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Em favor dos que "rezam demais"

É comum que muitos "cristãos" condenem aqueles que eles julgam estar errados. E, além do fato de que julgar não é um ato conveniente para um cristão, torna-se ainda mais ridículo quando motivado por um achismo, uma suposição muitas vezes herética que inverte o real sentido da Verdade. Há pessoas que, sem saber, movidas por ideais marxistas e pela heresia da moda, a Teologia da Libertação, passam a somente conceber um cristianismo puramente social, desprovido de qualquer mística e puramente externo. Interessante... Alguns são acusados de que rezam demais, mas... ironicamente, Cristo repreende a Marta que queria a ajuda de sua irmã em seus afazeres domésticos. Maria, muito mais aprofundada no mistério, estava aos pés de Jesus, ouvindo-o silenciosamente. Cristo diz, então, a Marta: "Ela escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada". É uma pena ver que muitos invertem os valores e enxugam o catolicismo de sua espiritualidade, assumindo ideais socialistas. "Nem só de pão vive o homem". Interessante ainda que aquilo que mais é essencial (a oração) é tido como perda de tempo. Estes que fazem estas críticas infundadas, baseadas em pouca ou nenhuma orientação doutrinária, catequética, teológica, se assemelham a alguém que somente reconheça a utilidade dos pés, porque mais sensíveis à constatação aparente, e critique o coração, porque ninguém lhe vê, sendo este mais essencial à sobrevivência. Percebemos já, por este exemplo, o quão míopes são estes que colocam o social acima do espiritual; cegos por uma vaidade de pretender saber o que deve ser feito, mais do que o sabe a Santa Igreja, lançam-se em suas errôneas convicções, condenando os que não partilham de suas asneiras e disparates. Ora, façam-me o favor. O aspecto social é sim muito importante, mas não é o foco. Antes, como diz a Santa Igreja, a ação deve submeter-se à contemplação. É daí que ela tira sua eficácia. Alguém que queira mudar o mundo ou a realidade social sem oração, além de demonstrar imensíssima vaidade por querer tornar-se o centro da "revolução", age como alguém que passasse meses inteiros a fio querendo esvaziar o mar. Sua cegueira não lhe deixa ver a própria insignificância, o próprio nada. Esta famosa heresia de hoje age justamente assim, dando de novo ao ser humano uma suposição de onipotência, de querer ser igual a Deus (a estratégia é sempre a mesma; assim foi com Adão) e distrair-lhe de sua miséria.

Mas, estes hereges disfarçados de católicos existem desde o tempo de Jesus. Vemos, por exemplo, Judas censurando a mulher que derrama perfume caríssimo na cabeça de Cristo. Na visão do traidor, que encontra-se alheio ao verdadeiro amor, embora conviva com Jesus, ela poderia e deveria ter vendido o perfume caro e dado o dinheiro aos pobres. Mesmo que seu interesse pelos pobres fosse sincero, ainda seria prova de que ele não havia compreendido bem aquele ato. Não é correto trocar o Criador pelo criado, assim como constitui idolatria faltar à Santa Missa por outro serviço, considerado mais importante, seja de formação, de um ato de caridade, etc... Mas, acontece que a proposta de Judas era só fachada, como o é, muitas vezes, essas propostas de pseudo-revolução que se organizam por aí por pseudo-católicos desprovidos de espiritualidade. Cristo, diante daquele gesto profundo de amor, diz: "Em todo lugar em que for pregado este Evangelho, este ato lhe será conhecido em sua memória". O homem que não reza deixa-se enganar pela aparência. Considera que apenas o ato visível é verdadeiramente cristão. Não é de estranhar, então, que alguns sejam tão frios à Santa Missa, culto supremo de adoração...

