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Petição de um novo ano mariano em 2012-2013


Caríssimos, em 2012 fará 25 anos desde o último ano mariano, proclamado por João Paulo II. Além disto, o clássico Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de S. Luís Maria Grignion de Montfort, completará seus 300 anos. 

Por estes e outros motivos, deu-se início a uma campanha de petição ao Santo Padre Bento XVI para que institua 2012-2013 como um novo Ano Mariano, tempo propício para dar ênfase ao papel singularíssimo de Nossa Senhora e também para a divulgação do referido Tratado e, consequentemente, da Consagração que ele recomenda.

Por isto, nós pedimos aos leitores e amigos: assinem a petição. Agradecemos.

Angelus cantado em latim

Uns poucos trechos do Chesterton


"Tanto quanto um homem possa ter orgulho de uma religião com raízes na humildade, sinto-me muito orgulhoso da minha e especialmente daquilo que, em tom pejorativo, é chamado de "superstição". Sim, tenho orgulho de estar acorrentado a dogmas "vetustos" (assim falam meus confrades jornalistas), pois sei perfeitamente que são as heresias que morrem, e os dogmas razoáveis que vivem bastante tempo para serem olhados como antiguidades."
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"As pessoas de fora pensam ver o convertido entrar de cabeça baixa, numa espécie de igrejinha cujo interior - estão convencidas - é guarnecido como uma prisão ou uma câmara de tortura. Mas, tudo o que sabem a esse respeito é que ele atravessou uma porta. Ignoram que ele se dirigiu, não para uma obscuridade interior, mas para a luz do dia claro.

Por certo, no último minuto, o convertido tem muitas vezes a sensação de olhar através de uma janela de leprosário. Ele olha por uma pequena fenda ou um orifício tortuoso, que parece tornar-se menor quando o fixa; mas é uma abertura que leva ao altar.

Apenas quando penetra na Igreja, é que ele descobre que esta é bem maior por dentro do que por fora. (...) Pode dizer então, num sentido desconhecido a todos os modernos, certas palavras antigas, cheias de serenidade: "Romanus civis sum; não sou escravo..."
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"A Igreja Católica é a única coisa que poupa ao homem a escravidão degradante de ser produto do seu tempo. As novas religiões, sob muitos aspectos, são adaptadas às novas circunstâncias, mas quando as circunstâncias tiverem mudado no espaço de cerca de um século, os pontos sobre os quais insistem hoje terão se tornado quase sem interesse...

Quando a nova religião semeou seu único campo de trigo, que o vento leva geralmente para longe, torna-se estéril. Ao contrário, a Igreja Católica possui uma grande variedade de riquezas; pode fazer uma seleção entre os séculos e salvar uma época por meio de outra. Pode apelar para o velho mundo a fim de restabelecer o equilíbrio do novo...

A Igreja defendeu a tradição, em uma época que rejeitava e desprezava estupidamente a tradição. Mas foi simplesmente porque a Igreja é sempre a única a defender tudo que é, no momento, estupidamente desprezado.

Daí por diante começa a aparecer como a campeã exclusiva da razão no século XX, como o fora da tradição no século XIX... No meio de todas as filosofias irracionais, a nossa permanece a filosofia racional."
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"Tornar-se católico não significa que se deixe de pensar, mas que se aprende a pensar. Pela primeira vez, o convertido católico tem um ponto de partida para pensar correta e seriamente. Pela primeira vez, tem o método para estabelecer a verdade de qualquer problema...

O que se chama hoje de livre pensamento, é apreciado por alguns, não porque seja o pensamento livre, mas porque é a libertação de pensar, a livre ausência de pensamento..."
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"Algumas pessoas, especialmente entre os jovens, abandonam a prática do catolicismo. Mas ninguém o abandona pelo protestantismo. todos o abandomam praticamente pelo paganismo...

Abandonam por coisas, não por teorias; e quando têm teorias, elas podem ser, às vezes, teorias bolchevistas ou futuristas, mas nunca são praticamente as teorias teológicas do protestantismo.

Não direi que abandonam o catolicismo pela cerveja e pelo boliche, pois o catolicismo, ao contrário do que fez às vezes o protestantismo, nunca implicou com essas instituições. Abandonam-na para se entregarem à boa vida...

Sei que os velhos racionalistas alegam que a razão lhes impede a volta à fé, mas é falso: não é mais a razão, e sim a paixão...

Sentem, de maneira não destituída de razão, que o fato de tomarmos posição diante do catolicismo significa assumir responsabilidades que agem constantemente como um freio."

G.K. Chesterton citado por Agnès de La Gorce em Convertidos do Século XX

Poesia sobre a Encarnação do Verbo - S. João da Cruz


Já que o tempo era chegado em que fazer-se devia
o resgate da esposa que em duro jugo servia,
debaixo daquela lei que Moisés dado lhe havia,
o Pai com amor terno desta menria dizia:
- Já vês, Filho, que tua esposa à tua imagem feito havia,
e no que a ti se parece contigo coincidia;
mas é diferente na carne, que em teu simples ser não havia
pois nos amores perfeitos esta lei se requeria,
que se torne semelhante o amante a quem queria
porque a maior semelhança mais deleite caberia;
o qual, por certo, em tua esposa grandemente cresceria
se te visse semelhante na carne que possuía.

Minha vontade é a tua - o Filho lhe respondia -
e a glória que eu tenho é tua vontade ser minha;
e a mim me agrada, Pai, o que tua Alteza dizia,
porque por esta maneira tua bondade se veria;
ver-se-á teu gran poder, justiça e sabedoria;
irei a dizê-lo ao mundo e notícia lhe daria
de tua beleza e doçura, de tua soberania.

Irei buscar minha esposa e sobre mim tomaria
suas fadigas e dores em que tanto padecia;
e para que tenha vida, eu por ela morreria,
e tirando-a das profundas, a ti a devolveria.

Então chamou-se um arcanjo que S. Gabriel se dizia,
enviou-o a uma donzela que se chamava Maria,
de cujo consentimento o mistério dependia;
na qual a santa Trindade de carne ao Verbo vestia;
e embora dos três a obra somente num se fazia;
ficou o Verbo encarnado nas entranhas de Maria.
E o que então só tinha Pai, já Mãe também teria,
embora não como outra que de varão concebia,
porque das entranhas dela sua carne recebia;
pelo qual Filho de Deus e do Homem se dizia.

Quando foi chegado o tempo em que de nascer havia,
assim como o desposado, do seu tálamo saía
abraçado a sua esposa, que em seus braços a trazia;
ao qual a bendita Mãe em um presépio poria
entre pobres animais que então por ali havia.
Os homens davam cantares, os anjos a melodia,
festejando o desposório que entre aqueles dois havia.
Deus, porém, no presépio ali chorava e gemia;
eram jóias que a esposa ao desposório trazia;
e a Mãe se assombrava da troca que ali se via:
o pranto do homem em Deus, e no homem a alegria;
coisas que num e no outro tão diferente ser soía.

S. João da Cruz, Romantes Trinitários e Cristológicos, Toledo, Cárcere - 1578.

25 de março - Anunciação do Senhor, Encarnação do Verbo e Consagração à Virgem Santíssima


"Vedes com que simplicidade? - "Ecce ancilla!..." - E o Verbo se fez carne. - Assim agiram os santos: sem espetáculo. Se houve, foi apesar deles. (...) Ó Mãe, Mãe!  Com essa tua palavra - "fiat" - nos tornaste irmãos de Deus e herdeiros da sua glória. - Bendita sejas! (S. Josemaria Escrivá, Caminho)

Hoje, dia 25 de março de 2011, é um grande dia para nós, cristãos, e, de um modo bastante particular, também para mim.

Como se sabe, hoje nós celebramos a Anunciação do Anjo Gabriel à Virgem Maria e, partir do seu consentimento ao plano divino, a Encarnação do Verbo ao seio bendito desta que se proclamou ser a humilde serva.

