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Jesus pergunta a Sta Teresa: "Sabes o que é amar-me de verdade?"


Certa vez enquanto fazia oração, senti-me invadida por uma felicidade muito íntima. Todavia considerando-me indigna de tal favor, comecei a pensar que merecia, com maior razão, estar naquele lugar que me estava destinado no inferno. O modo pelo qual nele me vi nunca me sai da memória. Com esta consideração, minha alma começou a inflamar-se mais. Sobreveio-me um arrebatamento de espírito que não sei descrever. Parecia-me estar imersa e repleta daquela majestade que já de outras vezes tenho entendido.

Nessa majestade compreendi uma verdade que é a plenitude de todas as verdades. Não sei dizer como, porque nada vi. Disseram-me - não sei quem, mas bem entendi ser a mesma Verdade: "Não é pouco isto que faço por ti: é uma das maiores graças de que me és devedora. Todo dano que vem ao mundo é porque os homens não conhecem com clareza as verdades da Escritura, da qual nem um til se deixará de cumprir."

Veio-me ao pensamento que sempre o havia crido e que todos os fiéis o crêem. O Senhor voltou a dizer-me: "Filha, quão poucos me amam verdadeiramente. Se me amassem, não lhes encobriria meus segredos. Sabes o que é amar-me de verdade? É compreender que tudo quanto não me agrada é mentira. Claramente verás isto, pelo fruto que sentirás em tua alma e que agora não entendes!"

Assim tem acontecido, Deus seja louvado! Desde então tudo que vejo não ir endereçado ao serviço de Deus, de tal modo me parece vaidade e mentira, que não saberia exprimir até que ponto o entendo. Que lástima sinto pelos que vivem em trevas acerca desta verdade!

Sta Teresa D'Avila, Livro da vida, Cap. 40, n.1-2.

Jesus é Rei - Sta Teresa D'Avila


Vendo o Senhor e com ele conversando tão contínua e intimamente, comecei a sentir por ele maior amor e confiança. Compreendi que é Deus, mas é também homem e não se espanta das fraquezas dos homens. Conhece bem nossa miserável natureza, sujeita a muitas quedas em consequência do primeiro pecado que ele veio reparar. Embora seja Senhor, posso tratar com ele como com um amigo. Verifiquei que não é como os potentados da terra, que fazem consistir todo o seu poderio no aparato exterior. Marcam dias e honras para suas audiências e só certas pessoas lhes podem falar em particular. Se um pobrezinho tem algum negócio a tratar, à custa de quantos rodeios, empenhos e trabalhos chega a aproximar-se!

E que será falar com o rei! Aqui é proibida a entrada à gente pobre sem brasões. Não há remédio senão recorrer aos mais privados, que certamente não serão pessoas que tenham o mundo debaixo dos pés. Estes nada temem nem devem temer, e por isso dizem a verdade: não são feitos para os palácios onde não se usa de franqueza. Na corte é forçoso calar o que se desaprova, e nem sequer se ousa ter um pensamento contrário, pelo receio de ser desfavorecido.

Ó Rei da glória e Senhor de todos os reis, vosso império não é uma armação de pauzinhos. É reino que não tem fim! Não há necessidade de intermediários para chegar a vós! Só de contemplar vossa pessoa, logo se vê que sois o único a merecer que vos chamem Senhor. É tal a Majestade que mostrais que não há necessidade de séquito nem de gente de guarda para dar a conhecer que sois rei.

Um rei da terra, estando só, dificilmente se fará reconhecer como tal. Por mais que se queira dar a conhecer, não o acreditarão, pois em si mesmo não tem mais que os outros. É preciso que se veja aparato régio, para crer. É justo usar de certas pompas que conferem autoridade. Se não as tiver, não o respeitarão. É que não lhe vem de si a aparência de poderoso. A autoridade lhe vem de outros.

Ó Senhor meu! ó Rei meu! Quem saberia descrever agora a majestade que tendes! É impossível deixar de ver que sois imperador, por serdes vós quem sois. A vista de vossa Majestade enche de assombro. A par de tanta grandeza, Senhor, mais espanta ver vossa humildade e o amor que mostrais a uma criatura como eu. Em tudo podemos tratar e falar como quisermos convosco. Passado o primeiro espanto e temor de ver a Vossa Majestade, fica-nos um temor ainda maior, para nunca mais vos ofendermos. Não é por medo de castigo, Senhor meu. Este não conta comparado ao mal de vos perder.

Sta Teresa D'Avila, Livro da vida. cap.37, n.5-6.

Consequências do ecumenismo


"As consequências do ecumenismo são a indiferença religiosa e a ruína das missões. É hoje uma opinião geralmente difundida entre os meios católicos de que alguém se pode salvar muito bem em qualquer religião. O apostolado missionário não tem mais nenhum sentido, e acontece com frequência que se recuse receber na Igreja convertidos de outras religiões, que, entretanto, queriam se tornar católicos. A atividade missionária se tornou uma ajuda social. Isso está em flagrante oposição à ordem de Nosso Senhor: 'Ide, ensinai a todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; e ensinai-os a observar tudo o que vos ordenei.' (Mt 28,19)" 

Pe. Matthias Gaudron, Catecismo católico da crise na Igreja

Sta Teresa D'Avila sobre a Inquisição

Também começou aqui o demônio, de boca em boca, a espalhar e dar a entender que eu tinha tido alguma visão ou revelação sobre o caso. Várias pessoas vinham a mim, com muito medo, dizer-me que os tempos não andavam bons. Poderiam levantar contra mim algum falso testemunho e denunciar-me aos inquisidores. Achei graça na idéia. Fez-me rir, porque neste ponto nunca temi. Tinha consciência de que, em matéria de fé, eu estava pronta a morrer mil vezes para não ir contra a menor cerimônia da Igreja, ou por qualquer verdade da Sagrada Escritura. Respondia, pois, que a esse respeito nada receassem. Em bem mau estado andaria minha alma se nela houvesse coisa de tal natureza, que me fizesse temer a Inquisição. Se eu imaginasse haver necessidade, seria a primeira a ir buscá-la. Se eram falsas as acusações, o Senhor tomaria minha defesa, fazendo redundar tudo em meu proveito.

Sta Teresa D'Avila, Livro da vida, Cap. 33, n.5.

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Daqui se depreendem algumas coisas:

- A denúncia aos Inquisidores poderia se dar através de falso testemunho, obviamente. Mas a santa não tinha medo disso, pois, como se sabe, a Inquisição agia através de investigações. Não sendo comprovado o tema da preocupação, a punição recairia sobre o denunciador, se porventura este tivesse sido movido por inveja ou algum outro motivo infundado;

- Sta Teresa D'Avila, sabendo disso, se ri;

- Sta Teresa D'Avila revela que a Inquisição investigava as coisas a partir de duas fontes: a doutrina da Igreja e as verdades da Sagrada Escritura, sendo falso, portanto, o que dizem alguns de que os Inquisidores ignoravam a Bíblia. Portanto, não se pense que Lutero fosse melhor formado que os Inquisidores e residisse a razão do interrogatório que lhe fizeram no fato de ele basear-se na Escritura. Pelo contrário, tudo isso se baseava nos erros doutrinais e teológicos de Lutero que não encontravam base nenhuma na Bíblia.

