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News about the VI Niver GRAA


Queremos retificar apenas uma informação concernente ao aniversário do GRAA. Dissemos, em outra postagem, da proposta de trazermos o Pe. Nilton, da paróquia de Santana do Mundaú. Porém, infelizmente o padre está muito atarefado pelo que se tornou muito improvável a sua presença entre nós.

De outro lado, já confirmamos com o Pe. Érico, da Paróquia de S. Benedito em Maceió. Este sacerdote é bem tradicional, sendo o único a celebrar a Santa Missa no rito extraordinário, creio eu, em todo o estado de Alagoas.

Estará conosco no Sábado, dia 11 de dezembro. Na ocasião, atenderá confissões, celebrará a Santa Missa e fará a exposição do Santíssimo Sacramento.

Grupo de Resgate Anjos de Adoração - GRAA

Advento - Tempo de Espera - Ano Novo Litúrgico


Pessoal, primeiramente quero desejar-vos um feliz ano novo litúrgico. Espero que neste novo tempo que se inicia, a Sagrada Liturgia seja menos violentada. Nosso Senhor o pede. Façamos, nós, o possível para isto.

Como já se sabe, o Advento é um tempo de espera. Ficamos na expectativa por Aquele que há de vir e na certeza de que Ele virá... Esta espera não pode ser indiferente, como se fosse qualquer um que estivesse para chegar. Na verdade, é a vinda de Quem mais importa; O que virá é Aquele a Quem nos foi ordenado amar com toda a nossa força, nosso entendimento e nossa alma. Naturalmente, a nossa vida, neste tempo, deve gravitar em torno desta espera.

Lembro-me de um trecho do Pequeno Príncipe em que a raposa diz ao menino: "se vieres às quatro horas, desde às três começarei a ser feliz." Bem.. é alguma coisa assim que ela diz. Isto nos fala de como a certeza de que Jesus virá deve, desde já, nos alegrar... Mas é interessante que o Advento nos ponha a esperar por Nosso Senhor principalmente em dois sentidos: no Natal e na Parusia. No Natal nós temos uma data definida, pelo que a alegria da raposa pode se aplicar ao nosso caso. Conforme nos aproximamos desta festa, a nossa alegria vai aumentando, da mesma forma que nos acaloramos conforme nos aproximamos do fogo. E, naquele bendito dia, eis-nos a cantar o Aleluia como expressão da nossa máxima felicidade! Nasceu-nos um menino! Brilhou uma Luz para nós!

Quanto à Parusia, isto é, à segunda e definitiva vinda de Cristo, não nos é dado saber o dia nem a hora. Também não devemos ficar neuroticamente esperando esta data, como fazem alguns desinformados por aí. É preciso, de um lado, anelar por aquele dia, com o mesmo suspiro com que um exilado anela pela sua Pátria; e de outro, é preciso paciência e um total abandono à vontade dEste que virá. A nossa alegria é, então, fazer a Vontade dEle.

Falar-se-ia, ainda, de uma terceira forma desta vinda: a vinda cotidiana de Nosso Senhor nos eventos mais ordinários. Temos a Sua vinda na Santa Missa; nos pobres que a nós acorrem ou que, santamente, nos importunam ou que, silenciosamente, nos impõem respeito pela sua gravidade; podemos perceber, ainda, a Sua silenciosa presença quando, contemplando a futilidade das trocas de presentes ou de galanteios que pretendem substituir a alegria do Natal ou destes tempos tão doces, parecemos percebê-Lo aos cantos, desprezado, olvidado, a convidar-nos, discreta e timidamente, a fazer-Lhe companhia...

No meio de tantas guloseimas, de tanta seda, de tanta formalidade, de tantos embrulhos e ornamentos, parece ficar ofuscada aquela noite em que, ao relento e em companhia de animais, rompeu o silêncio da noite o grito de um Menino pobre, envolto em trapos. E isto foi o Natal. E este Menino era Deus. E o advento é a espera deste Menino, ainda que Ele seja, em tudo isso, o menos notado.

Muitos dos que dizem amá-Lo sequer irão à Santa Missa. Preferirão a presença confortável dos seus familiares, o gosto suave dos vinhos e a sensação estranha da gordura do peru entre os dedos. E enquanto isto, lá está Ele, o infante, juntamente com Sua Mãe, Seu pai adotivo, alguns pobres pastores e alguns reis que se perceberam pobres diante dEle.

Nada tenho contra as celebrações em família, ou contra as ceias de Natal, nem contra as trocas de presentes. Mas nada disto é o natal. É preciso adorar o Infante na Santa Missa! Sem isto, não há natal. Depois, é preciso atentar para os pequenos que passarão este dia como todos os outros; nas ruas, nas casas pobres; talvez até tão felizes por terem ganho um cavalinho ou um carrinho, ainda que quebrados. E lá no fundo, na densidade destes tempos, Aquela voz ainda estará a ressoar: "Foi a Mim que o fizeste..."

Que Deus nos ensine a viver um santo advento e a viver um santo natal.

Manual de Instrução Religiosa - Cônego A. Boulenger


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O mistério não vai contra a razão... Ao contrário!


Pe. Cauly

Longe de acreditar como cego, o espírito dos verdadeiros crentes deve sempre dizer com o gênio de santo Agostinho e de santo Tomás de Aquino: "Eu não havia de crer se não visse que tenho razão de crer".

Ora, estabelecer os preliminares da fé e dar os motivos de credibilidade é justamente o trabalho que empreendemos. Abriremos um campo imenso à inteligência relatando os textos e testemunhos em que se baseia a nossa fé nos mistérios; discutindo o verdadeiro sentido das afirmações cristãs, justificando-o no tribunal da razão mais exigente, desafiando a razão e a ciência de achar uma só contradição, até um lado um pouco desarrazoado em nossos mistérios mais insondáveis, concluindo sempre, pelos processos mais lógicos, que achamos luz e proveito em aceitar cada um dos mistérios do Cristianismo. Que horizontes rasgados perante a inteligência humana! De que trabalho gigantesco não deu conta esta quando pôde, com santo Tomás de Aquino, colocar cada verdade sobre bases inabaláveis, e tecer aquela ligação maravilhosa que prende, umas às outras, todas as nossas misteriosas crenças, desde a existência de Deus, a Trindade e a criação, até a vida futura e a gloriosa ressurreição, passando pelos dogmas da queda original, da Incarnação, da Redenção e da Eucaristia!

Pe. Cauly, Curso de Instrução Religiosa, Tomo IV.