Dia feliz, porque é o início da reconciliação de Deus com os homens! Deus veio habitar entre nós, primeiramente no seio daquela que será como o seu "paraíso particular", segundo a expressão de S. Luís Maria Grignion de Montfort. Neste abismal ato da Encarnação, em que o Filho de Deus assume a nossa pobre condição de homens, com exceção do pecado, reside, já, todo o segredo íntimo da vida de Nosso Senhor, que é, em última instância, uma perfeita submissão à vontade do Pai. Habitando no seio virginal da Virgem Maria, Nosso Senhor em tudo se lhe torna submisso e, mesmo depois de ter nascido, não obstante fosse Deus verdadeiro, Soberano e Onipotente, permaneceu submisso a ela, imitando o seu "faça-se", que repetirá na sua angústia.

Bendito mistério! Deus vem partilhar da dor humana para que o homem participe da alegria divina. Verdadeiro esponsal entre a terra e o céu, consumado na Cruz, a nova árvore da vida, prefigurado no batismo do Senhor pelo abrir dos céus, mas já iniciado efetivamente neste mistério da Encarnação.

Contemplar Jesus residindo em Maria é grandioso. E eis aí o segredo: se o nosso perfeito e adorável modelo é o próprio Cristo, devemos imitar-lhe a submissão a esta bondosa Mãe. É Maria quem forma os filhos de Deus. Foi por ela que nos veio o fruto divino, anunciado por Gabriel, em oposição a Eva que, tentada pelo anjo soberbo, ofereceu à humanidade o fruto da perdição.

A santidade, portanto, consistirá em imitar a Cristo submisso. Deixemos que Nossa Mãe, assim como ensinou Jesus a andar, a falar, a ler as escrituras, etc., ensine-nos, também, para que cheguemos à plenitude da idade perfeita de Nosso Senhor. A Virgem Santíssima, não obstante o seu silêncio e escondimento, foi elevada por Deus a grandes alturas. Deus assim o quis, para nossa felicidade!

E eis, agora, Maria, diante do anjo, totalmente ciosa de sua pureza e plenamente submissa ao projeto divino, que, por ora, não entende perfeitamente. Mas, à semelhança de Abraão, ainda que sem ver, ela aceita e se abandona. Eis, caríssimos, o traço comum de todos os amigos de Deus. Que Maria, verdadeira Mãe de Deus, nos ensine.

E hoje é, ainda, o dia em que eu me consagrarei, juntamente com mais dois amigos, à Virgem Santíssima pelo método de S. Luís Maria Grignion de Montfort. Dia feliz! Mil vezes feliz! Neste dia veio a nós o Novo Adão, Aquele que tudo recriou. Também para nós, hoje é início de uma nova vida.  E isto é particularmente significativo para mim que, a princípio, não era muito devoto de Maria. Mas Deus varreu meus escrúpulos. Ser devoto e íntimo da Mãe de Deus - coisa não apenas recomendável, mas necessária - é como ter acesso a um constante bálsamo de ternura. A Santíssima Virgem, agora o sei um pouco, é mui doce.

Que a Soberana Senhora providencie para que esta nova vida possa ser agradável aos olhos divinos. Que ela nos ensine o segredo da sua humildade e do seu abandono, para que também nós, seus filhos, possamos com ela dizer:

"Olhou para a pequenez de seus escravos... Por isso nossa alma exulta n'Ele, nosso Salvador"

Bendito seja Deus por nos conceder esta honra.
Bendito seja Deus pelo mistério da sua Encarnação.
Bendito seja Deus pela Virgem Santíssima.
Bendito seja Deus por Si mesmo.

Salve Maria Santíssima

Fábio.

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Sugiro, para o dia de hoje, esta breve, singela e profunda oração.

Converter é Libertar


Toda conversão é uma longa paciência divina, que respeita a soberana liberdade de sua criatura. A Deus não interessam os gestos de humilhação de um robô ou de um escravo. Ele espera longamente a sua hora.

Converter é libertar - dizia Antoine de Saint-Exupéry. Tradução nova da eterna mensagem de São João: A verdade vos tornará livres.

Nada traduz melhor uma conversão do que a imagem da libertação. Desfazem-se as amarras, tombam as cadeias, abrem-se as portas, a plena luz do meio-dia irrompe na cela escura. Um homem ajoelha-se balbuciando de alegria diante dAquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

F. Lelotte, S.J., Convertidos do Século XX

Feliz Comunicado


O Grupo de Resgate Anjos de Adoração quer comunicar aos amigos, leitores do blog e demais simpatizantes uma grande alegria e uma grande honra. Nesta sexta feira próxima, dia 25 de Março, Encarnação do Senhor, três membros do GRAA se consagrarão a Nossa Senhora pelo método de S. Luís Maria Grignion de Montfort. Segue o nome dos futuros escravos da Soberana:

Breno Kennedy
Fábio Luciano
Rafaely Alencar

A consagração se dará logo após a Santa Missa celebrada pelo Pe. Nilton, às 19h, no convento das Irmãs da Fraternidade O Caminho, em Maceió-AL. Estamos muito felizes por esta grande honra que Deus nos concede, e pedimos aos que nos lêem as suas bondosas orações.


Grupo de Resgate Anjos de Adoração - GRAA

CF 2011 X Quaresma


A Campanha da Fraternidade deste ano, mais uma vez estrategicamente posta em simultâneo com a Quaresma pela sempre tão conveniente CNBB, traz o tema: "Fraternidade e Vida do Planeta"; e o lema: "a criação geme em dores de parto".

Acredito que basta ir a uma Via Sacra onde se sigam as indicações da cartilhazinha organizada pela CNBB para perceber que ali algo não vai bem. E quero, com esta postagem, falar um pouco sobre esta campanha - bem ou má intencionada - de avacalhação de uma quaresma verdadeiramente católica.

Primeiramente, para compreender o que é a quaresma, nós temos que adentrar em todo o mistério da humanidade decaída e, depois, redimida pela Cruz do Senhor. Nós vivemos um paradoxo: ao mesmo tempo em que gozamos dos efeitos da redenção operada por Cristo no Calvário, ainda mantemos em nós aquelas inclinações às formas variadas de egoísmo e que são, segundo uma expressão comum, a cicatriz do pecado original. Temos, pela Graça, a vida eterna começada, mas, conforme nos diz S. Paulo, guardamos este tesouro em vasos de barro. Para que ele não se perca, é preciso vigiar e combater os inimigos que nos tentam arrebatar esse bem. A Igreja nos ensina que são três os inimigos contra os quais devemos pugnar: o demônio, o mundo e nós mesmos.

A ida ao deserto, que é o que fazemos misticamente na Quaresma, visa retirar de nós os excessos, estes excedentes que nos distraem da nossa meta. É um lugar de combate em que, auxiliados pela graça, aprendemos a manejar a arma da cruz e estreitamos os nossos laços com Deus. Este combate se fará pela oração, pela ascese (jejum, abstinência e mortificações) e pela caridade com os irmãos, com particular ênfase na prática da esmola.

A quaresma, então, é o tempo da Igreja em que, despojados de tudo quanto nos possa distrair, voltamos os nossos olhos ao Cristo, unimo-nos aos Seus sofrimentos e passamos, misticamente, pela Sua morte para participarmos, igualmente, da alegria da Sua ressurreição na Páscoa. A Igreja, como mestra, nos orienta sobre os passos que devemos dar para lograr êxito nesta santa empresa. Este ano, particularmente, Sua Santidade frisa a importância das promessas batismais e pede que a quaresma seja, para nós, um tempo de reafirmá-las e de buscar uma coerência de vida ainda maior com estas promessas.

No Brasil, no entanto, por causa da CF, fala-se muito pouco e muito genericamente do real sentido da quaresma. As vias sacras, que deveriam ser profundas meditações dos mistérios da Paixão, instrumentalizam estes mistérios para servirem de analogias às questões ecológicas. A ambiguidade das orações e das jaculatórias é gritante. Mal se fala da penitência e do jejum. Aliás, este último, quando mencionado, perde a sua dimensão pessoal e se converte em estratégia de fazer sobrar comida no intuito de partilhá-la com os indigentes. Não que isto não seja importante; claro que é, é fundamental. Mas o jejum não tem uma dimensão somente social. O que parece é que, por trás de tudo, permanece aquela perniciosa ideologia que, à força da ambiguidade, vai se perpetuando*.

