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Materialismo, transformismo, Darwin e Haeckel


Materialismo

Os sistemas precedentes haviam no meado do século XIX predisposto os ânimos ao aparecimento do materialismo. De um lado, a incontinência do idealismo hegeliano com todas as suas extravagências lançara o descrédito sobre as especulações metafísicas. Do outro, o positivismo de Comte, de mãos dadas com o empirismo inglês, identificando-se habilmente com as ciências experimentais em plena voga, afastava as inteligências das meditações filosóficas para aplicá-las exclusivamente ao estudo da realidade sensível. Assim, quando Hegel, despiedosamente fustigado por Schopenhauer, tombou (1840) de seu pedestal de glória, não foi difícil substituir ao culto da “idéia” o culto da matéria. O movimento partiu da extrema esquerda hegeliana. (1) Feuerbach foi um dos seus iniciadores.

A explosão materialista, que então se seguiu, alastrou-se rapidamente por toda a Europa. A ela referem-se os nomes de Büchner, (1824-1898) autor da “Força e matéria”, (1855) de Carlos Vogt, (1817-1895) Moleschott, (1822-1893) Huxley, (1825-1895) Haeckel, (1834-1999) e outros. Le Dantec, na França, e Mantegazza, na Itália, fizeram-se até nossos dias ecos tardios das mesmas idéias. Nas obras de todos estes autores não se encontra uma concepção nova, um argumento inédito a favor do sistema. O materialismo está de sua natureza condenado a uma irremediável esterilidade. “O pensamento é um movimento da matéria” (Moleschott). “O cérebro segrega o pensamento como os rins segregam a urina (Vogt), etc. São sempre as mesmas afirmações dogmáticas, inteiramente destituídas de provas, mil vezes confutadas e repetidas ainda em nossos tempos com a cegueira do imitador que esquece de ponderar as palavras repetidas. Vogt e Haeckel falam como Cabanis e De La Mettrie, como Demócrito e Epicuro.

Na segunda metade, porém, do século XIX estes conceitos foram revestidos de novas roupagens científicas. Uma hipótese dos naturalistas permitiu-lhes apresentarem-se mais disfarçados. Referimo-nos ao Transformismo.

Transformismo

Pode afirmar-se que cientificamente o transformismo foi pela primeira vez proposto por Lamarck (1744-1829) na sua Philosophie zooligique (1809). A dificuldade de classificar certos animais inferiores levou-o a considerar a espécie não como um grupo natural, fixo, mas como o resultado de lentas transformações acumuladas durante largos períodos de tempo. Para Lamarck, a formação das novas espécies explica-se principalmente pela adaptação ativa do organismo ao meio. As mudanças do ambiente despertam novas necessidades, as necessidades criam novos órgãos, os órgãos desenvolvem-se pelo uso e atrofiam-se pelo desuso. As transformações individuais provenientes da ação destes fatores são depois fixadas pela herança, que as transmite aos descendentes. Os tipos primitivos ou elementares são, em número reduzido, uns seis ao menos. A origem do homem é diferente. Lamarck recorre à existência de Deus para explicar a ordem inegável existente na escala dos seres vivos. As leis naturais “são a expressão da vontade d'Aquele que as estabeleceu”. (2)

A nova hipótese não despertou logo grande entusiasmo. A própria polêmica entre Geoffroy Saint-Hilaire (1772-1844) que patrocinava as novas idéias e Cuvier que terçava pela concepção tradicional da zoologia, terminando pela vitória deste último, foi uma remora ao seu progresso.

Quem, senão com mais profundeza, ao menos com mais popularidade estava destinado a dar voga ao transformismo era o naturalista inglês Carlos Darwin.

Carlos Darwin (1812-1882)

Depois de longas viagens e pacientes observações publicou ele em 1859 a Origem das Espécies, livro que deu imenso brado pelo mundo científico. Nele desenvolve o autor a idéia fundamental de Lamarck, recorrendo, porém, a outros fatores para explicar a transformação das espécies. Segundo Darwin, a luta pela vida, struggle for life, corolário espontâneo da lei de Malthus sobre o aumento da população (3), traz de consequência a eliminação dos mais fracos e a sobrevivência dos mais aptos.

Os caracteres e as modificações que a estes asseguram o triunfo na concorrência vital transmitem-se por hereditariedade e acentuam-se com o tempo. Assim se opera no mundo biológico uma seleção natural, que dá origem às diferentes espécies, como a seleção artificial dos criadores multiplica as raças. As imigrações e os cataclismas, isolando os novos tipos em via de formação impedem a sua fusão ou a volta ao tronco primitivo(4). Em apoio de suas idéias Darwin cita inúmeros fatos tirados da distribuição geográfica dos seres vivos, da paleontologia, da existência de orgãos rudimentares, etc.

Mais tarde, cedendo às instâncias de outros naturalistas, sobretudo de Huxley, estendeu Darwin suas idéias transformistas até a origem do homem, publicando em 1871 a Descendência do Homem que, cientificamente, é a menos importante de suas obras (5).

As idéias Darwinistas encontraram, entre os cultores das ciências naturais, adversários ilustres como De Quatrefages, Agassiz, Blanchard, De Nadaillac, Faivre, Jousset, Barrande, Fleishsmann e outros.

Uma pleiade, porém, de jovens naturalistas alistou-se pressurosamente nas novas fileiras do transformismo: Romanes, Wallace que se opôs decididamente à origem simiana do homem, Gogt, Büchner, Haeckel, etc. A alguns seduzia-os o amor de novidade, a outros arrastaram-nos idéias sectárias.

Dentre estes, que do sistema de Darwin, proposto por seu autor como simpĺes hipótese científica explicativa da origem das espécies, fizeram uma arma contra a religião e moral salienta-se o alemão Ernesto Haeckel.

Ernesto Haeckel (1834-1919)

Outrora professor de zoologia em Iena, a quem Quatrefages chamou “l'enfant terrible du darwinisme”. Materialista fanático, Haeckel acolheu com aplauso as idéias de Darwin e incorporou-as no seu sistema filosófico – ingente mas abortado esforço para excluir a Deus do universo. A eternidade do movimento e da matéria, a identidade de todos os fenômenos físicos e psíquicos, a geração espontânea, a evolução das espécies até o homem são os principais dogmas do “monismo realista” de que o seu patriarca pretendeu fazer um sistema de filosofia não só, mas ainda a religião do futuro. Haeckel, porém, é antes de tudo um sectário. O “espectro do papismo” e a Internacional negra” (a Igreja Católica) perseguem-no em todos os seus estudos de naturalista. A esta paixão que o obsedia, sacrifica tudo: evidência dos princípios racionais, interpretação imparcial dos fatos e, até, probidade científica (6). Semelhante proceder atraiu-lhe o desprezo dos sábios e os mais severos juízos de seus contemporâneos.

Paulsen, falando dos “Enigmas do Universo”: “Saíram-me, diz, as faces da vergonha ao ler este livro e corei pensando a que ponto descera o nível filosófico do nosso povo. É uma vergonha que semelhante livro se tenha escrito, impresso, vendido e chegue a ser lido por um povo que conta um Kant, Um Goethe, um Schopenhauer (7). Wundt: “Com Haeckel parece que voltamos aos tempos em que se não havia ainda inventado a lógica e a ciência positiva não tinha saído das faixas da infância” (8).

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(1) Aliás, maior do que à primeira vista parece, é a afinidade entre o hegelianismo e o materialismo. Para Hegel, a realidade única é a idéia que na sua evolução é antes matéria, depois, espírito e pensamento. Ora aí temos o postulado fundamental do materialismo: a identificação da matéria e do espírito da mesma realidade.

(2) Hist. Nat. des animaux sans vertèbres, Introduction. Cfr. Philosophie zoologique, t, I, p. 113. Longe de ver no transformismo uma dificuldade contra a existência do Criador, Lamarck tira das suas idéias novo argumento para admirar-lhe a grandeza e sabedoria.

(3) Malthus (1766-1834) no seu Essay on the principles of population, London, 1798, pretendera provar que [a população] tende a crescer em proporção geométrica, enquanto os meios de subsistência aumentam numa progressão aritmética. Esta lei sugeriu a Darwin a idéia da luta pela vida.