A existência do mistério pela definição de verdade


Pe. Cauly

A verdade, diz santo Tomás, é uma equação entre a inteligência e o seu objeto. Uma coisa nos aparece verdadeira quando a nossa razão a percebe inteira e a compreende; e, neste caso, a palavra que serve para exprimir esta verdade é nitidamente clara e compreensível. Mas é de toda a evidência que a inteligência divina encara objetos de uma grandeza muito maior; contudo, percebe-os em toda a sua extensão, e a palavra de que Deus se servir para exprimir a verdade por ele notada, será necessariamente em relação com a verdade mesma. Segue-se que a palavra de Deus, revelada e comunicada aos homens, fica em perfeita equação com o pensamento divino ou com a verdade; e como o pensamento de Deus é infinito assim como a sua natureza, a sua palavra nos comunicará verdades que ultrapassam e sempre ultrapassarão o círculo finito e limitado da nossa inteligência. Ora tal é a razão do mistério: inteligível e compreensível para Deus, é, para o homem, inteligível só nos termos, porém, incompreensível* na verdade que enuncia, porque tal verdade está acima do homem, superior à sua razão, mas nem por isso inteligível ou contraditória. Eis porque certas verdades, evidentes para Deus, ficam em si mesmas absolutamente incompreensíveis para o homem, e nós as chamamos de mistérios.

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*O autor dá o sentido em que emprega o termo: "O incompreensível é o que não é completamente penetrado ou explicado para que desapareçam todas as trevas da nossa inteligência e para haja equação perfeita entre o objeto e o pensamento. O incompreendido resulta de uma falta de alcance, de uma fraqueza relativa da inteligência, a respeito do objeto que lhe fica submetido".

Pe. Cauly, Curso de Instrução Religiosa, Tomo IV.

Sacerdotes - Alter Christus


Pe. Lidvino Santini S.J.

Cristo (...) é o único Sacerdote da Nova Aliança, cuja duração é eterna, infinita. Exerceu na cruz o ofício de sacerdote de modo visível e foi nela a vítima cruenta; nos nossos dias continua a exercer invisivelmente o mesmo ofício e a sacrificar-se, incruentamente, nos nossos altares. Para ser de algum modo visível, fá-lo mediante homens, que investe de seu poder sacerdotal, dizendo-lhes: "Fazei isto em memória de Mim"

Daqui provém toda a dignidade do sacerdócio na Igreja Católica. Daqui o apelidar-se o sacerdote católico de "alter Christus" - outro Cristo. - Daqui o atribuir-se ao sacerdote católico o que se atribui a Cristo, dizendo dele: "Tu es sacerdos in aeternum secundum ordinem Melchisedech" (Sl 109, 4).

E isto tudo diz do sacerdote católico, porque não é mero instrumento nas mãos de Cristo, como o é a pena com que escrevo, mas é algo mais.

Explico-me: O instrumento não merece louvor, honra e glória; pois quem tal tributaria a uma pena, embora concorra para produzir obra prima de literatura? É que a pena age segundo for movida pelo escritor, como causa sua principal; e tanto faz quanto direta e imediatamente é movida; nada mais e nada menos.

Não assim o sacerdote; é algo mais nas mãos de Cristo. O sacerdote é mais que instrumento, é mais que mera causa instrumental: é causa ministerial. A causa ministerial consiste em que ela subministra e prepara tudo o que o agente deve ter ou é conveniente que tenha para poder agir; porque assim o reclama, quer a disposição intrínseca da coisa, quer a disposição extrínseca e positiva do mandante.

A causa ministerial, portanto, deve ser dotada de inteligência e vontade; pode, por conseguinte, frustrar, até certo ponto, os intentos do que dela pretende valer-se, não mesmo excluído o próprio Deus. Pode tornar-se conseguintemente desmerecedora ou merecedora das suas obras, porque delas responsável.

Daqui a dignidade suma e a responsabilidade tremenda do sacerdote, vigário de Cristo.

Não é um mero instrumento nas mãos de Cristo-Sacerdote; mas é um meio ministerial. Deu-se a Jesus livremente de corpo e alma, para, por seu meio, exercer as funções sacerdotais e perpetuar em sua pessoa o sacerdócio visível cá no mundo.

Cristo-Sacerdote veria irremediavelmente frustrada a sua obra de redenção, no dia em que já não contasse com um homem-sacerdote; não porque não lhe fosse possível uma nova ordem de coisas na grande e maravilhosa economia da redenção do gênero humano, mas porque a suave providência divina assim dispôs.

Cristo, o Sumo Sacerdote, o Sacerdote principal, continuará a exercer seus atos sacerdotais na terra só na pessoa de seus vigários visíveis: os sacerdotes católicos legítimos.

Deus, na sua infinita Providência, vigiará e fará com que seu  divino Filho possa encontrar sempre, até a consumação dos séculos, homens dignos e fiéis que se prestem com júbilo e alvoroço como suas causas ministeriais, para que possa dispensar, por intermédio deles, os frutos inestimáveis do sacrifício da cruz, renovado de modo incruento no santo Sacrifício da Missa.

Ó Grande Pontífice! Ó Sumo Sacerdote, Jesus Cristo, é então verdade que pusestes nestas criaturas, que se dizem homens, os vossos complacentes olhares?

"Ecce ancilla Domini, fiat mihi secundum verbum tuum." Como a Virgem Maria, dado o seu consentimento, se tornou co-redentora do gênero humano, assim estas criaturas dão o seu consentimento, e tornam-se sacerdotes vossos; antes tornam-se um outro vós, um "outro Cristo" - Alter Christus. - Cala-te, língua! Pára, pena! Porque é mais importante o silêncio e mais significativa a carta em branco!

Pe. Lidvino Sntini S.J., A Santa Missa na História e na Mística

Trecho de Gustavo Corção, A descoberta do Outro


"Nos dias que se seguiram, lembro-me bem, eu não podia passar quinze minutos  sem pensar no santo nome de Deus. Era um assédio, um atropelo, era uma verdadeira perseguição que me acuava contra o altar. Uma onda de mérito de todos os santos, um vento de todas as orações, puxava-me o chão embaixo dos pés. E eu não sabia que o silencioso mover dos lábios de toda a cristandade cuidava de mim, dizia um segredo que me interessava, como os cochichos de gente grande nas vésperas de Natal, quando eu era pequenino."

Gustavo Corção, A descoberta do Outro, Cap. XIX, Pg. 186.

Ainda sobre os tais preservativos...

Eu tinha escrito o que vai abaixo como comentário do artigo que fiz ontem sobre este assunto tão polêmico. E o ponho agora como post porque, embora admitindo a minha pequenez para tratar do assunto, não quero me abster desta discussão. Depois de ter lido versões e versões, fica-me ainda o que segue abaixo... É mais uma pergunta do que uma afirmação.

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Me foi muito difícil ter de postar algo como uma crítica ao pronunciamento do Santo Padre. Pensei bastante sobre isso ontem à noite. O tema realmente não é fácil. Mas creio que o argumento é o seguinte:

Suponhamos que, de um lado, há um extremo de promiscuidade: a prostituição. E de outro, temos a vida sexual tal como deve ser vivida, isto é, dentro do matrimônio e com o seu duplo caráter: unitivo e procriativo.

Entre um e outro, obviamente, não se chega aos pulos. Há os níveis de gradação. Creio que o Santo Padre tinha isto em mente quando falou do “início de uma conscientização”.

A questão que se coloca é: entre um ato pecaminoso e um ato virtuoso não há meio termo, de modo que um ato pecaminoso, enquanto não deixa de ser tal, não pode servir de meio para um fim bom.

