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Oração de Sto Agostinho para compreender a Palavra divina


Senhor, Deus meu, "atendei a minha oração" (Sl 60, 2), e oxalá a vossa misericórdia ouça o meu desejo (Sl 10, 17), porque não é só por mim que ele palpita, senão também por aqueles que a caridade me faz olhar como a irmãos. Vós vedes no meu coração que assim é. Sacrificar-Vos-ei as operações do meu pensamento e da minha língua. Dai-me, porém, aquilo que Vos desejo oferecer e sacrificar. "Eu sou pobre e indigente. Vós sois rico para os que Vos invocam" (Rom 10, 12), vigiando sobre nós com segurança.

Purifica os meus lábios e o meu coração de toda temeridade e mentira. Sejam as Sagradas Escrituras as minhas castas delícias. Que eu não seja enganado nelas, nem com elas engane os outros. Escutai a minha alma, Senhor, e tende piedade de mim, ó meu Deus, que sois luz dos cegos, força dos enfermos, e simultaneamente luz dos que vêem a força dos fortes. Escutai compassivo a minha alma, ouvi-a enquanto clama do mais profundo abismo em que se encontra. Se os vossos ouvidos não estão presentes lá nesse abismo, para onde nos dirigiremos? Por quem chamaremos?

"Vosso é o dia e vossa é a noite" (Sl 73, 16). A um aceno da vossa vontade, os instantes voam. Concedei-me, por conseguinte, tempo para meditar os segredos da vossa lei, e não a fecheis aos que lhe vêm bater à porta. Não foi em vão que quisestes fossem escritas tantas páginas sagradas cheias de mistérios. Porventura esses bosques não possuem também os seus veados que aí se acolhem e refugiam, aí passeiam e pastam, aí se deleitam ruminando?

Ó Senhor, aperfeiçoai-me e patenteai-me esses mistérios. A vossa palavra é a minha alegria. A vossa voz é mais deleitosa do que toda a afluência de prazeres. Concedei-me o que amo, porque estou inebriado de amor. E isso me concedestes. Não abandoneis os vossos dons, nem deixeis de regar esta erva sequiosa.

Oxalá Vos confesse tudo o que encontrar nos vossos livros e "ouça a voz dos vossos louvores" (Sl 25, 7). Possa eu inebriar-me de Vós e considerar as maravilhas da vossa lei, desde o princípio em que criastes o céu e a terra, até ao tempo em que partilharemos convosco do reino perpétuo da vossa Santa Cidade.

Senhor, tende compaixão de mim e ouvi o meu desejo. Julgo que nele não há nada de terrestre, nem de ouro, nem de prata, nem de pedras preciosas, nem de vestidos luxuosos, nem de honras e poderes, nem de prazeres da carne, nem de coisas necessárias ao corpo e a esta nossa via de peregrinos. Tudo nos é dado por acréscimo, a nós, que buscamos o reino do céu e vossa jsutiça (Mt 6, 33).

Vede, Senhor meu Deus, de onde nasce o meu anseio. "Os maus contaram-me as suas alegrias, mas estas não são como as que provêm da vossa lei, ó Senhor" (Sl 118, 85). Eis de onde brota o meu anseio. Vede, ó Pai, aprovai e tende por bem que eu, sob o olhar da vossa misericórdia, encontre graça diante de Vós, para que os arcanos das vossas palavras se abram, quando o meu espírito lhes bater à porta.

Rogo-vos por intermédio de Nosso Senhor Jesus Cristo, "vosso Filho, o homem sentado à vossa destra, o Filho do Homem" (Sl 79, 18), ao qual confirmastes como Mediador entre Vós e nós. Por Ele nos buscastes quando Vos não procurávamos. Buscastes-nos para que também Vos buscássemos.

Rogo-vos por intermédio do vosso Verbo, pelo qual criastes todas as coisas, e, entre elas, a mim. Rogo-Vos pelo vosso Unigênito, pelo qual chamastes à adoção o povo dos crentes, entre os quais estou eu também. Por Ele, que "está sentado à vossa direita e intercede por nós diante de Vós" (Rom 8, 34). N'Ele se encontram todos os tesouros de Sabedoria e Ciência (Col 2,3), aos quais procuro nos vossos livros.

Sto Agostinho, Confissões, Livro XI, Cap. 2.

"Abortar, eu? Jamais!" - Mãe do Chaves


Todos nós temos muito a agradecer a essa senhora. Obrigado, mãe do Chaves, por não tê-lo abortado.
Este agradecimento se estende a todas as mães e meninas grávidas que, mesmo no anonimato, se decidiram pela vida dos seus pequenos.

A Criação canta a glória de Deus


Proclamem todas estas coisas que não se fizeram a si próprias:

"Existimos porque fomos criados. 
Portanto, não existiríamos antes de existir, para que nos pudéssemos criar."

Sto Agostinho, Confissões, Livro XI, Cap.6.

1º Podcast GRAA - 5 perguntas aos protestantes

Pessoal, ponho aí o primeiro podcast aqui do blog. Como vocês poderão ver - ou ouvir, rs - a dicção não é lá o meu forte, embora eu tenha melhorado muito, rsrs... Eu sou melhor cantando. O podcast trata de cinco perguntas que eu faço aos protestantes - assunto já muito conhecido pelos católicos - e que, sob o meu sotaque nordestino, eu espero que sejam bem compreendidas, de modo que estou aberto a objeções.

Bom, quando o assunto é texto, a gente diz: "boa leitura". Mas, e quando é áudio? "Boa ouvida"? rsrs Seja como for, espero que vos seja útil. Pax.

História do Sacrifício - Parte IV - O Sacrifício Eucarístico


Na noite em que foi entregue, no decorrer da ceia pascal, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de ter dado graças, o abençoou, partiu e deu a seus discípulos, dizendo: “Tomai e comei, isto é meu corpo que é entregue por vós”. Do mesmo modo, tomou o cálice, deu graças e entregou-lhes, dizendo: “Bebei dele todos, porque isto é o meu sangue, sangue da Nova Aliança, que vai ser derramado por vós e por muitos para a remissão dos pecados.” E acrescentou: “Fazei isto em memória de mim”. 

Para que os judeus se recordassem que tinham sido libertados da escravidão do Egito, Deus tinha-lhes ordenado que imolassem e comessem todos os anos, na festa da Páscoa, um Cordeiro sem mácula, na flor da idade. 

Foi depois de ter cumprido este preceito e comido com seus discípulos o Cordeiro pascal, que Cristo transformou o pão em seu corpo e o vinho em seu sangue. Durante a ceia da Antiga Aliança, Cristo selou com seu sangue a Nova Aliança. “Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi imolado”. (1Cor 5,7), diz São Paulo. 