Sta Teresa D'Avila é levada ao inferno, onde sofre a angústia dos condenados


Havia muito tempo que o Senhor me fazia muitas graças já referidas e outras ainda maiores, quando um dia, estando em oração, achei-me subitamente, ao que me parecia, metida corpo e alma no inferno. Entendi que o Senhor queria fazer-me ver o lugar que os demônios aí me haviam preparado, e eu merecera por meus pecados. Durou brevíssimo tempo. Contudo ainda que vivesse muitos anos, acho impossível esquecê-lo. A entrada pareceu-me um túnel longo e estreito, semelhante a um forno muito baixo, escuro e apertado. O chão tinha aparência de uma água, ou antes, de um lodo sujíssimo e de odor pestilencial, cheio de répteis venenosos. No fundo havia uma concavidade aberta numa parede, como um armário, onde me vi, encerrada de maneira muito apertada. Tudo isto era agradável em comparação do que ali senti. O que escrevo está muito longe da verdade.

O tormento interior é tal, que não há palavras para o definir, nem se entende como é realmente. Na alma senti tal fogo, que não tenho capacidade para o descrever. No corpo eram incomparáveis as dores. Tenho passado nesta vida dores gravíssimas. No dizer dos médicos são as maiores que se podem sofrer, como, por exemplo, quando se encolheram todos os meus nervos, e fiquei tolhida. Já não falo de outras muitas dores de diversos gêneros e até algumas causadas pelo demônio. Posso afirmar que tudo foi nada em comparação do que ali experimentei.

O pior era saber que seria sem fim, sem jamais cessar. Sim, repito, tudo mais pode chamar-se nada em relação ao agonizar da alma: é um aperto, um afogamento, uma aflição tão intensa, e acompanhada de uma tristeza tão desesperada e pungente, que não sei como posso explicar semelhante estado! Compará-lo à sensação de que vos estão sempre a arrancar a alma, é pouco. Em tal caso, seria como se alguém nos acabasse com a vida. Aqui é a própria alma que se despedaça. O fato é que não sei como descrever aquele fogo interior e aquele desespero que nos sobrepõem a tão grandes tormentos. Eu não via quem os provocava, mas sentia-me queimar e retalhar. Piores, repito, são aquele fogo e aquele desespero que me consumiam interiormente.

Em lugar tão pestilencial, sem esperar consolo, é impossível sentar-se, ou deitar-se, nem há espaço para tal. Puseram-me numa espécie de fenda cavada na muralha. As próprias paredes, espantosas à vista, oprimem, e tudo ali sufoca. Por toda parte trevas escuríssimas. Não há luz. Não entendo como, sem claridade, se enxerga tudo, causando dor nos olhos. Nesta ocasião, o Senhor não quis que eu visse mais de tudo aquilo que há no inferno.

Em outra visão, vi coisas horripilantes acerca do castigo de alguns vícios. Pareceram muito mais horrorosas à vista. Como não sentia a pena, não me causaram tanto temor como na primeira visão, na qual o Senhor quis que eu verdadeiramente sentisse aquelas torturas e aquela aflição de espírito como se o corpo as estivesse padecendo. Como foi isso, não sei, mas bem entendi ser grande graça do Senhor querer que eu visse, com meus olhos, de onde sua misericórdia me havia livrado.

Verdadeiramente é nada ouvir discorrer, ou ainda meditar, sobre a diversidade dos tormentos, como eu de outras vezes havia feito, embora raramente. A feição de minha alma não é ser levada pelo temor. Lia que os demônios atenazam as almas e lhes infligem outros suplícios. Tudo é nada a respeito da verdadeira pena, que é muito diferente. Numa palavra, é tão diferente quanto o esboço o é da realidade. Queimar-se aqui na terra é sofrimento muito leve em compaixão com aquele fogo de lá.

Fiquei tão aterrorizada, e ainda agora o estou enquanto escrevo, apesar de terem decorrido quase seis anos. De tanto temor, tenho a impressão de ficar gelada. Desde então, ao que me recordo, cada vez que tenho sofrimentos ou dores, tudo o que se pode passar na terra me parece nada. Penso que em parte nos queixamos sem motivo. Foi esta, repito, uma das maiores graças que o Senhor me fez. Valeu-me imensamente, quer para perder o medo quanto às tribulações e contradições desta vida, quer pare me esforçar em padecê-las e a dar graças ao Senhor, por me ter livrado, ao que agora me parece, de males tão perpétuos e terríveis.

Desde então, tudo me parece fácil comparado a sofrer um momento o que lá padeci. Admiro-me de como, havendo lido muitas vezes livros nos quais se dá alguma idéia das penas do inferno, não as temesse, nem as levasse muito em consideração. Onde estava eu? Como podia achar descanso em caminho que conduzia a tão mau lugar? Sede bendito, Deus meu, para sempre! E como deixastes ver que me amáveis muito mais do que eu a mim mesma! Quantas vezes, Senhor, me livrastes de tão tenebroso cárcere e como eu tornava a meter-me nele contra vossa vontade!

Senti imensa compaixão vendo tantas almas que se condenam, especialmente desses luteranos, que já pelo batismo eram filhos da Igreja. Daí também me vieram fortes ímpetos de salvar almas. Padeceria mil mortes de muito boa vontade, para livrar ainda uma só alma de tão grandes tormentos. Vendo aqui na terra uma pessoa a quem amamos metida em grandes sofrimentos ou dores, nossa própria natureza nos move à compaixão. Quanto maior o seu padecimento, mais nos afligimos. Que será ver uma alma, sem esperança de fim, imersa no sofrimento que é o auge dos sofrimentos? Quem poderá suportar? Não há coração que o pondere sem grande lástima. Com efeito, se aqui na terra nos movemos a tanta compaixão, não sei como podemos sossegar à lembrança desse outro mal que não acaba! E vemos tantas almas que o demônio cada dia arrasta consigo.

Isto igualmente me faz desejar que, em matéria que tanto nos importa, não nos contentemos, enquanto não tivermos feito tudo que estiver ao nosso alcance para livrá-las. Praza ao Senhor, seja servido de nos dar graça para isto! Faço ainda esta consideração: embora tão perversa como sou, eu vivia com algum cuidado de servir a Deus. Não fazia certas coisas que se fazem no mundo como quem bebe um copo de água. Afinal de contas, padecia graves enfermidades e com muita paciência concedida pelo Senhor. Não era inclinada a murmurar, nem a falar mal do próximo, nem capaz de querer mal a pessoa alguma. Não tinha cobiça, nem ao que me lembro, jamais tive inveja, de modo a ser ofensa grave ao Senhor. Possuía ainda outras boas qualidades. Embora tão ruim, sentia quase sempre o temor de Deus. Entretanto vi a morada que os demônios já tinham preparado para mim!

Verdade é que, pelas culpas, ainda me parecia merecer maior castigo. Digo, contudo, que era terrível tormento. É perigoso contentarmo-nos com pouco. Sobretudo não sei como a alma que anda caindo a cada passo em pecado mortal pode ter sossego ou satisfação. Por amor de Deus, fujamos das ocasiões. O Senhor virá em nosso auxílio, como fez comigo. Praza a Sua Majestade não me largar de sua mão, de modo que eu torne a cair. Já vi onde irei parar. Não o permita o Senhor, por quem Sua Majestade é. Amém.

Sta Teresa D'Avila, Livro da vida. Cap. 32, n.1-7.