E, nestes comentários e preces, sempre há uma identificação muito fácil dos poderosos e dos ricos com a causa do mal. São vistos como a personificação do demônio, o que é, no mínimo, muito precipitado. Mesmo os termos usados nas orações e petições já denunciam a ideologia esquerdista. As lentes de interpretação do mundo são de antemão viciadas. A coisa parece evidente, e, no entanto, prossegue sem fim.

Não fosse já um mal distrair a atenção dos católicos dos assuntos espirituais para uma ecologia de matiz comunista, a CF prossegue promovendo inúmeros erros teológicos, além de passar como verdade uma teoria que já foi repetidas vezes provada ser falsa: a do aquecimento global.

O planeta terra é tomado como a obra prima da criação, o que é falso! A obra prima é o ser humano, constituído, inclusive, senhor da criação. Se há excessos na relação do homem com o mundo, é outra história. Isto, porém, não é suficiente para alterar a ordem das coisas.

Depois, a corrupção do mundo é vista sob um aspecto naturalista, como se a causa fosse a exploração humana da natureza, quando, na verdade, sabemos que tudo é consequência do pecado, do mistério da iniquidade que adentrou no mundo e o pôs sob o império do maligno (1Jo 5,19). E, se há já um equívoco sobre a gênese e a natureza deste sofrimento da criação, a coisa piora quando percebemos que, por estas campanhas ecológicas, a esperança de redenção é posta no próprio agir do homem. No fundo, a coisa se assemelha a uma espécie de ateísmo prático. Deus seria somente o conscientizador, o orientador. Mas caberia ao homem a efetivação desta libertação, entendida como cessação da exploração ambiental.

Estamos aí diante de uma teologia totalmente equivocada e, com certeza, não-católica. Perdeu-se de vista a natureza e o sentido da quaresma. Depois, não é de espantar que tão poucas sejam as conversões, tão grande seja a mediocridade e tão mínima seja a alegria que a Páscoa desperta nas almas dos fiéis. É que eles simplesmente já não sabem o que comemorar. Aprenderam que o drama era puramente natural e social. De repente, a Igreja celebra a ressurreição de Cristo enquanto os problemas sociais permanecem. Não é de estranhar a confusão e a pouca motivação.

"Buscai primeiro o Reino de Deus e a Sua Justiça e tudo mais vos será acrescentado." Quando damos prioridade ao terreno, e não ao espiritual, nós invertemos a hierarquia, isto é, objetivamente causamos uma desordem e nenhum bem efetivo pode vir daí. Pretender salvar o mundo pelas próprias forças é condená-lo de vez, porque é cair numa ingenuidade que não convém. "Sede prudentes", dizia Nosso Senhor, como quem diz: "sede mais espertos". Quando, porém, damos prioridade a Deus e permitimos que toda a transformação venha dEle, deixando que esta transformação ou conversão se dê primeiramente em nós, então caem as escamas das ideologias, e, animados pela verdade, aprendemos o modo mais eficiente de causar, também, uma real mudança social, segundo os princípios objetivos do bem.

Para melhor explicar isto, transcrevo uma parte de uma homilia do então Cardeal Ratzinger - a mesma que pus num dos posts precedentes sobre S. José. Escreve ele:

"Hoje não nos agrada que nos falem do céu, porque achamos que isso poderia afastar-nos dos nossos deveres terrenos, alienar-nos do mundo. Pensamos que devemos não só transformar a terra num paraíso, manter os nossos olhos cravados nela, mas até dedicar-lhe por inteiro o nosso coração e as nossas mãos. Mas é precisamente ao fazê-lo que destruímos a Criação. Pois os anseios do homem, por assim dizer a seta dos seus anelos, apontam para o infinito. E continua a ser verdade, hoje mais do que nunca, que nada senão Deus é capaz de saciar o homem. Fomos criados de tal maneira que todas as coisas finitas são insuficientes, que precisamos sempre de mais: de um Amor infinito, de uma Beleza e Verdade ilimitadas.

Este desejo não pode ser sufocado em nós, mas podemos perder de vista a meta. E então procuramos extrair o infinito, a plenitude infinita do finito. Queremos um céu na terra, esperamos e exigimos tudo dela, desta vida e desta sociedade. E na medida em que queremos extrair o infinito do finito, destroçamos a terra e tornamos impossível a convivência numa sociedade ordenada, porque os outros nos parecem obstáculos ou ameaças, já que tiram da vida e do mundo um pedaço que no fundo queremos para nós mesmos.

Só quando aprendermos a olhar novamente também para o céu é que a terra voltará a iluminar-se. Só quando revivermos em nós toda a grandeza da esperança numa vida eterna com Deus, quando voltarmos a ser peregrinos rumo à eternidade e não nos agarrarmos a esta terra, só então a nossa esperança voltará a brilhar também neste mundo e lhe comunicará a esperança e a paz."

Joseph Ratzinger, Homilia sobre São José.

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Enfim, o que concluímos disto? Primeiro: que a CF e todo este movimento de teor naturalista se fundamentam num tremendo reducionismo do ser humano. Segundo: Que ele nubla a nossa condição de exilados. Terceiro: que pretendendo fazer da terra o céu, ele exige dela mais do que pode dar e, daí, termina por agravar a exploração que intenta combater.

Tudo isto é muito grave, mas há particularmente uma passagem do Evangelho que eu considero que deveria fazer tremer os defensores e promotores da CF: "se alguém escandalizar um só desses pequeninos, melhor seria se amarrasse uma pedra ao pescoço e se lançasse no lago" (Mc 9,2). É com tristeza, porém, que vemos que os desviados são muito mais que um. Comunidades inteiras de desavisados e  de pessoas totalmente crédulas, inocentes que consideram a CNBB a voz infalível da Igreja, seguem repetindo os slogans marxistas e assimilando os seus falsos pressupostos.

Para terminar, esclareço que não defendo a abstenção dos movimentos sociais. Não, de forma alguma. Deve haver, inclusive, grupos que ponham um particular acento neste aspecto. Mas tal deve ser feito fora da quaresma e sempre dentro de uma teologia verdadeiramente católica, seguindo os princípios da Doutrina Social da Igreja, e sem reducionismos e ambiguidades.

Rezemos pela Igreja.

Fábio
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*Como se sabe, o marxismo não é simpático à prática da esmola. Mas ela acaba se tornando instrumento didático, enquanto pode ser incentivada como um modo de devolver ao pobre aquilo que lhe foi tirado. Por trás disto, há a concepção falsa de que a apropriação de algo implica sempre num roubo. A caridade, então, seria devolver o objeto deste roubo. Deste modo, segue, sob aparência cristã, a promoção da ideologia que prega contra o direito de propriedade.

Homilia do Cardeal Ratzinger sobre S. José



Pude ver há pouco, na casa de uns amigos, uma imagem de São José que me fez pensar. É um baixo-relevo que procede de um retábulo português da época barroca, e que retrata a noite anterior à fuga para o Egito.  Vê-se uma grande tenda, aberta; do alto, aproxima-se um anjo, e na abertura da tenda está deitado José - dormindo, mas vestido como um peregrino, um viajante, calçado de grandes botas de cano alto, como as que se usam em duras caminhadas. Aquilo que à primeira vista nos pode parecer um pouco ingênuo - que esse José adormecido seja ao mesmo tempo um viajante -, é na verdade o que confere profundidade à imagem e nos permite compreender alguma coisa da messagem que encerra.