Quero deixar escrito aqui a grande verdade testemunhada por S. José Maria Escrivá: "Em primeiro lugar, oração; em segundo lugar, expiação; em terceiro lugar, muito em terceiro lugar, ação". De Santa Teresa D'Ávila: "A oração é a vida da alma". De S. João da Cruz: "Deus espera de ti muito mais um ato de submissão e humildade do que todos estes atos que pensas prestar-lhe". De Santo Afonso: “quem não reza se condena”. Outro santo também já havia escrito: "Assistir devotamente a uma Santa Missa é mais valoroso para Deus do que fazer peregrinações por toda a terra". Um outro ainda diz: "Um ato de amor contemplativo é muito mais valioso do que uma ação, pra alma, pra Deus e para toda a Igreja". Interessante que, diante do nardo derramado, o Apóstolo afirma: "O perfume encheu toda a casa", ou seja, a casa, que é a Igreja, foi muito mais beneficiada dessa forma do que por uma atitude social, talvez hipócrita, mas aparentemente heróica. Estes que hoje pregam contra a oração e a colocam em segundo plano desmerecem a Tradição da Igreja, distanciam-se do próprio Cristo, manipulam alguns textos do Evangelho segundo seus interesses estranhos, desmerecem tantas ordens monásticas e homens de solidão que ajudam a sustentar a Igreja com suas orações e, ainda, revelam pouco interesse real de conversão.

Uma tal mudança social provocada por pessoas que não se mudam a si mesmas só pode provocar o riso. "Buscai o Reino de Deus e tudo o mais vos será acrescentado". A verdadeira mudança é consequência da verdadeira santidade, da verdadeira ação de Deus no homem que, sabendo-se miserável e impotente, confia somente em Deus que o conforta. Só aquele que se humilha será exaltado. Seguir a Cristo à força de achismos pessoais não é algo interessante de se fazer. Afinal, este é o motivo da existência de tantos hereges e fundadores de denominações religiosas, as mais estranhas...

A verdadeira Igreja Católica tem como ponto mais alto a Celebração Eucarística, o Mistério dos mistérios, onde o Cristo se dá, onde se revive o Sacríficio cruento da cruz de forma incruenta; onde Cristo se entrega como verdadeira comida e bebida, condição para a Salvação. Se o cristão despreza estes mistérios, como dizia Deus Pai a Santa Catarina de Sena, até os demônios sentem asco deste "cristão".

Interessante que em Fátima, para controlar a guerra, N. Senhora não pede que os pastores organizem revoluções ou atos sociais. O que ela pede? Que rezem o terço.
Um cristão que não conhece a supremacia da oração sobre a ação, de cristão só tem o nome.
Mais uma vez, quero afirmar que o caráter social é realmente necessário e muito útil, mas só é sadio e equilibrado, quando fundamentado na oração.

"Muitos daqueles que se dizem amigos de Jesus, de fato, muito pouco o conhecem, pois fogem de imitá-lo, de renunciar a si mesmos, de seguir o caminho da cruz e de renunciar os prazeres por amor a Cristo"... (S. João da Cruz)
O que diria então daqueles que nem rezam, inventando um Jesus socialista? kkkk... De Jesus, só conhecem o nome...

Enfim, quem dera que rezássemos demais! A nossa realidade seria outra! A nossa visão seria outra! A nossa ação seria muito mais eficaz, como a de S. Francisco que, somente ao andar pelas ruas, convertia corações... Não nos enganemos. Em primeiro lugar é preciso muita oração. A Igreja é, a princípio, contemplação, união e proximidade com Cristo, é estar sentado quieto e submisso aos Seus pés para Lhe ouvir e aprender a Verdade que é única e absoluta, e não dúbia e subjetiva... "O homem que confia em si mesmo é pior do que o demônio" (S. João da Cruz). É preciso submissão à Santa Igreja, obediência e reta formação! Que Cristo nos ajude a caminhar segundo a Sua Santa Vontade, ensinando-nos a derramar sempre este nardo, caríssimo e puro, somente nEle, este nardo que é o nosso amor; desperdicemos somente com Ele e, só então, o perfume encherá toda a casa.

Fábio Luciano Silvério da Silva
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Um comentário:

  1. Condordo plenamente com suas palavras caro irmão Fábio, a oração é verdadeiramente preciosa. Quem me dera ser uma dos que rezam demais. Quantos santos sustentaram e sustentam até hoje a santa igreja com suas preciosíssimas orações e comtemplações!!!!!!!!Ah!! Quem me dera entender tamanho mistério!!!

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