Sta Teresa D'avila fala sobre S. Pedro Alcântara, padroeiro do Brasil


Que bom modelo o Senhor agora nos levou chamando a si o bendito frei Pedro Alcântara! O mundo já não é capaz de suportar tanta perfeição. Dizem que as saúdes estão mais fracas e que os tempos mudaram. Este santo homem viveu em nossos dias. Possuía o espírito robusto, como os santos de outrora; sabia desprezar o mundo. Ainda que não andemos descalços nem façamos tão áspera penitência com ele, muitas coisas há, como tenho dito por várias vezes, em que se pode também menosprezar o mundo. O Senhor o ensina quando encontra ânimo. E que grande coragem Sua Majestade deu ao referido santo para fazer durante quarenta e sete anos tão áspera penitência, como todos sabem. Quero dizer a este respeito alguma coisa, e sei que é a pura verdade.

Ele mesmo contou-me e a outra pessoa para a qual não tinha segredos. Contou-o devido à grande afeição que sentia por mim, inspirada pelo Senhor, a fim de que tomasse minha defesa e me animasse em tempo de tanta necessidade, como já disse e direi ainda. Parece-me que foram quarenta anos os que me disse ter passado dormindo apenas hora e meia entre a noite e o dia. Vencer o sono foi de todas as penitências a que mais lhe custou no princípio, e para isto estava sempre de joelhos ou de pé. Quando dormia era assentado, com a cabeça apoiada a um toco de madeira, que tinha pregado à parede. Deitar-se, ainda que quisesse, não podia, porque sua cela, como é sabido, não tinha mais de quatro pés e meio de comprimento. (Aproximadamente 1,37m.)

Em todos esses anos jamais se cobriu com o capuz, por mais ardente que fosse o sol, ou mais intenso aguaceiro que houvesse. Não trazia calçado nos pés, vestia apenas um hábito de saial, sem outra roupa sobre a pele. Esse hábito era tão estreito quanto podia ser, e por cima usava um manto pequeno do mesmo pano. Contou-me que tirava este nos grandes frios e deixava a porta e o postigo da cela abertos para depois, pondo de novo o manto e fechando a porta, contentar o corpo e fazê-lo sossegar com algum agasalho. Era-lhe muito frequente comer só no fim de três dias. Perguntou-me por que razão me espantava, pois era muito possível a quem o tivesse por costume. Disse-me um seu companheiro que acontecia a este santo passar oito dias sem comer. Devia ser quando estava em oração, pois tinha grandes arroubamentos e ímpetos de amor de Deus, como certa vez presenciei.

Sua pobreza era extrema. Foi tal sua mortificação na mocidade que, segundo me contou, aconteceu-lhe viver três anos numa casa de sua Ordem sem conhecer frade algum a não ser pela fala, porque jamais levantava os olhos. Não sabia ir aos lugares aonde o dever o chamava, a não ser andando atrás dos outros religiosos. O mesmo lhe ocorria pelos caminhos. Jamais olhou mulher alguma durante muitos anos. Dizia-me que tanto lhe era indiferente o ver como o não ver.

Era muito velho quando o conheci, e tão extrema sua magreza, que parecia feito de raízes de árvores. Com toda esta santidade, era muito afável, embora de poucas palavras, exceto quando interrogado. Sua conversa era muito agradável, possuía um espírito encantador. Outras coisas quisera mencionar, mas receio que Vossa Mercê pergunte por que me intrometo em tal assunto, e foi com temor que o escrevi. Assim conclui dizendo que seu fim foi semelhante à sua vida. Morreu pregando e admoestando a seus religiosos. Quando viu que havia chegado sua hora, disse o salmo Laetatus sum in his quae dicta sunt mihi (Sl 121. Alegrei-me com o que foi dito), e, de joelhos, expirou.

Depois, o Senhor tem permitido que me encontre com ele mais do que durante sua vida, e seja aconselhada por ele em muitos pontos. Tenho-o visto várias vezes em imensa glória. Na sua primeira aparição, além de outras coisas, disse-me: feliz penitência que lhe obtivera tal prêmio. Um ano antes de morrer, estando ausente, apareceu-me. Tive uma revelação de que estava próxima sua morte, e mandei-lhe avisar, a algumas léguas daqui. Ao expirar apareceu-me e disse-me que ia entrar em seu descanso. Não acreditei e contei-o a algumas pessoas. Ao fim de oito dias chegou a notícia de que morrera, ou, para melhor dizer, começara a viver para sempre.

Ei-la, pois, acabada esta vida tão penitente, com tão grande glória! Parece-me que agora me consola muito mais do que no tempo em que estava na terra. Disse-me uma vez o Senhor, que concederia tudo o que pedissem em nome deste santo. Muitas coisas lhe tenho encomendado para que as peça ao Senhor e todas tenho visto cumpridas. Seja ele bendito para sempre. Amém.

Sta Teresa D'Avila, Livro da Vida, Cap. 27, n.16-21.

Os grandes fervores dos santos estão esquecidos


"Pensamos talvez que seja maior serviço de Deus sermos tidos por sábios e por discretos. Deve ser, deve ser, a julgar pela discrição que está em voga. Logo imaginamos ser pouco edificante não andar com muita compostura e dignidade, como requer o nosso estado. Até o frade, o sacerdote, a monha, consideram motivo de escândalo para os fracos usar hábitos velhos e remendados. É novidade! O mesmo dizem de andar recolhido e ter oração. O mundo está de tal forma perdido, que já não se usam mais as práticas de perfeição. Os grandes fervores dos santos estão esquecidos. 

Isto causa maior prejuízo e contribui mais para as infelicidades dos nossos tempos, que o pretenso escândalo causado por religiosos que manifestam por obras e por palavras seu total menosprezo pelo mundo. Destes escândalos o Senhor tira grandes proveitos. E se uns se escandalizam, outros caem em si e sentem remorsos. Prouvera a Deus que aparecesse ao menos um esboço de como Cristo viveu com seus apóstolos, pois agora, mais do que nunca, seria necessário."

Sta Teresa D'Avila, Livro da Vida, Cap.27, n.15.

Quatro regras orientadoras para se discernir um verdadeiro "carismático" que possua o dom da cura ou libertação


1ª, que o indivíduo (ou a comunidade) viva intensamente conforme o Evangelho;

2ª, que seja completamente desinteressado (e recuse todas as ofertas, mesmo sabendo que com elas pode ficar milionário);

3ª, que utilize os meios habitualmente admitidos na Igreja, sem excentricidades ou superstições (que utilize orações e não fórmulas mágicas; sinal da cruz, imposição das mãos sem nada que ofenda o pudor; que utilize água benta, incenso, relíquias sem nada que seja estranho ao normal uso eclesiástico); que reze em nome de Jesus;

4ª, que os frutos sejam bons. A regra evangélica "é pelo fruto que se conhece a árvore" (Mt 12,33) constitui sempre o critério fundamental.

Acrescentamos outras características que são típicas das curas obtidas pela via carismática. Estas agem sobre todas as doenças, mesmo maléficas, isto é, provocadas pelo demônio, e não se fundamentam na capacidade ou na força humanas, mas na oração feita com fé, na força do nome de Jesus e na intercessão da Virgem e dos santos. O carismático não perde a energia e não tem, portanto, necessidade de descansar para retomar forças (como fazem os curandeiros, os vedores e similares), não se verificam reações físicas, pois é apenas um intermediário ativo da graça. As curas carismáticas não tendem a elevar o carismático a um pedestal, mas a louvar a Deus e fortalecer a fé e a oração.

Pe. Gabriele Amorth, Um exorcista conta-nos. 8ª Ed. Prior Velho: Paulinas, 2012. p. 160.

Ps.: o termo "carismático" não designa necessariamente um membro da RCC.