Coração Aberto

José dorme, é verdade, mas ao mesmo tempo está pronto para escutar a voz do anjo. Irradia, por assim dizer, aquilo que diz o Cântico dos Cânticos: Eu dormia, mas o meu coração velava (Ct 5,2). Os sentidos repousam, mas o fundo da alma está aberto. A tenda aberta faz-se imagem do homem que é capaz de ouvir no profundo, para dentro e para o alto; que está suficientemente aberto para que a vida de Deus e dos seus anjos consiga penetrar até os ouvidos do seu coração. É nessa profundidade que a alma de todo o homem toca a Deus, e é a partir de dentro que Ele quer falar-nos a cada um de nós, é ali que está próximo de cada um.

No entanto, costumamos estar atulhados de negócios, de preocupações, de esperanças e desejos de todo o tipo. Estamos tão repletos das imagens e urgências que o dia de hoje nos traz, que, por mais despertos que estejamos exteriormente, adormecemos interiormente e já não somos capazes de ouvir a voz que fala no nosso íntimo. A alma encontra-se, por assim dizer, tão obstruída de lixo, são tantas as muralhas que ergueu contra a proximidade de Deus, que o Senhor e a sua voz não conseguem chegar até nós.

Ao longo da Idade Moderna, deu-se uma evolução que nos tornou cada vez mais capazes de dominar o mundo e de fazer das coisas o que queremos; mas esse progresso do nosso poder sobre as coisas, do nosso conhecimento quanto ao que podemos fazer com elas, levou ao mesmo tempo a uma redução da nossa sensibilidade, de forma que o nosso universo se tornou unidimensional. Estamos dominados pelas nossas coisas, por aquilo que podemos tomar nas mãos e usar para alguma finalidade útil. No fim das contas, acabamos por não olhar senão para nós mesmos e já não perscrutamos as profundezas da Criação, que continua - hoje como sempre - a falar-nos da beleza e da bondade de Deus.

José adormecido, mas ao mesmo tempo pronto para ouvir para dentro e para o alto é o homem do recolhimento interior e da prontidão. A tenda da sua vida está aberta, e é assim que ele nos fala e nos convida a afastar-nos um pouco do vozerio dos sentidos para recuperarmos o recolhimento, para aprendermos a olhar para dentro e para o alto, a fim de que Deus possa voltar a tocar a nossa alma e falar-lhe. Penso que a Quaresma é um período especialmente adequado para que pratiquemos esse afastamento das preocupações cotidianas que nos oprimem e nos voltemos para o nosso íntimo.

Perder-se para encontrar-se

Há um segundo ponto. José está, por assim dizer, pronto para erguer-se de um salto. Está pronto para despertar e fazer o que Deus lhe manda. E aqui toca o centro da vida de Nossa Senhora, presente na resposta que Ela deu no momento decisivo da sua existência: "Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra" (Lc 1,38). Essas palavras podem igualmente aplicar-se a José, à sua prontidão em erguer-se: "Eis o teu escravo! Faz de mim o que quiseres". Como também se podem aplicar as da resposta de Isaías, no momento em que é chamado por Deus: "Senhor, aqui estou. Envia-me!" (Is 6,8). São palavras que impregnarão daí por diante toda a sua vida.

Mas há ainda outro texto da Sagrada Escritura de que nos lembramos neste momento - o anúncio que Jesus faz a Pedro: "Serás levado para onde não queres ir" (Jo 21,10). José, o homem da prontidão, fez dessas palavras, voluntariamente, a medida da sua vida. Estava à disposição para deixar-se levar também para onde não queria ir. A sua vida inteira é uma seqüência de docilidades, de se deixar conduzir.

Tudo começou com esse primeiro encontro em que o Anjo o introduziu no mistério da maternidade divina de Maria, no mistério do Messias. Interrompendo abruptamente a vida silenciosa, humilde e serena que ele pretendia levar, lançou-o na aventura da vida de Deus no meio dos homens. Bem se pode dizer que o arrebatou para junto da sarça ardente (cfr. Ex 3,1-22), para o encontro imediato com o mistério do qual devia ser testemunha e copartícipe. E logo se revelou o que isso significava: o nascimento do Messias não poderia ocorrer em Nazaré. José teve de partir para Belém, a cidade de Davi, mas também não seria ali que o Messias nasceria, porque os seus não o receberam (Jo 1,11). O mistério da Cruz ergueu-se sobre essa hora, e o Senhor teve de nascer num estábulo, fora da cidade.

A seguir, veio o novo encontro com o Anjo, que levou José ao exílio no Egito (Mt 2,13-15). Ali compartilharia o destino dos desabrigados, dos sem-lar, dos refugiados, dos estrangeiros que têm de procurar um lugar para si e para os seus. E sobre o retorno à terra de origem pendia novamente uma ameaça...

Mais tarde, veio o episódio doloroso dos três dias de ausência de Jesus (cfr. Lc 2,41-52), que faziam pressagiar o mistério dos três dias que decorreriam entre a Cru e a Ressurreição, dias de vazio, de ausência do Senhor. E assim como o ressuscitado não havia de simplesmente voltar à sua antiga vida, ao convívio com os seus, mas disse: "Não me retenhas [...]. Subo para o meu Pai. Só poderás estar comigo se quiseres subir tu também" (cfr. Jo 20,17), assim agora, quando Jesus foi encontrado no Templo, mostraram-se claramente a distância, a gravidade e a altura do Mistério, quando Jesus Menino pareceu pôr José no seu lugar, dirigindo-lhe ao mesmo tempo o olhar para o alto: "Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?" (Lc 2,19). É como se lhe dissesse: "Tu não te chamarás pai; és apenas o tutor, o homem a quem está confiada a tarefa de me guardar, mas nela foi confiado à tua guarda o mistério da Encarnação".

Por fim, José morreria sem poder ver manifestada a missão de Jesus. Tudo, todos os seus sofrimentos e esperanças, permaneceriam ocultos no silêncio. A sua vida não foi uma vida de auto-afirmação, em que o homem procura desenvolver ao máximo as suas potencialidades ou realizar tudo o que pretende. Não foi uma vida de auto-afirmação, mas de autonegação, de renúncia: "serás levado para onde não queres ir".

José não tomou posse da sua vida, deu-a. Não realizou um plano que tivesse elaborado com luzes próprias e posto em prática com a sua vontade, mas entregou-se às mãos dos desígnios divinos, entregou a sua vontade à vontade de outro, a uma vontade maior, à própria Vontade divina. Pois é exatamente quando isso acontece, quando o homem se perde a si mesmo, que ele se encontra a si mesmo.

Sim, é só perdendo-nos a nós mesmos, dando-nos nós mesmos, que nos recebemos. Quando isso acontece, não é a nossa vontade que prevalece, mas a de Deus: "Não se faça a minha vontade, e sim a tua" (Lc 22,42). Quando se cumpre aquilo que pedimos - "seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu" -, faz-se na terra uma pequena parte do céu, pois então a terra é como o céu. Assim José, o homem que se perde a si mesmo, o homem que renuncia, que por assim dizer segue por antecipação o Crucificado, mostra-nos o caminho da fidelidade, o caminho da ressurreição e da vida.

Sob o sinal de Abraão

Há ainda um terceiro ponto. Esse José está vestido como um peregrino. Desde o momento em que soube do Mistério, a sua existência foi um estar a caminho, uma peregrinação. Está sob o sinal de Abraão: porque a história de Deus, a história de Deus entre os homens, que é a história dos seus escolhidos, começa com a vocação do pai comum: "Deixa a tua terra e sê um estrangeiro" (cfr. Gn 12,1). José prefigura a existência cristã porque revive a existência de Abraão. A primeira Epístola de São Pedro e a Epístola aos Hebreus insistem fortemente nesta verdade: como cristãos, dizem-nos os Apóstolos, devemos considerar-nos estrangeiros e peregrinos, simples hóspedes (cfr 1Pe 17;2,11) neste mundo. Porque a nossa morada ou, como diz São Paulo na Carta aos Filipenses, a nossa cidade está nos céus (Fil 3,20)

Hoje já não nos agrada que nos falem do céu, porque achamos que isso poderia afastar-nos dos nossos deveres terrenos, alienar-nos do mundo. Pensamos que devemos não só transformar a terra num paraíso, manter os nossos olhos cravados nela, mas até dedicar-lhe por inteiro o nosso coração e as nossas mãos. Mas é precisamente ao fazê-lo que destruímos a Criação. Pois os anseios do homem, por assim dizer a seta dos seus anelos, apontam para o infinito. E continua a ser verdade, hoje mais do que nunca, que nada senão Deus é capaz de saciar o homem. Fomos criados de tal maneira que todas as coisas finitas são insuficientes, que precisamos sempre de mais: de um Amor infinito, de uma Beleza e Verdade ilimitadas.

