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Ainda a Teologia da Libertação


Nesta postagem, quero tratar um pouco sobre a Teologia da Libertação. Muita gente já conhece a sua origem e a sua natureza e, portanto, já está devidamente vacinada contra este vírus. No entanto, ainda há inúmeros inocentes que podem se deixar levar por este canto de sereia. É para estes últimos que escrevo. Eu peço, então, uma leitura tranquila e meditativa sobre o que eu porei aqui.

Para dar suporte a um estudo mais aprofundado, eu recomendo particularmente três leituras:


Bem, a primeira dificuldade é que, para a grande maioria das pessoas, basta uma coisa parecer verdadeira para ela ser tida como tal. Muitos só rejeitariam um erro se ele fosse evidente. Se, ao contrário, ele se disfarça de discurso politicamente correto, ou se apela para o emocional das pessoas, é muito provável que ele venha ser aclamado como a via mais acertada. É por isso que, na Igreja, as coisas não são decididas por meio de consenso, porque as vozes mais profundas e que portam a verdade seriam abafadas pelo barulho irrefletido da comunidade ludibriada por expressões de efeito.

Então, se quisermos ter uma visão acertada das coisas, não podemos pecar por mediocridade e simplismo. Não podemos nos deixar levar pela verossimilhança, mas pela verdade, de fato. Iniciemos, pois, a nossa reflexão sobre a Teologia da Libertação.

Devemos reconhecer, antes de tudo, qual é a sua raiz. Sabemos que ela mantém os mesmos pressupostos que o Marxismo, e que consistem no seguinte: 1) a única realidade existente é realidade visível; 2) Se assim é, a história é a única dimensão onde as coisas podem acontecer e, portanto, onde se devem concentrar todos os esforços humanos; 3) Tudo será visto pelo esquema da Luta de Classes. Desse modo, o binômio 'Pecado-Salvação' e 'Demônio-Povo Escolhido' será lido de um modo estritamente social, identificando o povo de Deus com os pobres, e o demônio, com os ricos, responsáveis pela opressão. 4) O Céu, não se podendo produzir num porvir transcendente, que inexiste, deverá realizar-se no aqui e agora.

Como se vê, opta-se por uma reinterpretação de toda a história da Salvação. Esta reinterpretação obedece ao curso da história. Entender o sagrado segundo os moldes tradicionais, isto é, segundo ideais estáveis e verdades imutáveis, iria contra a própria estrutura da realidade, que é essencialmente histórica e evolutiva. Daí que a Teologia da Libertação alia-se a movimentos de caráter progressista e encara como vocação profética o ato de rebelar-se contra qualquer valor fixo ditado por alguma instância superior. Com relação à luta de classes, os cultores desta ideologia tendem a enxergá-la no próprio seio da Igreja. A comunidade simples, isto é, os leigos e os padres que se despojam de qualquer particularismo hierárquico, seriam, então, a verdadeira Igreja de Cristo, pois encarnariam o Jesus pobre. A Igreja hierárquica, ao contrário, apegando-se ao modo tradicional, apenas contribuiria para a manutenção do poder, travando a marcha progressiva e, portanto, sendo inimiga da emancipação. A esta Igreja hierárquica, conviria resistir.

A Teologia da Libertação é, pois, essencialmente rebelde, pois entende a Redenção como libertação das opressões dos poderosos, inclusos dentre estes os que lutam em favor uma Igreja Tradicional. Logo, não convém fiar-se nas determinações do Magistério, mas partir da própria comunidade. É neste sentido que se costuma usar a expressão "Igreja do Povo". Desse modo, não há mais uma Liturgia à qual se deva obedecer e observar com fidelidade. Agora, a própria Liturgia será resultado do protagonismo da comunidade que, portanto, a encherá de tudo aquilo que mais lhe agrade e que possa simbolizar este movimento de libertação. A Eucaristia não mais é vista como Sacrifício ou a Presença Literal de Cristo; ela agora assume um status representativo da partilha entre os pobres, se tornando um mero banquete figurativo da grande rebelião emancipatória e da caridade social.

Os pecados pessoais são relativizados. A noção de pecado, na Teologia da Libertação, está muito mais associada à sua repercussão coletiva. Se um sujeito se opõe a esta ideologia e opta pela Igreja Tradicional, ele estaria rejeitando o espírito revolucionário e, portanto, incorreria em pecado. Um outro, porém, que viesse a pecar pessoalmente, mas que mantivesse sua luta social, não teria cometido pecado nenhum. Desse modo, o pecado é visto de um modo absolutamente prático e utilitarista. O foco não mais está no campo metafísico, segundo o qual o pecado afasta o homem de Deus. A grande ênfase agora é dada àquilo que promoveria a dignidade humana e esta será entendida em termos puramente políticos.