Quando o demônio se serve de uma pessoa para atingir grupos - exemplos de Hitler, Marx e Stalin, entre outros


Perguntaram-me, também, se era possível atingir comunidades de pessoas através da magia. Respondo afirmativamente. Este assunto, porém, merece só por si um estudo separado. Também aqui, como em todo o meu livro, contento-me em chamar a atenção para as coisas. É possível que o demônio se sirva de uma pessoa para atingir grupos, mesmo muito numerosos, suscetíveis de dominar até uma nação inteira ou de estender a sua influência sobre várias nações. Penso que, na nossa época, Karl Marx, Hitler e Estaline fizeram parte dessas pessoas. As atrocidades dos nazis, os horrores do comunismo e os massacres de Estaline atingiram um nível de perfídia verdadeiramente diabólico. 

Fora do domínio político, não hesito em dizer que certas músicas e certos cantores, cujos concertos provocam um frenesi que pode engendrar manifestações de extrema violência ou de vontade destruidora, são veículos de Satanás.

Mas há outros casos, mais fáceis de controlar e de curar (embora as possessões coletivas sejam sempre muito difíceis de curar), em que foram atingidos grupos de alunos ou comunidades como, por exemplo, comunidades religiosas. É incrível a habilidade para conseguir enganar e fazer penetrar os piores erros em grupos inteiros. Há quem pense que é mais fácil enganar uma multidão do que um indivíduo, e a verdade é que o demônio pode atingir grupos, mesmo muito numerosos. Assinalemos, contudo, que existe quase sempre, nestes casos, um consenso humano de livre adesão à obra satânica: por interesse, por vício, por ambição, por tantos motivos possíveis.

A influência do demônio sobre a coletividade é uma das mais perigosas e mais poderosas armas. Daí a insistência dos últimos pontífices a este respeito. Refiro-me aqui ao discurso de Paulo VI, em 15 de novembro de 1972, e ao de João Paulo II, em 20 de agosto de 1986.

Satanás é o nosso pior inimigo e sê-lo-á até o fim dos tempos. É por isso que ele usa a sua inteligência e os seus poderes para entravar os planos de Deus que, ao contrário, deseja a salvação de todos nós. A nossa força é a Cruz de Cristo, o seu sangue, as suas chagas, a obediência às suas Palavras e à sua instituição que é a Igreja.

Pe. Gabriele Amorth, Um exorcista conta-nos. 8ª Ed. Prior Velho: Paulinas, 2012. p. 155-156.

Pe Gabriele Amorth sobre o espiritismo - É possível invocar os mortos? Uma única exceção.


O espiritismo está presente em todas as culturas e povos. O médium tem o papel de intermediário, entre os espíritos e o homem, emprestando a sua energia (voz, gestos, escrita...) ao espírito que se deseja manifestar. Pode acontecer que os espíritos invocados, que são sempre e só demônios, tomem posse sobre algum dos presentes. A Igreja sempre condenou as sessões de espiritismo e a participação nelas. Não é consultando Satanás que se aprenderá alguma coisa de útil.

Mas será verdadeiramente impossível evocar os mortos? São sempre e unicamente os demônios que se manifestam durante as sessões dos médiuns? Sabemos bem que a existência desta dúvida junto dos crentes resulta de uma única exceção. A Bíblia menciona um só e único caso, quando Saul se dirige a uma pitonisa e lhe impõe: "Prediz-me o futuro, invocando um morto, e faz-me chegar àquele que eu te disser" (1Sm 28,8). Neste caso, Samuel, que tinha morrido havia pouco tempo, apareceu efetivamente. Deus permitiu esta exceção, mas lembremos o grito horroroso que a pitonisa deu ao ver Samuel e, sobretudo, a grave reprovação que este fez: "Por que é que me perturbaste invocando-me?" (1Sm 28,15). 

É preciso respeitar os mortos e não os importunar. Sendo o único relato na Bíblia, notemos o seu caráter excepcional. Eu concordo com a opinião de um psiquiatra e exorcista protestante a este respeito: "É puro egoísmo e crueldade querermos ficar agarrados aos nossos defuntos ou querer chamá-los para junto de nós. Eles têm necessidade é da libertação eterna e não de ser envolvidos nas coisas e nas pessoas deste mundo..." (Kenneth McAll, Fino alle Radici, Ancora, p.141).

Pe. Gabriele Amorth, Um exorcista conta-nos. 8ª Ed. Prior Velho: Paulinas, 2012. p. 153-154.

Demônio diz como é o inferno


O padre Cândido fez, muitas vezes, perguntas ao demônio, presente em pessoas de todas as idades; mas prefere fazê-lo às crianças porque, desta forma, ainda é mais evidente, uma vez que elas não têm capacidade para dar resposta por si próprias. Nesses casos, a presença do demônio é praticamente confirmada. Perguntou um dia a uma adolescente de 13 anos: "Dois inimigos, que se odiaram de morte durante toda a vida, acabaram ambos no Inferno: como será lá o relacionamento entre eles, uma vez que ficarão juntos por toda a eternidade?"

Eis a resposta: "Como tu és estúpido! No Inferno, cada um vive virado sobre si próprio e atormentado pelos remorsos. Não há relacionamento com ninguém; cada um encontra-se na mais completa solidão a chorar desesperadamente o mal que fez; é como um cemitério."

Pe. Gabriele Amorth, Um exorcista conta-nos. 8ª Ed. Prior Velho: Paulinas, 2012. p. 80.

São inteligentes os que negam Deus? O demônio responde.

Pe. Cândido Amantini

[A presença do demônio em possessos] também se torna evidente perante certas respostas profundas, sobretudo se são dadas por crianças. O padre Cândido quis fazer perguntas complicadas a uma criança de 11 anos, depois de se ter revelado nela a presença do demônio. Perguntou-lhe: "Há sobre a terra grandes cientistas, pessoas altamente inteligentes que negam a existência de Deus e a vossa. O que é que tu dizes?" Ao que a criança respondeu, imediatamente; "Altamente inteligentes? Que altíssimas inteligências! São altíssimas insipiências!" E o padre Cândido acrescentou, fazendo referência expressa aos demônios: "Há alguns que negam Deus conscientemente, com a sua vontade. O que é que achas disso?" A criança possessa deu um salto e disse furiosa: "Toma atenção. Lembra-te que nós quisemos reivindicar a nossa liberdade também diante dele. Dissemos-lhe não para sempre." O exorcista insistiu: "Explica-me e diz-me lá que sentido tem reivindicar a sua própria liberdade diante de Deus, quando sem Ele tu és um zero, tal como me acontece a mim. É como se, no número 10, o zero se quisesse separar do um. O que é que acontecia? O que é que realizarias? Em nome de Deus, ordeno-te que respontas: O que é que fizeste de positivo? Vá, fala." O rapazinho, cheio de rancor e de ódio, contorcia-se, babava-se, chorava de forma terrível, inconcebível para uma criança de 11 anos e dizia: "Não me faças essa acusação! Não me faças essa acusação!"

Pe. Gabriele Amorth, Um exorcista conta-nos. 8ª Ed. Prior Velho: Paulinas, 2012. p. 79-80.

Possessão demoníaca e Psiquiatria - Faria a Igreja confusão?


