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Imaculada Conceição


Hoje é um grande dia: dia da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. Para os católicos, é uma importante solenidade, pois marca o início da existência daquela que será a aurora da manhã da graça, a flor que prenunciará o divino fruto. Celebramos a concepção imaculada da Virgem Maria, preservada desde o início de qualquer mancha de pecado..

Tive a graça, hoje, de assistir à Santa Missa presidida pelo caríssimo Pe. Cícero Lenisvaldo, de Maceió-AL, e celebrada de modo impecável. Na ocasião, algumas amigas, além de várias outras pessoas, se consagraram à Virgem Maria pelo método de S. Luís Maria Grignion de Montfort, pelo que se tornaram escravas de Jesus por Maria. Aproveitei a ocasião, é claro, para recitar novamente a fórmula da consagração e renovar os meus propósitos de escravo.

Consagrados à Virgem Maria

O pecado é uma realidade no nosso mundo, e isso não deixa de ser paradoxal, pois, na verdade, o pecado, sendo um mal, provoca, antes, uma falta de realidade.. Ele é uma ilusão, um não-ser que nos soa semelhante ao ser. Deste modo, pelo fato de o mundo estar cheio de pecado, este mundo padece de uma forte crise de irrealidade. A sua rebeldia contra Deus o leva a insurgir-se contra a sua própria existência. O demônio rouba, mata e destrói. Roubamos, matamos e destruímos a nossa vida quando pecamos. O pecado é uma espécie de suicídio gradativo.

Desde que este mundo decaiu e o pecado adentrou nele, trazendo consigo a morte, nenhum dos homens havia conseguido livrar-se deste enfado. Estávamos condenados a contemplar a total ineficiência dos nossos esforços para nos limparmos deste foco de morte. Os céus estavam fechados e a nossa existência, cujo sentido vinha da amizade com Deus, se havia frustrado naquilo que é o seu ponto mais essencial.. Éramos mortos vivos.

Na plenitude dos tempos, porém, quando Deus havia de enviar o Seu Filho e nos salvar, Ele antes preparou as devidas condições para tal. A principal delas foi a existência daquela menina pobre, humilde, silenciosa, discreta: a Virgem Maria. Ela não sabia, mas haveria de ser a Mãe de Deus. Porém, não o seria através de qualquer concurso humano. O fruto seria gerado nela sem que ela houvesse tido qualquer contato com varão. Jesus, portanto, nasceria por obra do Espírito Santo, e sua natureza humana seria inteiramente herdada de Maria. Aqui, porém, há um problema: desde os primeiros pais, o pecado estava se transmitindo por herança a todos os homens. Deste modo, o Verbo de Deus, nascendo de uma humana, tenderia a herdar o pecado original, igualmente. Contudo, tal idéia é absurda: o pecado é a negação de Deus. Jesus é Deus. Portanto, Jesus não pode ter em si mesmo aquilo que O nega. Lembremos que, por ser Deus, Ele não é capaz de sofrer nenhum tipo de decréscimo. Logo, é impossível que ele habite com o mal. Jesus também não poderia ter sido purificado depois da Sua concepção, pois isto implicaria pelo menos um momento de coabitação entre Deus e o pecado. 

A Fé Católica nos ensinará que isto se resolve do seguinte modo: Maria, a mãe de Jesus, foi preservada de qualquer mancha de pecado, de modo que, tendo um filho, poderia transmitir a ele uma natureza totalmente isenta de pecado. Maria foi, portanto, preservada e o foi desde a sua concepção. Deus obstou o pecado de transmitir-se a ela desde o momento em que o espermatozóide de Joaquim e o óvulo de Ana se fundiram para formar um novo ser.

Deste modo, Maria foi a primeira humana, desde Adão e Eva, a estar livre da mancha do pecado. Isto é confirmado por Gabriel, quando a chama de Kecharitomene, que significa "aquela que era e permanece plena da graça".. Ora, como ser pleno da Graça senão sem o pecado? E o Anjo afirma, pelo termo usado, que em Maria a Graça manteve-se constante, isto é, ela não foi dada num dado momento da vida dela. Se esteve com Maria desde sempre, este sempre se refere ao "desde a concepção", já que Maria não é eterna, isto é, ela teve um início em sua existência. Hoje celebramos justamente isto: a concepção imaculada da Virgem Maria.