O Cordeiro que os judeus imolavam não era senão o símbolo do verdadeiro Cordeiro de Deus que veio imolar-se para tirar os pecados do mundo. Sem duvida, somente no dia seguinte, este Cordeiro será imolado de modo sangrento na Cruz; mas na ceia ele está já oferecido como vítima destinada com antecedência à morte; Jesus se oferece como vítima aceitando livremente a morte que lhe será imposta, no dia seguinte; oferece de maneira ritual e mística a imolação que, no dia seguinte, será realizada de maneira visível e sangrenta; doravante sua vida não lhe pertence mais, ele a entregou já para a salvação do mundo. 

Assim, o Salvador é sacerdote segundo a ordem e o ritual de Melquisedec; este último ofereceu a Deus em sacrifício pão e vinho; Jesus, na última ceia, ofereceu-se a si próprio, sob as espécies do pão e do vinho, tornando assim realidade o que o salmista tinha predito, há muitos séculos: “O Senhor fez juramento e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedec” (Sl 109,4). 

Após ter convertido o pão e o vinho em seu corpo e em seu sangue, Jesus disse a seus discípulos: “Fazei isto em memória de mim”. 

Com estas palavras, deu-lhes o poder de consagrar seu corpo e seu sangue, e impôs-lhes o dever de se lembrarem dele. São Paulo nos explica de que maneira se faz essa lembrança: “Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciareis a morte do Senhor” (1Cor 11,26). 

É, pois, Jesus Crucificado que a Eucaristia nos lembra; é seu corpo partido, seu sangue derramado! A Missa durante a qual a Eucaristia é consagrada é, portanto, um memorial da Paixão de Cristo, de Cristo agonizando, de Cristo morrendo por nós; é também uma representação viva do sacrifício da cruz: o sacerdote é o mesmo, a vítima também. 

O Sumo Sacerdote da Nova lei, ou melhor, o único sacerdote, é Jesus Cristo. E se na Missa ele se oferece pelo ministério dos sacerdotes, é unicamente porque ele assim quis fazer depender sua presença no altar da vontade e da ação de um homem. O sacerdote não é sacerdote senão em dependência de Cristo, e só age como seu representante. Na consagração ele diz: “Isto é meu corpo, isto é meu sangue” e não isto é o Corpo de Cristo, isto é o sangue de Cristo. 

Assim como a última Ceia foi um verdadeiro sacrifício porque oferecia a vítima que ia ser imolada no dia seguinte, assim também a Missa é um verdadeiro sacrifício, porque renova a oferta da vítima já imolada no Calvário. 

Cumprindo a ordem do Senhor: “Fazei isto em memória de mim”, os Apóstolos e depois deles os seus sucessores, os bispos e os sacerdotes, têm sempre oferecido este sacrifício. 

No tempo dos Apóstolos, os cristãos já se reuniam para o que chamavam “a fração do pão” especialmente ao domingo. Nos Atos dos Apóstolos, lemos no capítulo 20: “No primeiro dia da semana, quando nos reunimos para partir o pão...” 

São Paulo diz muitas vezes que benziam e bebiam o cálice e que partiam e comiam o pão: O cálice de bênção, escreve ele aos Coríntios, que consagramos não é, porventura, a comunhão do sangue de Cristo? E o pão que partimos não é a comunhão do Corpo do Senhor?” (1Cor 10,16).

Monsenhor Pedro Arbex, A Divina Liturgia Explicada e Comentada

Mensagem de Bento XVI ao Presidente da CNBB por ocasião da abertura da Quaresma


MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI
AO PRESIDENTE DA CONFERÊNCIA
DOS BISPOS DO BRASIL POR OCASIÃO
DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2012

Ao Venerado Irmão 
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida (SP) e Presidente da CNBB

Fraternas saudações em Cristo Senhor!De bom grado me associo à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que lança uma nova Campanha da Fraternidade, sob o lema «que a saúde se difunda sobre a terra» (cf. Eclo 38, 8), com o objetivo de suscitar, a partir de uma reflexão sobre a realidade da saúde no Brasil, um maior espírito fraterno e comunitário na atenção dos enfermos e levar a sociedade a garantir a mais pessoas o direito de ter acesso aos meios necessários para uma vida saudável.

Para os cristãos, de modo particular, o lema bíblico é uma lembrança de que a saúde vai muito além de um simples bem estar corporal. No episódio da cura de um paralítico (cf. Mt 9, 2-8), Jesus, antes de fazer com que esse voltasse a andar, perdoa-lhe os pecados, ensinando que a cura perfeita é o perdão dos pecados, e a saúde por excelência é a da alma, pois «que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, mas perder a sua alma?» (Mt 16, 26). Com efeito, as palavras saúde e salvação têm origem no mesmo termo latino salus e não por outra razão, nos Evangelhos, vemos a ação do Salvador da humanidade associada a diversas curas: «Jesus andava por toda a Galiléia, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino e curando todo o tipo de doença e enfermidades do povo» (Mt 4, 23).Com o seu exemplo diante dos olhos, segundo o verdadeiro espírito quaresmal, possa esta Campanha inspirar no coração dos fiéis e das pessoas de boa vontade uma solidariedade cada vez mais profunda para com os enfermos, tantas vezes sofrendo mais pela solidão e abandono do que pela doença, lembrando que o próprio Jesus quis Se identificar com eles: «pois Eu estava doente e cuidastes de Mim» (Mt 25, 36). Ajudando-lhes ao mesmo tempo a descobrir que se, por um lado, a doença é prova dolorosa, por outro, pode ser, na união com Cristo crucificado e ressuscitado, uma participação no mistério do sofrimento d’Ele para a salvação do mundo. Pois, «oferecendo o nosso sofrimento a Deus por meio de Cristo, nós podemos colaborar na vitória do bem sobre o mal, porque Deus torna fecunda a nossa oferta, o nosso ato de amor» (Bento XVI, Discurso aos enfermos de Turim, 2 de maio de 2010).

Associando-me, pois, a esta iniciativa da CNBB e fazendo minhas as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias de cada um, saúdo fraternalmente quantos tomam parte, física ou espiritualmente, na Campanha «Fraternidade e Saúde Pública», invocando ­ pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida ­ para todos, mas de modo especial para os doentes, o conforto e a fortaleza de Deus no cumprimento do dever de estado, individual, familiar e social, fonte de saúde e progresso do Brasil tornando-se fértil na santidade, próspero na economia, justo na participação das riquezas, alegre no serviço público, equânime no poder e fraterno no desenvolvimento. E, para confirmar a todos estes bons propósitos, envio uma propiciadora Bênção Apostólica.