(4) Hoje, os próprios transformistas, (cfr. entre outros, Yves Delage, Structure Du protoplasme, p. 241), reconhecem a impotência da seleção natural para a formação de uma outra espécie. O exame frio e imparcial que sucedeu aos entusiasmos do primeiro momento revelou a fragilidade do edifício darwinista. “A Darwin, escreveu Moleschott, foram mais favoráveis os homens que os fatos”. “O darwinismo tal qual o formulou Darwin já fez seu tempo” (St. Georges Mivarti). Para sustentar-lhe a estrutura vacilante surgiram outras hipóteses, que vão tendo igual fortuna, mostrando assim quanta parte tiveram as paixões neste grande debate que encheu a segunda metade do século XIX. Ainda hoje, o transformismo radical não passa de uma hipótese querida com ardor e afagada com carinho por certos sábios, mas sem bases sólidas nas ciências naturais. Confessa-o abertamente o insuspeito YVES DELAGE, num trecho que merece ser arquivado: “Estou absolutamente convencido que um é ou não transformista, não por motivos tirados da história natural, mas em razão de seus princípios filosóficos”. (Obr. cit., p. 184).

(5) Apesar de haver transigido com as insistências do materialismo na questão da origem do homem, Darwin nunca se declarou ateu. Recusou sempre admitir a geração espontânea e apelou para a existência de Deus como para a única explicação da ordem universal. “Nunca fui ateu, nunca neguei a existência de Deus... Creio que a teoria da evolução é inteiramente compatível com a crença em Deus. A impossibilidade de conceber que este grande e admirável universo, com o nosso eu consciente tenha podido originar-se do acaso, parece-me o maior argumento em favor da existência de Deus”. DE VARIGNY, Vie de Ch. Darwin.

(6) São bem conhecidas as suas falsificações. Para prover a semelhança dos embriões do homem, do macaco e do cão, reproduziu o mesmo clichê, atribuindo-o sucessivamente ao homem, ao macaco e ao cão! Cortar vértebras, acrescentar caudas, esquematizar figuras foram processos de que foi useiro e vezeiro o obcecado naturalista para provar suas teorias e verificar suas leis. Rütimeyer (1868), O. Namann (1872), W. His (1874), desde muitos anos, o haviam acusado de falsificador. Como, porém, o réu impenitente continuasse recidivo, em 1908, A. Brass voltou à carga, denunciando-lhe novas falsificações. O velho professor de Iena tentou defender-se, mas houve por fim de confessar-se culpado. Os próprios monistas em número de 40, no interesse do sistema seriamente comprometido com tal gênero de argumentação, lavraram um protesto público contra os processos de esquematização de seu ilustre patriarca. Na história da ciência ficará o nome de Haeckel como triste personificação do sábio que à obstinação de um preconceito e ao sectarismo dum ódio anti-religioso não hesita imolar os mais sagrados direitos da verdade e da justiça.

(7) PAULSEN, Philosophia militans, p. 186-7, Berlim, 1901.

(8) Citado, como o precedente, por MERCIER, Psychologie, t. II, p. 285-6.
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FRANCA, Pe. Leonel S. L.; Noções de História da Filosofia; Livraria Pimenta de Mello & C; Rio de Janeiro; 5 edição; 1928; p. 205-209.

Darwin era ateu?!


O Sr. Richard Dawkins, como pseudo-cientista dogmático que é, cegamente crédulo do darwinismo, deveria ser fiel ao seu mestre também neste sentido, não?

Santa Missa no rito Tridentino em Maceió e Site da Paróquia de S. Benedito

Conforme me foi avisado pela Magna, a Paróquia de São Benedito, em Maceió, está agora com um site onde serão disponibilizados os horários das atividades e eventos que lá se darão, bem como catequeses virtuais e divulgação de cursos oferecidos.

Desde já, divulgo os horários da Santa Missa Trindentina, celebrada pelo Pe. Érico, reitor e atual administrador da igreja:

- Quartas-Feiras às 16h00
- Domingos às 9h30.

Deo Gratias!!!

Fábio.

Livro sobre a vida de Sto Tomás de Aquino


"A Libertação do Gigante: Vida de Tomás de Aquino" é um belíssimo romance que conta a história do doutor angélico, escrito por Louis de Wohl. Baixe aqui.

"Frei" Betto inventa um "Pai-Nosso" sinistro....


"Pai-nosso que estais no céu, e sois nossa Mãe na Terra, amorosa orgia trinitária, criador da aurora boreal e dos olhos enamorados que enternecem o coração, Senhor avesso ao moralismo desvirtuado e guia da trilha peregrina das formigas do meu jardim,

Santificado seja o vosso nome gravado nos girassóis de imensos olhos de ouro, no enlaço do abraço e no sorriso cúmplice, nas partículas elementares e na candura da avó ao servir sopa,

Venha a nós o vosso Reino para saciar-nos a fome de beleza e semear partilha onde há acúmulo, alegria onde irrompeu a dor, gosto de festa onde campeia desolação,

Seja feita a vossa vontade nas sendas desgovernadas de nossos passos, nos rios profundos de nossas intuições, no vôo suave das garças e no beijo voraz dos amantes, na respiração ofegante dos aflitos e na fúria dos ventos subvertidos em furacões,

Assim na Terra como no céu, e também no âmago da matéria escura e na garganta abissal dos buracos negros, no grito inaudível da mulher aguilhoada e no próximo encarado como dessemelhante, nos arsenais da hipocrisia e nos cárceres que congelam vidas.

O pão nosso de cada dia nos dai hoje, e também o vinho inebriante da mística alucinada, a coragem de dizer não ao próprio ego, o domínio vagabundo do tempo, o cuidado dos deserdados e o destemor dos profetas,

Perdoai as nossas ofensas e dívidas, a altivez da razão e a acidez da língua, a cobiça desmesurada e a máscara a encobrir-nos a identidade, a indiferença ofensiva e a reverencial bajulação, a cegueira perante o horizonte despido de futuro e a inércia que nos impede fazê-lo melhor,

Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e aos nossos devedores, aos que nos esgarçam o orgulho e imprimem inveja em nossa tristeza de não possuir o bem alheio, e a quem, alheio à nossa suposta importância, fecha-se à inconveniente intromissão,

E não nos deixeis cair em tentação frente ao porte suntuoso dos tigres de nossas cavernas interiores, às serpentes atentas às nossas indecisões, aos abutres predadores da ética,

Mas livrai-nos do mal, do desalento, da desesperança, do ego inflado e da vanglória insensata, da dessolidariedade e da flacidez do caráter, da noite desenluada de sonhos e da obesidade de convicções inconsúteis,

Amemos."

Frei Betto.

28 de janeiro - dia de Sto Tomás de Aquino


"Ó vós que amais tanto, Jesus aqui verdadeiramente Deus escondido, ouvi-me, eu vos imploro.
Seja vossa vontade meu prazer, minha paixão, meu amor. Dai que a busque, ache e realiza.
Mostrai-me vossos caminhos, indicai-me vossas veredas.

Tendes sobre mim vossos desígnios; dizei-m´os bem, e dai que os siga até a definitiva salvação de minha alma. Indiferente a tudo o que passa, e só a vós tendo em vista, possa eu amar tudo quanto é vosso, mas sobretudo a Vós, ó meu Deus! Tornai-me amarga toda alegria que não seja vós, impossível todo desejo fora de vós, delicioso todo trabalho feito para vós, insuportável todo repouso que não fôr em vós. A toda a hora, ó bom Jesus, minha alma tome para vós seu vôo; seja minha vida um constante acto de amor!

Toda obra que não vos agrade, fazei-me sentir que é morta. Seja minha piedade menos um hábito que um contínuo impulso do coração.

Ó Jesus, minha delícia e minha vida, dai-me que minha humildade seja sem afectação, minha alegria sem excessos, minhas tristezas sem desanimo, minha austeridade sem rudeza. Dai que eu fale sem artifício, que tema sem desespero, que espere sem presunção; fazei com que seja pura e sem mancha, que repreenda sem cólera; que ame sem falsidade, edifique sem ostentação, obedeça sem réplica, e sofra sem queixumes.

Bondade suprema, ó Jesus, peço-vos um coração todo vosso, que nenhum espectaculo, nenhum ruído para distrair; um coração fiel e ativo que não hesite, e não desça nunca; um coração indomável, pronto sempre a lutar após cada tormenta; um coração livre, jamais seduzido ou escravo; um coração recto que não se encontre nunca em veredas tortuosas.

E meu espírito, Senhor! Meu espírito! Impotente para desconhecer-vos, possa ele encontrar-vos, a vós Sabedoria divina! Não vos desagradem seus colóquios! Confiante e calmo esperes vossas respostas, e descanse sobre vossa palavra.