Pe. Gabriele Amorth

Fazem-me rir certos pretensiosos teólogos modernos, que afirmam como sendo uma grande novidade o facto de certas doenças se poderem confundir com a possessão diabólica. Certos psiquiatras ou parapsicólogos estão nas mesmas circunstâncias: pensam ter "descoberto a América" ao proferir tais afirmações. Se fossem um pouco mais instruídos, saberiam que as autoridades eclesiásticas foram as primeiras a pôr os teólogos de sobreaviso contra esse possível erro. Nos decretos do Sínodo de Reims de 1583, a Igreja já tinha chamado a atenção para este possível equívoco, afirmando que certas manifestações, consideradas como sinais de possessão diabólica, poderiam, com efeito, ser apenas sintomas de doenças mentais. Nessa época, porém, a psiquiatria ainda não tinha nascido e os teólogos acreditavam no Evangelho.

(...) Tenho muito apreço por esses psiquiatras que têm competência profissional e o sentido dos limites da sua ciência, e que sabem, honestamente, reconhecer quando um de seus pacientes apresenta sintomas que não se enquadram nas doenças reconhecidas cientificamente. O professor Simone Morabito, psiquiatra em Bergamo, afirmou ter provas de que um grande número de doentes, apelidados de doentes psíquicos, eram na realidade possessos de Satanás, e conseguiu curá-los com a ajuda de alguns exorcistas.

(...) Sem dúvida que é muito difícil distinguir um endemoninhado de um doente psíquico. Contudo, um exorcista experimentado está mais apto a distinguir esta diferença do que um psiquiatra, porque o exorcista tem presente as várias possibilidades e sabe reunir elementos que lhe permitem fazer essa distinção. Na maior parte das vezes, o psiquiatra não acredita na possessão diabólica, por isso, não tem sequer em conta essa eventualidade. Há bastantes anos, o padre Cândido exorcizava um jovem que, segundo o psiquiatra que o tinha seguido, sofria de epilepsia. Este médico aceitou vir assistir a um exorcismo. Logo que o padre Cândido pousou a mão sobre a cabeça do jovem, este caiu por terra, como acontece nas convulsões. "Vê padre, trata-se com toda a evidência de um caso de epilepsia", apressou-se o médico a dizer. O padre Cândido inclinou-se e voltou a pôr a mão sobre a cabeça do jovem. Este levantou-se bruscamente e ficou de pé, imóvel. "Será que os epiléticos fazem isto?", perguntou o padre Cândido. "Não, nunca", respondeu o psiquiatra, evidentemente perplexo perante aquele comportamento.

(...) Aprecio imenso os sábios que, mesmo sem serem crentes, reconhecem os limites da sua ciência. O professor Emílio Servadio, psiquiatra, psicanalista e parapsicólogo de renome internacional, fez declarações interessantes à Rádio Vaticano, em 2 de fevereiro de 1975:

A ciência deve parar perante aquilo que os seus instrumentos não podem verificar nem explicar. Não podemos definir exatamente estes limites, porque não se trata de fenômenos físicos. Mas ceio que todo o cientista digno desse nome sabe que os instrumentos não vão para além de um certo ponto.

No que se refere à possessão demoníaca, só posso falar em nome próprio e não em nome da ciência. Parece-me que, em certos casos, o caráter maligno e destruidor dos fenômenos atinge um nível tão específico, que é verdadeiramente impossível confundir este tipo de fenômenos com aqueles que o especialista (parapsicólogo ou psiquiatra) registra nos casos de tipo Potergeist ou outros. Para dar um exemplo, isso seria comparar um garoto traquina com um criminoso sádico. Há uma diferença que não se pode medir com fita métrica, mas que se pode facilmente perceber. Creio que um homem de ciência deve admitir a presença de forças que escapam ao controlo da ciência e que a ciência, como tal, não é capaz de definir.

Pe. Gabriele Amorth, Um exorcista conta-nos. 8ª Ed. Prior Velho: Paulinas, 2012. p. 53-54; 66; 67-68)

A centralidade de Cristo e a vitória sobre os demônios


Pe. Gabriele Amorth

Também o demônio é uma criatura de Deus; não se pode falar dele e dos exorcistas sem fazer referência, pelo menos de forma sistemática, a alguns conceitos-base sobre o plano de Deus na criação. Não diremos, por certo, nada de novo, mas talvez abramos perspectivas novas a alguns leitores.

Habituamo-nos, muitas vezes, a pensar na criação de uma forma errônea, embora tenhamos adquirido uma série de dados. Crê-se que, num belo dia, Deus tenha criado os anjos; que os tenha submetido a uma prova, não se sabe bem qual, da qual resultou a divisão entre os anjos e os demônios: os anjos recompensados por com o Paraíso, os demônios punidos no Inferno. Também se crê que, noutro belo dia, Deus tenha criado o Universo, o reino mineral, vegetal, animal e, por fim, o homem. Adão e Eva no paraíso terrestre pecaram, obedecendo a Satanás e desobedecendo a Deus. Nessa altura, para salvar a humanidade, Deus pensou enviar o seu Filho.

Não é este o ensinamento da Bíblia, nem é este o ensinamento dos Padres da Igreja. Numa tal concepção, o mundo angélico e a criação tornam-se estranhos ao ministério de Cristo. Pelo contrário, leia-se o prólogo ao Evangelho de João e os dois hinos cristológicos que abrem as cartas aos Efésios e aos Colossenses: Cristo é o Primogênito de toda a criatura, tudo por Ele e por causa d'Ele. Não têm sentido as discussões teológicas em que se questiona se Cristo teria vindo, caso Adão não tivesse pecado. Ele é o centro da criação, Aquele que reuniu em si todas as criaturas: as celestes (anjos) e as terrestres (homens). Contudo, é verdadeiro afirmar que, tendo-se dado a queda de Adão e Eva, a vinda de Cristo assumiu um papel particular: veio como Salvador. E no centro da sua ação está o mistério pascal: por meio do sangue da sua cruz reconcilia com Deus todas as coisas, no Céu (anjos) e na Terra (homens).

Deste ponto de vista cristocêntrico depende o papel de cada criatura. Não podemos omitir uma reflexão a respeito da Virgem Maria. Se o Primogênito de toda a criatura é o Verbo encarnado, não podia estar ausente do pensamento divino, tendo prioridade sobre qualquer outra criatura, a figura daquela em que tal encarnação se iria verificar. Daqui a sua ligação única com a Santíssima Trindade, a ponto de ser chamada, já no século II, "o quarto elemento da Tríade divina". Àqueles que desejarem aprofundar este aspecto, recomendamos os dois volumes de Emanuele Testa, Maria, Terra Vergine (Jerusalém, 1986)

Impõe-se uma segunda reflexão quanto à influência de Cristo sobre anjos e demônios. No que se refere aos anjos, certos teólogos pensam que, só em virtude do mistério da cruz, estes tenham sido admitidos à visão beatífica de Deus. Muitos padres formulam afirmações interessantes. Lemos por exemplo, em Sto. Atanásio, que também os anjos devem a sua salvação ao Sangue de Cristo. No que se refere aos demônios, as afirmações contidas no Evangelho são inúmeras. Cristo com a sua cruz venceu o reino de Satanás e instaurou o Reino de Deus. Por exemplo, os endemoninhados gadarenos exclamaram: "Que temos nós contigo, Jesus, Filho de Deus?? Vieste para nos atormentar antes do tempo?" (Mt 8,29). É uma clara referência ao poder de Satanás, a diminuir progressivamente por causa de Cristo; por consequência, ainda perdura, e perdurará até que a salvação se complete, porque foi precipitado o acusador dos nossos irmãos (Ap 12,10). Para aprofundar estes conceitos e o papel de Maria, inimiga de Satanás desde o primeiro anúncio da salvação, indicamos o belo livro do padre Cândido Amantini, Il Mistero de Maria (Ed. Dehoniane, 1971).

