Por Maite Tosta
Os defensores da chamada “Missa Afro” dizem ser uma inculturação a fim de contemplar a cultura afro-brasileira, mas, e, nisso concordo com D. Estêvão Bettencourt, “o espetáculo daí resultante não atingiu a sua finalidade, que era elevar as mentes a Deus em atitude de oração; lembrou muito mais os festejos folclóricos do nosso povo, associados a Carnaval e a cultos não cristãos”.
A inculturação tem como finalidade transmitir as verdades do evangelho, apresentando-as de forma que os destinatários as possam compreender e viver, aproveitando as expressões culturais de povos não-europeus, que guardam, assim, sua identidade. Não é tarefa das mais fáceis, podendo fácilmente descambar para o abuso.
Inculturar é assumir, dentre os elementos da cultura (linguagem, gastos, símbolos…) de cada povo, aqueles que possam ser veículos fiéis e dignos da fé católica, não deteriorada nem adulterada. (…)Quaisquer que sejam os gestos e sinais aplicados à Liturgia, deverão sempre contribuir para que se levem as mentes a Deus numa atitude de oração e adoração. Caso este objetivo não seja atingido, mas, ao contrário, se provoque dispersão e perplexidade entre os fiéis, os símbolos não podem ser considerados autênticos.*
Não, o Concílio Vaticano II não chancela a – desculpem o termo, mas é o que cabe na minha indignação – palhaçada que são as Missas Afro:
“A Igreja não deseja impor na Liturgia uma forma rígida e única para aquelas coisas que não dizem respeito à fé (para aquelas coisas que dizem respeito a fé, não pode haver flexibilização) ou ao bem de toda a comunidade. Antes, cultiva e desenvolve os valores e os dotes de espírito das várias nações e povos. O que quer que nos costumes dos povos não esteja ligado indissoluvelmente a superstições e erros, Ela o examina com benevolência e, se pode, o conserva intato. Até, por vezes, admite-o na própria Liturgia, contanto que esteja de acordo com as normas do verdadeiro e autêntico espírito litúrgico (ou seja, o que é superstição, erro e contrário à fé e ao espírito litúrgico, não pode ser inserido na liturgia !)” (Constituição Sacrosanctum Concilium n° 38).
Importante ainda destacar o que diz a Instrução Varietates Legitimae, que trata do assunto (n° 30 e 37):
Para preparar una inculturación de los ritos, las Conferencias episcopales deberán contar con personas expertas tanto en la tradición litúrgica del rito romano como en el conocimiento de los valores culturales locales. Hay que hacer estudios previos de carácter histórico, antropológico, exegético y teológico. Además, hay que confrontarlos con la experiencia pastoral del clero local, especialmente el autóctono . El criterio de los «sabios» del país cuya sabiduría se ha iluminado con la luz del Evangelio, se rá también muy valioso. Asimismo la inculturación tendrá que satisfacer las exigencias de la cultura tradicional aun teniendo en cuenta las poblaciones de cultura urbana e industrial.
Las adaptaciones del rito romano, también en el campo de la inculturación, dependen únicamente de la autoridad de la Iglesia. Autoridad que reside en la Sede apostólica, la ejerce por me dio de la Congregación para el culto divino y la disciplina de los sacramentos (Somente a Santa Sé, pela Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos pode autorizar a inculturação) (78); y, en los límites fijados por el derecho, en las Conferencias episcopales (79) y el obispo diocesano (80). «Nadie, aunque sea sacerdote, añada, quite o cambie cosa alguna por iniciativa propia en la liturgia»** (81). La inculturación, por tanto, no queda a la iniciativa personal de los celebrantes, o a la iniciativa colectiva de la asamblea (82) (Ou seja, não é assim, à la vonté !).
As Missas Afro que se vêem aos montes por aí não cumprem nenhum dos requisitos para a inculturação, não podendo ser consideradas como tal. São fruto do desconhecimento do verdadeiro espírito da liturgia e da desobediência das normas prescritas pela Santa Sé.