Faça-me a penitencia sentir os espinhos de vossa coroa! Possa a graça espargir vossos dons sobre mim, no caminho do exílio! Possa a gloria inebriar-me de vossas alegrias na Pátria eterna! Assim seja."

Por Santo Tomás de Aquino.

(Extraído do Manual das Filhas de Maria de Sion - Editado em 1929. Impresso por J. de Gigord, Éditeur - Imprimatur Rio de Jaaneiro 11 de maio de 1912 Por S. Exma. Sebastio, bispo auxiliar)


AQUINO, São Tomás de. Apostolado Veritatis Splendor: ORAÇÃO DE SÃO TOMÁS DE AQUINO. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/714. Desde 20/01/2003.

A Liturgia não pode ser fruto da nossa fantasia e criatividade - Joseph Ratzinger




O Homem sozinho não consegue mesmo "criar" um culto fácil porque, sem Deus se revelar, ele será sempre insignificante. As palavras de Moisés ao Faraó: "Não sabemos quais serão as vítimas que ofereceremos ao Senhor" (Ex 10,26), expõem, sem dúvida, um princípio fundamental de toda a Liturgia. No pressentimento de Deus que lhe é inerente, o Homem pode, certamente, sem Deus se revelar, edificar altares "ao Deus desconhecido" (cf At 17,23); nos seus pensamentos, ele pode elevar-se para Deus, na tentativa de o alcançar, mas a verdadeira Liturgia pressupõe que Deus responde e expõe o modo de ser venerado.

Ela inclui, duma certa maneira, algo como "nomeação". Ela não pode ser fruto da nossa fantasia e criatividade - pois assim, seria apenas um grito na escuridão ou simplesmente a afirmação de nós próprios. A Liturgia pressupõe algo de concreto diante de nós, algo que se nos revela, indicando o percurso da nossa existência.

No Antigo Testamento, há uma quantidade de provas impressionantes para determinar o culto. Nenhuma outra história nos expõe tão dramaticamente os factos, como a do bezerro de ouro (melhor dito: o novilho). Este culto, conduzido pelo sumo sacerdote Aarão, não haveria, em caso nenhum, de servir a um deus pagão. A apostasia é mais subtil. Ela não transcende, de uma maneira evidente, de Deus para o deus pagão; ela fica aparentemente com o primeiro: o que se pretende é glorificar a Deus que conduziu Israel para fora do Egipto, acreditando que a figura do novilho seja o retrato correcto da sua misteriosa força. Aparentemente tudo está em ordem e provavelmente também o rito corresponde às regras. Mas, apesar disso, trata-se aqui de um abandono de Deus para servir a um Deus pagão.

Esta queda, que de início quase não era perceptível exteriormente, foi causada por dois factores. Em primeiro lugar, a infracção das imagens: o Homem não aguenta Deus invisível, remoto e misterioso. Ele trá-lo de cima para baixo, para a sua terra, para o que é visível e compreensível. Assim o culto deixa de ser uma aproximação a Deus, puxando-o de cima para o próprio território: Ele há-de estar presente quando necessário e sempre que nos é conveniente.

Na verdade, o Homem tira proveito de Deus, sobrepondo-se, desta maneira não perceptível, por cima dele. Isso alude ao segundo factor: Este culto é um culto do nosso próprio mandatário. Quando Moisés se ausenta demasiado, tornando Deus inacessível, então os homens vão buscá-lo. Este culto torna-se uma celebração da comunidade para com ela própria; ele é uma auto-afirmação. A adoração de Deus torna-se num rodopio em volta de si próprio: o comer, o beber, o divertir-se. A dança em volta do bezerro de ouro é a imagem do culto à procura de si, tornando-se numa espécie de auto-satisfação frívola.  A história do bezerro de ouro alerta para um culto autocrático e egoísta em que, no fundo, não se faz questão de Deus, mas sim em criar um pequeno mundo alternativo por conta própria.

Aí, então, é que a Liturgia se torna em mera brincadeira. Ou pior: ela significa o abandono do Deus verdadeiro, disfarçado debaixo de um tampo sacro. Mas, assim, o mundo que resta no fim é a frustração, a sensação do vazio. Já não se faz sentir aquela experiência de liberdade, que acontece em todo o lado onde haja encontro com Deus vivo.

Joseph Ratzinger, Introdução ao Espírito da Liturgia.

Pe. Fábio de Melo é favorável ao socialismo! oh God!!!!!!!!!!


"A proposta de Jesus é socialista, né? O socialismo tem sido mal interpretado. Bem aplicada, sem os exageros da antiga União Soviética, a proposta socialista só edifica." (Pe. Fábio de Melo)


Ora.. Veja o que diz a Rerum Novarum de Leão XIII

"Os Socialistas (...) instigam nos pobres o ódio invejoso contra os que possuem, e pretendem que toda a propriedade de bens particulares deve ser suprimida, que os bens dum indivíduo qualquer devem ser comuns a todos, e que a sua administração deve voltar para - os Municípios ou para o Estado. (...) Mas semelhante teoria, longe de ser capaz de pôr termo ao conflito, prejudicaria o operário se fosse posta em prática. Pelo contrário, é sumamente injusta, por violar os direitos legítimos dos proprietários, viciar as funções do Estado e tender para a subversão completa do edifício social."


Pio XI, na encíclia Quadragesimo Anno, escreve que:

"O princípio fundamental do socialismo primitivo [é] contrário à fé cristã.

"O socialismo quer se considere como doutrina, quer como facto histórico, ou como « acção », se é verdadeiro socialismo, (...) não pode conciliar-se com a doutrina católica; pois concebe a sociedade de modo completamente avesso à verdade cristã."

"Socialismo religioso, socialismo católico são termos contraditórios : ninguém pode ser ao mesmo tempo bom católico e verdadeiro socialista."


Leia-se ainda a Encíclica Divini Redemptoris, também de Pio XI, sobre o comunismo.


Deus tenha misericórdia do Pe. Fábio que tem parecido uma ostra super-evoluída, soltando pérolas e mais pérolas...

Amor próprio - virtude ou vício?


Um bobo alegre que, daqui a uns dias, poderá será chamado pra fazer palestras...

Ai daqueles que às trevas chamam luz e à luz chamam trevas....

Hoje em dia, é fácil notar como uma nova mística e uma teologia inventadas pregam solenemente a favor do amor próprio, como se este fosse virtude. E insistem em, a partir de simplórios exercícios imaginativos, fazer com que as pessoas se sintam belas, valorosas! O adágio "se eu não me amar, quem o fará?" parece ser o novo dogma deste século. E tudo isto pode soar muito naturalmente a um "católico" adepto desta nova forma de "espiritualidade".

No entanto, há todo um conjunto de vozes que, em uníssino, insistem em pregar justamente o contrário: "Destruam o amor próprio, e desprezem a si mesmos!" Ora, mas quem seriam estes inconvenientes, estas figuras estranhas a pregar tal coisa? Respondo: os santos, a começar por Nosso Senhor.

Eu sempre estranhei que nas pregações de hoje em dia, algumas passagens do Evangelho são escohidas repetidas vezes, enquanto outras não são sequer mencionadas.

Esta nova e falsa teologia, tentando inculcar a falsa ideia da salvação universal, sequer olha para o que diz Nosso Senhor aqui: "Muitos tentarão entrar e não conseguirão". Ora, se alguns que tentam não conseguem, quem dirá os que nem tentam...

Sobre esta questão do amor próprio, é muito claro o que diz Nosso Senhor: "Quem não odeia a própria vida neste mundo, perdê-la-á". Para a nova "mística", ao contrário, este seria um pecado sem perdão. É preciso amar a si mesmo porque, segundo dizem, é a partir deste amor que poderei amar os demais. Pura falácia!

Não preciso aqui pôr a citação de inúmeros santos que pregam totalmente contra o amor próprio e ensinam o desprezo de si mesmo; e nem poderia pôr todas as vezes em que trataram disto, a não ser que este blog fosse reservado a somente este trabalho... Basta, porém, citar alguns nomes: S. Francisco de Assis, Sta Teresa D'Avila, S. João da Cruz, Sta Catarina de Sena e, para não objetarem que esta atitude é característica de tempos medievais e supostamente obscuros, o nosso célebre S. Pio de Pietrelcina, falecido em 1968, expressava o ódio a si mesmo como termos vivíssimos.