Vaticano, 11 de fevereiro de 2012.

PAPA BENTO XVI

Fonte: Site do Vaticano

História do Sacrifício - Parte III - Sacrifício da Nova Aliança: Jesus, Sacrificador e Vítima


Sacrifício da Nova Aliança

Na Nova Aliança, há um só sacrifício: o sacrifício que Jesus Cristo instituiu na última Ceia, consumou no dia seguinte sobre a Cruz e que a Missa renova todos os dias.

Jesus, Sacrificador e Vítima

Nos sacrifícios antigos o sacerdote era distinto da vítima. Escolhiam como vítima, nos sacrifícios cruentos, considerados os mais perfeitos, um ser vivo, de preferência um animal doméstico, que, por pertencer ao homem, podia legitimamente substituí-lo.

Ofertavam-no a Deus, separando-o de todo uso profano, para consagrá-lo ao serviço e à honra da divindade. Imolavam-no em seguida, a fim de mostrar que o pecador, tendo ofendido a Deus, não tinha mais o direito de viver, que merecia a morte.

Em certos sacrifícios , após ter queimado uma parte da vítima, comiam a outra parte, para comungar assim à vítima e, por meio dela, à divindade. Porque, após a glorificação de Deus, a união com ele, quebrada pelo pecado, era o fim para o qual tendia o sacrifício.

Portanto, três atos principais constituíam o sacrifício: o oferecimento, a imolação e a comunhão que se chamava também consumação. Tudo isto não eram senão figuras ou símbolos que preparavam o sacrifício verdadeiro, o sacrifício que devia oferecer o Homem-Deus, o Sumo Sacerdote da nova Lei, para glorificar a Deus e salvar seus irmãos. Ora, Deus tem direito a homenagens infinitas; para render-lhe tais homenagens e reparar a ofensa a ele feita pelo pecado, era necessário um sacrifício de valor moral infinito. E, para que assim seja, Jesus, nosso Sumo Sacerdote, quis ser não somente o sacrificador, mas também a vítima. Só deste modo, sob este duplo aspecto, o sacrifício oferecido por ele teria verdadeiramente um valor infinito, pois a dignidade de um sacrifício depende da dignidade da pessoa que o oferece e da vítima oferecida. Ora, Jesus, sacerdote e vítima, não é outro senão o Homem-Deus, isto é, uma pessoa infinita.

Desde o primeiro instante de sua encarnação no seio virginal de Maria, Cristo se ofereceu a seu pai como vítima para substituir todos os holocaustos. Lemos na Epístola aos Hebreus 10,5-6: "Entrando no mundo, Cristo diz: 'Tu não quiseste sacrifício nem oblação, mas me deste um corpo. Os holocaustos pelo pecado não te agradam. Então eu disse: eis que venho para fazer, ó Deus, a tua vontade'".

E toda a sua vida foi uma cruz e um martírio, orientada para a imolação final que constituíra o ato essencial de seu sacrifício. Sua imolação como vítima começa com sua Paixão, no Jardim da Agonia, para terminar no Calvário. Mas, antes de se deixar imolar pelos algozes, Jesus quis de novo oferecer-se como vítima e, desta vez, num verdadeiro sacrifício, acompanhado de ritos misteriosos, o sacrifício da última Ceia. "Tomai e comei, este é o meu Corpo, dado por vós." "Bebei todos, porque este é o meu sangue, o sangue da Nova Aliança, que é derramado por vós para a remissão dos pecados."

No Jardim das Oliveiras, vendo-se carregado dos pecados dos homens, submerso pelas águas turvas de todas as iniquidades humanas e isto diante do Deus de toda santidade, uma tristeza mortal apodera-se de sua alma e um suor de sangue corre-lhe ao longo do corpo. Gostaria de ver longe dele este cálice de amarguras, mas submete-se à vontade de Deus: "Meu Pai, se é possível, permiti que passe de mim este Cálice; faça-se, contudo, não como eu quero, mas como vós quereis" (Mt 26,39).

Traído por Judas, renegado pelo chefe dos doze, abandonado por quase todos os seus discípulos, esbofeteado, injuriado pelos servos do sumo sacerdote, condenado pelo Sinédrio por ter-se proclamado o Filho de Deus, condenado por Pilatos que, no entanto, momentos antes tinha proclamado sua inocência, flagelado, coroado de espinhos e carregando uma pesada Cruz, sobe penosamente o monte Calvário, estende seus membros doloridos, vê seus pés e suas mãos traspassados pelos cravos, ouve os insultos e as zombarias dos chefes de seu povo, Escribas e Fariseus; e em vez de se vingar, como bem poderia fazer, pede a seu Pai que lhes perdoe, porque não sabem o que fazem. Ele é o Bom Pastor que dá sua vida por suas ovelhas, conforme tinha dito: "Eu sou o Bom Pastor; o Bom Pastor dá sua vida por suas ovelhas... Ninguém me tira a minha vida, mas eu a entrego por mim mesmo; tenho o poder de entregá-la e tenho o poder de retomá-la novamente. Este é o mandamento que recebi de meu Pai" (Jo 10).

Cumprido o mandamento, pôde exclamar: "Está tudo consumado". Só lhe falta permitir à morte levar sua vítima voluntária, e o fez oferecendo-se pela última vez a seu Pai como vítima de propiciação.

"Pai, em vossas mãos entrego o meu espírito" (Lc 23,46). Dizendo isto, expirou; e Deus foi glorificado como jamais o tinha sido; e os homens foram salvos.

Os antigos, após a imolação da vítima, desejavam um sinal que comprovasse ter sido a oferta aceita por Deus. Às vezes o Senhor enviava o fogo do céu para consumir a vítima que, então, se elevava ao céu como um sacrifício de agradável odor (ver Elias). Houve algo de análogo após a imolação do Calvário. Em vez de enviar o fogo do céu, para consumir a vítima, Deus ressuscitou seu Filho, conferindo a seu corpo glorioso um poder santificador que se exercerá pela Eucaristia, banquete sagrado pelo qual entramos em comunhão com a vítima e por meio desta com Deus a quem foi oferecida.

Quarenta dias após sua ressurreição, Cristo subiu glorioso ao céu, de corpo e alma, para assentar-se à direita do Pai, onde, continuamente, advoga a nossa causa e intercede por nós.