Pelo que se expressou Sua Santidade como teólogo pessoal, ele considera que o fato de usar um preservativo em casos extremos, pode se configurar como uma preocupação com o outro, o que poderia vir, posteriormente, a desembocar numa atitude mais responsável.

Entre bem e mal, porém, não há meio termo. Entre eles não há consórcio, como afirmou o Apóstolo Paulo. De modo que o primeiro passo para uma dignificação do ser humano implicaria o abandono da prostituição e, portanto, o descarte, por inutilidade, do infeliz preservativo.

Porém, vejamos o seguinte.
Entre o pecado totalmente irrefletido e esta possível preocupação com o outro, há, sim, uma gradação, de modo que esta última condição se configura menos ruim que a primeira. Não seria isto como uma incidência de qualquer luz na situação pecaminosa, a ponto de ser possível, a partir daí, que a situação mude? O argumento do Santo Padre aparentemente tem lógica, porém isto pode ser um sofisma, se bem que não intencional.

Da aceitação do preservativo, mesmo em casos mais complicados, já que é, claramente, um instrumento de promiscuidade, não pode resultar qualquer bem. Daí o problema! Desta forma, o primeiro passo seria, mesmo, abandonar a situação de pecado ao invés de executá-la de uma forma supostamente mais refletida.

De outro lado, há casos de pessoas que, no “fundo do poço“, começam a sair de lá, inicialmente, por discretas aproximações com o bem. Naqueles situações, vai se tornando crescente o sentimento de inadequação com o lixo do erro. Ora, à vista do primeiro movimento interior desta inadequação, não é provável que o sujeito já abandone o que fazia. Talvez o filho pródigo, antes de voltar à casa paterna, embora já pensando em fazê-lo, continuou a experimentar, por alguns dias, daquela lavagem..

O que quero dizer é que, antes do rompimento radical com a situação de pecado, é possível que se dê (geralmente se dá), no íntimo da alma, uma luta entre o que se faz e o que vai se vendo que se deve fazer. Neste sentido, aquele “senso de responsabilidade” representado pelo “cuidado” expresso, ainda que não suficiente, com o outro, não poderia ser o início deste processo?

Pergunto porque realmente não sei...
A coisa me parece por demais complexa. Gostaria que alguém comentasse isso aí.

Informativo sobre o Aniversário GRAA


Pessoal, estamos em pleno trabalho de divulgação do nosso aniversário. Pelo que temos visto, a demanda é considerável, graças a Deus, porém os interessados estão deixando para fazer as inscrições de última hora. Lembramos que as vagas são limitadas! Portanto, se alguém está certo de fazer o retiro, contate-nos e faça a sua inscrição. Uma vez que atinjamos o número limite, não haverá mais como inscrever-se. Não é má vontade; é o tamanho dos alojamentos que não comporta muita gente. Portanto, se organizem aí e façam o quanto antes.

Grupo de Resgate Anjos de Adoração

Dia de Santa Cecília, dia dos músicos


João Paulo II

Para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte. De facto, deve tornar perceptível e até o mais fascinante possível o mundo do espírito, do invisível, de Deus. Por isso, tem de transpor para fórmulas significativas aquilo que, em si mesmo, é inefável. Ora, a arte possui uma capacidade muito própria de captar os diversos aspectos da mensagem, traduzindo-os em cores, formas, sons que estimulam a intuição de quem os vê e ouve. E isto, sem privar a própria mensagem do seu valor transcendente e do seu halo de mistério.

(...) A Igreja tem igualmente necessidade dos músicos. Quantas composições sacras foram elaboradas, ao longo dos séculos, por pessoas profundamente imbuídas pelo sentido do mistério! Crentes sem número alimentaram a sua fé com as melodias nascidas do coração de outros crentes, que se tornaram parte da Liturgia ou pelo menos uma ajuda muito válida para a sua decorosa realização. No cântico, a fé é sentida como uma exuberância de alegria, de amor, de segura esperança da intervenção salvífica de Deus.

Portanto, a Igreja tem necessidade da arte. Pode-se dizer também que a arte precisa da Igreja? A pergunta pode parecer provocatória. Mas, se for compreendida no seu recto sentido, obedece a uma motivação legítima e profunda. Na realidade, o artista vive sempre à procura do sentido mais íntimo das coisas; toda a sua preocupação é conseguir exprimir o mundo do inefável. Como não ver então a grande fonte de inspiração que pode ser, para ele, esta espécie de pátria da alma que é a religião? Não é porventura no âmbito religioso que se colocam as questões pessoais mais importantes e se procuram as respostas existenciais definitivas?

De facto, o tema religioso é dos mais tratados pelos artistas de cada época. A Igreja tem feito sempre apelo às suas capacidades criativas, para interpretar a mensagem evangélica e a sua aplicação à vida concreta da comunidade cristã. Esta colaboração tem sido fonte de mútuo enriquecimento espiritual. Em última instância, dela tirou vantagem a compreensão do homem, da sua imagem autêntica, da sua verdade. Sobressaiu também o laço peculiar que existe entre a arte e a revelação cristã. Isto não quer dizer que o génio humano não tenha encontrado estímulos também noutros contextos religiosos; basta recordar a arte antiga, sobretudo grega e romana, e a arte ainda florescente das vetustas civilizações do Oriente. A verdade é que o cristianismo, em virtude do dogma central da encarnação do Verbo de Deus, oferece ao artista um horizonte particularmente rico de motivos de inspiração. Que grande empobrecimento seria para a arte o abandono desse manancial inexaurível que é o Evangelho!

Com esta Carta dirijo-me a vós, artistas do mundo inteiro, para vos confirmar a minha estima e contribuir para o restabelecimento duma cooperação mais profícua entre a arte e a Igreja. Convido-vos a descobrir a profundeza da dimensão espiritual e religiosa que sempre caracterizou a arte nas suas formas expressivas mais nobres. Nesta perspectiva, faço-vos um apelo a vós, artistas da palavra escrita e oral, do teatro e da música, das artes plásticas e das mais modernas tecnologias de comunicação. Este apelo dirijo-o de modo especial a vós, artistas cristãos: a cada um queria recordar que a aliança que sempre vigorou entre Evangelho e arte, independentemente das exigências funcionais, implica o convite a penetrar, pela intuição criativa, no mistério de Deus encarnado e contemporaneamente no mistério do homem.
 
Cada ser humano é, de certo modo, um desconhecido para si mesmo. Jesus Cristo não Se limita a manifestar Deus, mas « revela o homem a si mesmo ».(23) Em Cristo, Deus reconciliou consigo o mundo. Todos os crentes são chamados a dar testemunho disto; mas compete a vós, homens e mulheres que dedicastes a vossa vida à arte, afirmar com a riqueza da vossa genialidade que, em Cristo, o mundo está redimido: está redimido o homem, está redimido o corpo humano, está redimida a criação inteira, da qual S. Paulo escreveu que « aguarda ansiosa a revelação dos filhos de Deus » (Rm 8,19). Aguarda a revelação dos filhos de Deus, também através da arte e na arte. Esta é a vossa tarefa. Em contacto com as obras de arte, a humanidade de todos os tempos — também a de hoje — espera ser iluminada acerca do próprio caminho e destino.