E o que diriam os santos, estas vozes estranhas, a respeito do atualmente tão pregado amor-próprio? Os católicos de outrora reputariam este tipo de discurso como um horrível sofisma, uma verdadeira pérola do egoísmo. Mas, hoje, há católicos que até choram com coisas dessa natureza.

Claro que o tema não é simplório. O católico deve orientar-se muito bem neste assunto, absolutamente irrenunciável, a fim de não o compreender de maneira errada. Mas basta dizer que o apelo emocional em favor do amor próprio, os ingênuos exercícios imaginativos a respeito da própria beleza, nada mais fazem que afastar o cristão da retidão da virtude.

O reto desprezo de si mesmo se fundamenta num conhecimento correto de si mesmo. Este conhecimento gera humildade, que é uma verdadeira consideração acerca da própria pessoa. Portanto, para ser humilde é preciso ver-se tal qual se é. Este conhecimento de si mesmo não se faz pelo uso de imaginações mas, ao contrário, pelo abandono destas suposições a respeito de si mesmo e pela busca da Verdade de si em Deus.

Basta dizer que o inferno está cheio de pessoas cheias de amor próprio... Já dizia Thomas Merton que o inferno é isso: o amor próprio. Interessante que, mesmo Lutero, nas suas 95 teses, reconhece que a verdadeira penitência consiste no desprezo de si mesmo. E isto só mostra como os católicos modernistas alcançaram um nível de protestantismo que vai além da pretensão de Lutero na sua "revolução" protestante.

Basta notar o que se costuma ler hoje em dia. Abandonaram os tratados de teologia, não lêem S. João da Cruz, nem Sta Teresa, nem S. Agostinho, muito menos Sto Tomás. Desprezam o Adolph Tanquerey, ignoram o Pe. Garrigou Lagrange ou mesmo qualquer outro autor bom, ainda que seja contemporâneo. Ao contrário, estão ocupados lendo Augusto Cury, Pe. Fábio de Melo, A Cabana, quando não desbancam de vez para livros totalmente protestantes... O resultado? Católicos que não sabem sequer o "bê a bá", nem de teologia, nem de filosofia, nem de mística; em suma, nada da doutrina católica.

Não tomemos gato por lebre. Santidade não se contrói de qualquer forma, não é qualquer brincadeira, nem se trata de uma oportunidade para a auto-promoção, para se mostrar a própria excelência. Não digamos à luz: "és trevas!", nem digamos às trevas: "és luz". E mais, não desprezemos estas verdades.

Já dizia um santo que uma carruagem carregada de virtudes,  guiada pela soberba leva ao inferno, enquanto que uma carruagem carregada de pecados, conduzida pela humildade, leva ao Céu. E por favor, não distorçamos o significado de uma tal afirmação.

O mundo moderno, imerso no amor próprio, nada mais vê além do próprio umbigo. Por favor, não pensemos que a santidade é por aí... Que Deus nos livre de um erro tão básico.

A cruz! Eis o caminho da santidade! Quem se ama não a abraça; ao contrário, dela foge! Somente os que se desprezam a amam, a admiram e a desejam!

Stat Crux, Dum Volvitur Orbis!

Fábio

Os fiéis servos de Maria devem desprezar o mundo



"Os fiéis servos de Maria devem desapegar-se do mundo corrompido pelo pecado, contrário ao de Jesus Cristo, buscando por Maria, a humildade de coração, a oração contínua, a mortificação dos sentidos, o abandono à Divina Providência e a conformidade com a vontade de Deus." (S. Luís Maria Grignion de Montfort)

Pra ficar mais fácil:
Os servos de Maria devem:

1- Desapegar-se do mundo corrompido pelo pecado;
2- Buscar as virtudes por Maria, dentre elas:
3- A humildade de coração
4- A oração contínua
5- A mortificação dos sentidos
6- O abandono à Divina Providência
7- A conformidade com a vontade de Deus.

Nenhum item está aí por acaso...
Em outra oportunidade, tentarei comentar um a um...

Léon Bloy sobre os católicos modernos


"Simples observação. Ninguém, mesmo entre os melhores cristãos, parece procurar Deus, ou mesmo, pensar nele. Vai-se para a mesa como cães, e para a cama como porcos. Impossível conseguir a menor atenção quande se fala de Deus."

"Penso frequentemente na afirmação de Ana Catarina Emmerich: "Não há mais cristãos no verdadeiro sentido da palavra".

"Os amigos de Jesus vêem à sua volta os cristãos modernos e é assim que podem conceber o inferno".

"Simão o Cirenaico ajuda Jesus a carregar a sua Cruz. Os cristãos modernos põem suas cruzes nas costas de Jesus".

"Tive muito frequentemente a ocasião de falar da tolice de nossos católicos, prodígio enorme, demonstrativo, por si só, da divindade de uma religião capaz de resistir-lhe".

"Tens perfeitamente razão de dizer que esse indivíduo jamais poderá me compreender. É um católico que permaneceu protestante - conheço o caso."

"Preocupam-se muito os russos com a comemoração de um centenário de 1912. A esse respeito, Raoux me escreve e me fala o grande Exército morto de frio. Respondo-lhe que o grande exército sem vitórias dos nossos católicos modernos morrerá, este ano talvez, do frio que está nele mesmo..."

"Há duas causas para este ostracismo de meus escritos no mundo católico: a extraordinária ininteligência dos cristãos modernos e sua profunda aversão do Belo. Entre uma página escrita com esplendor e uma outra página exprimindo as mesmas idéias chãmente, a escolha deles não é nunca duvidosa: vão, por instinto, à mediocridade. Tivestes mil ocasiões de ver isso e o vereis cada vez mais, pois o nível baixa todos os dias."

"O que se vê por toda a parte, e cada vez mais, é, por parte dos cristãos, o ateísmo prático, pelo menos na maior parte deles."

"Perguntais se esta guerra não esclareceu os católicos a meu respeito, se não pôs o clero a meus pés, etc. Eis a minha resposta. Nada poderá mudar esses católicos de que falais. A guerra, longe de esclarecê-los, aumenta sua cegueira e, mais do que nunca, sou seu pesadelo, tendo cometido o imperdoável crime de levar a sério a lei divina, de ser um católico absoluto - o único entre todos os que falam ou escrevem. Isso nunca me será perdoado. O castigo é fácil. Proibição de comprar meus livros, de lê-los e de deles falar. Sabe-se que o autor é pobre. Que vitória se se pudesse matá-lo pela miséria! A conspiração do silêncio. É uma imensa honra para mim ser tratado exatamente como Nossa Senhora da Salette, a quem é recomendado não dar a menor atenção. O efeito do castigo é, naturalmente, a miséria, sobretudo nos dias de hoje..."

"Os católicos desonram o seu Deus, como jamais os judeus e os mais fanáticos anticristãos foram capazes de o desonrar"

Octávio de Faria, Léon Bloy.

Fulton Sheen, Vencendo a Indiferença

Estes videos do Arcebispo Servo de Deus Fulton Sheen foram disponibilizados, também, por outros blogs. E se os ponho aqui também, não é para simplesmente poder "enriquecer" o blog com bom material, mas, antes, para disponibilizá-lo a ainda mais pessoas. Sei que há alguns que olham este blog e não têm ainda o hábito de sair a pesquisar por outros espaços... Portanto, para que estes também assistam, ei-los.. Abaixo, a fonte onde os vi. Pax et Bonum.







Fontes: Deus Lo Vult     Ecclesia Una

Pe. Fábio de Melo... oh God!!!



Estes dias tive a oportunidade de escutar, via televisão, mais uma pregação do Pe. Fábio de Melo. Ela datava ainda do final do ano de 2008, mas o conteúdo totalmente heterodoxo já era evidente.

Não vou me deter aos pormenores do que falou, até porque não a vi toda. Quando minha tia ligou a TV, já estava a passar e, antes que terminasse, fui dormir. Mas houve principalmente dois pontos em que a coisa simplesmente não cheirou bem. Definitivamente não parecia um católico; quanto mais um padre...

E aqui quero deixar claro o seguinte:
Padre Fábio é, de fato, Padre? Sim!
Legitimamente ordenado? Sim!
É permitido ofendê-lo como sacerdote? Quem não tiver juízo que o faça...
É permitido criticar o que ele diz ou o que faz? Se o que disser ou fizer estiver errado, não apenas é permitido, como é um dever.

