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Do Mistério da Trindade III - Analogias da Trindade na Criação


O misterioso número três acha-se por toda a parte: 
1º nas ciências; 
2º nas regras da linguagem; 
3º na natureza material; 
4º principalmente na alma humana, que é uma imagem e um reflexo da Trindade.

Dir-se-ia que Deus gravou a imagem da Trindade em todas as suas obras. Gênios de primeira ordem julgaram achá-la mesmo no mundo das abstrações matemáticas, em que entram sempre três termos, isto é, duas grandezas e uma relação. O número três parece, em aritmética, o número por excelência que não é gerado e gera todas as frações. Sem dúvida, não se deveria levar muito longe a mania das comparações, nem aceitar como decisivas as relações que espíritos engenhosos ou sutis julgaram achar entre o mistério da Trindade e as figuras da geometria. Mas será por acaso que todos ou quase todos os povos tiveram a idéia original de fazer do triângulo do símbolo matemático da essência divina? Será por acaso que tantos gênios julgaram descobrir na esfera o símbolo mais acabado da perfeição divina? Pascal não fez mais que traduzir um filósofo grego ao nomear Deus "uma esfera cujo centro acha-se em toda a parte e a circunferência em nenhum lugar". E Kepler compôs um livro inteiro sob o seguinte título: De adumbratione Trinitatis in sphoerico. Nesta figura única encontram-se três elementos sobre os quais trabalha toda a ciência geométrica: o centro, o raio, a circunferência.

Mas deixemos de lado a região da abstração pura; limitemo-nos a algumas verificações na ordem das diversas ciências humanas.

1º O número três se encontra na divisão de todas as ciências: 

Nas ciências naturais distinguem-se três reinos: mineral, vegetal e animal; no mineral, três estados: sólido, líquido, gazoso; no reino vegetal, três termos usados na classificação: ervas, arbustos, árvores; no reino animal, três lugares onde vivem os seres: a terra, a água, o ar.

Nas ciências físicas, três agentes principais: a luz, o calor, a eletricidade.

Nas ciências mecânicas, três coisas na mesma força: o ponto de apoio, a direção, a intensidade.

Nas ciências médicas, na vida física do homem, três funções principais: a respiração, a circulação e a digestão. 

No estudo das ciências morais, na alma humana, a psicologia distingue três faculdades: a sensibilidade, a inteligência, a vontade. - Por sua vez, a sensibilidade é física, moral, ou intelectual; ao estudo, a inteligência oferece fenômenos de razão, de juízo, de consciência; a vontade apresenta três aspectos ao nosso exame acurado: o instinto, o hábito e a atividade livre.

2º Se considerarmos as regras da linguagem e do discurso, notaremos que o silogismo, que resume o pensamento, contém três proposições: a maior, a menor, a conclusão. - Na proposição, há três termos: o sujeito, o verbo e o atributo. - No No verbo, três tempos principais: o passado, o presente, o futuro. - Em cada tempo, três pessoas: a primeira, que fala; a segunda, com quem se fala; a terceira, de quem se fala.

3º Se interrogarmos a criação material, no fundo de todos os seres, achamos três coisas: o substratum, ou substância; o modo, ou forma revestida pela substância; a atividade, fatal ou livre. - Esse tríplice íntima de Deus, essência divina, manifestando-se no seu verbo e agindo na criação? - Além disso, toda a matéria, qualquer que seja a sua forma, tem três dimensões: comprimento, largura, profundidade, supondo-se mutuamente pra formar um só corpo.

A unidade na Trindade acha-se ainda no raio de sol, que é luz, calor e força; nas três cores primitivas do prisma: vermelho, amarelo e azul; nas três notas formando a consonância perfeita de todas as escalas. - Acha-se no mistério da geração, que implica três indivíduos; na família, que tem três elementos: o pai, a mãe, o filho; na sociedade, que compreende a autoridade, o ministro, o súdito.

4º Mas a imagem da Trindade acha-se particularmente na alma humana, que Deus fez à sua semelhança; oferece-nos ela o eterno desabrochar da unidade na triplicidade, que é o mistério mesmo da nossa vida. Há no homem três faculdades muito distintas: a inteligência, o pensamento e o amor; contudo não são três almas que possuímos, mas uma só alma dotada de razão, diz santo Agostinho. Ora escutemos como os gênios cristãos viram nesta alma a imagem da Trindade, e ao mesmo tempo alguma explicação racional do mistério de três pessoas em um só Deus. Em primeiro lugar, a nossa alma existe e tem consciência da sua existência e da sua força; depois há alguma coisa que ela sabe: é o seu pensamento, distinto dela mesma. Ao mesmo tempo que a alma produz o seu pensamento, realiza mais um ato, não menos necessário que o primeiro: ama este pensamento, filho da sua inteligência. Dessa maneira, a nossa alma se revela ao mesmo tempo como princípio, pensamento, e como amor. Contudo essas três coisas distintas permanecem unidas, não formando mais que um só eu, um e indivisível. Ora, dá-se o mesmo, embora de modo mais perfeito, com a natureza divina. Deus o Pai existe desde toda a eternidade; contemplando-se e conhecendo-se a si mesmo nas suas perfeições infinitas, produz o seu pensamento: é o seu Verbo ou seu Filho, gerado de toda a eternidade, Deus como ele. Mas assim como a nossa alma afeiçoa o seu pensamento, assim também, Deus, de toda a eternidade, não deixou de conhecer e amar o seu Verbo, nem de ser conhecido e amado por ele. Deste amor eterno procede eternamente uma terceira pessoa, Deus como o Pai e o Filho. E da mesma forma que no homem, fora da inteligência, não há mais que o pensamento e o amor, em Deus, fora da inteligência infinita, princípio da augusta Trindade, não há mais que o Verbo e o Espírito Santo.

Nossa alma é portanto a imagem mais notável da Trindade que Deus tenha colocado nas suas obras, para nos dar uma idéia da maneira como que estas três coisas: princípio, pensamento, amor, podem chegar nele até a personalidade e constituir a unidade infinita da sua natureza.

Mons. Cauly. Curso de Instrução Religiosa. Apologética Cristã, Tomo IV. 
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