Sobre a já, infelizmente, famosa entrevista do Santo Padre

Sobre a recente declaração e ventilação de uma entrevista do Santo Padre tratando sobre o uso dos preservativos...

De um lado, a coisa é muito grave para ficar sem comentar. E de outro, só se é possível, à luz da Fé, uma única posição, muito clara e unívoca: o que ali se lê é, no mínimo, lamentável.

Se é lamentável pelo conteúdo, se torna então absurdo levando-se em conta o atual estado do mundo em que vivemos. Custa-me muito fazer qualquer oposição que seja ao Santo Padre, e ainda agora o faço com os olhos baixos e fazendo, vez e outra, semi-vênias quase automáticas, mas não dá para entender o que ali vai escrito.

O uso da camisinha é um mal em si e não pode, em hipótese nenhuma, ser legitimado em função de um suposto outro bem. E não somente não resolve o problema moral, mas antes o agrava, sendo claramente um incentivo à promiscuidade.

Espanta-me, porém, que Bento XVI, sendo tão sábio quanto é, tenha caído em algo tão básico em termos de moral. Teria sido a pressão dos seus opositores? Não creio... Seria, então, a real posição do Santo Padre? Me custa crer. Talvez tenha sido um equívoco juntamente com um exemplo infeliz.

E por dizermos isto, muitos desinformados nos apontarão o dedo e, convictos de nos terem descoberto a motivação profunda de nossas investidas, dirão que nossa religião se baseia na defesa de nossas próprias opiniões, uma vez que acusamos, agora, até mesmo Sua Santidade.

Observemos, primeiro, que Bento XVI, nesta entrevista, não fala como Sumo Pontífice da Santa Igreja, mas como teólogo pessoal, como Joseph Ratzinger, o que não compromete, de forma nenhuma, o ensino da Igreja nem a sua infalibilidade enquanto pastor.

E a coisa é justamente o oposto: não sustentamos opiniões próprias a respeito destes assuntos tão sérios. O que fazemos é segurar firmemente no ensino de sempre da Santa Igreja Católica e à sua moral infalível. Bento XVI errou, agora, justamente por cultivar uma opinião própria ao invés de ser reto intérprete e canal da doutrina perene de Cristo.

Não se pode dizer que o tema, observado no seu aspecto prático, seja questão fácil. Mas isto não se resolverá mudando-se o conceito de bem nem fazendo-se do mal um instrumento.

Fico muito tímido para falar sobre isto, sobretudo porque estamos a tratar do que disse Sua Santidade, a quem amo e respeito profundamente. Depois, porque sou mesmo muito pequeno para tratar da questão. Outros grandes têm comentado a respeito embora, como é de se esperar, alguns discursos apaixonados tiram algo da objetividade dos textos.

De outro lado, não faltam também tentativas de defesa da referida entrevista, como se fosse possível uma hermenêutica em consonância com o ensino tradicional... Mas o resultado da empresa fica aquém da intenção.

Fico, sinceramente, preocupado e sei que esta entrevista será instrumentalizada ao extremo e lá se vêm outros tantos mal-entendidos que teremos de, pacientemente, desfazer.

Rezemos pelo Santo Padre Bento XVI, Doce Sombra de Cristo na terra...

Que a Virgem Santíssima nos conduza.

Sobre os católicos “não praticantes” e que "acham" alguma coisa



Gustavo Corção

Por mais que procuremos, com todos os recursos das artes e das ciências, uma solução intermediária entre a existência e a não existência de Deus, somos forçados a declarar com toda a honestidade que não a encontramos. (...) Em relação ao cristianismo, o meio termo que o mundo civilizado descobriu é feito de sentimentos e opiniões, isto é, dispensa a própria realidade do Cristo.

Quando alguém descobre que a mensagem de Jesus concorda em alguns pontos com suas próprias opiniões, declara-se católico, mas, para marcar uma distância decente entre essa posição de bem-pensante e a piedade, logo acrescenta que não é praticante. Está assentado, nesses casos, que a religião gispensa a realidade substantiva, uma vez que possui valores adjetivos. Não pesa o Cristo onde os derivados de seu nome satisfazem. Para essas pessoas que praticam a religão da palavra desencarnada, a última realidade é o modo de pensar de cada um.

A expressão corrente católico praticante nasceu desse equívoco sobre a verdadeira essência do catolicismo, e permite supor que o maior favor que um homem pode fazer a Deus é concordar com as consequências cívicas de Seu verbo. Ora, é bom advertir que quem não pratica não é católico, não o é no sentido absoluto, como não é casado quem não casou, por mais irrestrita que seja sua simpatia pelo estado conjugal.

Para esclarecer esse ponto devemos lembrar que o batismo é a primeira prática e a mais decisiva porque imprime caráter. O batizado que declara não ser praticante está, não somente recusando o convívio do noivado, a participação nos preparativos da festa, o pão e o vinho, como também renegando a incorporação ontológica do seu próprio batismo. E esse, por mais que negue, é praticante, mas mau e infiel praticante, mau e infiel católico, noivo que não convive o noivado e ainda tenta convencer que não recebeu o beijo da promessa.

Esses falariam mais baixo, com menos desembaraço, se devessem explicar aos amigos e parentes que são católicos excomungados. A Igreja não faz grande caso dessas simpatias distantes, desse ofertório truncado como aquela entrega de Ananias e sua mulher ao apóstolo Pedro, e em troca dessa concordância de opiniões, do favor de uma educada adesão, a “mulher forte” tem palavras para dizer o que é na realidade este simpatizante: um excomungado.

Na verdade, leitor, o absoluto não admite meio termo. Ou o Cristo é ou não é. Ou é o Verbo encarnado que falou de si mesmo, ou não é. E diante deste absoluto eu pergunto: (...) Se o Cristo é, em que pode sofrer Sua existência, se você emitir amanhã no clube uma opinão contrária entre duas cartadas de pôquer? Vale a pena pensar nisso com toda a atenção porque é perfeitamente possível, e um enorme depoimento o testemunha, que o Cristo seja o Cristo. Não lhe ocorre, leitor, a idéia muito simples, no meio de outras idéias, que uma idéia não basta? Não lhe ocorre que a única probabilidade no mundo para que todas as opiniões sejam as vestes de um corpo e retamente garantidas pela forma desse corpo, esteja na existência do Logos que já era desde o princípio? Vale a pena pensar nisso; vale a pena à noite, antes de dormir, apalpar-se peito e pernas, sentir a própria carne, para ter um anelo de realidade e o máximo desejo de participar nesse Logos.

Gustavo Corção, A Descoberta do Outro, Cap XVII, pp. 145-146.