Esclarecidos estes pontos que, na verdade, nem precisariam ser esclarecidos.. (mas nos tempos de hoje...), prossigamos.

Primeiramente, Pe. Fábio, numa aparente tentativa de impressionar, passou a gritar de forma exaltada coisas do tipo: "Se for pra ter uma religião que somente me faça esperar um porvir, algo etéreo que não chega nunca, eu não quero!" Dizia que algo assim aliena. Embora se possa compreender que, na verdade, o que ele pretendia dizer é que a religião nos compromete desde já, os seus termos não foram nada felizes. Parecia uma afronta a tantos santos que mais não faziam senão suspirar pela Pátria Celeste; parecia cuspir no "morro porque não morro" de Sta Teresa D'Avila e de S. João da Cruz; parecia pisar com desprezo o ensinamento de "pisar com desprezo esta terra" de S. Luís Maria Grignion de Montfort. Pe. Fábio parecia, enfim, valorizar demais esta "má noite numa má pousada", como bem escreveu Sta Teresa, em detrimento da Pátria Celeste, como quem diz que um meio é quase um fim... Parecia mesmo seguir a linha de Nietzsche, a quem por sinal citou na sua pregação, que, à promessa de Jesus sobre o Reino dos Céus, respondia: "Nós somos homens; queremos um reino da terra". Pe. Fábio de Melo parecia, enfim, estar satisfeito demais com o que a Igreja chama de "exílio". Repito que não sei das suas intenções. Talvez realmente apenas quisesse fazer notar a importância do cristianismo como fator de atuação no mundo desde já, mas, repito, seus termos não foram os mais felizes.

Depois, algo realmente ridículo! Pe. Fábio disse que, se alguém perguntasse a ele as razões de sua Fé, ele não as saberia dar. Sugeriu que isto era uma pergunta idiota, ao fazer a comparação com a suposta idiotice que é um namorado ou esposo perguntar se a namorada ou esposa o ama. Dizia que cria porque algo nele o inclinava a isto, ou coisas do tipo. Pe. Fábio por certo não aprendeu com Pedro, o primeiro papa, que recomenda expressamente que todo cristão deve estar pronto a dar as razões de sua fé (Cf 1Pd 3,15). Pe. Fábio, que faz questão de relembrar os tempos em que dava aulas na Universidade, por certo faltou esta aula tão básica.. A fé não é sentimentalice... É uma virtude intelectual. Se Pe. Fábio fosse mais católico, talvez soubesse deste algo tão básico.

Mas parece que a ele se aplica com perfeição o que escreve S. Paulo:

 "A julgar pelo tempo, já devíeis ser mestres! Contudo, ainda necessitais que vos ensinem os primeiros rudimentos da palavra de Deus; e vos tornastes tais, que precisais de leite em vez de alimento sólido!" (Hb 5,12).

Com todo respeito, Padre, verdade seja dita.

Fábio.

Mais Chesterton - três argumentos anticristãos...



Muitos homens sensatos devem ter abandonado o cristianismo pela pressão de três convicções convergentes como estas: primeiro, a convicção de que os homens, com sua forma, estrutura e sexualidade, são no fim das contas muito semelhantes às feras, uma simples variedade do reino animal; segundo, que a religião primitiva surgiu da ignorância e do medo; terceiro, que os sacerdotes imprimiram na sociedade as marcas da amargura e da melancolia.

Esses três argumentos anticristãos são muito diferentes; mas são todos muito lógicos e legítimos; são todos convergentes. Percebo que a única objeção a eles é que são todos falsos. Se você parar de olhar para livros sobre os animais e os homens (com um senso mínimo de imaginação ou humor, um senso do desvairado ou do ridículo), você observará que o que assusta não é quanto o homem se assemelha aos animais, mas quanto ele difere deles. É a monstruosa escala de sua divergência que exige explicação. Que o homem e os animais são iguais é, num certo sentido, um truísmo; mas que, sendo tão iguais, eles sejam tão disparatadamente desiguais, esse é o choque e o enigma.

O fato de um macaco ter mãos é muito menos interessante para o filósofo do que o fato de que, tendo mãos, ele não faz quase nada com elas; não estala os dedos, nem toca violino; não entalha o mármore, nem trincha costeletas de carneiro. Fala-se de arquitetura bárbara e de arte inferior. Mas os elefantes não constroem colossais templos de marfim nem mesmo no estilo rococó; os camelos não pintam nem mesmo quadros ruins, embora estejam equipados com o material de muitos pincéis de pêlo de camelo.

Certos sonhadores modernos dizem que as formigas têm uma organização social superior à nossa. Elas têm de fato uma civilização; mas exatamente essa verdade só nos faz lembrar de que é uma civilização inferior. Quem jamais descobriu um formigueiro decorado com as estátuas de formigas famosas? Quem já viu uma colméia na qual estivessem esculpidas as imagens de esplêndidas rainhas de outrora?

Não; o abismo entre o homem e as outras criaturas pode ter uma explicação natural, mas é um abismo. Falamos de animais selvagens; mas o único animal selvagem é o homem. Foi o homem que se evadiu. Todos os outros animais são domésticos e seguem a inflexível respeitabilidade de sua tribo ou espécie. Todos os outros animais são domésticos; apenas o homem é sempre indômito, seja ele um devasso, seja ele um monge. Assim, essa primeira razão superficial do materialismo é, na melhor das hipóteses, um bom motivo para acreditar-se no contrário; é exatamente onde a biologia pára que a religião começa.

Constataríamos a mesma coisa se examinássemos o segundo dos três argumentos escolhidos aleatoriamente: o argumento de que tudo o que chamaos de divino começou em alguma espécie de escuridao e terror. Quando tentei examinar os fundamentos dessa idéia moderna, simplesmente desxobri que não havia nenhum. A ciência não sabe absolutamente nada sobre o homem pré-histórico, pela excelente razão de ele ser pré-histórico. Alguns professores escolhem conjeturar que faos como o sacrifício de seres humanos eram outrora considerados inocentes e geras; depois foram gradativamente diminuindo. Mas não dispomos de nenhuma prova direta, e a pequena quantidade de provas indiretas aponta muito mais para o contrário disso.

Nas lendas mais antigas a nosso dispor, como as histórias de Isaque e de Ifigênia, o sacrifício humano não é apresentado como algo tradicional, mas sim como uma novidade; como uma estranha e assustadora exceção misteriosamente exigida pelos deuses. A História não diz nada. E todas as lendas dizem que a terra era mais amável nas épocas mais antigas. Não há uma tradição do progresso; mas toda a raça humana tem uma tradição da Queda. É de fato bastante engraçado ver que a própria disseminação dessa idéia é usada contra a sua autenticidade. Os eruditos dizem literalmente que essa calamidade pré-histórica não pode ser verdadeira porque todas as raças da humanidade se lembram dela. Eu não consigo acompanhar esses paradoxos.

E a constatação seria a mesma, se tomássemos o terceiro exemplo aleatório: a visão de que os sacerdotes tornam o mundo mais sombrio e mais amargo. Olho para o mundo e simplesmente percebo que eles não fazem isso. Os países da Europa que ainda são influenciados pelos sacerdotes são exatamente aqueles onde ainda há canto e dança e roupas coloridas e arte ao ar livre. A doutrina e a disciplina dos católicos podem ser muros; mas são os muros de um pátio de recreio.

O cristianismo é a única estrutura que preservou o prazer do paganismo. Poderíamos imaginar crianças brincando na planície de um topo relvoso de alguma ilha elevada no meio do mar. Contanto que houvesse um muro em volta da beira do precipício, elas poderiam entregar-se ao jogo frenético e transformar o lugar na mais barulhenta creche. Mas os muros foram derrubados, deixando desguarnecido o perigo do precipício. As crianças não caíra; mas quando seus amigos voltaram, elas estavam todas amontoadas cheias de terror no centro da ilha; a sua canção já havia cessado.

Assim os três fatos da experiência, fatos esses que servem para fazer um agnóstico, são, segundo esta visão, totalmente virados ao contrário.

Chesterton, Ortodoxia.

A aparente correria hodierna deve-se à preguiça



"Existe o costume de nos queixarmos da correria e do árduo trabalho da nossa época. Mas na verdade a marca principal da nossa época é uma profunda preguiça e fadiga. O fato é que a verdadeira preguiça é a causa da aparente correria. Tomemos um caso totalmente externo: as ruas são barulhentas, cheias de táxis e carros. Mas isso não se deve à atividade humana, mas sim ao repouso. Haveria menos correria se houvesse maior atividade, se as pessoas simplesmente andassem a pé. O mundo seria mais silencioso se houvesse mais trabalho. E isso que se aplica à aparente correria física também se aplica à aparente correria intelectual."