Este desejo não pode ser sufocado em nós, mas podemos perder de vista a meta. E então procuramos extrair o infinito, a plenitude infinita, do finito. Queremos um céu na terra, esperamos e exigimos tudo dela, desta vida e desta sociedade. E na medida em que queremos extrair o infinito do finito, destroçamos a terra e tornamos impossível a convivência numa sociedade ordenada, porque os outros nos parecem obstáculos ou ameaças, já que tiram da vida e do mundo um pedaço que no fundo queremos para nós mesmos.

Só quando aprendermos a olhar novamente também para o céu que e a terra voltará a iluminar-se. Só quando revivermos em nós a grandeza da esperança numa vida eterna com Deus, quando voltarmos a ser peregrinos rumo à eternidade e não nos agarrarmos a esta terra, só então a nossa esperança voltará a brilhar também neste mundo e lhe comunicará a esperança e a paz.

Diante disto, agradeçamos a Deus neste dia por esse santo do recolhimento, da prontidão, da obediência, da entrega a Ele, da peregrinação confiada nas promessas divinas, e do serviço devotado também a este mundo. Agradeçamos por esta solenidade em que vemos como também hoje os homens se abrem uma e outra vez à vontade de Deus, ouvem a sua chamada e partem para onde Ele quiser conduzi-los. E peçamos a graça de que nos seja concedida essa atitude de vigilância e prontidão, a graça de que a plenitude dessa esperança penetre a nossa vida e nos conduza para Deus, que é o nosso autêntico destino na comunhão da vida eterna.

Joseph Ratzinger, Homilias Sobre os Santos.

Hoje, dia 19/03, é dia de S. José.

Aí vai uma música a S. José cantada por uma menina que gosto bastante, a Angelina. O video começa com ela falando. Mas tenham paciência: já já ela canta. =D É em inglês.
S. José, Esposo de Maria, rogai por nós para que possamos viver nossa vida com Jesus, como vc fez.

Resposta II - Comunhão e Intercessão dos Santos e a Virgem Santíssima


Este é outro ponto em que se torna patente a desonestidade do rapaz. Reproduzindo no seu blog uma resposta minha à sua pergunta, ele fez questão de pôr lá apenas uns pedacinhos... rs. Desafiou-me a mostrar pelo menos uma passagem da Sagrada Escritura em que a intercessão de Maria é demonstrada. Eu citei as bodas de Caná, mas ele fez que não viu.. rsrs..Nesta passagem, Jesus efetivamente realiza seu primeiro milagre pela interseção de Maria.

Como eu ainda demonstrasse outras alusões da Sagrada Escritura sobre a Virgem Santíssima, já que não eram termos explícitos - não continham o nome da Virgem Santíssima, nem seu endereço ou CPF; enfim, não tinha um desenho seu lá - , o rapaz deduziu que era uma 'forçação de barra'. rsrs...

Interessante. Seguindo a lógica protestante, na Sagrada Escritura não diz que a Virgem Maria tenha morrido. Donde se deduz que ela não morreu. rsrs.. Aceite as consequências do seu método, rapaz...


No entanto, a interseção, não somente da Virgem Santíssima, mas dos santos em geral, é facilmente provada, mesmo que pelas sagradas escrituras. Vamos lá.

Eita, que eu morri...
A dificuldade reside na crença errada de alguns deles de que os mortos ficam dormindo. Não haveria imortalidade da alma. Aquele que passasse pela experiência da morte ficaria num estado de inconsciência até a vinda definitiva de Jesus, onde Nosso Senhor ressuscitará os mortos. No entanto, leiamos o que diz S. Paulo:

"Porque o viver pra mim é Cristo e o morrer é lucro. Mas, se o viver no corpo é útil para meu trabalho, não sei o que devo preferir. Sinto-me pressionado dos dois lados: por uma parte, desejaria desprender-me para estar com Cristo - o que seria imensamente melhor; mas, de outra parte, continuar a viver é mais necessário, por causa de vós..." (Fl 1,21-24).


Vejam só, que curioso! Morrer, para Paulo, era imensamente melhor. E, por quê? Para estar com Cristo. Portanto, se as Sagradas Escrituras dizem a verdade, então aqueles que morrem em Deus vão para Deus, e não ficam dormindo. Esta imortalidade da alma é algo ainda provado do ponto de vista filosófico. Mas, daqui pra esse pessoal condenar a filosofia é um pulo, já vi. Então, limito-me a provar pela Sagrada Escritura.

Jesus ainda diz em Mateus: "não temam aqueles que podem podem matar o corpo, mas nada podem fazer à alma; temam, antes, Àquele que pode mandar o corpo e a alma para o inferno. (Mt 10,28)

Muito interessante é, ainda, a promessa que Jesus faz ao ladrão: "ainda hoje estarás comigo no Paraíso". Fica, pois, provado pela Escritura que aqueles que morrem na amizade divina vão para Deus.

Pois bem. Qual, pois, a dificuldade de que alguém que está mais perto de Deus interceda por aqueles que ainda labutam neste exílio? Se, como Paulo diz, aquele que vive na amizade divina, ao passar pela morte, vai a Deus, por que não poderia pedir pelos demais?

E temos razão de admitir que, uma vez em Deus, o amor da pessoa é muito mais perfeito, pelo que, com muito maior motivo, convém admitir que poderá pedir a Deus pelos vivos. Porém, para os protestantes, isto parece ser contraditório com a única mediação de Cristo. Eu, particularmente, gostaria de saber como eles interpretam esta declaração claríssima de Paulo sobre a subida da alma a Deus.

Resolvamos, então, quase desenhando, o que os protestontos não entendem. E quanto mais avançamos na argumentação, mais vamos percebendo que eles não entendem nada.

Vamos lá. De fato, a Sagrada Escritura fala da única mediação de Cristo. Sem Cristo, ninguém vai ao Pai. Foi pelo Seu Sangue que fomos reconciliados com Deus. Estas novas relações entre o Céu e os homens já são prefiguradas no batismo do Senhor onde os “céus se abrem” e Deus diz: “este é o meu filho dileto; ouvi-o”. Dizendo isto, Deus Pai como que ensinava aos homens o modo de agradá-Lo, isto é, o modo de se tornarem, também eles, diletos. Na morte do Senhor, o véu do templo rasgou-se de alto a baixo. Este véu era o que separava o Santo dos Santos, a Quem só o sumo-sacerdote tinha acesso, dos demais homens. Pela morte de Cristo, todos nós adquirimos acesso à graça divina.

Portanto, não há competidores para Cristo. Não há rivais. Não há vias alternativas. Não se vai a Deus por Buda, ou por Maomé ou por Lutero.  No entanto, esta falta de competidores não implica em falta de contribuidores. Imaginemos uma grande casa com uma única porta. Esta porta única é o Cristo.  Uma vez, porém, que adentramos neste local, notamos que a única porta de entrada não contradiz a existência de outras portas internas que com ela não competem.

A única mediação de Cristo põe todos os filhos de Deus em comunhão. É a comunhão dos santos. Fazem parte dessa comunhão os filhos de Deus no céu, os que estão no Purgatório e os que ainda estão na terra. Eles formam o corpo místico de Cristo que é a Igreja. O vínculo que os une como seiva de vida comunicada a todos é a caridade. Eles se amam. Daí que, faz parte do amor desejar o bem do outro e contribuir tanto quanto seja possível para a efetivação deste bem. É por isto que rezamos pelo sufrágio das almas no Purgatório, isto é, intercedemos por elas. Também intercedemos uns pelos outros os vivos, e isto sem qualquer contradição com a mediação única de Cristo. Ao contrário, esta mediação única é o que permite toda esta nova dinâmica espiritual. Assim também os bem-aventurados podem pedir por nós.

