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Minha experiência da JMJ


Já se sabe: eu fui à JMJ! Eeehh!.. E gostaria, como inclusive me pediram para fazer, de contar um pouco da minha experiência de ter comparecido no maior evento católico destinado à juventude do mundo.

Eu decidi ir de última hora e disto já falei. Primeira vez que vou ao Rio e que viajo de avião. Aí a minha cara de alegria pelo primeiro vôo:



Fiquei hospedado na casa de uma amiga, a Joyce, a quem eu já conhecia virtualmente. Sobre isso, não sei nem como descrever a imensa hospitalidade que tiveram conosco. Toda a família da Joyce me recebeu como um filho e foi como tal que me senti, de fato. Já na primeira manhã, a mãe dela, dona Marilda, me acordava com um suco estranho e que, não obstante o gosto esquisito no paladar, causou-me um gosto maravilhoso no coração. Aquele mimo era para mim um claro sinal do cuidado divino que, nestes dias benditos, se expressou de modo muito particular nos atos da dona Marilda.

Da esquerda para direita: eu, seu Wilson, Paula (peregrina argentina), dona Marilda e Sabrine.


Ela é alguém de uma simpatia toda singular. Nos deixou muito à vontade e era só sorrisos. Deu-me também uma lição. Disse-me: "O alimento é para sustentar o corpo. O ser saboroso é uma regalia de Deus". Relembrei isso diversas vezes. É verdade. Alguém pode dizer: isso é desculpa para quem não sabe cozinhar. Haha.. Na verdade, a comida da Dona Marilda é tão boa que eu estou sonhando com ela até agora.

Não sei descrever a gratidão que me vai na alma por me ter posto num lugar tão acolhedor. De fato, foi um prêmio imenso que Deus me deu diante do pequeno ato de Fé que fiz: o de ter confirmado as passagens quando ainda não me era claro onde me hospedaria.

Além dela, o senhor Wilson, seu esposo, demonstrou ser não apenas uma só carne com ela, mas possuir também a sua mesma alma: muito acolhedor e muito atencioso. Levou-me inclusive para conhecer a sua mãe, a Dona Júlia, de quem ele discorda só num ponto: o time preferido. Seu Wilson é flamengo doente. Dona Júlia é botafogo.

Antes de viajar, eu pedia a Nossa Senhora que me protegesse. E o resultado? A família que me acolheu era toda consagrada à Virgem Maria pelo método de S. Luis Maria Grignion de Montfort. O bairro ou distrito ou sei lá o quê era também dedicado a Maria Santíssima. Inclusive, ganhei da dona Marilda uma medalhinha milagrosa. E aí? Minhas orações foram ouvidas ou não? rs

Hoje de manhã, Dona Marilda levou-me até o ponto de pegar o ônibus para o aeroporto. Por minha causa, saiu mais cedo do que de costume. Pegou dois ônibus comigo e me esperou pegar o terceiro. A toda hora, eu sentia o seu cuidado e aquilo me estremecia por dentro. Foi com os olhos marejados e com um nó na garganta que me despedi. Deus abençoe a família Rocha.

A experiência da JMJ foi única. É muito belo contemplar com os próprios olhos a força do catolicismo. É claro que se poderia contestar aqui a qualidade de tal catolicismo de massa. No entanto, é fato que a Igreja é ainda profundamente atrativa porque sua beleza descende do próprio Cristo, que é Beleza em si. É muito bonito ver que o Papa, um homem idoso e sem tantos atrativos estéticos e mundanos, consegue atrair milhões de pessoas, mesmo em nossa época extremamente secularizada. É belíssimo olhar para o lado e ver uma pessoa que, ainda que não se lhe saiba de antemão qual o idioma que fala, é católica apostólica romana.

Ver o Papa foi imenso. Uma euforia só. O comentário que tive de ouvir por lá foi: "Fábio é todo centradinho até ver o Papa." haha.. De fato, foi só vê-lo que me dispus a correr em sua direção e me perdi momentaneamente das pessoas com quem eu estava. Vi o Papa e parecia que meus olhos relutavam a crer que fosse real. Na hora, me veio a sensação de que se tratava de qualquer tipo de tela extremamente sutil pela qual eu o via. Mas não. Era ele! Aquele que, como dizia Sta Catarina de Sena, é a doce sombra de Cristo na terra; aquele que exala o bom odor de Cristo; que é símbolo inexorável de Cristo e como que janela do transcendente. Passou por mim acenando amigavelmente, num ato que parecia querer significar que o próprio Deus me sorria ao invés de zangar-se dos meus pecados. Contemplando a face e o jeito do Papa Francisco, eu não somente sabia, mas via: "Deus é bom". Faz uma diferença imensa saber que Deus é bom. Experimentemo-lo! E repito: é preciso saber não apenas em teoria, mas encarnar esta sabedoria, isto é, ter em si o sabor da bondade divina. Sabor e sabedoria possuem o mesmo radical. Francisco parece ter uma sabedoria que é algo mística, cheia do sabor de Deus. Vendo-o, penso em S. Francisco de Assis: "o verdadeiro cristão não consegue esconder a alegria que o anima por ter descoberto este tesouro."

A JMJ também foi ocasião de eu conhecer pessoalmente quem eu só conhecia pela net, como a própria Joyce, a Sabryne, a Angélica, etc. Conheci também outras pessoas que eu nem sequer sabia que existiam como a Paula e os seus amigos argentinos, o Lucas e o Pilu, com os quais passamos mais de 24 horas juntos. São todos bons amigos que pretendo cultivar pela eternidade.