Chesterton, Ortodoxia.

Vai ser santo?! Comece logo...



Algumas pessoas costumam dizer que, realmente, querem ser santas, que vão se empenhar, que, usando a terminologia paulina, vão "combater o bom combate". Mas isto dizem sem qualquer intenção de iniciar imediatamente. Parece que não há pressa... E, como se estivessem a declarar qualquer coisa de interessante, falam solenemente: "Estou esperando o momento certo; algo que marque o começo". Muitos se decidem começar no início do ano, mas... o ano novo chega, e nada de pôr em prática. E isto se deve, antes de tudo, à imaturidade com que vemos o dever da santidade.. Sim, dever! "Sede santos" é uma ordem!

Neste intenção, disponibilizo um texto de um escritor muito suave, muito carinhoso, e que bem poderia ser o "marco" pelo qual esperam tantos relaxados, entre eles, talvez eu também. O nome do escritor não conhecemos; sabemos apenas que é do século XIV e que escreveu um clássico da mística católica, particularmente da teologia apofática: "A Nuvem do Não-Saber". Segue o texto... Notem a brandura do escritor:

"E agora, débil miserável, ergue o teu olhar e repara no que és. Quem és tu, quais os teus méritos, para o Senhor te haver chamado desse modo? Oh!, mísero coração sem energia, adormecido na preguiça, que te não acorda nem a atração deste amor, nem a voz deste chamamento! Acautela-te, desgraçado, porque no tempo presente te espreita o Inimigo. Nunca te julgues mais santo nem melhor, seja pelo valor da tua vocação, seja pela singular forma de vida que abraçaste. Considera-te, antes, mais desgraçado e maldito, se, com o auxílio da graça e da direção espiritual, não fazes da melhor forma o que está ao teu alcance para viveres segundo a tua vocação. Devias ser tanto mais humilde e afetuoso para com o teu Esposo espiritual, quanto é certo que Ele - o Deus todo-poderoso, Rei dos reis e Senhor dos senhores! - resolveu humilhar-se para descer ao teu nível, graciosamente te quis escolher dentre as ovelhas do seu rebanho, para seres um dos seus amigos especiais, e a seguir te colocou num lugar de pastagem, para aí seres alimentado com a doçura do seu amor, como prelúdio da tua herança: o reino do Céu.

Continua, pois, eu te rogo, continua com toda a rapidez. Olha agora para diante e deixa o que está para trás. Vê o que te falta ainda e não o que já tens, pois essa é a melhor maneira de adquirir e conservar a humildade. A partir de agora, toda a tua vida deve ser, por completo, um desejo, pois só assim poderás crescer na perfeição. Tal desejo, por seu turno, deve ser sempre despertado na tua vontade, pela mão de Deus todo-poderoso, aliada ao teu consentimento.

Uma coisa, entretanto, te afirmo: Deus é um amante ciumento, que não tolera rivalidades, e não quererá atuar na tua vontade, se não estiver a sós contigo. Ele não busca nenhuma ajuda, só te busca a ti mesmo. Toda a sua vontade é que te limites a olhá-Lo e O deixes agir sozinho. Guarda as janelas e a porta contra a invasão das moscas e o assalto dos inimigos. E se te dispuseres a fazer isso, só terás de O invocar com insistência humilde na oração, que logo Ele virá em teu auxílio. Insiste, pois;mostra as tuas disposições. Ele está mais que pronto e apenas te aguarda."

A Nuvem do Não-Saber, Anônimo do século XIV.

"Sim sinhô"...rs..

Os ateus são uma graça...

Pergunte a um ateu: Você não acredita que existe um Ser eterno e incriado? Responderão: Não.
Pergunte, depois, como o mundo passou a existir; alguns responderão: ele existe desde sempre...

Se o mundo não é incriado, então ele é criado, ou pelo menos passou a existir num dado momento.
Alguns evolucionistas ateus aceitam que o mundo, de fato, teve um começo. Como se deu isso? Não sabem.
Vão falar da molécula mutante, vão falar de não sei que... mas desconversarão a mais importante questão: Como algo pode passar da não-existência para a existência? Há um abismo aí...
Do nada, nada se cria. Não podem dizer que foi por uma evolução, pois não há o que evoluir no nada. Não podem dizer que foi por uma força impessoal, pois no nada sequer esta força existe.

Os evolucionistas ateus dizem que é irracional supor a existência de Deus para explicar o mundo. Mas é incrível como eles, diante de uma tal questão sobre a origem de tudo o que existe, solenemente a ignoram e vivem tranqüilos, jurando com unhas e dentes a inexistência de um Criador pessoal.

S. Paulo disse que a ciência incha... Mas não é bem a ciência que incha, e sim a soberba de quem supõe ter ciência e ser a fonte da própria ciência. No orgulho encarnado de certos "cientistas", eles passam a amar tudo o que pareça complexo e rebuscado, por mais irracional que possa ser. Quem assistiu o debate entre o Sr. Richard Dawkins e o Dr. John Lennox pode perceber que Dawkins parte de um falso pressuposto: a obviedade de algo é motivo suficiente para fazer crer que este algo é falso. Por exemplo: se o mundo na sua perfeita ordenação de seres obviamente fala da existência de um ordenador, porque tudo leva a crer nisso, Dawkins supõe que a outra alternativa, a de que tudo surgiu por um impulso cego, por ser aparentemente mais "complexa", é a verdadeira.

Mas isto não é complexidade; é só cegueira obstinada, soberba que se insurge contra a verdade. É a mesma coisa que dizer que, pelo fato de ser simples afirmar que 2 + 2 é igual a 4, esta simplicidade é prova irrefutável de que não é 4.

É simplesmente a velha história de Adão em seu anseio de ser como Deus sem Deus. Para esses pseudo-cientistas é dolorido admitir que Deus existe, pois isto os comprometeria com Ele, e lhes mostraria que o espaço da divindade já tem dono.

A contracepção leva à infidelidade e ao desrespeito



"A contracepção leva à infidelidade conjugal.

Quando você separa os filhos do ato conjugal não há nada naquele ato que o caracterize, realmente, como conjugal. Fornicação (pré-matrimonial) e adultério (extra-matrimonial) tiveram sua explosão [skyrocketed] com a massiva prática da contracepção".
Pe. Euteneuer

"o amor dos esposos é fiel e exclusivo na medida em que é também fecundo"
Paulo VI
 
"Considerem, antes de mais, o caminho amplo e fácil que tais métodos abririam à infïdelidade conjugal e à degradação da moralidade. Não é preciso ter muita experiência para conhecer a fraqueza humana e para compreender que os homens - os jovens especialmente, tão vulneráveis neste ponto - precisam de estímulo para serem féis à lei moral e não se lhes deve proporcionar qualquer meio fácil para eles eludirem a sua observância" (Paulo VI, Encíclica Humane Vitae, n.17).
 
"É ainda de recear que o homem, habituando-se ao uso das práticas anticoncepcionais, acabe por perder o respeito pela mulher e, sem se preocupar mais com o equilíbrio físico e psicológico dela, chegue a considerá-la como simples instrumento de prazer egoísta e não mais como a sua companheira, respeitada e amada" (idem).
 
"Retirar o filho do ato conjugal é retirar seu sentido mais profundo e, com isso, destruir a fidelidade que uniria os esposos." Taiguara Fernandes
 
Leia o artigo completo em En Garde!
 
Valeu, Everth, pela indicação! ;p

Brasil, rumo ao Comunismo...







Fontes: Adversus Haereses Ecclesia Una

A natureza é irmã, e não mãe - G. K. Chesterton



A essência de todo panteísmo, evolucionismo e religião cósmica moderna está realmente nesta proposição: que a natureza é a nossa mãe. Infelizmente, se você considerar a natureza como mãe, vai descobrir que ela é madrasta. O ponto principal do cristianismo era este: que a natureza não é a nossa mãe: a natureza é nossa irmã. Podemos sentir orgulho de sua beleza, uma vez que temos o mesmo pai; mas ela não tem autoridade sobre nós; temos de admirá-la, não de imitá-la.

