Numa escola da Fraternidade São Pio X, as professoras constataram, ao longo do ano letivo, uma clara melhora no comportamento de três de seus alunos. O mais velho, da sétima série*, era muito desagradável, insolente, grosseiro. Éramos obrigados frequentemente a repreendê-lo em aula, mas sobretudo, no recreio e no refeitório. Ajudava na Missa da escola, mas sem mostrar muita piedade. Seu olhar às vezes fixo e malvado, impressionava-nos e alguns ousavam se perguntar se essa criança não estaria possuída.
O segundo, da décima série, embora menos insolente e grosseiro, fazia-se notar por um comportamento às vezes estranho.
A mais jovem, de seis anos, mesmo parecendo estimar sua professora, fazia tudo para chateá-la: silêncio desobediente, sujeira nos seus cadernos ou nela; ira surpreendente diante das punições (como torcer seus óculos)... Com frequência, a professora, vendo tais cadernos, perguntava-lhe: "Você é aplicada?", e sempre a mesma resposta da criança, olhando insolentemente nos olhos da professora: "Não!" Não sabíamos como lidar com ela.
Durante o terceiro trimestre, constatamos uma rápida mudança nessas crianças. Os meninos ajudavam a Missa com mais piedade, não eram mais insolentes. O mais velho havia perdido seu olhar que nos impressionava. Não o repreendíamos mais no refeitório, onde se tornou um modelo de silêncio e onde estava sempre pronto a nos prestar auxílio. A menina havia se tornado afetuosa com sua professora, deixando até suas brincadeiras, para se aproximar dela, e mesmo lhe obter um afago. A caligrafia melhorou, assim como o estado dos cadernos. Aplicava-se enfim. Havia se tornado mais gentil com seus colegas.
Mesmo sem terem virado crianças-modelo nem primeiros de turma, tinham mudado. O que teria acontecido? Nosso diretor nos deu a chave do problema: essas crianças haviam sido batizadas no novo rito, sem os exorcismos. Com a permissão dos pais, o padre havia feito, perto da Páscoa, um complemento do Batismo; isto é, havia feito os exorcismos neles! Banido o demônio, a Graça atuava melhor nessas crianças.
Quantas crianças, hoje, teriam necessidade desse complemento, para que a Graça as ajudasse a lutar melhor contra suas más inclinações!
Uma professora
*No sistema educacional francês, as primeiras séries têm maior número que as que se lhes seguem. Não há correspondência exata com o sistema brasileiro. (N. do T.)
Pe. Matthias Gaudron, Catecismo da crise na Igreja. Rio de Janeiro: Permanência, 2011. p.217.
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