Cartaz do VI Aniversário do GRAA

O pragmatismo no cotidiano eclesial



Joseph Ratzinger

Juntamente a essas soluções radicais e ao grande pragmatismo da Teologia da Libertação, existe também o pragmatismo cinza do cotidiano eclesial, em que tudo parece ser correto, mas a fé vai-se consumindo e acaba se afundando na mesquinhez. Penso em dois fenômenos que observo com preocupação. Em primeiro lugar, vai-se impondo, em graus de intensidade variáveis, a tentativa de estender o princípio da maioria à fé e à moral, ou seja, o projeto de “democratizar” decididamente a Igreja.

Essa tentativa se expressa da seguinte maneira: o que não parece evidente à maioria, não se pode impor como obrigatório. Mas, de que maioria se trata? Não haverá amanhã outra, diferente da de hoje? Uma fé que nós mesmos podemos estabelecer não é fé. E não existe nenhuma razão para deixar que uma minoria permita que a sua fé lhe seja prescrita por uma maioria. A fé, e a sua práxis, ou nos vem do Senhor por meio da Igreja e seus ministérios sacramentais ou não existe. Na maioria dos casos, o afastamento da fé acontece por lhes parecer que, se pudesse ser fixada por qualquer instância, a fé equivaleria a uma espécie de programa de partido: quem estivesse com o poder, determinaria o que se deve crer. Por isso, o que interessa hoje é chegar a possuir poder na Igreja. Dito de outra maneira mais lógica e evidente: o que interessa mesmo é não crer.

O outro ponto para o qual quero chamar a atenção diz respeito à liturgia. As diversas fases da reforma litúrgica levaram à opinião de que a liturgia poderia ser mudada à vontade. Se houvesse algo imutável, quando muito seriam as palavras da consagração, tudo o mais podendo ser feito de outro modo. O pensamento que então se segue é lógico: se uma autoridade central pode fazê-lo, por que não a local? E se a instância local pode, porque não a paróquia? Afinal, é ela que deveria se expressar e reencontrar na liturgia. Depois das tendências racionalistas e puritanas dos anos 1970, e também dos 1980, estamos cansados de uma liturgia de palavras e desejamos uma liturgia mais vivencial, que rapidamente se aproxima das tendências da Nova Era: procura-se a embriaguez e o êxtase, não a racionabilis oblatio (o culto divino conforme a razão e o logos), de que fala Paulo e a liturgia romana (Rom 12, 1).

(...) Pede-se vigilância para que não se substitua, furtivamente, o Evangelho por outra coisa diferente daquilo que nos foi entregue pelo Senhor. Pedras em lugar de pão.

Joseph Ratzinger, Fé, Verdade e Tolerância, 2ª Parte, Capítulo I, pp. 122-123.

Mais novas sobre o aniversário.

Anteontem à noite, conforme dito, fomos à casa do padre, todos meio receosos porque sequer o tínhamos avisado. Mas fazíamos em caráter de urgência, dada a proximidade do evento e as dificuldades distribuídas pelo caminho.

Lá chegando, uma leve decepção: o pároco não estava. Só chega de viagem na quarta feira (hoje). Mas estava o Pe. Francisco, aparentemente bem mais disposto a tratar conosco. Informado da situação, nos convidou a entrar e telefonou para a responsável pela localidade a que me referia em outra postagem e cujo preço, como dissera, estava um tanto salgado.

Quero resumir a história e dizer que a coisa caminhou muito melhor do que esperávamos. Por causa da intervenção do padre, conseguimos um amortecimento de 77% no preço do aluguel do espaço. Deo gratias!

Nos despedimos do padre num misto de felicidade e incredulidade, e rumamos para a matriz onde fomos, claro, agradecer a Nosso Senhor por Sua bondade e por nos mostrar, explicitamente, que o maior interessado na nossa conversão é Ele mesmo que “quer nos levar ao deserto e falar-nos ao coração”.

Precisamos, contudo, organizar uma série de outras coisas. Mas, o mais difícil já resolvemos. Sigamos rezando para que o evento se dê conforme a Santíssima Vontade de Nosso Senhor. Para tal, que Nossa Senhora nos conduza pela mão.

Dados do retiro:
Tema Geral: Provai e vede como o Senhor é bom.
Presenças: Pe. Nilton (a confirmar), Ir. Sandra (a confirmar), Fraternidade O Caminho, Servos do Senhor e GRAA
Local: Chácara Piroás, União dos Palmares – AL
Inscrição: R$ 25,00


*Acima, dissemos que o Pe. Nilton está para confirmar ainda. Mas este padre é só boa vontade. Só não virá se realmente não puder, dado que é pároco.
Com relação à Ir. Sandra, a dificuldade é que ela é muito requisitada. Mas fazemos questão dela conosco. Insistiremos! :D

Abraço =D 

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Ps.:Pessoal, se eu passar algum tempo sem postar ou sem responder os comentários, muito provavelmente será por problemas na net ou no PC que costumo usar.. Agora, por exemplo, escrevo do PC do meu irmão. Estes dias a gente vai formatar aquela carroça. Mas se eu demorar, já sabem. Pax.

Estranhices na "terra de zumbi"...


Estes dias aconteceram muitas coisas estranhas por aqui, desde um convite para fazer um retiro junto com a RCC até a entrada de membros do candomblé na Santa Missa, no dia 11 de Novembro, enquanto cantavam algo lá deles que eu não entendia. Detalhe: o padre também vestia uma túnica personalizada...rs

Bom.. Depois, com mais tempo, eu comento mais sobre estas coisas, sobretudo a respeito da profanação do Santo Sacrifício da Missa, a conivência de vários padres e a ideologia errada e perniciosa que há por trás.

Por ora, ficam os seguintes links como recomendação:

Belíssimo discurso do Santo Padre aos bispos brasileiros do Regional Norte II em visita "Ad limina Apostolorum" - 15 de abril de 2010
Dica para celebrações com inculturação

Novas sobre o retiro GRAA


Pessoal, estamos já em cima do dia do retiro e ainda penando pelo local. Ontem, três GRAAs fomos no lugar proposto, observar da estrutura e conversar com os proprietários. Isto fizemos depois de uma intensa busca por contatos, telefones, endereços, nomes e desencorajamentos vários. Mas, enfim, conseguimos.

O último trato que fizemos foi com um senhor que, segundo tinham dito, era muito chato, quase o diabo feito gente. Puro enxame: este homem nos recebeu muito bem e ainda nos ditou uma estratégia para sermos bem recebidos pela senhora do local.

A coisa dificultou um pouco porque nunca tínhamos ido lá, e as pessoas que conhecíamos e que poderiam nos levar não apareciam ou não atendiam o celular. Depois de uma boa espera em que até fomos convidados para o culto na Assembléia de Deus, conseguimos um taxi careiro que lá nos levou.

É mais longe do que supúnhamos, o que não é nenhum ponto negativo. Afinal, como queremos fazer um retiro, a coisa deve ser, de fato, retirada. A senhora que nos recebeu também foi muito educada e cortês e, com muito gosto, nos apresentou todo o local. O taxista é que, tendo esperado um pouco, aumentou-nos a conta em dez reais..., coisa que, na hora, não tínhamos.. rsrs.

