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Uma defesa bíblica do Inferno


A grande maioria dos cristãos entende que o Inferno é real e é eterno. A sua natureza é que é objeto de controvérsia: alguns dizem que é lugar, outros que é estado de alma, outros ainda que é um estado de alma num lugar. Discute-se também se o fogo é literal, ou se é apenas um símbolo, ou se é ambos, etc. Mas há também aqueles que negam que ele exista. Dentre estes, estão os Adventistas e os Testemunhas de Jeová, que o entendem como um símbolo da destruição ou segunda morte da pessoa no fim dos tempos. Esta destruição implicaria a cessação da consciência. Assim, a negação do inferno exige a visão mortalista da alma, enquanto que a sua afirmação, sendo ele uma realidade eterna, pressupõe a crença na imortalidade da alma.

Um dos trechos favoritos dos negadores do inferno se encontra em Mac 3,19 (em algumas versões 4,1), que diz:

"Porque eis que vem o dia, ardente como uma fornalha. E todos os soberbos, todos os que cometem o mal serão como a palha; este dia que vai vir os queimará - diz o Senhor dos exércitos - e nada ficará; nem raiz, nem ramos." 

E há ainda outras várias passagens bíblicas que sugerem a um mortalista o fim da existência dos condenados: Isa 47,14, Pr 10,25; Sl 37,22; Sl 37,9-10, 20, 38; Sl 145,20; etc.

Mas também há os vários trechos que falam de uma punição que perdura eternamente. Dentre eles:

"Se a tua mão for para ti ocasião de queda, corta-a; melhor te é entrar na vida aleijado do que, tendo duas mãos, ires para a geena, para o fogo inextinguível, onde o seu verme não morre e o fogo não se apaga." (Mc 9,43-44)

Mais alguns: Mat. 18:8, Mat. 3:12, Apo. 14:11, Mt. 25:41, Mc. 9:43, Apo 19:3, Jd. 1:7, Lc. 3:17, etc.

Bem, como se vê, a questão é espinhosa, e tanto os textos pró-inferno quanto os contra são, em geral, convincentes. Para resolver o impasse de vez, teríamos de abordar a questão da imortalidade da alma, o que por ora não dá pra fazer, pois este é um tema gigantesco - mas de que ainda iremos tratar detidamente aqui.

Porém há uma combinação de trechos bíblicos que, na primeira vez em que a vi, considerei suficiente para afastar a tese do mortalismo. Ele está no livro do Apocalipse. Acompanhemos:

No capítulo 19, versículo 19 em diante, lemos:

"Eu vi a Fera e os reis da terra com os seus exércitos reunidos para fazer guerra ao Cavaleiro e ao seu exército. Mas a Fera foi presa, e com ela o falso profeta, que realizara prodígios sob o seu controle, com os quais seduzira aqueles que tinham recebido o sinal da Fera e se tinham prostrado diante de sua imagem. Ambos foram lançados vivos no lago de fogo sulfuroso." 

Este lago sulfuroso seria supostamente a destruição última e total de todos os que são lançados lá. Contudo, acompanhemos. No capítulo 20, um anjo desce do céu com a chave do abismo e aprisiona o Dragão, "a primitiva Serpente". Esta prisão dura mil anos, conforme se lê no versículo 2 e 3. Pois bem: mil anos! Atente nisso.

Depois de passar todo esse tempo, chega a hora de o demônio ser solto "por um pouco de tempo", para seduzir as nações dos quatro cantos da terra. É então que ocorre o que lemos a seguir:

"Mas desceu um fogo dos céus e as devorou. O Demônio, sedutor delas, foi lançado num lago de fogo e de enxofre, onde já estavam a Fera e o falso profeta, e onde serão atormentados, dia e noite, pelos séculos dos séculos." (20, 9-10)

Como, depois de mil anos, a Fera e o falso profeta ainda estavam lá? Mas nem que fosse com uma estrelinha de São João! Imagina sendo um "lago de fogo sulfuroso"?

Será um problema de tradução? Vamos à Bíblia de Jerusalém:

"O Diabo que os seduzira foi então lançado no lago de fogo e de enxofre, onde já se achavam a Besta e o falso profeta."

A versão Almeida Corrigida e Revisada Fiel complica ainda mais a vida dos mortalistas:

"E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre."

Além do problema do trecho grifado, o que fazer com a afirmação exatamente subsequente?

"E de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre" ou "pelos séculos dos séculos"

O termo utilizado "de dia e de noite" sugere claramente a continuidade do sofrimento, e este, em consonância com o que Nosso Senhor mesmo falou, não tem fim: é contínuo choro e ranger de dentes, pelos séculos dos séculos.
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