóstolos para a celebrarem em “memória” dEle. Há aqui um perigo de mal interpretação, segundo a qual, a Santa Missa seria apenas um memorial, no sentido de lembrança do que já aconteceu. Não é assim. O termo que Cristo usou foi “anamnesis” que seria melhor traduzido como “tornar presente”. E é justamente isto: a Santa Missa torna presente o Sacrifício de Cristo, assim como também a Sua Ressurreição. É na Santa Missa que a Eucaristia vem a nós, também como cumprimento da promessa de Jesus: “Eis que estarei todos os dias convosco até o fim do mundo”(Mt 28,20).

É difícil tratar de um tema tão profundo. Ele está intimamente ligado com dois outros temas, profundíssimos: a Santa Missa, e a Paixão que, embora estejam abraçados a ponto de serem a mesma coisa, podem ser tratados de forma específica. Mas, tentemos tatear passos neste mistério abismal...

Na Antiga Lei, os judeus costumavam fazer sacrifícios. Estes já eram uma prefiguração do único Sacrifício de Cristo. Após matar cordeiros (Jesus é o Cordeiro de Deus), eles o assavam (Eucaristia – Santo Agostinho diz que é o Pão assado no fogo do Espírito Santo) e o comiam (prefiguração da Comunhão). A hora do Sacrifício dos animais era às três horas da tarde (hora da Morte de Jesus). O Sacrifício dos cordeiros era expiatório; o cordeiro era morto em lugar dos habitantes da região por causa dos seus pecados. O ritual era feito anualmente, pelo sumo-sacerdote. Tudo isto é prelúdio da Nova Aliança, onde Cristo assume o lugar do Sumo-Sacerdote: “Suas vestes eram tecidas de alto a baixo em peça única, sem costura” (Jo 19,23). O próprio Cristo oferecia a Vítima, e Ele mesmo era a Vítima. O sacrifício que antes tinha um limite tanto geográrico, como temporal, em Cristo assume valor eterno. Por isto, é dito Nova e Eterna Aliança (Cf Hb 12,24 – 13,20).

Os remidos por Cristo passam a ser Seu Corpo Místico, sendo Ele mesmo a cabeça, e nós, seus membros. Estes renascidos, nova humanidade, unidos numa só Fé, num só Batismo e numa só Igreja, precisarão alimentar-se do Corpo do Cordeiro. Esta é a ordem dada por Cristo: “Se não comerdes carne do Filho do Homem e não beberdes o Seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos” (Jo 6,53) ou “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna”(Jo 6,54). Sendo o próprio Deus, não simbolicamente, mas de fato, não devemos fazer da Eucaristia uma simples devoção, ou ter para com ela uma espécie de veneração; não. Devemos, ao invés, prostrarmo-nos diante dela como sendo o próprio Deus, porque o é. Devemos arder de amor ou, como dizia Elias, nos devorarmos de amor pelo Cristo Eucarístico, e adorá-lo com toda a força de nossa alma, numa Fé pura e livre que, uma vez livre das prisões dos sentidos, erga-se rapidamente e sem erro a estas realidades altíssimas. Eis o pão seco dos fortes, como o expressou Edith Stein. Como Elias que após comer o pão misterioso teve forças para andar vários dias (I Re19,5-8), assim também, neste exílio é nossa necessidade alimentarmo-nos deste Pão que é Deus. Assim como Tobias declarava que seu alimento era um pão e um vinho desconhecidos (Tb 12,19), assim também, o alimento de nossa alma, se possível diário, deve ser a Eucaristia. Eis a comida dos amantes do Amado. É a partir da vivência dos Sacramentos e da constância no Mistério da Eucaristia que somos, aos poucos, divinizados, isto é, transformados nEle, no Cristo, formados segundo a semelhança do Homem perfeito, o Novo Adão, que é Jesus. Isto Ele mesmo disse a Sto Agostinho: “Quando me comungas, não és tu que me transformas em ti, como acontece com os outros alimentos; mas Eu te transformo em Mim”. E, como dizia S. João da Cruz, o amor é maior onde há maior semelhança. Devemos ainda considerar que é atitude de profundo amor que o Cristo queira permanecer entre nós. Outrora, escondia de nós Sua forma divina; hoje esconde-nos, até mesmo, Sua forma humana, como nos ensina Sto Tomás de Aquino. Se antes fora um radical rebaixamento, assumindo a nossa pobre natureza, agora, assume então a forma de coisa, rebaixa-se a um estado tão vizinho do nada, como o explica Sta Tereza, para estar perto de nós. Como não arder de amor por Ele? Que insensibilidade é esta que faz alguém perder a Santa Missa por motivo fútil? Eis o ensinamento de Deus Pai a Santa Catarina de Sena: “aos que tratam a Eucaristia com deszelo, até os demônios sente asco dessas almas”.

Terminando este muito simples apanhado de algumas questões, evidenciamos que é preciso confessar-se regularmente. Mais adiante trataremos deste Sacramento. Não deve aproximar-se do banquete eucarístico, se o fiél estiver em pecado grave. Do contrário, estaria praticando sacrilégio e, ainda, comendo a própria condenação, como ensina S. Paulo. Afinal, ter a consciência de que não se está em condições de recebê-Lo é também um ato de Fé. Isto, porém, não é desculpa para faltar à Santa Missa e, também, não se deve passar tempo sem confessar-se. O ideal é que este Sacramento da Penitência seja buscado sempre que houver necessidade, pois ele destrói os vícios e robustece a vontade de perfeição em nós.

Acima de tudo, é preciso amar a Deus e adorá-lo com toda potência de nossa alma. E, enfim, terminando, ponho aqui o que disse S. Pe. Pio quando lhe perguntaram como alguém deve assistir à Santa Missa. Eis a resposta: “como a assistiram Nossa Senhora e o Apóstolo João aos pés da Cruz”.

A todos a paz.

Fábio Luciano
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