Cheguei a tirar umas fotos com o meu celular de baixíssima resolução. Não as ponho aqui para não dar uma idéia errada do local... kk Mas posso adiantar que lá é muito bonito e muito agradável. No fim, o preço é que nos ficou um tanto salgado, mas estamos vendo esta questão. Eu não gostaria de abrir mão daquele espaço, pois me pareceu muito conveniente para o que estamos pretendendo. Peço aos amigos que rezem por nós. Hoje teremos reunião com o Padre Iran, para ver se ele nos dá livre espaço de fazer nossas mobilizações, tendo em vista que o retiro, embora organizado por nós, se pretende como retiro paroquial para os jovens. Mas as coisas por aqui andam um tanto estranhas... Também por isso, reforçamos o pedido por orações.

Outra coisa: o retiro parece que vai ser adiado em uma semana. Uma das pregadoras, a Ir. Sandra, costuma fazer retiro toda a primeira semana de todo mês. É outra pessoa da qual não quereríamos abrir mão. Seguiremos, portanto, conversando com ela sobre a possibilidade de vir uma semana depois.

A maior dificuldade, por ora, é na questão do orçamento geral. Não temos quem nos ajude, financeiramente falando, e parece que há quem não nos aprecie... Mas a gente vai fazer o possível.

Que Nossa Senhora nos ajude e nos conduza.

Fiquem todos na doce paz de Deus.

Fábio.

Atualmente sem net.

Caríssimos amigos, peço perdão por não ter postado nada nestes dias. Aconteceu um imprevisto com o PC, o que me impossibilitou de atualizar o blog recentemente. Escrevo, nesta ocasião, da casa de um amigo, pois o referido problema ainda não foi solucionado. Tentarei, à medida do possível, manter as postagens...

Que Deus os abençoe e guarde. Que a Virgem Puríssima os conduza

Fábio.

Cristo que vai morrer


Pe. Ronald Knox

"[A Eucaristia] é o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que Ele instituiu para perpetuar através dos séculos, até o seu retorno, o sacrifício da cruz, confiando assim à sua Igreja o memorial da sua Morte e Ressurreição" (Compêndio, n. 271).

Todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que venha (1 COr 11, 26).

A teologia de São Paulo não chegou até nós sob a forma de instruções catequísticas cuidadosamente meditatas; brotou ao sabor das circunstâncias, por uma série de acidentes providenciais, em ocasiões em que o Apóstolo não pretendia falar de teologia, mas debruçar-se sobre necessidades práticas do momento. É a uma cidente providencial que devemos o seu maravilhoso capítulo sobre a Sagrada Eucaristia, base de tantas coisas que cremos e sabemos sobre o sacramento do altar. Tudo foi a propósito de certos abusos que tinham surgido no seio da Igreja de Corinto - uma cidde portuária de costumes fáceis - e que o Apóstolo tratou de corrigir.

Naqueles dias, os cristãos costumavam reunir-se para ter uma refeição que servia de prólogo à celebração dos mistérios divinos. A refeição devia ser em comum; todos os cristãos, tanto ricos como pobres, traziam o que tinham e dividiam-no com os seus irmãos. Mas em Corinto os mais ricos e de melhor posição tinham o costum de chegar antes que os outros e, em tão restrita e agradável companhia, saborear até esgotar as coisas boas que haviam trazido. Desse modo, a preparação para a missa convertera-se para esses poucos num banquete ruidoso, e São Paulo, ao chamá-los ao sentido da decência, indica entre outras coisas que isso não era próprio de uma ocasião que, em certo sentido, devia ser uma manifestação de luto: não se podia participar de uma celebração eucarística sem associá-la à comemoração de uma morte; estavam anunciando a morte de Cristo até que Ele viesse de novo.

"Até que venha"... Que perspectiva teria São Paulo diante dos olhos ao usar essas palavras? Penso que, se lho tivéssemos perguntado, teria dito que não podia passar muito tempo sem que o seu Mestre retornasse na sua glória. Em todos os pontos daquele mundo mediterrâneo que o Apóstolo conhecia, o Evangelho tinha-se desenvolvido da noite para o dia, como o grão de mostarda da parábola. Em toda parte, as defesas dos antigos deuses já cambaleavam, como acontecia em Corinto, e os gentios começavam a converter-se. Por sua vez, o povo judeu não podia resistir por muito mais tempo a aceitar o Evangelho, já que as promessas eram para eles, e fora por eles em primeiro lugar que Cristo tinha morrido. E quando - dentro de poucos anos, por que não? - judeus e gentios se sentassem à mesma mesa, os céus voltariam a abrir-se e Cristo vivo desceria para julgar o mundo que Cristo moribundo tinha resgatado.

Fosse essa ou não a sua impressão, por menos que imaginasse que havia ainda um longo panorama de História aguardando o homem, podemos esatr certos de uma coisa: de que o Espírito SAnto o fazia escrever essas palavras para consolo dos que vivemos tão longe no tempo e num mundo tão diferente. Até que o Senhor venha, passarão idades e idades, e a Igreja ainda sofrerá mil mortes enquanto anuncia, com uma espécie de confiança desesperada, a morte do Mestre que ainda não retornou.

Anunciou-a quando escravos e patrícios, fingindo pertencer a uma associação funerária, se reuniam pela calada da noite, entre túmulos e altares pagãos, nas longas galerias subterrâneas que correm misteriosamente sob a superfície dos subúrbios de Roma. Continuou a anunciá-la nos desvãos secretos de velhas mansões campestres, em lugares escondidos dos montes, quando os nossos pais foram perseguidos e os seus sacerdotes mortos por amor à missa e aos ritos antigos. Voltou a anunciá-la em campos de concentração e em prisões sujas, onde católicos deportados arranjavam maneira de conseguir o estritamente necessário para que se celebrasse um sacrifício válido. E cristo ainda não retornou.

Que significam as palavras de São Paulo quando diz que, ao participarmos do sacrificio eucarístico e comungarmos, anunciamos a morte do Senhor? Quando inclinamos a cabeça diante das relíquias de um mártir, de certo modo anunciamos a sua morte. Proclamamos que a morte desse homem foi mais preciosa que as mortes comuns, pois foi a prova suprema da sua lealdade e o seu título para merecer a glória do céu; os seus restos mortais são como que um troféu da sua vitória e não duvidamos de que, por Providência de Deus, possuem uma graça e uma influência que poderão servir-nos de ajuda nas nossas necessidades. O santo está vivo, mas no céu; tudo o que aqui nos resta são ossos de um corpo morto. Mas não importa, pois o que anunciamos é a sua morte, e é adequado que o façamos pondo-nos em contato com essa parte muda do seu ser que lembra a forma heróica como morreu.

É isto o que São Paulo quer dizer? Que na sagrada comunhão recebemos o corpo morto de Cristo? O católico que aceitasse semelhante conclusão estaria muito mal instruído. Porque, na comunhão, o que recebemos é precisamente o corpo ressuscitado, o corpo vivo de Cristo. Se o nosso coração arde no nosso peito quando voltamos da mesa da comunhão, é porque, da mesma forma que os dois discípulos no caminho de Emaús, demos hospitalidade a Cristo ressuscitado, ainda que escondido sob uma forma que não nos permite reconhecê-lo.
 