São Paulo, após ter observado que os sacerdotes da Lei antiga tinham necessidade de sucessores porque eram mortais, acrescenta: "Mas Este (Cristo) como permanece para sempre, possui um sacerdócio eterno. E por isso pode salvar perpetuamente os que por ele chegam a Deus; está sempre vivo para interceder por nós. Tal é, com efeito, o Pontífice que nos convinha: santo, inocente, imaculado, segregado dos pecadores e mais elevado do que os céus; que não precisa, como os outros sacerdotes, oferecer diariamente sacrifícios, em primeiro lugar pelos seus pecados, depois pelos do povo; porque isto o fez uma vez por todas, oferecendo-se a si mesmo" (Hb 7,24-27).

Monsenhor Pedro Arbex, A Divina Liturgia Explicada e Meditada

"É a nós mesmos que Ele quer"



Deus não exige muito do nosso tempo, nem da nossa atenção. Ele não exige nem todo o nosso tempo nem toda a nossa atenção; é a nós mesmos que ele quer. Valem para todos nós as palavras de João Batista: "Importa que ele cresça e que eu diminua". Deus será infinitamente misercordioso em relação às nossas falhas repetitivas; mas não conheço nenhuma promessa em que ele aceite uma negociação deliberada. Em última instância Ele não tem nada a nos oferecer a não ser a si mesmo; e Deus só pode nos dar isso, na medida em que a nossa vontade auto-suficiente se retrai, abrindo espaço para ele em nossa alma. Não tenhamos dúvidas em relação a isso. Não restará nada "de nós mesmos" para vivermos nenhuma vidinha normal. Não quero dizer que todos nós vamos necessariamente ser chamados para sermos mártires ou ascetas. Se acontecer, que aconteça. Para alguns (não sabemos quem) a vida cristã incluirá muito lazer e muitas ocupações naturalmente prazerosas. E isso será recebido diretamente das mãos de Deus. Para um cristão perfeito isto seria tão próprio de sua religião, do seu "serviço", como suas tarefas mais difíceis, e seus banquetes seriam tão cristãos quanto os seus jejuns. O que não podemos admitir de forma alguma - e deve ser admitido somente como um inimigo não derrotado, mas ao qual se resiste diariamente - é a idéia de que tenhamos algo "só nosso" a conservar; alguma área de nossa vida que esteja fora do jogo e sobre a qual Deus não tenha nada a reivindicar.

Deus exige tudo de nós, porque ele é amor e é próprio dele nos abençoar. MAs ele não pode nos abençoar enquanto não nos possuir por completo. Sempre que tentarmos reservar uma área de nossa vida como propriedade nossa, estaremos reservando uma área onde impera a morte. Por isso é que ele exige, com todo o amor, que nos entreguemos por inteiro. Sem chance de barganha.

C.S Lewis, Peso de Glória

História do Sacrifício - Parte II - Sacrifícios sangrentos e não sangrentos no Antigo Testamento


Sacrifícios sangrentos e não sangrentos

Todos os povos e todas as religiões tiveram seus sacrifícios. Aparecem já praticados pelos filhos dos nossos primeiros pais. Caim e Abel (Gn 4), e achamo-los em todas as épocas entre os pagãos e os judeus. Egípcios, Caldeus, Assírios, Persas, Gregos, Romanos, etc. ofereciam sacrifícios a seus deuses para aplacá-los ou para implorar seu auxílio. Chegaram até a imolar seres humanos. Sabemos, pela Sagrada Escritura, que o rei dos Moabitas, para escapar ao cerco do rei de Israel, imolou seu filho primogênito.

Os Fenícios e outros povos da Ásia sacrificavam, todos os anos, crianças a Moloc, o deus do fogo com cabeça de touro. "O que os pagãos imolam, escrevia São Paulo aos Coríntios, imolam-no aos demônios e não a Deus" (1Cor 10,20). A humanidade, mesmo envolta nas trevas da ignorância e da perversão, sempre sentiu a necessidade de oferecer sacrifícios à divindade, ainda que confundindo o verdadeiro Deus com os falsos ídolos. Em Atenas, no tempo de São Paulo, não havia entre os inúmeros altares um altar ao "Deus desconhecido"?

Havia sacrifícios cruentos e sacrifícios incruentos (sangrentos e não sangrentos). Os primeiros consistiam na imolação, no derramamento do sangue de uma vítima escolhida no reino animal (bezerros, carneiros, ovelhas, cabras, rolas e até seres humanos). Nos segundos, em que não se derramava sangue, as ofertas eram escolhidas no reino vegetal e podiam ser objetos sólidos (trigo, farinha, pão, frutos da terra, etc.), ou líquidos (vinho, azeite). Os sólidos eram queimados e os líquidos derramados ao pé do altar. Oferecia-se também incenso.

Sacrifícios do Antigo Testamento ou da Lei Mosaica

Os sacrifícios dos pagãos não eram senão tentativas para chegar ao verdadeiro sacrifício de expiação ou de ação de graças à divindade: ofereciam animais sem defeitos físicos, crianças inocentes ou produtos escolhidos da terra, para serem vítimas perfeitamente imaculadas e, portanto, agradáveis aos deuses.

Quando Deus escolheu para si, nos descendentes de Abraão, um povo eleito, do meio do qual ia nascer o Salvador do gênero humano, ele próprio fez a Moisés, após a saída do Egito, numerosas prescrições sobre os sacrifícios que lhe deviam ser oferecidos, enquanto durava a Antiga Aliança.

"No Antigo Testamento tudo era coberto de sangue como figura do sangue de Jesus Cristo que nos devia purificar" (Bossuet).

Pela Bíblia sabemos que os judeus tinham três tipos de sacrifícios: os holocaustos, os sacrifícios de expiação e os sacrifícios pacíficos.

1. No holocausto (gr.: ólos, inteiro; e caústos, queimado), chamado também "sacrifício perfeito", a vítima era imolada e inteiramente consumida pelo fogo sobre o altar. Demonstrava-se assim o domínio absoluto de Deus sobre suas criaturas, representadas pela vítima.

No Templo de Jerusalém, único lugar onde se podiam oferecer sacrifícios, todo dia ao nascer do sol e à tarde imolava-se um cordeiro que devia ser queimado por completo; e aos sábados, em vez de um, sacrificavam-se dois cordeiros pela manhã e dois à tarde. Ao mesmo tempo, no altar dos perfumes, um outro sacerdote queimava incenso sobre o braseiro que ali se encontrava. É esta última função que desempenhava Zacarias, quando lhe apareceu o anjo para lhe anunciar que teria um filho, "a quem porá o nome de João" (Lc 1).

2. Os sacrifícios expiatórios destinavam-se a aplacar a cólera do céu, a expiar os pecados do povo, e a purificá-lo das suas iniquidades.

