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Procissão da bandeira, uma lição


Ontem, dia 23 de janeiro, tivemos em nossa cidade de União dos Palmares, a tradicional procissão da bandeira que antecede os festejos de Sta Maria Madalena, nossa padroeira. E, enquanto eu acompanhava no meio da multidão, refletia no significado simbólico desta prática, mais antiga que os próprios evangelhos.

De fato, estávamos nós caminhando, seguindo a mesma direção em que ia Sta Maria Madalena, representada pela bandeira. E pensava que é justamente isto o que fazem os santos; pela força do seu exemplo de amor a Cristo, conseguem reunir grande número de almas e conduzi-las pelos caminhos que trilharam, isto é, pelas vias da santidade. Interessante ainda é que, na procissão que findará os festejos, existem várias charolas, cada uma representando um determinado santo, e concentrando ao redor de si os devotos que a ele se identificam, prosseguem a jornada; notável é que, embora sejam tantos, com características tão distintas, todos se unem numa só, que é o amor ao Cristo e a santidade cultivada e, dessa forma, todos os devotos, cada qual acompanhando uma charola em particular, rumam na mesma direção para a Matriz, onde está o Santíssimo Sacramento, Jesus Cristo, nosso Senhor. Os santos realmente têm o poder concedido por Deus de motivar as pessoas para seguirem a via estreita que leva a Cristo.

Pensando ainda na origem das procissões, que remonta ao Antigo Testamento, quando a multidão levava e seguia a Arca da Aliança, onde Deus habitava, e com ela percorria grandes distâncias, eu lembrava que, no Novo Testamento, este título de Arca da Nova Aliança se deve excepcionalmente à Santíssima Virgem que levou em seu seio, literalmente, o Verbo encarnado. Mas percebia também que assim como toda vida cristã deve ser uma imitação da vida do Cristo, assim também deve se tornar uma imitação da vida de Maria; dessa forma, há um maravilhoso acontecimento: os santos são aqueles que geram Jesus na alma e, dessa forma, também se tornam, de certa forma, arcas de Deus. Dentro desta analogia, a procissão toma ainda mais sentido.

Além disso, o próprio percurso é uma metáfora da vida humana. A dada altura, eu tomei um pequeno atalho, meio que me esquivando do caminho ordinário e querendo facilitar as coisas, e depois fiquei a pensar como muitas pessoas têm a tentação de buscar atalhos na vida para a felicidade a partir de uma proposta de vida mais fácil; veja-se, por exemplo, os templos protestantes com suas metodologias cômicas e seus caricatos de sacramentos; como tantos aderem simplesmente por considerar que a via católica é um tanto isenta desses sensacionalismos. Querem a via mais fácil e terminam por perder o mérito da jornada mantida a passo firme e constante. Percebia eu ainda que, no decorrer do caminho, várias atrações se mantinham paradas ao lado, de modo que, manter-se andando era forçosamente passar por elas sem lhes dar valor. Estas atrações (brinquedos, sorvetes) eram mais atrativas para as crianças de modo que se sentiam tentadas a parar. Na vida há muitas distrações, e quanto mais se é infantil na Fé, mas se sofre a influência delas, cujo único objetivo é fazer o fiel renunciar o passo e abandonar a jornada.

Porém, mantivemo-nos caminhando e, realmente, a viagem me parecia um tanto cansativa e maçante. Esta impressão, no entanto, não me fazia sequer pensar em parar o percurso e eu prosseguia. Mas, decidido a seguir assim até o fim, como alguém que vive na gratuidade do amor por Cristo, eis que encontro no caminho uma amiga e, em pouco tempo, começamos a tratar de assuntos nobres e comuns a ambos. Num piscar de olhos, estávamos já na praça para o hasteamento da bandeira e pudemos, tranquilamente, vê-la ser elevada aos ares e, lá de cima, tornar-se um símbolo de persistência, de renúncia, de santidade, de amor.
E agora eu percebo: como é bom ter amigos e como é verdade que juntos somos mais fortes.
Que Deus nos conceda sempre a graça de ter amigos dignos deste nome, sinceros, verdadeiros e que, acima de tudo, sejam estes aqueles que possam, com o seu amor a Cristo, cativar ainda mais a nossa alma em amor ardente por Aquele que nos amou primeiro e que nos convida às alegrias do Seu Reino.

Bem... A lição pra mim foi muito válida. E que ela seja para nós.
A todos a paz.
Fábio Luciano
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