Um destes, inclusive, causou-me viva impressão. Pareceu-me como um "irmão de alma". Embora seja meio pretensioso dizer isso, foi como me soou. Identifiquei-me com certas disposições interiores deste rapaz. Parecia-me ver a mim mesmo sob alguns aspectos. E isto também foi algo da providência divina. Algo como uma seta luminosa a me recordar verdades fundamentais e chamadas específicas que Deus me fez. Aí nós dois:



Foi já com uma certa tristeza que assisti aos eventos finais. Depois da madrugada de vigília, o domingo surgia numa manhã limpa e ensolarada. Tive calor pela primeira vez em vários dias. Isto me fez recordar de uma frase de Sta Teresa D'Avila: "de amor está se abrasando o que nasceu tiritando". Se a jornada, no seu início, nos surpreendeu pela frieza do tempo, estranhada até pelos próprios cariocas e que bem podia simbolizar o estado espiritual com que começamos o evento, agora, no seu término, ela nos saudava com um calor que talvez pudesse representar o despertar interior, o efeito gerado por Deus nestes dias de Graça. Mas ainda assim, saber que a coisa estava chegando ao fim me deixou o tempo todo muito introspectivo. Era como se eu quisesse, de algum modo, estagnar o tempo a fim de que o término não ocorresse. Mas ao mesmo tempo, eu sabia que é preciso deixar as coisas irem. É preciso desapego e pobreza interior. Como a Paula bem me falou: ver as pessoas aqui reunidas na praia nos faz lembrar o evento da Transfiguração, no monte Tabor. Parece-nos querer pedir a Jesus para fazer tendas e aqui ficar pelo resto da vida. Porém, extasiados por tudo isso, não sabemos o que dizemos. É necessário, antes, já que iluminados pela luz ali manifesta, descer o monte e ir comunicar esta graça aos demais que ainda não conheceram a Nosso Senhor, ou que o conheceram e deixaram-No escapar. É preciso que reencontrem a disposição da esposa dos cantares: "encontrei Aquele que meu coração ama e não O largarei". Mas, antes, encontremo-la nós! Deixamo-lo escapar quando pecamos mortalmente. Fiquemos com Ele e Ele ficará conosco.

Enfim, passado tudo, pergunto-me: aconteceu de fato? Sim. Aconteceu. Porém, a efemeridade destes momentos privilegiados nos lembra que ainda estamos no exílio e que a felicidade só será completa no outro mundo. O fato de termos de voltar às nossas vidas e à cruz de cada dia é também uma grande lição. Não ponhamos o fundamento da nossa vida neste mundo. O tempo é contínuo fluxo; não possui estabilidade. Fiar-nos nele para sermos felizes é como construir uma casa sobre a areia. É empresa fadada ao fracasso. Ponhamos nosso coração em Deus, façamos d'Ele o nosso tesouro, e estaremos firmes sobre a rocha.

Eu ia escrever ainda alguma coisa sobre as críticas que sujeitos fizeram à JMJ a ponto de desacreditá-la de todo. Mas, não. Já falei algo disso. Digo somente o seguinte: Há quem queira criticar tudo quando não se adéqua às suas próprias opiniões. Eis a própria definição da soberba. Esta, a fim de se afirmar, se disfarça com mil zelos e sutilezas. Mas quem quer que a conheça, lhe distingue os traços a quilômetros de distância. A virtude é natural, espontânea e reta. A soberba é afetada e dissimulada. Seus efeitos não visam adequar-se a nenhum objeto. Estes servem apenas de pretexto ou "causa justificadora". Na verdade, a soberba quer causar sensações pura e simplesmente. E para isto se disfarça. Um certo racionalismo a serviço do irracionalismo da busca por admiradores é muitíssimo comum. Não falta quem queira ser o último porta-voz do catolicismo, uma espécie de novo Elias. Para tal, recorrem a mil práticas devocionais, todas em latim, e se privam do contato contra os "leprosos" modernistas. Uma e outra dessas atitudes fortalecem a ilusão da assepsia. E se a soberba lhes corrói a alma, importa somente o externo, o aparente. 

Há mil coisas que aconteceram na JMJ e que eu não sei contar direito. Isto aqui é somente uma exposição sucinta, mais interior que exterior, de como foi a minha jornada. Quem quiser saber de algo mais específico, pergunte-me e estarei feliz em responder, se o souber.  

Para terminar, quero agradecer mais uma vez à boa alma que me proporcionou os meios para esta viagem e para as alegrias que lá tive. Que Deus a abençoe e recompense sem medida. Que a Virgem Maria nos conduza a todos. Pax.

Fábio Silvério.
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3 comentários:

  1. Gostei de ver! Acompanho o seu blog e devido às críticas pensei até que não fosse à JMJ, mas fico feliz que você também se sensibilizou e pudemos partilhar da mesma alegria! A paz de Cristo!

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  2. Oi Amanda! Desculpe-me a demora em responder.
    Meu PC deu problema e só agora pude acessar a net.

    Minhas críticas não eram à JMJ em si, mas uma decisão ou outra que eu não considerava serem as mais acertadas.

    Mas fui sim! Tive a imensa alegria de poder contemplar tudo aquilo de perto! ^^

    Deus a abençoe. Pax.

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Fique à vontade para comentar. Mas, se for criticar, atenha-se aos argumentos. Pax.

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