À luz da centralidade de Cristo, é-nos dado ver o plano de Deus, que criou boas todas as coisas "para Ele e por causa dele". Também nos é dado ver a obra de Satanás, o inimigo, o tentador, o acusador, por cuja sugestão entrou na criação o mal, a dor, o pecado, a morte. Daí resulta a restauração do plano divino, operado por Cristo com o seu sangue.

O poder do demônio também é manifestamente claro. Jesus chama-lhe "príncipe deste mundo" (Jo 14,30); S. Paulo qualifica-o de "deus deste mundo" (2Cor 4,4); S. João afirma que "todo o mundo está sob o jugo do Maligno" (1Jo 5,19), entendendo-se por mundo tudo aquilo que se opõe a Deus. Satanás era o mais esplendoroso dos anjos; tornou-se o pior dos demônios e o seu chefe. Porque também os demônios estão vinculados entre si por uma hierarquia muito estrita e conservam o grau que ocupavam, quando eram anjos: principados, tronos, dominações... É uma hierarquia de escravidão e não de amor como a que existe entre os anjos, cujo chefe é São Miguel.

A obra de Cristo é muito clara: foi Ele quem destruiu o reino de Satanás e instaurou o Reino de Deus. Por isso, os episódios em que Jesus liberta os endemoninhados têm uma importância muito especial: quando Pedro evoca, diante de Cornélio, a obra de Cristo, não cita outros milagres, mas apenas o facto de ter curado "todos os que eram oprimidos pelo diabo" (At 10,38). Compreendemos agora porque é que o primeiro poder que Jesus dá aos Apóstolos é o de expulsar os demônios (cf. Mt 10,1); e a mesma coisa vale para os crentes: "Eis os sinais que acompanharão aqueles que acreditarem: em meu nome expulsarão demônios..." (Mc 16,17) Assim, Jesus salva e restabelece o plano divino, arruinado pela rebelião de uma parte dos anjos e pelo pecado dos nossos primeiros pais.

Deve ficar bem claro que o mal, a dor, a morte, o Inferno (isto é, a condenação eterna no tormento que não terá fim) não são obras de Deus. Permito-me fazer um breve comentário sobre este ponto. Um dia, o padre Cândido estava a expulsar um demônio. No final do exorcismo, voltou-se para aquele espírito imundo com ironia: "Vai-te daqui, de mais a mais, o Senhor preparou-te uma bela casa tão quentinha!" Ao que o demônio respondeu: "Tu não sabes nada. Não foi Ele (Deus) que fez o Inferno. Fomos nós. Ele nem tinha pensado nisso." Em situação análoga, enquanto interrogava um demônio para saber se também ele tinha colaborado a criar o Inferno, obtive esta resposta: "Todos nós contribuímos."

A centralidade de Cristo, no plano da criação e na restauração dela, através da redenção, é fundamental para se compreenderem os desígnios de Deus e a finalidade do homem. Na verdade, aos anjos e aos homens foi dada uma natureza inteligente e livre. Quando ouço dizer (confundindo a presciência divina com a predestinação) que Deus sabe já quem se salva e quem se condena - e, por isso, tudo é inútil -, habitualmente respondo recordando quatro verdades claramente contidas na Bíblia, que vieram a ser definidas dogmaticamente: Deus quer que todos se salvem; ninguém é predestinado ao Inferno; Jesus morreu por todos; a todos são dadas as graças necessárias à salvação.

A centralidade de Cristo ensina-nos que só no seu nome podemos ser salvos. E só no seu nome podemos vencer e libertar-nos do inimigo da salvação: Satanás. 

Já no final dos exorcismos, quando se trata de casos mais fortes, os de total possessão diabólica, rezo o hino cristológico da Carta aos Filipenses (2,6-11). Quando chegou às palavras "para que ao nome de Jesus todo o joelho se dobre, nos céus, na terra e nos infernos", eu ajoelho-me, ajoelham-se os presentes e o próprio endemoninhado vê-se sempre obrigado a ajoelhar. É um momento forte e sugestivo. Tenho a impressão de que também as legiões angélicas, que estão à nossa volta, se ajoelham, perante a invocação do nome de Jesus.
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Pe. Gabriele Amorth, Um exorcista conta-nos. 8ª Ed. Prior Velho: Paulinas, 2012. p. 25-29.

Qué es el amor - Alice von Hildebrand

Ateia desde a infância se converte lendo C. S. Lewis, torna-se protestante e depois, impactada pela missa,torna-se católica!