E isto nada tem a ver com o espiritismo, em que as pessoas consultam os mortos. Deus abomina estas coisas. Quando pedimos a um santo que interceda por nós, cremos que é Deus quem o faz conhecer o nosso pedido. É em Deus que o santo toma conhecimento disto e pede por nós.

Depois, os próprios anjos, que os protestantes aceitam, ao obedecer as ordens de Deus em nosso favor, desempenham sim uma espécie de mediação. Acontece que esta mediação, assim como a dos santos, se dá por dentro da mediação única do Cristo e como que a enfatiza. Não é contraditório. Acontece que este povo faz força pra não ceder. É orgulho inveterado; só isso.

**
E a Virgem Maria nesta história toda? Há uma passagem muito esclarecedora de S. Paulo em que ele diz: “quando ainda éramos inimigos, Deus nos amou”. Por causa do pecado de Adão, os homens se tornaram inimigos de Deus. E toda a história da Salvação, que se dá por iniciativa divina, é produto do amor de Deus.

No entanto, ainda antes de Nosso Senhor ter nascido e morrido por nós, antes de ter nos reconciliado com o Pai, o Altíssimo se encantou por uma criatura: Maria. Ora, isto é bíblico. Basta lermos com atenção, ao invés de fazer uma leitura dinâmica como parece ser o caso das poucas passagens que esse povo lê, e notaremos já nas palavras do anjo Gabriel coisas muito interessantes.


“Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. Encontraste graça diante de Deus. O santo que nascer de ti será chamado Filho do Altíssimo”

Este “cheia de graça” vem do grego “Kecharitomene” que significa plena da graça antes, durante e depois. E isto antes da efetivação da redenção. Dá pra começar a ter uma idéia de quem foi Maria?

E, enquanto os homens ainda são inimigos de Deus, o Senhor é com Maria, como disse o Anjo. “O Senhor é contigo”. Ela achou graça diante de Deus. Era bela, pura e realizava a prefiguração da Escritura: “Que o Rei se encante com a vossa beleza”. Maria encantou a Deus.

Por fim, para completar a sua total oposição à antiga serpente, de quem ela esmaga a cabeça, enquanto o demônio revoltou-se contra Deus, Maria se submeteu de todo: “eis aqui a escrava. Faça-se em mim segundo a tua palavra.” Ela é a perfeitamente disponível a Deus. Aquilo que Jesus dirá aos doze anos: “devo ocupar-me das coisas do meu Pai” será vivido por Maria desde o início. Poucos refletem sobre a coragem heróica de Maria em ter decidido colaborar com o projeto divino, ela que era somente uma adolescente, vivia em um contexto social cujas regras eram severíssimas e era noiva de um homem justo. Maria, no entanto, não pesa as conseqüências. Simplesmente aceita, na esteira do pai da Fé, Abraão.

Tão logo sabe da gravidez de sua prima Isabel, lá vai Maria em viagem a fim de ajudar-lhe durantes os meses restantes até o nascimento de João Batista.

Quando Maria chega na casa de Isabel e lhe cumprimenta, a criança santa no seu ventre salta e Isabel, cheia do Espírito Santo, declara: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?”

“Bendita és entre as mulheres”. Quando lemos esta saudação contrastando com a triste atitude de Eva, Maria surge como figura singularíssima. Pela atitude de Eva, adentrou no mundo o pecado e a morte. Ela, ao comer daquele fruto proibido, o ofereceu a Adão e, disto, o pecado passou para a humanidade. Com Maria se dá algo totalmente oposto. Ela é feliz entre as mulheres porque não partilha da sua culpa e, além disto, é por meio dela que virá a Salvação. Se Eva deu ao mundo o fruto proibido, Maria dá ao mundo o fruto bendito que é Deus. Se foi Lúcifer, o anjo caído, quem convenceu Eva a rebelar-se contra Deus, foi Gabriel, o anjo do Senhor, quem anunciou a Maria a Encarnação do Verbo divino. Ela é feliz, porque desata o nó feito por Eva. De todas as mulheres, é ela a mais feliz, pois Deus achou graça nela e veio habitar em seu seio.

“Bendito é o fruto do seu ventre”. Esta saudação de Isabel ganha uma grande profundidade quando lemos o que diz Nosso Senhor: “conhece-se a árvore pelo seu fruto”. Ora, Cristo é o fruto de Maria. Quem, pois, será Maria? Rsrs...

Isabel chama ainda Maria de “Mãe do meu Senhor” e, detalhe, ela falava sob inspiração do Espírito Santo. Digamos de novo: Deus faz tudo com ordem. A criação e tudo quanto existe o testemunha. Para a encarnação do Verbo, convinha uma criatura de máxima dignidade. Para que o Filho de Deus pudesse ser cuidado, educado, ensinado, seria necessário uma pessoa de alta grandeza. E Jesus foi obediente a Maria, como o testemunha o evangelista Lucas: “Ele lhe era submisso”. E, no entanto, Maria adquire esta grandeza pela sua intimidade com Deus, tanto que podemos ver, nela e em Jesus, um traço muito comum: Jesus, sendo Deus, mostrava-se pequeno. Maria, sendo aquela que encantou a Deus, ocultava-se e silenciava.

Depois de tudo isto, notamos o seguinte: a Sagrada Escritura não é explícita em tudo. Não adianta protestante querer defender leitura dinâmica da Bíblia e compreensão simplista das coisas, o cristianismo é muito mais profundo.

Bom. Se uma alma santa vai para Deus, quanto mais a Mãe de Deus? Ela foi elevada ao Céu de corpo e alma, e isto nos veio pela tradição, pois, para nós católicos, este é um outro fundamento de autoridade – e já mostramos como a Sola Scriptura é irracional. No entanto, mesmo que tal não tivesse ocorrido, Maria estaria com Deus, e gozaria, sem dúvida, de uma dignidade singular, de onde poderia, obviamente, interceder pelos homens. Mas Maria foi sim assunta aos céus de corpo e alma e, então, coroada como Rainha Soberana porque Deus assim o quis na sua Justiça.


 No entanto, ainda que se pense muito a respeito destas coisas, a idéia que surgir da dignidade de Maria estará, ainda, muito aquém de quem ela é.

Fábio.

Resposta à desonestidade de um protestonto - Sola Scriptura


A desonestidade protestante é mesmo de outro mundo! Vi, recentemente, que um sujeito com o qual travo uma certa discussão num dos artigos deste blog, escreveu certas coisas no seu, pretendendo ter refutado as minhas respostas que, misteriosamente, aparecem mutiladas em 90% no seu sítio virtual. E depois, com uma conversa de "evangelho puro e simples" - imitação barata do C.S. Lewis - ludibria os seus leitores, dizendo lorotas.

Que o protestontismo é uma coisa sem-noção, isso eu já sabia. Mas, daí apelar para um erro moral desta natureza, é algo mais grave, é uma questão de falta de caráter. O bom é que este tipo de coisa é prova evidente e irrefutável de que não é o Espírito Santo quem o inspira, e nem é a Verdade de Nosso Senhor que o anima.

Mas vamos lá. Aqui ele não poderá mutilar meus textos.

A princípio, temos de mostrar que o Sola Scriptura que este povo segue não tem qualquer base, nem lógica, nem nas Escrituras. E o que vem a ser esse negócio de Sola Scriptura? Para os protestontos, o único critério para a vivência do cristianismo é a Bíblia. Se algo não está escrito, não deve ser considerado seguro. Só que, daí já surgem vários problemas, incluso o de que a Sola Scriptura não está nas escrituras.

