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Sócrates solta a real sobre Marx e o Comunismo


SÓCRATES: Foste também, muito simples e literalmente, um mentiroso.

MARX: Prova-o! Com informações específicas e com dados de meus escritos públicos, por favor.

SÓCRATES: Isso é tão fácil que uma criança poderia fazê-lo. E aquela citação famosa e influente de Gladstone, a qual citaste deliberadamente, de forma equivocada e torceste a fim de que dissesse o oposto exato daquilo que realmente dizia? Insististe em colocá-la em todas as edições de O Capital e te recusaste a corrigi-la ou a omiti-la, mesmo após teu erro ter sido exposto e refutado. Defendeste-a com infinitos oceanos de ofuscação por todo o resto de tua vida. Além disso, mudaste deliberadamente as palavras de Adam Smith e seu sentido quando o citaste. E ainda chamaste a ti mesmo de cientista?

Também desprezaste o proletariado real e, no entanto, chamaste a ti mesmo de proletário. Tu e os teus amigos vieram da próspera classe média, da burguesia; entretanto, trovejaste contra tudo o que era burguês, como fosses contra o próprio inferno. "Burguês" foi teu palavrão mais ubíquo e venenoso.

Alegaste ter pena dos pobres trabalhadores industriais e afirmaste ser o único especialista que poderia ajudá-los; porém, nunca em tua vida colocaste os pés em uma fábrica.

Exaltaste o trabalho e ralhaste contra o ócio; contudo, nunca trabalhaste, exceto escrevendo. Foste ocioso e desprezaste teu único parente que fora trabalhador, bem sucedido e sábio com relação ao estado de coisas no capitalismo, teu tio Lion Philips, o fundador da Companhia Elétrica Philips. Foste mais hostil àqueles de teus amigos que tinham alguma experiência de trabalho e odiaste os trabalhadores calmos, disciplinados e habilidosos que conheceste na Inglaterra e na Alemanha: eles eram por demais razoáveis, por demais realistas, por demais práticos para as tuas visões de danação e destruição. Quando fundaste a Liga Comunista, removeste dela todos os membros da classe trabalhadora, pois eras pura e simplesmente um esnobe.

Foste completamente impiedoso e venenoso contra qualquer um que preferisse a paz à guerra, a moderação ao extremismo, ou as etapas graduais à violência repentina - como Weitling, por exemplo. Foste, pura e simplesmente, um hipócrita completo e consumado.

MARX: E daí se fui? Meu caráter individual não importa; eu fui o instrumento da história na realização de grandes feitos. Não posso contestar nenhuma das coisas que dizes, por causa do terrível caráter veraz deste lugar. Mas convoco-te a contar toda a verdade não apenas acerca de mim, mas acerca do comunismo - não por ideologia, moralidade ou qualquer outra mera idéia, como tentaste fazer em nossas discussões, mas pela história, que é factual. Soltaste insinuações e detalhes esparsos de teu conhecimento sobre a história de meu mundo após minha morte; pois dá-nos toda a verdade, por favor.

SÓCRATES: Fico muito contente que desejas isso e contente em responder-te. Eis aqui o que a história fez de tua filosofia - não, não usarei essa palavra preciosa, pois ela significa "amor à verdade"; eis aqui o que a história fez de tua ideologia.

O capitalismo burguês não morreu e nem se enfraqueceu, mas cresceu em tamanho, popularidade, e em sua habilidade de satisfazer as necessidades humanas. Ele cresceu de modo contínuo, com apenas alguns contratempos, interrupções e depressões. Perto da virada do milênio, 150 anos após tua época, o capitalismo era o único sistema econômico bem sucedido da terra e não apresentava quaisquer sinais de decomposição ou revolução. Com efeito, as pessoas gostavam dele; fazia um maior número de pessoas mais próspero e mais contente que as demais alternativas.

Por outro lado, o socialismo e comunismo foram fracassos econômicos espetaculares por quase toda parte. O comunismo somente chegou ao poder por meio de mentiras, de assassinatos e de terror. Ele dominou meio mundo por boa parte do século vinte - e, então, simplesmente morreu. Nem uma só gota de sangue fora derramada; morreu simplesmente porque, após setenta anos em vigência, ninguém mais o queria ou acreditava nele.

O comunismo não libertou o proletariado, mas o escravizou, tanto econômica quanto politicamente. Povos inteiros foram massacrados por ele; algo mais que cem milhões de pessoas foram mortas em seu nome. Um ditador comunista, na China, matou cinquenta milhões de inimigos políticos. Um outro, no Camboja, assassinou um terço de toda a população de seu país. Ainda um terceiro, na Rússia, maquinou a fome em massa de milhões de pessoas e estabeleceu uma rede enorme de polícia secreta e campos de concentração por todo o seu país. Onde quer que o comunismo tenha tomado o poder, ele reinava pelo terror. A tua ideologia é diretamente responsável pelo maior sofrimento, derramamento de sangue e tirania na história do mundo.

A tua política brotara da Revolução Francesa, especialmente em seu fanatismo "tudo ou nada" e em seu uso do mais puro terror. Os teus discípulos instituíram o Reino do Terror dos jacobinos em escala global, por três gerações.

Um homem cuja alma, face e movimentos lembravam sinistramente os teus chegou ao poder na Alemanha, em grande parte porque o povo alemão temia e odiava o comunismo a tal ponto que se voltou para esse homem, o qual prometera destruir o comunismo. O sistema dele se chamava "Nacional Socialismo", mas as semelhanças desse sistema com o teu ultrapassavam em muito as diferenças. Esse homem quase destruiu o mundo; ele foi provavelmente o homem mais odiado na história.

Se tivesses alcançado o poder que desejavas, talvez tu o terias superado. No entanto, as estranhas misericórdias da providência te conferiram os dons imerecidos da fraqueza e do fracasso.

KREEFT, Peter. Sócrates encontra Marx. São Paulo: Vide Editorial. 2012. p.176-179
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Um comentário:

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