Destas vítimas, uma parte era queimada sobre o altar e outra ficava reservada para o sustento dos sacerdotes.

Cada ano os judeus celebravam a festa da expiação (Yom Kippur). Neste dia o sumo sacerdote oferecia em holocausto um touro para a expiação de seus próprios pecados e dos pecados da sua família; e um bode oferecido pelo povo, para a expiação dos pecados da comunidade. Em seguida, pondo suas mãos sobre a cabeça de um segundo bode vivo oferecido também pelo povo, carregava-o de todos os pecados da nação e o expulsava para o deserto, levando assim simbolicamente para longe de Deus as iniquidades de seu povo (bode expiatório).

No dia da sua purificação, isto é, 40 dias após o nascimento de Jesus, Maria e José, em obediência à lei, "levaram o menino a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor, e para oferecerem em sacrifício (de expiação) um par de rolas ou dois pombinhos" (Lc 2,22-24).

3. Os sacrifícios pacíficos tinham por finalidade dar graças a Deus pelos bens e dons recebidos, pedir-lhe uma graça ou cumprir uma promessa: após a imolação da vítima, uma parte dela era queimada no altar; uma outra reservada aos sacerdotes e uma terceira consumida, num convívio sagrado, pela pessoa que mandou oferecer o sacrifício e pelos membros de sua família. Esta refeição figurava a Eucaristia.

Além dessas três espécies de sacrifícios sangrentos, havia os sacrifícios não sangrentos, ou oblações, que acompanhavam obrigatoriamente os holocaustos e os sacrifícios pacíficos, ou podiam ser feitos isoladamente.

A matéria oferecida era uma substância, sólida ou líquida, mais frequentemente incenso, farinha (misturada com sal e azeite), ou vinho.

Todos estes sacrifícios não eram senão figura do verdadeiro sacrifício da Nova Aliança selada pelo sangue de Cristo. Por isso cessaram, conforme os profetas o tinham anunciado, depois do Sacrifício do Calvário: o símbolo deve ceder o lugar à realidade, como a noite à luz.

São Paulo, na sua Epístola aos Hebreus, (9,11), diz a esse respeito: "Cristo veio como Pontífice dos bens futuros; e passando por um tabernáculo mais excelente e perfeito, não feito por mão do homem, quer dizer: 'não deste mundo', entrou no santuário não pelo sangue de bodes ou de bezerros, mas pelo seu próprio sangue, e de uma vez para sempre, porque alcançou a redenção eterna. Ora, se o sangue dos cabritos e dos touros e a aspersão da cinza duma novilha santifica os impuros pela purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito Santo, se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!"

Monsenhor Pedro Arbex, A Divina Liturgia Explicada e Meditada

História do Sacrifício - Parte I


Sacrifício e Sacramento

A missa é o ato litúrgico durante o qual renova-se de modo místico e incruento o sacrifício cruento de Cristo na cruz; e administra-se aos fiéis, pela Eucaristia o alimento espiritual para as suas almas. Na missa, portanto, celebra-se não somente um sacramento, o maior dos sacramentos, mas renova-se também um sacrifício, o verdadeiro e perpétuo sacrifício da Nova Aliança.

A Eucaristia é sacrifício, enquanto se oferece; é sacramento, enquanto se recebe.

Sacrifício em geral

O sacrifício é a oferta voluntária de uma coisa sensível que é destruída, se for um ser inanimado, ou imolada, se for um ser animado; feita por um ministro legítimo, a Deus só, para reconhecer seu domínio absoluto e, no caso de pecado, para aplacar sua justiça e obter a reconciliação e a união com ele.

O sacrifício, que é o ato de culto mais característico e mais sublime, deriva da dupla obrigação do homem para com Deus: a nossa dependência absoluta dele, como criaturas; a nossa inimizade com ele, como pecadores.

A necessidade do sacrifício como reconhecimento da nossa dependência de Deus sempre existiu, mesmo no estado de inocência de nossos primeiros pais, no paraíso terrestre, antes da queda: Adão e Eva, mesmo se não tivessem pecado, teriam de oferecer sacrifícios a Deus, em sinal de submissão e de gratidão.

Quando, porém, o pecado abriu um abismo entre Deus e o homem, o sacrifício assumiu uma segunda finalidade, tornando-se o meio de reconciliação. O sacrifício, enquanto expiação do pecado, tem o caráter de representação ou substituição.

1. A essência do sacrifício é a destruição de uma coisa sensível ou a imolação de um ser vivo. A melhor maneira para o homem exprimir sua dependência e a dependência das outras criaturas é, evidentemente, a morte voluntária, isto é, o fato de entregar livremente sua vida àquele de quem a recebeu. Foi isto que Deus quis fazer entender aos homens quando ordenou a Abraão que lhe imolasse seu filho único, Isaac. Mas, quando logo depois, satisfeito pela obediência cega de seu servo, substituiu Isaac por um carneiro, desaprovou ao mesmo tempo os sacrifícios humanos, aos quais tinha direito, e indicou o modo de substituí-los.

2. O ministro do sacrifício deve ser legítimo. O sacrifício é um ato de culto público. Ninguém pode cumpri-lo se não tiver títulos para falar ou agir em nome da sociedade. Na lei evangélica como na lei mosaica (e até entre os pagãos) somente os sacerdotes são delegados para esta missão.

3. O fim, o escopo do sacrifício, é reconhecer o absoluto domínio de Deus e aplacar sua justiça, se o ofendemos.

Pela criação existe entre o Criador e sua criatura um laço que os liga um ao outro: laço de soberania da parte do primeiro, e laço de dependência da parte do segundo. O sacrifício é o ato pelo qual exprimimos esta relação e proclamamos, de um lado, a infinita grandeza de Deus, e, de outro, o nosso nada, a nossa pequenez; e no caso de natureza decaída, nossa ingratidão e nosso arrependimento.

A coisa essencial num sacrifício  é dar ou renunciar a um objeto de valor (valor em si ou para quem dá), por amor de Deus. Para dar a esta oferta todo o seu significado, os homens costumavam destruir o objeto sensível: esta destruição impedia que se pudesse voltar a possuir aquele objeto e com isto se exprimia a verdade seguinte: que não somos nada diante de Deus.

A dádiva oferecida ocupava o lugar do homem. Por isso aquele que fazia a oferta colocava, muitas vezes, a mão sobre o animal sacrificado, e fazia-se aspergir com o sangue ainda quente e fumegante da vítima. Assim fizeram Abel, Caim, Noé. Abel imolou e queimou as primícias dos seus rebanhos; Caim, seu irmão, queimou os frutos da terra; Noé matou e queimou animais à saída da arca.