Primeiro, como que surgiu a Sagrada Escritura? Ora, ela não desceu dos céus pronta, como as duas tábuas da lei que foram dadas a Moisés. Não, não... As coisas não são tão simplistas como o supõem os protestontos. Na verdade, foi a Igreja Católica Apostólica Romana que, no séc. IV, pelo Concílio de Nicéia e sob a inspiração do Espírito Santo, reuniu os livros canônicos e rejeitou aqueles que não eram inspirados. Note o seguinte, os livros foram escolhidos por quem tinha autoridade de fazê-lo, isto é, pela Igreja. A autoridade da Igreja era, portanto, anterior à formação do cânon bíblico. E com que critério esta escolha foi feita? Pela retidão doutrinária. A Igreja, mestra da Verdade, reconheceu os livros em que a verdade estava isenta de erros, e retirou da lista aqueles em que o erro gnóstico havia se introduzido.

A própria formação de um cânon supõe uma autoridade. Daí que, uma vez organizada a Sagrada Escritura, se o sujeito fica com esta e rejeita a autoridade que lha formou, cai num ilogicismo crasso, pois o simples fato de dar crédito àqueles livros leva-o a, indiretamente, reconhecer a autoridade da Igreja. É como se, numa mesma atitude, rejeitasse e aceitasse esta autoridade.

Mas, reflitamos ainda sobre esta atitude dos protestantes.

O grande critério da Sola Scriptura
Se a Sagrada Escritura é a única autoridade para o cristianismo, o que se faz com a multiplicidade de interpretações que ela permite? Notemos que esta multiplicidade não leva a proposições somente distintas, mas, muitas vezes, até contraditórias. O livre exame leva rapidamente a um relativismo da verdade, visto que o que foi escrito pode ser interpretado de diversas maneiras. Ora, isso fica muito confortável, pois, se algo na Escritura não agrada um certo indivíduo, este só precisa encontrar um nuance hermenêutico para que o texto em questão se lhe torne mais confortável. O livre exame é uma tremenda sacanagem com a religião! Pois é uma prática onde, segundo critérios subjetivistas, se rejeita ou se elege o que se quer. Não há, aqui, nada daquela condição primeira de toda e qualquer conversão: "negue-se a si mesmo". Ao contrário; o que há no livre exame é uma adaptação grotesca das verdades bíblicas segundo o gosto do sujeito.

Se Nosso Senhor, vindo ao mundo, quis ensinar-nos a Verdade que é Ele mesmo, é óbvio que, para que esta verdade permanecesse íntegra e una, seria preciso eleger uma autoridade que lha ensinasse e que a defendesse dos erros. Quem lê o mínimo de história da Igreja verá como a verdade cristã foi atacada de todos os lados e como a Santa Igreja Católica a defendeu heroicamente, preservando-a, sem erros, até os dias de hoje. E isto, inclusive, é tão somente o cumprimento da promessa de Nosso Senhor: "as portas do inferno não prevalecerão contra a Minha Igreja".

Uma vez, porém, que falte esta autoridade, começam as dissimulações, as falsas interpretações e, em pouco tempo, haveria as doutrinas mais absurdas pretendendo ser as legítimas representantes do Cristo. Depois de Lutero, foi justamente o que aconteceu. Se o livre exame é, como dizem, legítimo e faz com que o Espírito Santo inspire diretamente o leitor solitário, como que se pode conceber que esta inspiração tenha dado origem a tão desordenado mundo de seitas? Não, não...  O Espírito Santo não inspira confusão! A necessidade de uma autoridade é simplesmente a única alternativa racional. E Deus, que tudo faz com ordem, estabeleceu esta autoridade quando disse: "Pedro, tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja". E para que não me venham com conversinhas de pedregulhos, Jesus Cristo ainda o confirma de dois modos: rezando particularmente por Pedro, para que ele confirme os seus irmãos e, depois, elegendo Pedro como pastor do seu rebanho: "Apascenta os meus cordeiros". Não aceitar o primado de Pedro é rebeldia pura e simples, é repetir com a antiga serpente o seu grito repugnante: "não sirvo!"

Mas, e o que a Bíblia diz sobre a Sola Scriptura? Seria ela favorável a este disparate? Ora, claro que não! Notemos que até o cânon ser formado, se passaram séculos. E como pregavam os Apóstolos? Sobretudo, oralmente. É muito interessante quando Paulo diz que "a Fé vem pelo ouvir". Isto é muito esclarecedor, porque o ouvir supõe a submissão de um ouvinte a um orador, a alguém que prega. Este que prega é quem ensina. Temos aqui duas coisas: 1) a adesão à Fé não se faz unicamente pela Sagrada Escritura. 2) Aquele que prega, o faz porque tem autoridade e o que lhe adere, reconhece esta autoridade.

E Paulo ainda diz noutra passagem, repetida com sentido diverso pelo nosso colega, que "se alguém, ainda que um anjo descido do céu vos pregar evangelho diferente do que vos temos anunciado, seja ele excomungado". Ora, vejamos o seguinte: Paulo é profundamente rigoroso com a retidão doutrinária, a ponto de chamar de excomungado quem se afastar do seu ensino. Notemos que a adesão a Cristo está bem circunscrita numa doutrina objetiva. Ninguém chegasse pra Paulo querendo dar uma interpretação pessoal pra alguma coisa não, que, com certeza, receberia uma bela bronca. Lutero, então, teria apanhado de vara! rsrs...

E notemos ainda uma particularidade disto que Paulo diz: "... que vos temos anunciado". Neste "vos", Paulo faz referência aos outros Apóstolos que, como legítimas autoridades da Igreja, pregavam o Evangelho. Converter-se era, portanto, submeter-se à Igreja dos Apóstolos, sob o primado de Pedro.

Muito esclarecedor, ainda, é o caso do Eunuco, no início dos Atos dos Apóstolos, que está a ler o profeta Isaías. O Apóstolo Felipe, então, se aproxima dele e pergunta se ele está a entender o que está lendo. Se fosse Lutero, diria: "ah sim, ele está falando que eu sou a libertação dos cristãos. Que eu que vou salvar a cristandade." Porém, o eunuco tinha bom senso e respondeu ao Apóstolo: "como vou entender se não há quem me explique?". Foi então que Felipe lhe explicou o sentido da Escritura e, em seguida, batizou-o. O eunuco, aqui, é exemplo perfeito de que a Sagrada Escritura, por si só, não basta. Ela precisa de uma autoridade que ensine o modo correto de interpretá-la.

Sem falar que supôr-se capaz de interpretar, por si mesmo, a palavra de Deus é, reconheçamo-lo, de uma pretensão absurda. Alguns dizem que a Sagrada Escritura é simples de entender.. rsrsrs Certa vez, eu ouvi de um protestante que não acreditava na existência de planetas - "estes cientistas não me enganam", dizia ele - porque isto não estava na Bíblia. (humpf...)

Mas as advertências da Sagrada Escritura contra o Livre Exame e o Sola Scriptura não terminam aí. Lemos ainda na segunda carta de S. Pedro, de forma claríssima, que "as sagradas escrituras não estão abertas à interpretação particular" (2 Pe 1,20 - essa eu faço questão de pôr a referência).  Aqui S. Pedro, chefe da cristandade, proibe a frescura de querer dar à verdade uma interpretação subjetiva mais confortável. Quer se converter? Conheça a Verdade ao invés de querer inventar uma. E o conhecimento da Verdade exige a submissão a quem a possa ensinar. E foi à Igreja que Cristo disse "Ide e ensinai" e ainda "quem vos ouve, a Mim ouve; quem vos rejeita, a Mim rejeita."

E o próprio Pedro ainda adverte, mais adiante, aos que liam as cartas de Paulo: "Reconhecei que a longa paciência de Nosso Senhor vos é salutar, como também vosso caríssimo Paulo vos escreveu, segundo o dom de sabedoria que lhe foi dado. É o que ele faz em todas as suas cartas, nas quais fala nestes assuntos. Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para sua própria ruína, como o fazem também com as demais escrituras" (II Pe 3,15-16).

