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Advento, espera do Natal


Iniciamos o Advento, uma época muito bonita na Igreja. Esta beleza tem sua razão de ser na festa que se segue imediatamente ao Advento: o Natal. A espera só tem sentido por causa daquilo que se espera. Espera e chegada formam, assim, uma certa unidade. Advento e Natal possuem uma continuidade. Se já agora nós conseguimos notar um algo de doçura e ternura, que são muito próprios desta época, esta doçura e esta ternura são como reflexos daquela luz que está mais à frente, no tempo. 

No Natal, o Cristo virá até nós. Toda a criação O espera. Os antigos profetas suplicavam que as nuvens O chovessem e há séculos o anúncio da Sua vinda, por Isaías, enchia de esperança e felicidade antecipada todos os homens. O ancião Simeão já não tinha outro motivo para continuar vivendo senão conhecer, com os próprios olhos, aquele que seria o Salvador. Tão logo O teve em seus braços, a sua alma rejubilou-se tão imensamente que se desfez em cantos de alegria e louvor a Deus: "Eis o esperado! Agora, Senhor, teu servo pode descansar em paz." Eis o Cristo que dá sentido até mesmo àquilo que parecia tirar o sentido da vida: a morte. O Cristo é o Lógos que participará da morte humana e, ao fazê-lo, será capaz de inserir sentido até mesmo nela, tornando-a não mais meramente uma punição, mas uma via para a vida mais alta. Participando da nossa morte, Ele nos fará participar da Sua vida.

A simples espera do Cristo já enche de Sua luz todo o caminho da espera. Esta luz aumenta progressivamente à medida que nos aproximamos da Sua vinda. Os antigos israelitas começavam a se alegrar tão logo recebessem o chamado de ir a Jerusalém: "Que alegria quando ouvi que me disseram: 'vamos à casa do Senhor'". Agora, porém, recebemos o chamado não apenas para ir à casa d'Ele, mas para ir até Ele próprio. Quanto maior não deve ser a nossa alegria! O advento, assim, se converte num símbolo de toda a espera dos antigos pela vinda do Messias, como também em símbolo desta nossa vida, uma vez que, quanto mais avançamos no tempo, mais desfazemos a distância entre nós e Ele. A vida cristã, por este motivo, deveria ser uma vida marcada por uma alegria profunda que apenas se adensaria progressivamente até aquele dia em que O veremos face a face.

O caminho, contudo, possui suas distrações. Estas distrações nos fazem perder tempo e ameaçam nos desviar do fim da espera. São, portanto, "anti-lógos" ou "anti-Cristos" na medida em que retiram da nossa espera o sentido mesmo desta espera, nos fazendo pôr os olhos naquilo que não é o essencial. Neste sentido, S. João da Cruz, querendo nos fazer perceber o tipo de resolução interior que temos de ter nesta viagem, escrevia: "não colherei as flores nem temerei as feras, e passarei os fortes e fronteiras", isto é, não perderei tempo com os gozos do caminho, nem me assustarei com os seus perigos e vencerei as dificuldades que me afastam d'Ele. Este tipo de ação é muito própria dos que estão apaixonados, o que demonstra que, neste processo, é o amor que deve ser o nosso guia. Com efeito, diz ainda o mesmo santo: "Eu caminhava sem outra luz nem guia exceto a que no coração me ardia. E esta luz me guiava com mais clareza que a do meio dia". É o amor a Deus que, identificando-O para além do alcance dos sentidos, nos conduz como uma espécie de magnetismo por sobre tudo quanto nos possa distrair d'Ele, do mesmo modo que o amor por uma pessoa em particular nos fará passar desapegadamente por todas as outras que nos possam aparecer no caminho até ela, por mais belas que nos pareçam.

O Advento, portanto, nos relembra da fidelidade a Deus, fruto do amor. A fidelidade não é uma apatia por todas as atrações do caminho; antes, ela consiste num tipo de fortaleza interior que nega energicamente a traição que se daria pela satisfação das inclinações mais imediatas. A fidelidade é uma violência que a pessoa faz a si mesma, esquecendo-se de si mesma por só ter olhos para Aquele a Quem ama. Advento, fidelidade e esperança só fazem sentido, portanto, se munimos nossa alma de amor e desapego, ou, se o quisermos, de amor e pobreza.

Para um cristão católico, o advento deve ser o tempo em que nos preparamos para receber o Cristo. Isto deve fazer com que desprezemos as distrações no caminho e nos esforcemos para manter o nosso coração preparado. Para isto, perfumemo-nos das virtudes e da Graça e banhemo-nos nas águas da Confissão. E então, naquele dia, poderemos estar com Ele e Lhe seremos agradáveis. O advento é o tempo da espera. E, para aqueles que sabem esperar, a esperança não engana.
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