Monsenhor Pedro Arbex, A Divina Liturgia Explicada e Comentada

Prazeres espirituais X corporais



Existe essa diferença entre os prazeres espirituais e corporais, a saber, que os corporais geram o desejo antes de os termos obtido e, depois de obtidos, a repugnância; os prazeres espirituais, pelo contrário, não são apreciados quando não os temos, mas desejados quando os temos."

São Gregório Magno.

Início da Quaresma


Foi estabelecido com grande efeito salutar, por instituição divina que, para reparar-se a pureza dos espíritos, nos fosse prescrita exercitação de quarenta dias, durante os quais resgatassem as obras pias as culpas do passado, e santos jejuns as destruíssem.

Caríssimos, havendo de entrar nos dias místicos, também consagrados aos remédios dos jejuns, procuremos obedecer aos preceitos apostólicos, purificando-nos de toda impureza da carne e do espírito, a fim de que, coibidas as lutas existentes entre as duas partes de nós mesmos assim reprimidas, encontre a alma a dignidade de seu domínio, pois convém que, a Deus subordinada e por ele governada, domine o corpo por ela animado. A nenhum detrator demos ensejo para escândalo e censura a nosso ministério. (II Cor 6,2)

E, com efeito, seríamos justamente acusados pelos infiéis e pelas línguas maldizentes, por culpa nossa, com prejuízo para a religião, se a prática da religião nos afastasse da continência perfeita. Não consiste, portanto, nosso jejum só na abstinência de alimentos. Sem proveito, pois, seria a diminuição do alimento, se a alma não se afastasse do pecado.

São Leão Magno, Serm. IV Quadr., 1-2.

Aviso: Estarei em Retiro


Caríssimos,

A partir de hoje, estarei em um retiro, pelo que o blog ficará sem postagens até eu voltar. Retomo, então, na quarta-feira, se Deus quiser. E como, neste dia, estaremos vivendo o início da Quaresma, gostaria de vos recomendar um livro - que já recomendei outros anos - e que, penso, poderá ser útil à vossa meditação.

Trata-se do Caminho dos Ascetas - Iniciação à Vida Espiritual, do escritor Tito Colliander. É um livro que traz a espiritualidade dos Padres do Deserto. E, embora seja uma obra relativamente curta, ela compensa na profundidade. E uma das suas grandes características é que ela oferece modos bem práticos de aplicação daquilo que o autor diz. Recomendo mesmo. Se se interessarem, façam somente o pequeno esforço de imprimir o livro. Para acessá-lo, cliquem na imagem abaixo.



Deixo-vos, enfim, com uma frase do livro e que deve ser aplicada já agora no Carnaval:

"Se confias em ti mesmo, serás derrubado de imediato, e perderás toda a vontade de continuar a luta."



Abraço. Que Deus nos abençoe e guarde. Que a Virgem Santíssima nos conduza.

Ad Iesum Per Mariam

Fábio

O homem, sua indigência e sua sede


O homem, ser finito, contingente, precário, não tem em si a razão de sua existência. Procede de outra causa para existir e a ela deve subordinar-se para seu aperfeiçoamento. Acredite ou não, quer queira, quer não, o homem tem um destino, foi criado e ordenado para uma superior felicidade. Não é na vida temporal que há de achar a dita. E está nisto a tragédia do homem atual. Sente sede insaciável de ser feliz e em vez de ir a desalterar essa sede nas fontes de água viva que manam para a vida eterna, seduzido pelo próprio orgulho quer em seu pequeno mundo satisfazer sua indigência.

Monsenhor Emílio Silva de Castro, Filosofias da Hora e Filosofia Perene.

Salvai Almas: Quanto mais mexe, mais fede...

Anticristo do "salvai almas" muda tática original (foto acima) e a substitui por uma mais discreta

Como temos acompanhado, o Movimento Salvai Almas está a passar por uma tremenda saia justa. Dentre outras coisas, eles tinham profetizado que o anticristo apareceria no dia 15/02, quarta feira passada. Não apareceu. Diante da perplexidade daqueles que seguiam os devaneios do seu profeta-mor - o Cláudio Heckert, - o movimento iniciou agora todo um processo de justificativas tolas. Ainda ontem escreveram:
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"De fato, ontem dia 15/02 foi o marco zero nas contas do Grande Pai, que dá início ao domínio efetivo do anticristo. O mundo ontem deu uma guinada de 180 graus e os sinais podem ser vistos nas notícias de ontem e hoje. Somente os filhos de Deus percebem os filhos da Luz, aqueles que rezam de verdade. Os outros os escarnecedores, os bisbilhoteiros, os curiosos, os que não querem conversão e sim diversão, os que estavam só esperando para dizer: viu, não deu nada e falsos profetas, os que se afundaram e se empanturraram de teologias falsas e teorias sobre Deus – todos estes dignos servos da besta, e promotores do seu reino – estes naturalmente são vedados ao conhecimento das coisas do Altíssimo. Deus abomina este tipo de gente soberba. Mas os pequenos humildes, orantes, os filhos de Maria, estes logo percebem e aceitam as respostas do Céu."
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Como se vê, eles continuam tergiversando, tentando arrumar desculpas. Mas há algo mais grave: sabe de quem é a culpa de não ter percebido a vinda do anticristo? Segundo eles, é das próprias pessoas que não perceberam a vinda do anticristo. Vejam que lógica tremenda! 

Somente os "filhos de Deus", os que "rezam de verdade" é que notaram. Bem. Se o Papa até agora não se pronunciou sobre o "início do domínio efetivo do anticristo", isto significa que ele não reza de verdade e não é filho de Deus. Afirmação curiosa. 

Vejamos mais: quanto aos inocentes que ficaram decepcionados pela constatação do engodo heckertiano e que com razão criticaram o movimento, estes são, no dizer deles, "escarnecedores, bisbilhoteiros, curiosos, que não querem conversão e sim diversão, que estavam só esperando para dizer: viu, não deu nada". São estes, segundo o Salvai Almas, os que "se afundaram e se empanturraram de teologias falsas". Essas "teologias falsas" devem provavelmente fazer referência à autêntica teologia católica, sem dúvida, pois é esta que refuta e pulveriza as mentiras do Salvai Almas. Usar o termo "Teologias falsas" foi esclarecedor...