Fonte: Blog Veritatis
Infelismente venho usar este espaço para descordar de sua opinião, pois sou afro descendente,e em minha Paroquia existe uma Pastoral Afro a quase 20 anos, da qual faço parte a 15, além de ser catequista, fazer parte do grupo de joven, dentre outras pastorais, o que te leva a perceber que sou catolica atuante e muto participativa, a respeito da missa afro, aqui em nossa comunidade ela é bem aceita, inculturada, sem fugir das partes fixas da liturgia (tão citada por você).Saiba, que aqui a a missa afro é muito bem aceita, é uma das missa que mais enche, vem pessoas de toda a região para participar! E para finalizar, te deixo um questionamento: COMO VC ACHA QUE É A CELEBRAÇÃO DA EUCARISTIA NA AFRICA? Obrigada pelo espaço!
ResponderExcluirCaro Anônimo,
ResponderExcluirA celebração da Eucaristia na África provavelmente é assim: http://anjosdeadoracao.blogspot.com/2010/08/voltando-do-recesso-africa-sem-missa.html
Sobre o fato de vc ser catequista e fazer parte desta pastoral a 15 anos, isto não significa nada. Se queres saber, há padres ordenados há mais de 50 anos e que, nem por isso, sequer são católicos.
O fato de esta missa ser participativa, de encher, de ser bem aceita, etc, etc, também não é critério de nada. Se assim é, se o que vale é a quantidade, perderíamos a essência da Santa Missa para ceder aos caprichos da assembléia. Vc crê realmente que a missa é isso?
Então, vamos a uma exposição muitíssimo sucinta, pois me parece que vc é uma pessoa sincera.
ResponderExcluirPrimeira coisa que devemos considerar é que a Santa Missa é, antes de tudo, o Sacrifício do Calvário perpetuado. Isto é uma verdade de Fé e quem a nega está excomungado.
Se a Santa Missa é o Calvário, é a Cruz do Senhor, então a gente já nota que todo respeito do mundo e toda sobriedade diante da Cruz são poucos. Daí, já é possível perceber da inconveniência de dancinhas, de tambores, etc, etc.
Depois, a Liturgia não é algo construído pelos homens, mas algo dado por Deus. Se é dado por Deus, deve ser respeitada em sua substância. Se, ao contrário, os homens modificam-na ao seu bem querer, isto apenas demonstra como o homem gosta de se fazer de Deus. Por trás das brincadeiras com a Liturgia, reside a soberba luciferina, a sede de auto-suficiência adâmica e que, se levada a termo, termina por implicar na negação da objetividade do Sagrado e na rebelião contra Deus.
A chamada Missa Afro pretende ser um modo de inculturação. No entanto, termina por ser mero sincretismo. Para teres alguma idéia da dificuldade disto, leia este trecho: http://anjosdeadoracao.blogspot.com/2010/03/cultura-inculturacao-encontro-de.html
ResponderExcluirSua Santidade Bento XVI escreve ainda: "Como estão distantes de tudo isto quantos, em nome da inculturação, decaem no sincretismo introduzindo ritos tomados de outras religiões ou particularismos culturais na celebração da Santa Missa (cf. Redemptionis Sacramentum, 79)"
O problema é que uma cultura geralmente está muito intricada com conteúdos religiosos que comumente a permeiam por dentro. Separar uma cultura da religião que a formou é um negócio complicado. A inculturação, se existe, não deve ser, portanto, a mera mistura de jeitos provenientes de diversos lugares. Se for assim, a gente cai num regionalismo. Ao contrário, o culto da Igreja Católica, a Santa Missa, deve dar-se no nível da universalidade. É por isso que ela é Romana, pois a cultura romana, como a filosofia grega, de tal modo ultrapassam o âmbito geográfico em que nasceram que se elevam ao nível da universalidade.
Enfim, o assunto é bastante longo, mas eu sugiro, meu caro, que vc veja isto com carinho. Neste blog, há outros textos relacionados ao tema. Em outros blogs e sites, vc encontrará outros materiais. Não vá meramente pelo consenso. Nosso Senhor espera que você, como católico, tenha o zelo que a maioria não tem. Lembre-se que é sempre a minoria que fica com Ele no momento da Sua Cruz. Que vc não seja mais um entre os que zombam.
Ad Iesum Per Mariam
Fábio.