O corpo ressuscitado, que podia ignorar as leis da natureza, entrou em nós para nos infundir energia com o seu poder sobrenatural. O corpo ressuscitado, que subiu ao céu na presença dos Apóstolos, entrou em nós para plantar no nosso corpo a semente da imortalidade. Como podia ser o seu corpo morto? Esse não existe, nunca existiu, exceto durante o breve intervalo que decorreu entre a tarde da Sexta-Feira Santa e a manhã do Domingo de Páscoa. Quando veneramos as relíquias de um santo, vemo-lo nelas, mas morto. Quando veneramos Cristo no altar, está ali vivo, embora viva sem ser visto.

Como, pois, nos diz São Paulo que anunciamos a morte de Cristo quando comungamos? Não foi ele que escreveu: Cristo, agora que ressuscitou dentre os mortos, já não morre? (Rom 6,9). Não foi ele que escreveu: Muito embora tenhamos conhecido Cristo dessa maneira [segundo a carne, de um modo humano], agora já não o julgamos assim? (2 Cor 5,16). Por que nos diz então que, ao invés de dizer que anunciamos a vida de Cristo, a ressurreição de Cristo? Porque a Sagrada Eucaristia não consiste somente na consagração do pão e do vinho e na sua recepção pelos fiéis, mas é algo mais, é um sacrifício. E como sacrifício que é, exige de certo modo que a vítima se ofereça à morte, a fim de que essa morte seja aplicada às nossas necessidades. O que se anuncia nesses mistérios é Cristo que vai morrer, Cristo morrendo, não Cristo morto.

Cristo morrendo... Do ponto de vista histórico, Cristo só podia morrer uma vez; é próprio dos homens morrer uma só vez, e Ele era homem. Podemos dizer, se quisermos, que o Sacrifício da Missa é o eco, a onda, repetida dia após dia, século após século, do sacrifício que Ele fez uma vez e para sempre na cruz. Um eco, uma onda..., são metáforas talvez úteis e gratas, mas não passam de metáforas.

O sacrifício da Missa é um mistério cuja relação como sacrifício da cruz talvez seja o aspecto mais misterioso de todos, mas uma coisa é certa: a vítima que nele se apresenta ao Pai eterno para interceder por nós é Cristo moribundo. Foi nessa situação que Ele advogou e advoga pela nossa salvação, que Ele redimiu e redime os nossos pecados. Anunciamos essa morte na Missa, não como algo que se renova misticamente enquanto se pronunciam as palavras da consagração.

Desde o momento em que morreu no Calvário até o momento em que virá de novo na sua glória, Cristo moribundo atua continuamente, está continuamente disponível. É nessa situação à beira da morte que intercede por nós quando se oferece na Missa. E é nessa situação – ainda vivo – que vem a nós na sagrada comunhão. Isto é o meu corpo que será entregue por vós...; este é o cálice do meu sangue, [...] que será derramado por vós: assim disse aos Apóstolos quando a sua morte estava ainda no futuro, e assim nos diz agora que a sua morte está no passado.

Não é de estranhar que a Igreja, que anuncia a sua morte um dia após outro, tenha assimilado o seu caráter de vítima. O ciclo de vida que Cristo assumiu no corpo natural que tomou da Virgem, sofre-o de novo no seu corpo místico, que é a Igreja. São Paulo sabia-o desde o instante em que caiu ofuscado na estrada de Damasco e ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? O Apóstolo alegrava-se com os seus próprios sofrimentos porque o ajudavam a suprir na sua carne o que falta às tribulações de Cristo pelo seu corpo, que é a Igreja (Col 1,24). Com que freqüência os homens nos dizem, num tom meio de compaixão, meio de desprezo, que pertencemos a uma religião moribunda! Aceitemos o símbolo, orgulhemo-nos da acusação, porque realmente pertencemos e sempre pertenceremos a uma religião moribunda: desde o primeiro momento em que nos refugiamos nas catacumbas até o fim dos tempos. É assim que prossegue a obra da salvação dos homens, e é por isso que a missão da Igreja é anunciar a morte do divino Mestre, até que venha de novo.

E como se aplica tudo isto a nós? Não há dúvida de que, quando vamos comungar, devemos pensar, entre outras coisas: “Isto é o seu corpo, que foi dado por mim; este é o seu sangue, que foi derramado por mim. Depois de todo este intervalo de tempo, Ele continua a vir a mim na condição de vítima. E quer imprimir um pouco dessa condição em mim: eu devo ser a cera e Ele o selo”. Não diz a Imitação de Cristo que cabe a todo o cristão levar uma vida moribunda? Talvez não esteja ao meu alcance penetrar muito profundamente nas disposições do meu Salvador crucificado, mas... o que podia, sim, era ser mais humilde quando fracasso, mais resignado quando as coisas não me correm bem, menos ansioso por traçar um gráfico dos meus progressos na virtude, mais disposto a deixar Cristo fazer em mim o que quiser, sem me dizer palavra.

Se eu pudesse morrer um pouco para o mundo, para os meus desejos, para mim mesmo! Se pudesse per paciente e esperar a vinda do Senhor, conformando-me, para anunciar a sua morte, com ir embora na sua companhia!

Pe. Ronaldo Knox, Reflexões Sobre a Eucaristia, São Paulo: Quadrante, 2005. Cap IV, pp. 32-38.

Quando assistires a Santa Missa


"Quando celebrares ou assistires à missa, terá de parecer-te algo tão grande, tão admirável e tão jubiloso como se, nesse mesmo dia, Cristo estivesse descendo ao seio da Virgem Maria e fazendo-se homem, ou deixando-se suspender da cruz para sofrer e morrer pela salvação da humanidade"

Imitação de Cristo, IV, 2, 6.

Senado Federal promove enquete sobre aborto de Anencéfalos


Já começaram as tentativas por aprovar o assassinato de crianças inocentes, dos seres mais indefesos. Você, não apenas que é católico, mas que tem inteligência, tem o dever de defender a vida. Vá ao site do Senado Federal e vote contra esta funesta proposta (PLS227/04).

Olhe no lado direito do site: Aqui.

Tradicionais - Idealistas ingênuos???


A causa dos tradicionais, isto é, a luta pela pureza da doutrina e a sacralidade do culto, é, por vezes, até compreendida. “São jovens que amam a Igreja”, dizem. Mas esta expressão carrega certo preconceito; é como se dissessem: “são idealistas.. muito embora tenham ótima intenção, não percebem que isto é, na verdade, impraticável”.

Apela-se, então, às exigências da vida corrente, das situações cotidianas, da inconveniência prática de se voltar a uma teologia e liturgia mais estritas.

Estes que assim argumentam, meio que simpatizam com os “jovens”, admitindo as razões intelectuais de sua luta, mas não lhe aderem na vontade. Em primeiro lugar, há que se levantar a questão moral que, não cuidada, amortece a firmeza de qualquer coisa; se não se trabalha nesta questão, o homem se torna, para usar uma expressão de S. Josemaría Escrivá, um “estômago”. Torna-se uma fruta mole, parafraseando agora S. João da Cruz. A estes bonecos não agrada qualquer projeto que preze por uma constância ou firmeza. Seguem conforme a conveniência... Cuide o leitor para não estar entre estes.