Enfim, estes ingratos infiéis que ficaram a se questionar por não terem visto nenhum sinal do anticristo são, segundo eles, "servos da besta e promotores do seu reino". Ora, se assim é, não espanta que eles estejam "vedados ao conhecimento das coisas do Altíssimo". Na verdade, para os heckertianos, "Deus abomina" os que não perceberam o início do domínio efetivo do anticristo, pois estes são "gente soberba". Os outros, os que continuam a acreditar, os que ficam se enganando e arrumando subtefúrgios para manter a mentira seriam, ao contrário, "pequenos humildes, orantes, os filhos de Maria", são os que "logo percebem e aceitam as respostas do Céu", isto é, os que não usam a inteligência e se deixam enganar.

Interessantíssimo isso: para eles, sinal seguro de inteligência é não usar a inteligência. Manter a fé é justamente ignorar a fé da Igreja. E, por fim, os inocentes enganados são os verdadeiros culpados, enquanto os mentirosos se convertem em "filhos humildes de Maria". Que coisa! Alguma dúvida sobre o espírito que os anima?

"Ai daqueles que ao mal chamam bem, e ao bem, mal; que mudam as trevas em luz, e a luz em trevas; que tornam doce o que é amargo, e amargo o que é doce!" (Isa 5,20)

Mas a tentativa de explicar a falsaria não pára aí. Já hoje eles puseram o seguinte:
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"Muitos questionam que a profecia falhou. Mas falhou o que?
Quem ler a profecia não vai ver nada escrito que o anticristo iria aparecer dia 15/16 de fevereiro.
Sim, isso foi interpretação “nossa”. Digo nossa entre aspas, pois foi uma interpretação do Arnaldo.
A profecia em si nunca disse que o anticristo iria aparecer nesse dia.
Sim, erramos, no caso o Arnaldo errou em dizer isso."
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Aqui eles admitem o erro; aliás, colocam-no nas costas do coitado do Arnaldo e o afirmam duas vezes. Arnaldo, sua culpa! Coitado do Arnaldo... Vai provavelmente queimar no mármore do inferno e a cada dez minutos, um meteorito cairá na sua cabeça. Coitado do Arnaldo.

Porém, se foi mesmo um erro, como que o Cláudio andou conversando com Nossa Senhora e esta chegou a lhe dizer que o fato de o anticristo não ter aparecido se devia, antes, a uma vitória de Deus sobre o capiroto do que a um erro de interpretação? Vamos mais uma vez à conversa:
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No dia 15, às 4,00 horas, na Capelinha:

- Mãe! Hoje é o dia...
- Deixa Deus fazer! Ele faz o melhor!

No dia 16, hoje, às 4,00 horas na Capelinha:

- Mãe! Nada aconteceu!
- E você queria hoje estar debaixo das patas do inimigo?
- Mas, e os outros, o que vão dizer?
- Hienas, lobos, tigres... Porque quem realmente for filho de Deus, está hoje feliz, por Deus ter vencido mais uma batalha! Hoje respiram aliviados e louvam a Deus!
Tendes ainda, tempo de acordar muitas pessoas! Amém?
- Amém, Mãe! Muito obrigado! 

Cláudio Heckert, Porto Belo (SC), 16 de fevereiro 2012
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Logo, foi erro de interpretação ou foi intervenção divina? 
A culpa foi do Arnaldo - coitado do Arnaldo - ou foi de Deus que postergou voluntariamente o prazo para "acordar muitas pessoas"?

Cláudio Heckert e seus comparsas: quanto mais mexem nesse negócio, mais ele fede.  Amém?!

Carnaval - Jesus Flagelado



Respondendo a dúvidas sobre o Movimento "Salvai Almas"


Recebo por comentário as seguintes questões:

"Agora falando sério. Eu gostaria de entender isso.
De acordo com S. Luís M. G. de Montfort:

"A Ave-Maria, rezada com devoção, atenção e modéstia, é, como dizem os santos, o inimigo do demônio, pondo-o logo em fuga, e o martelo que o esmaga"

Sendo assim eu fiquei refletindo nesses dias que se aproximavam o cumprimento da primeira data da profecia (15 de Fevereiro).
Pensei com os meus botões: 
- Se a Ave-Maria, como diz São Luís Montfort, põe logo o demônio em fuga, esses visões do Claudio Heckert não podem ser demônios travestidos de anjos de luz. 
Pelo que eu andei pesquisando, o movimento salvai almas REZA MUITO (MAS MUITO MESMO). Acho que todos os dias eles realizam cenáculos com 1000 ave-marias. E rezam em um grupo enorme de fiéis em uma capela. 
- Se a Ave-maria tem tanto valor assim como dizem os Santos da Igreja como é possivel que Deus permita que um grupo (TODOS COM OS SACRAMENTOS EM DIA) seja ludibriado por falsas profecias que vem desses espiritos que dizem ser Jesus, São Miguel e a Virgem Maria ??


Fábio e amigos do blog,
Vocês já pensaram nisso ?
Como é possível ?
Só consigo pensar em 2 respostas: 
Essas visões de Jesus, São Miguel e da Virgem devem ser frutos da imaginação do Claudio ou a recitação do terço não tem todo esse valor como me ensinaram. Serve só para meditar na vida, paixão, morte e ressurreição. Se é assim é melhor ler os evangelhos logo.

enfim. são apenas reflexões desvairadas. Mas é pra se pensar.

ass: Rogério BSB-DF

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Guilherme

Pois justamento eu penso igual, ou o Cláudio imagina e está tendo alucinações constantemente, ou nada tem o valor que nos ensinaram, mas se for assim então tem mais coisas erradas no que nos ensinaram, ou então... É tudo realmente verdade, porque ainda pensando no fato de não ter aparecido, meditando no que eu li no salvai almas, não diz em momento nenhum que ele vai ser "revelado" como o anticristo, mas que vai ser "apresentado" e ainda assim não que será revelado pro mundo. Bom não duvido da Santíssima Trindade, e nem de Virgem Maria, fico em dúvida quanto as profecias porque as conheço pela internet e não tenho contato com as pessoas desse movimento. E refaço as perguntas do amigo Rogério, Como é possível ??

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Primeiramente caríssimos, quero dizer que vocês são o tipo de pessoa que eu aprecio: são sinceros. Não disfarçam as dúvidas. O que me parece é que alguns seguidores do tal movimento vão recobrando o bom senso. Graças a Deus; já era hora!

Vamos às perguntas de vocês. Elas podem ser resumidas no seguinte:

"Se o Cláudio está a ver demônios, como isso é possível se ele e os demais rezam tanto, têm vida sacramental e, inclusive, estão a recitar a Ave Maria, oração que, segundo os santos da Igreja, têm a faculdade de pôr em fuga os inimigos da salvação, quando recitada com devoção?"