A Teologia da Libertação, restringindo-se somente àquilo que acontece dentro da história, tende a negar o que está além dela. Portanto, não vê com bons olhos a crença em eventos sobrenaturais. É por isto que, na reinterpretação que farão dos eventos bíblicos, os adeptos desta heresia dirão que os Apóstolos costumam utilizar modos conotativos para expressar fatos que, na verdade, nada tiveram de sobrenatural. Se a Bíblia narra, por exemplo, a multiplicação dos pães, eles dirão que isto é um modo de fazer significar a partilha dos alimentos. Se a Escritura narra a cura de leprosos e cegos, eles dirão que isto é só um modo de dizer que eles foram acolhidos na comunidade, etc. Este modo de compreensão será dito mais científico e, portanto, mais seguro. A Teologia da Libertação cai, então, num tipo de racionalismo.

Vê-se como isto tudo dista infinitamente da compreensão legitimamente cristã. Poder-se-ia utilizar da própria Bíblia para refutar este erro, porém, para os teólogos da libertação o que é dito na Escritura não possui valor por si, mas somente enquanto serve como símbolo de realidades atuais que a comunidade está a vivenciar - é o que se chama "hermenêutica". Assim, o episódio do êxodo no Antigo Testamento vale menos enquanto relato de um acontecimento real do que como modo de representação e motivação de uma necessidade atual do povo. Prender-se a um suposto sentido objetivo e literal seria, de novo, optar por uma compreensão engessada da realidade e que, portanto, não corresponderia com a ordem das coisas. Não há pura verdade teológica ou metafísica; o que há é apenas a verdade da prática. A redenção não se daria pela posse de uma verdade, mas pela efetivação de um projeto político-social.

É possível também, com base nisso tudo, compreender por que razão a TL exerce esse fascínio em algumas pessoas. Se olharmos à nossa volta, nós veremos que os problemas sociais são mesmo graves e que qualquer proposta minimamente moral não deve ignorá-los. Neste sentido, fazer o bem a alguém toca necessariamente neste ponto. A Teologia da Libertação, identificando os tais problemas e se detendo sobre eles, oferecendo ainda uma teoria puramente natural sobre as suas causas e sobre o suposto modo de resolvê-los, aparece, aos olhos incautos, como uma via dotada de mais realidade, de mais substância, um caminho mais pé no chão. Uma grande parte dos católicos, ainda que não sigam expressamente a TL, costuma pensar desse modo: aquilo que é imediatamente palpável e visível seria mais real do que aquilo a que nos referimos no Credo e do que todo este mundo invisível para o qual nos voltamos quando rezamos. A Teologia da Libertação, portanto, permite que esta desconfiança comum ganhe um corpo sistemático. Para reconhecer-lhe o veneno, é necessário possuir uma boa catequese, sem a qual as pessoas se verão desarmadas diante de tão nefasto inimigo. É por isto, também, que uma imensa parte das catequeses modernas é uma negação.

Enquanto a Teologia da Libertação aparece com ares de caridade e de bondade, o que ela faz é, na verdade, exatamente o oposto. Pregando a necessidade da Luta de Classes, ela semeia a discórdia no coração humano que passa a vê-la como um bem necessário à emancipação. É a sacralização do ódio. Utilizando-se da religião para pregar um socialismo pseudo-cristão, a TL impede que as pessoas efetivamente conheçam os meios eficazes para que se salvem da primeira e maior escravidão que existe - o pecado -, sem a qual os problemas sociais se resolveriam. Deixando nas mãos da própria comunidade a crença num paraíso terrestre, a TL semeia uma falsa esperança, eivada de ódio, e faz que os homens acreditem ser auto-suficientes, capazes de se libertarem a si mesmos, reduzindo o papel de Deus ao de um mero incentivador ou inspirador. Falseando ainda a estrutura da realidade, a TL põe nas mãos das pessoas um projeto irrealizável, mobilizando infinitamente - já que nunca leva a termo o que promete - o ódio que consegue provocar nas almas. Distraindo-as, enfim, da verdade e da Pátria Celeste, a TL as ensina a depositar todas as suas esperanças no exílio, aviltando a sua dignidade de almas imortais; as impede de buscar o auxílio efetivo em Deus e faz com que não se arrependam dos seus pecados pessoais nem tenham comunhão real com Deus por meio dos Sacramentos. Em suma, travestida de religião, a TL é todo um projeto sistemático - expressão da revolução cultural na Igreja - para destruí-la por dentro.

Devemos ficar, pois, atentos e fazer o possível para os que ainda dormem sejam acordados e vacinados contra este inimigo de Cristo, contra este erro perverso que a tantas almas ameaça e que tanta discórdia promove.

Para isto, peçamos o auxílio da Virgem Santíssima, para que esmague todo erro e heresia, para que nos socorra em nossa nossa fraqueza e inércia, e nos ajude a cumprir a vontade de Seu Filho. Amém.
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