Depois, ao dizer que tudo isto que pretendemos é “impraticável”, estes sujeitos fazem uma perigosa divisão entre a teoria e a prática no Cristianismo, como se o Evangelho, por si mesmo, fosse mera alegoria, ou como se Nosso Senhor não nos exigisse a perfeição da sua doutrina. Atribuem ao rigor na vida cristã uma certa ostentação, despindo-o da sua pureza de ideal. Pelo que me consta, foi este mesmo o argumento que certos senhores bispos usaram quando da conversa de S. Francisco de Assis com o Papa, a fim de legitimar a sua Ordem. Se o Evangelho é impraticável, o que é que fazemos escutando-o todos os dias na Santa Missa. Estamos apenas encenando?

Se a Liturgia bem celebrada é impraticável, o que foram tantos séculos que deram à Santa Igreja tantos santos? O que são as encíclicas papais, os livros litúrgicos? São mera ostentação do impraticável?

Com este argumento tosco de que na teoria estamos certos, mas na prática a coisa não é assim, estes indivíduos simplesmente destroem, com tal disparate, toda e qualquer coerência da vida cristã. Não espanta, então, que estes sejam os mais frouxos entre os frouxos.

Se alguém diz que o ensino da Igreja é dispensável, ele estará relativizando todos os pronunciamentos da Igreja, sejam eles dogmáticos ou não. Tal pessoa não é católica. Dizer que, na verdade, aquilo não é necessário, é pretender transcender a regra e gozar de uma visão privilegiada; ultrapassar os “escravos da lei”, estar acima da Igreja ou, aproximando-se de uma afirmação gnóstica, estar, agora sim, em posse do que é a verdadeira Igreja.

Isso é dizer que o Catolicismo, em suas fórmulas dogmáticas, em suas proposições doutrinárias, em suas regras litúrgicas, permanece cativo. A liberdade seria, então, abrir mão de tudo quanto se afirmou anteriormente ou, pelo menos, pôr nisso uma flexibilidade sem fim. É nesta lógica que se situam, por exemplo, os argumentos favoráveis à inculturação, ao ecumenismo sincretista, à fraternidade universal das religiões; todas estas balelas têm igual base: o relativismo ou a negação do acesso à verdade absoluta.

Cristo, então, assemelha-se a Buda; a Igreja Católica se assemelha aos pentecostalismo de qualquer matiz e toda a vida da graça se reduz a um mero moralismo.

Tais argumentos, além de asquerosos, são frágeis, realmente próprios, não de mentes, mas de estômagos.

Permaneçamos firmes na luta e na coerência.

Que Deus nos ajude

Salve Maria!

A suposta helenização do cristianismo, o realismo da filiação divina de Cristo e o encontro providencial entre Fé Bíblica e Filosofia Grega


Joseph Ratzinger

As grandes decisões fundamentais dos antigos concílios, que se converteram nos credos ou símbolos da fé, não torcem a fé convertendo-a numa teoria filosófica, porém dão forma verbal a duas constantes importantes da fé bíblica: propugnam o realismo da fé bíblica e vedam uma interpretação meramente simbólica e mitológica; propugnam a racionalidade da fé bíblica, que, na verdade, ultrapassa sim o que é próprio da razão e de suas possíveis “experiências”, mas, não obstante, apelam à razão e apresentam-se com a exigência de declarar a verdade, de abrir ao homem o acesso ao genuíno núcleo da realidade. Gostaria – como tenho feito com certa freqüência – de mostrar isso, resumidamente em um exemplo central, em apenas um vocábulo puramente filosófico e certamente não bíblico, que encontrou acolhida no Credo mais longo e que, portanto, tornou-se o exemplo ostensivo da “helenização” do cristianismo.

Refiro-me ao enunciado de que Jesus Cristo é o Filho unigênito de Deus, homousios com o Pai – consubstancial com o Pai. É bem sabido como se discutiu a respeito desse termo, como se procurou atenuar seu significado, estabelecer acordos - por motivos políticos, como na procura de mediação entre posições opostas, para salvar a paz na Igreja -, para que, finalmente, esse termo fosse mantido precisamente como garantia da fé bíblica.

Aqui se canoniza uma filosofia estranha à fé, uma metafísica elevada à categoria de dogma que pertence precisamente a uma só cultura? Para responder a essa pergunta precisamos ter bem presente a questão de que se tratava então. O Novo Testamento falava de Jesus como o Filho de Deus. Ora bem, as religiões, em cujo mundo a missão cristã penetrou, também falavam em filhos de Deus e filhos de deuses. Era Jesus de Nazaré um filho de Deus desse tipo? Seria essa, portanto, uma maneira de falar “mitológica, com exagero poético, como talvez seja comum entre enamorados, que colocam num plano absoluto a pessoa amada, mas, naturalmente, não acima da própria realidade, e querendo expressar uma mera decisão? Seria essa uma figura de linguagem ou que tipo de realismo pretendia ter?

Desta pergunta depende a decisão sobre o que é realimente o cristianismo – se Jesus pode ser contado entre os Avataras, entre as múltiplas formas de manifestação da deidade no mundo, se o cristianismo é uma variedade religiosa entre outras ou se aqui se encontra um outro realismo. A palavra homoousius responde à pergunta: a palavra “filho” não se deve entender no sentido poético e alegórico (mitológico, simbólico), mas plenamente no sentido realista. Jesus é realmente o Filho, não se tratando apenas de uma maneira de falar. Defende-se o realismo da fé bíblica, e nada mais; propugna-se a seriedade do sucedido, do novo acontecer que chega de fora. Nesse “é” ressoa o “Eu sou” escutado junto à sarça ardente (Ex 3,14), qualquer que possa ter sido o seu sentido histórico original. “Eu o sou” disse Jesus mais de uma vez, expressando com isso todo o realismo da fé bíblica. A fórmula, aparentemente tão avançada, do Credo, o homoousius, diz-nos em última análise que devemos tomar a Bíblia ao pé da letra, que ela, nos seus supremos enunciados, vale literalmente e não meramente no sentido alegórico.

Nas suas decisões, os padres conciliares entenderam com muita exatidão que a Bíblia não queria introduzir simplesmente uma “ortopráxis” qualquer. Sua pretensão é mais elevada: que o homem é apto para a verdade e quer confrontá-lo com a própria verdade, abrir-lhe a verdade, que, em Jesus Cristo, encontra-se diante dos homens como pessoa. O característico da filosofia grega era que não se contentava com as religiões tradicionais nem com as imagens do mito, mas levantava com toda seriedade a questão da verdade. E já nesse lugar podemos quiçá ver o dedo da Providência: porque o encontro entre a fé da Bíblia e a filosofia grega foi verdadeiramente “providencial”.
 
Joseph Ratzinger, Fé, Verdade e Tolerância, Cap II, pp. 88-90.
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