Isso confere ao prazer tipicamente cristão neste mundo um estranho toque de leveza que é quase frivolidade. A natureza foi mãe solene para os adoradores de Ísis e Cibele. Foi mãe solene para Wordsworth ou para Emerson. Mas a natureza não é solene para Francisco de Assis ou para George Herbert. Para São Francisco de Assis ela é irmã, até mesmo uma irmã menor: uma irmãzinha que dança, de quem se ri e a quem se ama.

Chesterton, Ortodoxia.

Evangelho de S. Lucas, um tratado de sociologia?!


A Editora Paulus, supostamente católica, faz questão de levar à frente o costume de certos senhores bispos de vincular a ideologia erquerdista ao Evangelho de Nosso Senhor.

Em um dos exemplares de livros que está a vender, "Como ler o Evangelho de Lucas - Os pobres constroem a nova história", lê-se como sinopse:

"Lucas tem grande preocupação social e está sempre atento aos pobres, humildes e pequenos, principalmente os marginalizados. Salienta que Jesus veio para eles, trazendo-lhes a justiça e a libertação, não para que simplesmente se encaixem na sociedade e na história que conhecemos. Ao contrário, veio libertá-los para que construam nova sociedade e nova história, onde a justiça produza partilha e fraternidade, possibilitando a todos o acesso à liberdade e à vida."

Será que realmente a preocupação de Lucas é somente social? Será que, pelo menos, é este o foco? Notemos que o termo "pobres" não tem, neste contexto da sinopse, qualquer conotação interior; trata-se, antes, de uma situação puramente social.

Depois, Jesus veio somente para os pobres, economicamente falando?

Há várias outras informações que claramente tendem para o ideal erquerdista, mas que, em virtude de sua ambiguidade, dou-lhes o favor da dúvida. Gostaria, enfim, de saber o que há dentro deste livreco.

E porque livreco? Desprezar de todo a teologia e dizer que o foco que S. Lucas quer tratar no seu Evangelho é a questão social faz do livro, no mínimo, uma pérola. Notemos que a pretensão é nada pequena: "como ler o Evangelho de S. Lucas".

Enfim, o livreco traz ainda o sugestivo subtítulo "os pobres constroem a nova história"... Deixo a pergunta: e os "ricos", onde foram nesta "história"? Deus queira não tenham sido fuzilados...

Nossa Senhora da Salette, ora pro nobis...

Jesus Cristo, Nosso Senhor, vence todos os teus inimigos e limpa a face da tua Igreja.
Ela tem saudades, Senhor, do vosso chicote...

Dia do Julgamento! 21 de maio de 2011...


Isso não é Jesus.. Vão se queimar tudinho.. kkk..
E isso não são crentes.. parecem mais a Liga da Justiça..kkk.

Mais uma vez, néscios e desocupados marcam uma data para o Juízo Final... A partir de cálculos da matemática teletubiana chegaram à brilhante conclusão de que Nosso Senhor estará desembarcando no planeta terra precisamente na data de 21 de maio de 2011.

Quem tiver paciência e quiser se divertir, dê uma olhada aqui.
Podem se encontrar também vários videos no Youtube sobre a estorinha...

Quando não acontecer nada, vão dizer que foi um pequeno erro de cálculo..rs..

Bento XVI à esquadra de Segurança Pública junto do Vaticano



"O trabalho que sois chamados a desempenhar possa tornar-vos cada vez mais fortes e coerentes na fé e a não ter receio ou respeito humano em manifestá-la no âmbito das vossas respectivas famílias, do vosso trabalho e onde quer que vos encontreis."


Fontes: Blog do Pe. Elílio Rádio Vaticano

O caso do padre demitido de Thiberville... sintomático e esclarecedor...


Santa Missa celebrada em algum lugar.. Não ficaria surpreso se só houvesse essas duas com o padre...
Ah... e mais quem tirou a foto...

De uns tempos pra cá, não sei se porque me inseri no assunto, o embate entre as diversas posições dentro do catolicismo tem se tornado mais claro, e as tensões têm-se feito perceber. Recentemente, um fato noticiado vem como que representar toda esta feroz luta que se trava. O caso aconteceu em Thiberville, na França, onde o Monsenhor Nourrichard, bispo de Évreux, tratou de demitir o padre Michel, cura da cidade, pelo simples fato de seguir uma tendência tradicional e de ser, no dizer do senhor bispo, papista demais. Isto como caso isolado é realmente de uma disformidade terrível e abrupta; porém, se bem visto no seu contexto, é apenas uma disformidade terrível.

Temos, nesta história, um bispo ordenado legitimamente para exercer o ofício episcopal e, portanto, incluído forçosamente naquela hierarquia eclesiástica onde deve submeter-se ao Papa, e que, porém, faz questão de deixar clara, por uma atitude tão ridícula, a sua intenção de se insurgir contra as decisões do Sumo Pontífice. A situação do senhor bispo é, no mínimo, desafinada. Mais desafinada ainda quando, no relato, notamos a total falta de trato, o total despreparo da referida autoridade eclesiástica, a ponto de dizer que o motivo de sua ida naquele local  era para celebrar o dia de todos os santos. O tal episódio se deu no último dia 3 de janeiro...

O Santo Padre Bento XI tem lutado muito pela Igreja, pela liturgia, tem feito esforços tremendos para corrigir os excessos provenientes das falsas interpretações do último concílio; tem buscado mostrar aos católicos que não pode existir ruptura na Tradição da Igreja e que não se pode reputar os ensinos do Magistério como errados só porque estamos em outros tempos, como se a Verdade e o dogma fossem evolutivos. Basta simplesmente refletir um pouco para notar que esta, a atitude do Santo Padre, é a única posição lógica, coerente com a natureza da Igreja como instituição fundada por Nosso Senhor. Se assim é, então como se explica esta luta ferrenha que certos bispos, padres e leigos travam contra o bispo de Roma? Das duas uma: ou o problema é de âmbito teológico e filosófico, ficando claro que a formação destes grupos "católicos" nestes campos é por demais superficial, ou teriamos de aceitar, ainda mais doloridamente, que a questão se situa mesmo no campo da má fé.

Mas um argumento que muito comumente se usa é que estas inovações, estas e(in)voluções se dão em virtude das exigências e necessidades do povo católico, da assembléia de fiéis. Costumes tradicionais, desprovidos do caráter sensacionalista e vazios de modismos televisivos terminariam por afastar os crentes, deixando-os à mercê das igrejolas de esquinas, os "esconderijos do Altíssimo". Porém, como eu bem escrevia de início, este caso, que aqui comentamos por alto, representa bem, não só a atitude de clérigos mal informados ou mal intencionados, mas também, de outro lado, a resposta do povo católico a estas inovações e a todo este clima de apropriação do sagrado: Padre Michel, com todo o seu tradicionalismo, que não é mais que fidelidade à Verdade, é amado pelos residentes da cidade de Thiberville e, diante da sua demissão por parte do senhor bispo, os fiéis se revoltaram e, na sua esmagadora maioria, retiraram-se do templo sagrado. E é o que tem acontecido por todo o mundo: por causas destas inovações litúrgicas, da falta de sobriedade, das lamentáveis apropriações daquilo que nos foi dado e não inventado por nós, muitos têm abandonado os templos católicos, cansados, entediados de tanta superficialidade. Ah... Com que nostalgia algumas pessoas escutam falar dos tempos de outrora, quando o latim ainda se fazia ouvir nas celebrações... E como há muitos que consideram ridículos estes costumes que se adotaram de celebrar o Santo Sacrifício do Senhor com danças afros, ou em espaços destinados à música eletrônica, as ditas "Missas dos vaqueiros"; como acham triste ver certos padres pulando como grilos em cima de palcos em plena Santa Missa, numa clara imitação dos ídolos rockeiros e demais astros midiáticos...

E onde fica o mistério? Onde fica o sagrado? Onde vai o povo?... É em favor do povo que se faz toda esta coisa circense? Conversa... É tudo um festival de vaidade e amor próprio. Tudo isto nada mais é do que a ilícita conciliação entre a luz e as trevas...

E, finalmente, como ficam os que se atêm à verdade? Muitos poderiam dizer que o bispo, como autoridade legítima da Igreja, deve ser acatado e que o padre Michel faria bem em se retirar. Mas é preciso notar que o Padre nada fazia de mal. O argumento usado contra ele era de ser "Papista demais"; Ora, o bispo provavelmente esperava que o padre fosse mais "bispista"... Estabeleceu-se uma tensão entre a posição do Monsenhor Nourrichard e a do Sumo Pontífice Bento XVI. E aqui se percebe aquela necessidade, já ensinada pelo Monsenhor Marcel Lefebvre, e que consiste no "dever da desobediência" a quem desobedeceu... O que se tem é, então, a desobediência a um senhor bispo como prova de fidelidade ao senhor Papa.

