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Projeto, Compromisso, Fidelidade e Amor

Projeto, compromisso, fidelidade.

Sempre em respeito, e no fomento mais excelente do próprio ser pessoal individualmente perfectível, a inteligente combinação desses três elementos instaura a possibilidade de transcender a dispersão que o tempo e a pluralidade de tendências só virtualmente unificadas impõem ao sujeito humano.

Prefigurar o futuro, projetando-o na direção em que culmina o próprio ser; comprometer-se de modo absolutamente livre com essa antecipação da plenitude pessoal; manter-se fiel à decisão transcendental que nos encaminha até nosso destino, com as retificações pertinentes... eis aqui três "atividades" intimamente compenetradas e reciprocamente dependentes, capazes de resgatar o ser do homem da fragmentação que origina sua recepção em uma essência afetada pela matéria, e conduzi-lo até o ápice de sua condição humana. Com efeito, na mesma medida em que "constrói" sua unidade, o homem "fabrica" o próprio apogeu de perfeição: completa-se como ente superior, dotado de liberdade. Unidade e entidade caminham de mãos dadas.

Resta acrescentar o papel imprescindível que, na construção dessa unidade, corresponde ao amor, enquanto expressão cabal e completa da mais genuína liberdade. O que eleva o homem infinitamente acima dos animais é a atitude para captar o fim enquanto fim e, consequentemente, para subordinar a este fim todos os meios, também concebidos como tais. Mas o fim, segundo já recordava Aristóteles, identifica-se radicalmente com o bem, na acepção mais acabada dos dois vocábulos. E o bom, também em seu sentido mais nobre, é o que goza de entidade suficiente para despertar e atrair as vontades, suscitando nelas o amor: o amor do fim, do bom em si, capaz de dirigir-se a este objetivo, aglutinando todas as atividades de toda uma existência.

Trata-se, portanto, de um grande amor: um amor che nella mente mi ragiona, como escrevia Dante; um amor que opera também em toda e cada uma das demais faculdades. Só um amor assim possui o poder de reunir, ao redor de si, o conjunto inefável de forças que põe em atividade a energia primordial do homem, oculta no próprio ato de ser.

Ao dotar de unidade o projeto comprometido e fiel com o qual qualquer pessoa se completa, o amor manifesta uma vez mais sua vocação ontológica. Não só se relaciona com o ente enquanto ente, tornando-o "realmente real", senão que, se podemos expressá-lo dessa forma, estabelece uma íntima conexão com o ente enquanto um. Em nosso caso, com esse ente superior que é a pessoa humana, e que conquista sua unidade-entidade definitiva através da atualização de um projeto vital coerente.

Tomás Melendo. Metafísica da Realidade. São Paulo: Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência "Raimundo Lúlio", 2002. p.95-96.
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