Pedro, aí, age como profeta, pois fala de toda a laia dos discípulos de Lutero. Agora, o que mais espanta é que, sob uma conversa de tanto amor às escrituras, esse povo só leia o que lhes convém e façam questão de ignorar estas passagens. É o caso desse rapaz que, não obstante eu lhe tenha escrito várias vezes, sequer fez menção, no seu blog, destes pontos. Digno filho do mentiroso e imoral Lutero.



Pronto. Está provado pelas Escrituras e pela razão que a Sola Scriptura e o Livre Exame são coisas de burrico.

Um protestonto, pelo livre exame, disse que isso é um cordeiro
Aliás, para terminar este ponto, permitam-me falar um pouco sobre as consequências práticas do Livre Exame. Ele introduz o subjetivismo na religião. As coisas, agora, serão verdadeiras ou não segundo um critério pessoal. Se eu achar que Deus é trino, então Ele é. Se eu porém, achar que Ele é uma só pessoa, manifestada de três formas distintas, como o fazem os unitaristas, então Ele é assim. Nesta atitude há uma substituição da objetividade da verdade pela fluidez de uma indefinição que pode mudar segundo o próprio parecer. Quando a verdade torna-se assim relativa, o bem segue o mesmo caminho. Como bem e verdade são convergentes, agora a moral também se fará segundo critérios pessoais. É o que dizia Lutero: "se for para um bem, que mal faz contar uma boa e grossa mentira?" Pelo relativismo da verdade segue-se logo o relativismo do bem. Daí, surge uma moral do conforto. Aliás, a abolição da penitência pelos protestantes é bem isso. Desta moral do conforto, surge a permissividade, a licensiosidade sem conta. E o próprio Lutero encarnou isso tudo muito bem, sendo grandemente conhecida a sua baixeza moral. Ele mesmo chegou a dizer: "crê firmemente e peca muito". Ele defendia, falaciosamente, que o fato de pecar muito evidencia a grandeza da fé na misericórdia divina. rsrsrs... Ai, Deus!

A conversão, porém, aquela que é de verdade, não vai ouvir estes disparates. Ao contrário, vai escutar aquela doce voz a dizer: "vai e não peques mais". Que diferença, meu Deus! Só não vê quem é cego, e  quando um cego guia outro cego, cairão ambos no mesmo buraco. Meu Deus, converta os protestontos!

Procurando a Sola Scriptura na Escritura
Para terminar, umas poucas evidências bíblicas de que Nosso Senhor ensinaria aos cristãos não somente pela Sagrada Escritura. 

Diz Ele, na sua despedida dos Apóstolos: "Muitas coisas tenho ainda a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora". O que se deduz disso? Que, mais tarde, os Apóstolos suportariam e, então, Deus lhe ensinaria.

Escreve ainda o Apóstolo João sobre Jesus: "Muitas outras coisas Jesus fez que não foram escritas..." dando a entender que nem tudo está na Bíblia.

Por fim, a existência da Tradição é enfatizada pelo livro dos Atos dos Apóstolos que mostra o início desta. Lá, o evangelista Lucas descreve os atos de Pedro e de Paulo nos primeiros tempos da Igreja. É óbvio que esta tradição haveria de continuar, pois, conforme disse Jesus, "eu estarei convosco até o fim dos tempos".

Este é um primeiro ponto, meu caro. Seguirei respondendo os outros pontos que você, covardemente, não mostrou.

Por fim, se alguém quiser, ainda assim, aulas de Sola Scriptura, falar com o rapaz abaixo. Parece que ele tá promovendo agora um trabalho via web, sobretudo através de blogs pouco sinceros.

No auge de uma aula
Fábio.

Sobre o Desastre no Japão: para alegria de alguns...


Estes dias, vimos com pesar a tragédia que aconteceu com o Japão, a Terra do Sol Nascente. O Papa Bento XVI afirmou-se estarrecido e profundamente triste com o acontecido, e assegurou ao povo japonês as suas orações e a sua proximidade.

No entanto, parece haver alguns indivíduos, que se auto-entitulam cristãos, e que não conseguem esconder um certo tipo de satisfação pelo ocorrido. Para justificar esta bizarrice, ficam a apontar o dedo dizendo que esse povo não é católico e que, no fundo, isso foi bom! Pra que eles aprendam e se convertam!

Sinto muito, mas isto é de uma mesquinhez absurda. Claro que a conversão do Japão seria um grande bem. Claro que o fato de apenas 1% desse povo ser católico é um mal. Isto porque sabemos que, objetivamente, o Catolicismo é a Igreja de Nosso Senhor, que é Deus verdadeiro. Mas daí legitimar essa tragédia e agradar-se com o sucedido é outra coisa. E as pessoas que estão em ignorância invencível? E de que modo estes sismos poderão ser uma ponte entre o povo japonês e Deus? Creio que se fôssemos levar as coisas desse modo, o terremoto teria acontecido, por exemplo, no Brasil, onde, mesmo tendo um acesso maior à Verdade de Nosso Senhor, a nossa mediocridade é tamanha! A gravidade do pecado para quem conhece a Deus é maior.

Estes sujeitos devotamente sádicos me lembraram uma passagem do Sementes de Contemplação do Thomas Merton, e que transcrevo abaixo:

"As pessoas que escutam esse gênero de coisas, que as absorvem, que as aceitam de bom grado, cultivam uma noção da vida espiritual que é uma espécie de hipnose do mal. Os conceitos de pecado, sofrimento, danação, castigo, justiça de Deus, recompensa, fim do mundo, e tudo o mais, são coisas que as fazem lamber os beiços com indizível prazer. Talvez seja assim porque lhes causa uma profunda e inconsciente satisfação a idéia de que muitas pessoas cairão no inferno de que eles escaparão. E como sabem que escaparão? Não podem dar qualquer razão definida, exceto o fato de gozarem certa sensação de alívio com a idéia de que todo esse sofrimento está praticamente preparado para toda a gente, mas não para eles. Esse sentimento de gozo é o que classificam como "fé" e constitui, para eles, como que a convicção de estarem "salvos".

Pregando contra o pecado, o demônio arranja muitos discípulos. Convence-os do grande mal que é o pecado, provoca neles uma crise emocional que lhes traz a convicção de serem ignorados por Deus os seus pecados, e, depois, deixa-os passar todo o resto da vida meditando na imensa perversidade e evidente reprovação dos outros homens".

Thomas Merton, Sementes de Contemplação, A Teologia Moral do Demônio, pp.87-88.
**

E para os que realmente estão convencidos de que Nosso Senhor é desse modo, vai abaixo um texto do próprio Evangelho:

"Aproximando-se o tempo em que Jesus devia ser arrebatado deste mundo, ele resolveu dirigir-se a Jerusalém. Enviou diante de si mensageiros que, tendo partido, entraram em uma povoação dos samaritanos para lhe arranjar pousada. Mas não o receberam, por ele dar mostras de que ia para Jerusalém. Vendo isto, Tiago e João disseram: Senhor, queres que mandemos que desça fogo dos céus e os consuma? Jesus voltou-se e repreendeu-os severamente: Não sabeis de que espírito sois animados" (Lc 9, 51-55)

Pois é.. E os que se rejubilam com o sofrimento dos japoneses, usando ainda o Thomas Merton, podem estar animados de qualquer espírito, menos do Espírito Santo. Não se trata de relativizar a fé ou de cair num naturalismo; é apenas questão de bom senso. Ficar satisfeito pelas pessoas que morreram e pelas dificuldades procedentes do desastre é, reconheçamo-lo, muita maldade. Podem aplicar o livre exame à vontade ao trecho acima; ele é bastante claro. Nosso Senhor não foi um tipo de 'cão raivoso' não. E blasfemam os que O concebem assim! A sua infinita indignação, que é real, não Lhe torna cruel, de modo nenhum! Se Nosso Senhor quisesse 'forçar' a conversão do povo japonês, o faria, de certo, de outro modo.

Espanta-me este tipo de "fé".
Por fim, só me cabe repetir as mesmas palavras do Senhor na Cruz:

"Perdoai-os, eles não sabem o que fazem".

Rezemos pelo Japão.

Fábio.
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