E eis a esperança do Padre Michel: o Papa não tardará em lhe confirmar como cura do local.
E é esta a esperança de todos nós. Diante de todas as excentricidades, de todos os non senses, de todas as distorções litúrgicas e shows que dariam muito bem um programa de comédia se fosse bem longe do templo sagrado, nós ficamos a esperar que o Papa, de fato, restaure a Santa Igreja que passa por grandes dificuldades e, acima do Santo Padre, elevamos os nossos olhos Àquele que está sobre as nuvens do céu e que não tardará a vir...

Viva a Sua Santidade Bento XVI, Sumo Pontífice da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, gloriosamente reinante!

Salve a Grande Mãe de Deus Maria Santíssima... Que ela nos ajude a compreender que a Liturgia nos foi dada e que a Santa Missa é, de fato, o Calvário.
Virgem Puríssima, dê juízo a quem não tem...

Fábio.

Fora da Igreja não há Salvação



Pe. W. Devivier, S. J.

Mas pelo menos, dirão, não se pode a Igreja livrar da nota de intolerante e de cruel, em ela declarar que fora da Igreja não há salvação. Que de homens, pois, destinados à condenação eterna, só por não pertencerem à Igreja romana!

Já nós, ainda que de passagem, respondemos a esta acusação. Bom será, porém, dar-lhe mais algum desenvolvimento; e assim se verá, como aquele velho de que fala Rousseau, de nenhum modo é digno de piedade.

Se, com efeito, a verdadeira religião, a religião de Jesus Cristo é obrigatória para todos os homens, e, se esta religião, a única, é professada e ensinada só pela Igreja católica, apostólica, romana, força é reconhecer que fora desta Igreja não há salvação, e que ninguém pode alcançar o céu sem a ela de algum modo pertencer. Não é, portanto, a Igreja que há de ser acusada por falar assim; se algum fosse digno de censura, seria o seu divino Fundador, que tornou a sua religião indispensável para todos.

O que, pois, sobremaneira importa é precisar bem o sentido desta máxima. “Há, observa o cardeal Deschamps, nestas palavras, assim como em todas as de uma lei penal, uma palavra, que sempre se há de subentender, e é a palavra voluntariamente; porque sempre a lei penal supõe culpabilidade; e a culpabilidade supõe sempre duas condições: o fato e a intenção. E, por isso, à pergunta: ‘crê a Igreja na condenação dos que, sendo nascidos e educados lá onde a não puderam conhecer, se acham em ignorância invencível a respeito da lei de Jesus Cristo, mas praticaram fielmente tudo o que eles viram ser bom?’, é necessário responder: ‘Não crê’”.

“Pode-se, pois, pertencer à alma, ainda que se não pertença ao corpo da Igreja, diz o mesmo cardeal. Não é evidente que pertence à alma da Igreja um homem que está de boa fé e que entraria nela se a conhecesse? Não estão realmente nesta disposição todos os que têm um desejo sincero e geral de aderirem à verdade e de fazerem a vontade de Deus? É esta uma questão semelhante a do batismo de desejo, do qual, como diz São Tomás de Aquino, se acha implícita e suficientemente contido na vontade geral de empregar todos os meios de salvação concedidos aos homens pela Providência divina. Os que, por conseguinte, estão pela sua parte dispostos a, conhecendo a Igreja, fazerem parte dela, já por isso mesmo são aos olhos de Deus considerados como filhos dela, e certamente receberão dele as luzes necessárias à sua salvação”.

“Morreu Jesus Cristo por todos os homens; e as graças liberalizadas em atenção a esta vítima, que a justiça eterna previu desde o princípio haver de ser imolada no correr dos tempos, occisus ab origine mundi, redundaram em benefício de todos, sem exceção alguma. Nenhum homem, portanto, ficou excluído dos benefícios da redenção, a não ser por culpa sua e pela sua resistência à graça; e cada um será julgado segundo a que houver recebido. Haverá porventura doutrina mais terna e juntamente mais terrível; mais terna para com os pobres ignorantes, que não têm culpa, na sua ignorância, e mais terrível para com os ingratos, que, para se esquivarem à luz, que os inunda, vão buscar as trevas de sofismas contra a justiça de Deus?”

Este é também o sentir unânime da Tradição, que ensina como coisa certa, dar Deus a todos os homens as graças suficientes para se salvarem, e que ninguém se condena a não ser por um ato livre da alma que, ingrata, recusa os dons divinos. “Deus não recusa a sua graça a quem da sua parte faz tudo o que de si depende”, diz um muito conhecido axioma teológico.

Para que melhor se compreenda o sentido desta máxima, distingamos, como fazem os teólogos, o corpo e a alma na Igreja. O corpo ou parte visível da Igreja é o conjunto dos membros, unidos entre si pelo assentimento às mesmas verdades, pela participação dos mesmos sacramentos, e pela obediência aos mesmos pastores, daqueles que pelo batismo se inscreveram oficialmente entre os seus súditos. A alma ou a parte invisível é a graça santificante, princípio da vida sobrenatural, que torna o homem agradável aos olhos de Deus.

Para de todo se pertencer, tanto de direito como de fato, ao corpo da Igreja, é primeiramente preciso entrar nela pelo batismo; e mais, é necessário, depois do uso da razão, prestar o seu assentimento, voluntário e feito com conhecimento de causa, por meio de um ato de fé católica; nem, enfim, deve fazer-se expulsar dela pela excomunhão, nem sair-se dela, abraçando algum erro.

Para se pertencer à alma da Igreja ou para se salvar, basta estar em estado de graça, quer se faça, ou não, parte do corpo da Igreja; ou, por outra, podem, segundo a doutrina católica, os hereges, os cismáticos e até os gentios possuir a graça santificante e merecer o céu. Mas, está claro, se alguém conhecesse a necessidade de fazer parte da Igreja, era impossível pertencer à alma da Igreja, e conservar a graça santificante, sem também pertencer ao corpo dela, pois faltaria voluntariamente a uma obrigação, que ele reconhece como grave.

Ninguém, pois, se perde senão por culpa sua, menosprezando a lei, a qual, porém, não obriga senão depois de conhecida ou promulgada, pois não obriga em consciência a quem a desconhece. E, por isso é que o Senhor só depois de haver dito aos apóstolos: “Ide por toda a terra e ensinai o Evangelho a toda a gente”, é que acrescentou: “Quem não crer será condenado”. Supõe, pois, conhecer-se a verdade, quando se incorre em condenação por causa da incredulidade.

(...) Não ficam, portanto, segundo a doutrina da Igreja, excluídos da salvação os gentios, os hereges e os cismáticos, que não abraçaram a verdadeira fé, a não ser os que não conheceram a verdade revelada porque não a quiseram conhecer, ou os que, tendo-a bastantemente conhecido, se recusaram a abraça-la. Só, de fato, estão obrigados a entrar na Igreja Católica os que a reconhecem como o único meio necessário para alcançarem a sua salvação. É, portanto, sob todos os respeitos muito racional e lógica a fórmula: “Fora da Igreja não há salvação”: e, se a acusam por este lado, é porque ou estão de má fé ou estão iludidos; iludidos, por lhe não conhecerem o sentido adequado e preciso; de má fé, por se recusarem a reconhecê-lo.

É verdade, observemos ainda, que, se a salvação é possível fora do corpo da Igreja, não deixa, no entanto, de ser mais difícil. A inteligência não possui, neste caso, a verdade íntegra nem o magistério infalível; e a vontade carece também de um grande número de auxílios, como são, os sacramentos, o culto externo, etc. Têm, pois, muitíssima razão os ministros do Evangelho, que, possuídos de um zelo ardente e de um amor generoso para com seus próximos, se não poupam a trabalhos e nem mesmo aos perigos da vida para a toda a parte levarem o conhecimento de Jesus Cristo e para dilatarem as fronteiras da Igreja por Ele fundada. Além de que, se a sorte dos que morrem só com a culpa original não é para causar dó, é, contudo, mil vezes mais invejável a sorte e felicidade dos escolhidos para o céu, a qual consiste na visão e fruição de Deus por todo sempre.

Fonte
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