Porém, aqui há um outro problema: dissemos que ninguém, desde o início, havia conseguido livrar-se do pecado. Como Maria pôde, então, adquirir esta graça? E mais: Maria não poderia ter adquirido esta graça, uma vez que só adquire algo quem já existe. Maria, no entanto, é agraciada desde a concepção, isto é, desde um momento em que não podia agir e adquirir méritos. De que modo, então, pôde estar a salvo do pecado? Se Maria não poderia ter adquirido méritos para isto, é preciso que os seus méritos sejam dados por Outro. Obviamente, aquele que lhe transmite méritos de tal magnitude é, necessariamente, Deus, pois só Deus pode retirar os pecados do mundo, uma vez que o pecado, sendo uma ofensa a Deus, requer uma reparação de igual grandeza, isto é, infinita. A graça será, obviamente, dada por seu Filho, que é Deus. Embora, naquele momento, Ele não existisse ainda enquanto ser humano, já existia, obviamente, enquanto Deus, pois Ele é eterno.

No entanto, há ainda outro problema: por qual motivo Ele poderia apagar os pecados dela, e não os de todo mundo? E apagar pecados assim, sem mais nem menos, não contraria a Sua justiça? Não foi por isso que Jesus teve que morrer? Para pagar nossos pecados? Isto significa que Deus pode escolher dispensar pessoas, a seu bel prazer, da necessidade da Redenção? Não. A Virgem Maria tira todos os méritos que ela possui da Redenção. Embora esta seja um evento posterior na história, por ser ato de um Deus, ela transcende a história e fica, por assim dizer, disponível a Deus, podendo ser aplicada em qualquer época da história. É por isso que Jesus celebra a Santa Ceia antes do fato histórico da Crucificação. E é por isso, também, que Ele pode aplicar a Maria os méritos da Sua Paixão. No início deste texto, dizíamos que Maria é a aurora; essa comparação não é à toa. Era bastante utilizada pelos antigos padres da Igreja. Com efeito, antes de o sol aparecer, nós vemos a aurora. Esta aurora, embora venha antes, tem a sua razão de ser no sol. A aurora é clara por causa do sol e anuncia a sua vinda iminente. Assim é Maria com relação a Nosso Senhor, o Sol da Justiça.

Pois bem. Deus a escolheu para uma missão particularíssima: ser a Mãe de Jesus e, para isso, ela precisaria ser sem pecado a fim de que Jesus nascesse com uma natureza humana perfeita. Depois: o próprio Arcanjo Gabriel dirá: "bendito é o fruto do teu ventre". Ora, convinha que a mulher de cujo ventre nasceria o fruto da Redenção do mundo fosse, como canal da Salvação, inteiramente pura. O próprio Deus não deveria ficar recluso por nove meses num corpo que tivesse parte com o pecado. Por este motivo, S. Luís Maria Grignion de Montfort costumava dizer que Maria é como que o Paraíso particular de Deus; é o jardim celado, fechado, inteiramente consagrado a Deus.

Maria será, portanto, o primeiro efeito da Redenção. Ao ser pura de qualquer mancha de pecado, Maria torna-se uma mulher contrária a todo tipo de ilusão e irrealidade. Ela é a Mãe da Verdade e é por isso que ela esmaga as heresias e o demônio. Sendo assim absolutamente verdadeira, ela pode alegrar-se inteiramente em Deus. Nós tendemos a buscar as ilusões do mundo como meio de distração e alegria, e nisto nos iludimos e esposamos a mentira. Por isso que Maria é tão necessária ao mundo, sobretudo o de hoje: é preciso reabrir os olhos à verdade e reconhecer que a nossa alegria está em Deus. Felizes seremos quando, a exemplo dela, dissermos a Deus com inteireza de coração: "Faça-se em mim segundo a tua vontade.".

Salve Maria!
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