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O amor de Deus por nós revelado em Cristo


Em Cristo, manifestou-se a infinita caridade e a grande misericórdia de Deus. Qual Pai amoroso, apiedou-se dos seus filhos caídos, indo ao extremo de enviar-lhes o seu Filho Unigênito. Não é a multidão das ofensas que fixa os limites do seu amor, mas unicamente a soberba e a presunção humanas. Seu amor não exclui senão a quem voluntariamente lhe recusa os dons. Deus se antecipa ao homem e não lhe pede senão que, reconhecendo humildemente a sua insuficiência, fraqueza e pecaminosidade, busque refúgio em Deus e pague o amor com o amor. Destarte toda a vida religiosa se eleva ao nível da entrega pessoal, ancorando-se no próprio cerne da personalidade humana. A própria condenação eterna deriva do amor o seu significado mais profundo, consoante a palavra de Dante: "Fecemi... il primo amore" (Inf. III, 6).

Desta forma o "eros" dos antigo transforma-se na "caridade" da revelação cristã. Para Aristóteles, a única forma de amor compatível com a razão é a que se realiza por um movimento ascendente, do amante ao amado. Parece-lhe absurdo admitir que um Deus, plenamente satisfeito de sua própria perfeição, seja capaz de amar um mundo imperfeito. A esse deísmo dos antigos, e a todas as especulações sobre o eros, opõe-se nitidamente a doutrina cristã, tão eloquentemente expressa na primeira epístola de S. João: "Nisto está o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou (I Jo 4,10; cf. a versão da Vulgata: "quiniam ipse prior dilexit nos).

Philotheus Boehner; Étienne Gilson. História da Filosofia Cristã. Rio de Janeiro: Vozes, 2009.
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