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Há pouco mais de um mês o site de notícias católico, Religión en Libertad, publicou o testemunho de uma ateia que se converteu lendo C.S. Lewis. Seu nome é Sandra Snowden Elam. Cresceu numa família cuja mãe era católica e o pai ateu. Este não permitia que a palavra “Deus” fosse pronunciada dentro de casa, muito menos que sua esposa educasse os filhos segundo a moral cristã. Assim, pois, Sandra cresceu sem qualquer referência cristã. “A Igreja parecia ser chata e seus rituais vazios: suas palavras não significavam nada pra mim”.
 “PENSAVA QUE OS CRISTÃOS ERAM EXTREMISTAS FANÁTICOS”
Como boa parte dos jovens educados sem uma referência religiosa por parte dos pais, Sandra Elam alimentava certa revolta contra a religião. “Pensava que os cristãos eram extremistas fanáticos. Minha alma estava tão escura que não podia entender porque algumas pessoas se opunham ao aborto e a eutanásia”.
 Sandra especializou-se em história grega, romana e medieval na universidade. E, certa vez até perguntou ao seu professor judeu: “Jesus viveu ou foi um mito?”, ao que ele respondeu: “Sim, Jesus realmente viveu, não existe dúvida disso. Por que você não lê o Evangelho de Mateus?”. Ela o fez, mas apenas com um olhar histórico e curioso, nada mais.
 Sandra casou-se e, com o passar do tempo, tornou-se uma anticristã feroz. Não permitia, inclusive, que seu marido católico colocasse crucifixo dentro de casa. Relatava: “sentia desprezo pelos que acreditavam em Deus. Cresci e me tornei uma mulher amargurada, sempre disposta a julgar os demais”.
 ATRAVÉS DA FONÉTICA SUA VIDA MUDOU DE DIREÇÃO
Mas, tudo começou a mudar em 1995 quando ouviu um especialista falar que as crianças possuem uma certa incapacidade para ler e escrever rapidamente e sobre como a fonética poderia ajudá-los.
 Sandra Elam resolveu testar em seus filhos, ensinando-os fonética. Resultado: em seis meses estavam lendo.Percebeu que poderia “haver outras verdades por aí afora”.
 Através da busca de uma reforma educativa, Sandra conheceu muitos cristãos que tinham o mesmo interesse pelo ensino da fonética. Neste percurso Bob Sweet, presidente do The National Right to Read Foundation, teve um papel importantíssimo, sendo um verdadeiro testemunho para ela.
 Testemunhava Sandra Elam: “O primeiro grande passo na minha vida cristã foi quando meu esposo Tom e eu inscrevemos nossos filhos num colégio protestante baseado na fonética, em setembro de 1996. Era o único que poderíamos, economicamente. Estávamos preocupados com a sua educação e não queríamos que se convertessem em fanáticos religiosos, estudei, então, cuidadosamente o plano de estudos da escola e me senti aliviada ao descobrir que os livros eram rigorosos”.
 FOI PRESENTEADO COM UM LIVRO DE C.S. LEWIS
Deus já encaminhava as coisas na vida de Sandra e preparava o terreno para a sua conversão. Mas, o que realmente foi decisivo neste processo foi o livro que ganhou de presente da sua irmã: “Mero Cristianismo”, de C.S. Lewis.
 Em 1997 começou a sentir vontade de ir à Igreja, mas resistia. Nesta altura, seu marido e filhos já frequentavam a igreja católica aos domingos. Então, no dia 06 de outubro de 1997, “decidi entrar na igreja protestante que estava junto ao colégio dos meus filhos. Pela primeira vez em minha vida, senti algo espiritual e edificante”, testemunhou Sandra.
 Depois de trinta anos como ateia, sente-se abalada pelas palavras do Evangelho de São João: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai, senão por mim. Se me conheceres, conhecereis também meu Pai; desde agora o conheceis e o viste”. Esta palavra lhe tocou tão profundamente que memorizou-a e, ao final da leitura do Evangelho de João “já estava convencida que Jesus Cristo era o Filho de Deus”.
 O PROBLEMA DA FÉ PROTESTANTE
Sandra Elam havia conhecido intelectualmente a Deus, mas ainda faltava amá-lo; faltava-lhe também a fé. Mas, numa noite, após cansativas horas de estudo bíblico, rezou pela primeira vez, pedindo fé. E, a recebeu. “A fé foi o presente misericordioso de Deus para mim. Sem fé, como creria naquilo que não vejo?”.
 A recém-convertida ao cristianismo começava a ter problemas com a “livre interpretação” das Escrituras.Julgava que alguém deveria ter a autoridade universal sobre elas. “Só uma igreja existiu desde que Jesus pronunciou suas palavras proféticas a Pedro: a Igreja Católica… uma vez que me dei conta de que Jesus fez de Pedro (e dos seus sucessores) a Cabeça terrena da Sua Igreja, disse ao meu marido que tinha que me converter ao catolicismo”.
 A SANTA MISSA FOI O ÁPICE DA SUA CONVERSÃO
Sandra aprofundou-se na apologética e teologia católica. E, assim com Scott Hahn, em “O Banquete do Cordeiro”, sentiu-se tocada no momento da Santa Missa. “Através do estudo estava começando a conhecer Deus e através da missa comecei a amá-lo”.
 Sandra Elam começou a mudar seus hábitos de vida, as músicas, livros, revistas, programas televisivos etc.. E, também suas convicções interiores, como a questão do aborto, que sempre considerou um mal necessário. Iniciou compreendendo que a vida começa na concepção. Até aí tudo bem, mas por que não era lícito utilizar anticoncepcionais não abortivos? “Por que a Igreja Católica era a única a se manter firme contra o controle de natalidade?”, se perguntava Sandra.
 Após assistir um vídeo chamado “Feminism and Femininity” (Feminismo e Feminidade), da professora católica, Alice von Hildebrand, convenceu-se da imoralidade da anticoncepção. “Descobri que o Papa Paulo VI já havia profetizado na Humanae Vitae: o controle de natalidade poderia conduzir à imoralidade sexual generalizada, à aceitação do aborto e à desintegração da família”.
 OPTOU PELA MORAL SEXUAL CATÓLICA
Aos 37 anos decidiu não usar mais métodos anticoncepcionais .Passaram-se meses e Sandra nunca engravidava, apesar de, agora, desejar muito ter outro bebê. “Senti a ironia da situação, já que Deus não estava me dando o que agora queria”. Foi ao médico, que diagnosticou ovários poliquísticos. Era estéril.
 Numa noite, inconformada com a situação, rezou e implorou a Deus mais um filho. Duas semanas depois estava grávida. Oito meses depois nasceu sua filha, que foi batizada com o nome de Teresa Benedita, em honra a Edith Stein e Teresa D’Ávila. Dois anos depois nasceu Ryan James.(foto abaixo)
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 Sandra estudou durante dois anos História da Igreja e Bíblia e estava convencida de que a Igreja Católica Romana contém toda a verdade do cristianismo. E, assim, “na Vigília Pascal, no dia 03 de abril de 1999, fui recebida com alegria na Igreja una, santa, católica e apostólica”.
 Thiago Pereira/ Reparatoris
Fonte: 

Carta Circular sobre o sinal da Paz nas Missas - Corrigindo os abusos - Deo Gratias!


CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS
CARTA CIRCULAR: O SIGNIFICADO RITUAL DO DOM DA PAZ NA MISSA

1. "Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz"[1], são as palavras com as quais Jesus promete aos discípulos reunidos no cenáculo, antes de enfrentar a paixão, o dom da paz, para infundir-lhes a gozosa certeza de sua presença permanente. Depois de sua ressurreição, o Senhor leva ao termo sua promessa apresentando-se no meio deles, no lugar em que se encontravam por temor aos Judeus, dizendo: "A paz esteja convosco!"[2]. A paz, fruto da Redenção que Cristo trouxe ao mundo com sua morte e ressurreição, é o dom que o Ressuscitado segue oferecendo hoje a sua Igreja, reunida para a celebração da Eucaristia, de modo que possa testemunhá-la na vida de cada dia.
2. Na tradição litúrgica romana o sinal da paz, colocado antes da Comunhão, tem um significado teológico próprio. Este encontra seu ponto de referência na contemplação eucarística do mistério pascal - diversamente de como fazem outras famílias litúrgicas que se inspiram na passagem evangélica de Mateus (cf. Mt 5, 23) - apresentando-se assim como o "beijo pascal" de Cristo ressuscitado presente no altar [3]. Os ritos que preparam a comunhão constituem um conjunto bem articulado dentro do qual cada elemento tem seu próprio significado e contribui ao sentido do conjunto da sequência ritual, que conduz à participação sacramental no mistério celebrado. O sinal da paz, portanto, se encontra entre o Pater noster - ao qual se une mediante o embolismo que prepara ao gesto da paz - e a fração do pão - durante a qual se implora ao Cordeiro de Deus que nos dê sua paz -. Com este gesto, que significa a paz, a comunhão e a caridade"[4], a Igreja implora a paz e a unidade para si mesma e para toda a família humana, e os fiéis expressam a comunhão eclesial e a mútua caridade, antes da comunhão sacramental"[5], isto é, a comunhão no Corpo de Cristo Senhor.
3. Na Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum caritatis o papa Bento XVI havia confiado a esta Congregação a tarefa de considerar a problemática referente ao sinal da paz[6], com o fim de salvaguardar o valor sagrado da celebração eucarística e o sentido do mistério no mundo da Comunhão sacramental: "A Eucaristia é por sua natureza sacramento da paz. Esta dimensão do Mistério eucarístico se expressa na celebração litúrgica de maneira específica com o gesto da paz. Trata-se indubitavelmente de um sinal de grande valor (cf. Jo 14, 28). Em nosso tempo, tão cheio de conflitos, este gesto adquire, também a partir ponto de vista da sensibilidade comum, um relevo especial, já que a Igreja sente cada vez mais como tarefa própria pedir a Deus o dom da paz e a unidade para si mesma e para toda a família humana. [...] Por isso se compreende a intensidade com que se vive frequentemente o rito da paz na celebração litúrgica. A este propósito, contudo, durante o Sínodo dos bispos se viu a conveniência de moderar este gesto, que pode adquirir expressões exageradas, provocando certa confusão na assembléia precisamente antes da Comunhão. Seria bom recordar que o alto valor do gesto não fica diminuído pela sobriedade necessária para manter um clima adequado à celebração, limitando por exemplo a troca da paz aos mais próximos"[7].
4. O Papa Bento XVI, além de destacar o verdadeiro sentido do rito e do sinal da paz, punha em evidência seu grande valor como colaboração dos cristãos, para preencher,  mediante sua oração e testemunho, as angústias mais profundas e inquietantes da humanidade contemporânea. Por esta razão, renovava seu convite para cuidar este rito e para realizar este sinal litúrgico com sentido religioso e sobriedade.
5. O Discasterio, baseado pelas disposições do Papa Bento XVI, dirigiu-se às Conferências dos bispos em maio de 2008 pedindo seu parecer sobre se manter o sinal da paz antes da Comunhão, onde se encontra agora, ou se mudá-lo a outro momento, com o fim de melhorar a compreensão e o desenvolvimento de tal gesto. Traz uma profunda reflexão, se viu conveniente conservar na liturgia romana o rito da paz em seu lugar tradicional e não introduzir mudanças estruturais no Missal Romano. Oferecem-se na continuação algumas disposições práticas para expressar melhor o conteúdo do sinal da paz e para moderar os excessos, que suscitam confusão na assembléias litúrgica antes da Comunhão.
6. O tema tratado é importante. Se os fiéis não compreendem e não demonstram viver, em seus gestos rituais, o significado correto do rito da paz, debilita-se o conceito cristão da paz e se vê afetada negativamente sua própria frutuosa participação na Eucaristia. Portanto, junto às precedentes reflexões, que podem constituir o núcleo de uma oportuna catequese a respeito, para a qual se ofereceram algumas linhas orientativas, submete-se a prudente consideração das Conferências dos bispos algumas sugestões práticas:
a) Esclarece-se definitivamente que o rito da paz alcança já seu profundo significado com a oração e o oferecimento da paz no contexto da Eucaristia. O dar-se a paz corretamente entre os participantes na Missa enriquece seu significado e confere expressividade ao próprio rito. Portanto, é totalmente legítimo afirmar que não é necessário convidar "mecanicamente" para se dar a paz. Se se prevê que tal troca não se levará ao fim adequadamente por circunstâncias concretas, ou se retem pedagogicamente conveniente não realizá-lo em determinadas ocasiões, pode-se omitir, e inclusive, deve ser omitido. Recorda-se que a rúbrica do Missal disse: Deinde, pro opportunitate, diaconus, vel sacerdos, subiungit: Offerte vobis pacem"[8].
b) Baseado nas presentes reflexões, pode ser aconselhável que, com ocasião da publicação da terceira edição típica do Missal Romano no próprio País, ou quando se façam novas edições do mesmo, as Conferências considerem se é oportuno mudar o modo de se dar a paz estabelecido em seu momento. Por exemplo, naqueles lugares em nos quais se optou por gesto familiares e profanos de saudação, traz a experiência destes anos, poderiam-se substituir por gestos mais apropriados.
c) De todos os modos, será necessário que no momento de dar-se a paz se evitem alguns abusos tais como:
- A introdução de um "canto para a paz", inexistente no Rito romano [9].
- Os deslocamentos dos fiéis para trocar a paz.
- Que o sacerdote abandone o altar para dar a paz a alguns fiéis.
- Que em algumas circunstâncias, como a solenidade de Páscoa ou de Natal, ou Confirmação, o Matrimônio, as sagradas Ordens, as Profissões religiosas ou as Exequias, o dar-se a paz seja ocasião para felicitar ou expressar condolências entre os presentes[10].
d) Convida-se igualmente a todos a Conferências dos bispos a preparar catequeses lirtúgicas sobre o significado do rito da paz na liturgia romana e sobre seu correto desenvolvimento na celebração da Santa Missa. A este propósito, a Congregação para o Culto Divino e a Disiciplina dos Sacramentos acompanha a presente carta com algumas pistas orientativas.
7. A íntima relação entre lex orandi e lex credendi deve obviamente estender-se a lex vivendi. Conseguir hoje um compromisso sério dos católicos frente a construção de um mundo mais justo e pacífico implica uma compreensão mais profunda do significado cristão da paz e de sua expressão na celebração litúrgica. Convida-se, então, com insistência a dar passos eficazes em tal matéria já que dele depende a qualidade de nossa participação eucarística e o que nos vejamos incluídos entre os que merecem a graça prometida nas bem-aventuranças aos que trabalham e constroem a paz[11].
8. Ao finalizar estas considerações, exorta-se aos bispos, e sob sua guia, aos sacerdotes a considerar e aprofundar no significado espiritual do rito da paz, tanto na celebração da Santa Missa como na própria formação litúrgica e espiritual ou na oportuna catequese aos fiéis. Cristo é nossa paz[12],a paz divina, anunciada pelos profetas e pelos anjos, e que Ele trouxe ao mundo com seu mistério pascal. Esta paz do Senhor Ressuscitado é invocada, anunciada e difundida nas celebração, também através de um gesto humano elevado ao âmbito sagrado.
O Santo Padre Francisco, no dia 7 de junho de 2014, aprovou e confirmou o que se contém nesta Carta circular, preparada pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, e ordenou sua publicação.
Na sede da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, ao dia 08 de junho de 2014, na solenidade de Pentecostes.

Antonio Card. CAÑIZARES LLOVERA
Prefeito

Arthur ROCHE
Arcebispo Secretário
NOTAS

[1]. Jo 14, 27
[2]. Cfr. Jo 20, 19-23.
[3]. Cf. MISSALE ROMANUM ex decreto SS. Concilii Tridentini restitutum summorum pontificum cura recognitum, Editio typica, 1962, Ritus servandus, X, 3.
[4]. CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS, Instr., redemptionis sacramentum, 25 de março de 2004, n. 71: AAS 96 (2004) 571.
[5]. MISSALE ROMANUM, ex decreto sacrosancti Oecumenici Concilii Vaticani II instauratum, auctoritate Pauli Pp. VI promulgatum, Ioannis Pauli Pp. II cura recognitum, editio typica tertiam, diei 20 aprilis 2000,Typis Vaticanis, reimpressio emendata 2008, Ordenação Geral do Missal Romano, n. 82.
[6]. Cf. BENTO XVI, Exhort. Apost. pós-sinod., Sacramentum caritatis, 22 de fevereiro de 2007, n. 49: AAS 99 (2007) 143
[7]. Cf. Bento XVI, Exhort. Apost., Sacramentum caritatis, 22 de fevereiro de 2007, n. 49, nota n. 150: AAS 99 (2007) 143.
[8]. MISSALE ROMANUM, Ordo Missae, n. 128
[9]. No rito romano não está tradicionalmente previsto um canto para a paz porque se prevê um tempo brevíssimo para dar a paz somente aos mais perto. O canto da paz sugere, pelo contrário, um tempo muito largo para a troca da paz.
[10]. Cf. Ordenação Geral do Missal Romano, n. 82: "Conveniente, contudo, que cada um expresse sobriamente a paz somente aos que tem mais próximo"; n. 154: "O sacerdote pode dar a paz aos ministros, permanecendo sempre dentro do presbitério, para não alterar a celebração. Faça-se do mesmo modo se, por uma causa razoável, deseja dar a paz a alguns fiéis"; CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS, Instr., Redemptionis sacramentum, 25 de março de 2004, n. 72: AAS 96 (2004) 572.
[11]. Cf. Mt 5, 9ss.
[12]. Ef. 2, 14.
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