Primeiramente, eu não afirmo que ele esteja a ver demônios. Eu sempre me refiro a isto porque é, no fundo, uma possibilidade e a história da Igreja o demonstra à exaustão. S. João da Cruz, inclusive, fala de inúmeros espirituais que, ávidos de tais revelações, iam sendo enganados pelo diabo até o ponto de se perderem.

No entanto, não estou a afirmar que tal seja o caso. Pode muito bem ser pura enrolação. Aliás, penso que, se fosse obra do demo, tudo isso seria um tanto mais organizado e bem feito.

Quanto à questão das orações, veja bem. Uma oração é algo que tem valor enquanto se ordena a Deus, correto? Não é pelo mero articular de palavras que surge a eficácia. O poder da oração não é auto-sugestão. 

Uma das características essenciais da oração é a humildade. Dir-se-ia que este é o ponto fraco de Deus. Deus se revela aos humildes. Porém, Ele resiste aos soberbos. Humildade é virtude; soberba é vício. Ora, assim como é próprio do diabo imitar a Deus - razão pela qual ele é chamado de macaco -, assim também, o vício tende a imitar a virtude. E isto às vezes é tão sutil que a própria pessoa fica em dúvidas sobre se a sua virtude é autêntica.

Uma profunda humildade requer um profundo auto-conhecimento. Do contrário, a pessoa mesma pouco perceberá da sua afetação e falsidade. É por isso que Deus Pai pede a Sta Catarina de Sena que jamais abandone a cela do auto-conhecimento, porque é daí que surge a humildade, é da humildade que surge toda e qualquer virtude e, portanto, sem humildade não é possível agradar a Deus.

Ora, para o católico, a humildade implica necessariamente submissão à Fé. Diz S. Paulo que sem a Fé é impossível agradar a Deus. A Fé deve ser entendida como uma disposição interior de aceitar e acreditar em tudo quanto a Igreja ensina. Ao mesmo tempo, a humildade verdadeira impede a alma de dar-se a uma curiosidade vã.

Neste contexto, a oração de uma católico é poderosa porque está em sintonia com a Igreja. De fato, há uma harmonia entre ela e Deus e é o próprio Espírito Santo quem reza na pessoa, enquanto membro do Corpo Místico de Cristo. Mas ela deve saber, ao mesmo tempo, que as suas convicções espirituais e suas supostas experiências místicas - se as tiver - devem ser necessariamente submetidas ao juízo da Igreja. Se formos estudar a vida dos santos, veremos que todos eles eram perfeitamente submissos e, toda vez que, em suas experiências, encontrava-se algo que não se coadunasse com a fé, eles mesmos eram os primeiros a rejeitar.

Vamos a um exemplo. Veja o que diz S. João da Cruz, o maior místico da Igreja, logo no Prólogo do seu Subida do Monte Carmelo:

"Para dizer, portanto, alguma coisa desta noite escura, não me fiarei de experiência nem de ciência, porque uma e outra podem falhar e enganar; todavia ajudar-me-ei de ambas no que me puderem valer. Para tudo quanto, com o favor divino, hei de dizer, ao menos para as coisas de mais difícil compreensão, apoiar-me-ei na Sagrada Escritura: tomando-a por guia, não há perigo de engano, pois nela fala o Espírito Santo. E, se em algum ponto errar, pelo fato de não entender bem o que com a mesma Escritura ou sem ela disser, declaro não ser minha intenção apartar-me da sã doutrina e sentido da Santa Madre Igreja Católica. Submeto-me e resigno-me inteiramente, não só à sua autoridade, mas à de todos os que oferecerem melhores razões que as minhas."

Percebam que o santo de modo nenhum se mune de extrema segurança na sua exposição. Muito pelo contrário: ele mantém o cuidado para não cometer erros. É o que ele mesmo afirma numa carta quando desmascara uma freira que a todos enganava com sua fama de santa e suas supostas experiências místicas. Entre outras coisas, escreve ele:

"No comportamento afetivo desta alma parece-me haver defeitos que impedem um parecer favorável acerca do espírito que a anima.
O primeiro é que se nota nela muita avidez de propriedade, ao passo que o espírito verdadeiro se caracteriza sempre por grande desnudez no apetite.
O segundo, que tem excessiva segurança e pouco receio de errar, interiormente, sendo que o espírito de Deus nunca anda sem ele, para proteger a alma contra o mal, segundo diz o sábio (cfr. Pr 15,27).
O terceiro, que parece ter a preocupação de procurar persuadir a todos o que creiam ser muito bom tudo quanto se passa nela, enquanto o verdadeiro espírito procura, ao invés, que todos o tenham em pouco e o depreciem, fazendo ele próprio o mesmo.
O quarto e principal, é que, nesta maneira de agir, não se notam efeitos de humildade; ora, quando as mercês são verdadeiras - consoante ela aqui o afirma  - ordinariamente nunca se comunicam à alma sem primeiro desfazê-la e aniquilá-la em abatimento interior de humildade. E, caso houvesse experimentado este efeito, ela não teria deixado de anotá-lo aqui, escrevendo algo e até estendendo-se bastante sobre isso; porque a primeira coisa que ocorre à alma expressar e ter em grande apreço são os efeitos de humildade certamente tão notórios que não é possível dissimulá-los. E ainda que não costumem aparecer tão claramente em todas as apreensões de Deus, nestas, que ela aqui denomina união, estão sempre presentes: A humilhação precede a glória (Pr 18,12), e Foi bom para mim ser humilhado (Sl 118,71).
O quinto, que o estilo e a linguagem empregados não são próprios do espírito que ela pretende aqui significar,  porquanto o mesmo espírito sugere estilo mais simples, desprovido de afetação e de exageros, segundo notamos neste. E tudo quanto declara ter dito a Deus e Deus a ela, parece disparate.
O que eu aconselharia é que não mandem nem permitam escrever coisa alguma a esse respeito, nem o confessor mostre complacência em ouvi-la; ao contrário, procure dar pouco apreço e atalhar tais confidências; além disso, submetam-na à prova no exercício das virtudes, com todo rigor, principalmente no desprezo, humildade e obediência; e no som produzido pelo toque manifestar-se-á a brandura da alma causada por tantas mercês. E as provas hão de ser boas, porque demônio algum deixará de sofrer algo a troco de manter a sua honra" (QUIROGA, p. 281-284).

Pois bem, gosto muito desta passagem porque é muito esclarecedora. Reflitamos: S. João da Cruz estava a falar de uma religiosa, uma monja que encantava a todos, inclusive padres e pessoas entendidas, com os relatos de suas experiências. Vejam que sutileza a desse engodo! Notemos ainda que, na época, a vida monástica era pesada e, naturalmente, os religiosos não eram nada bobinhos, já que muito mais espirituais. E, no entanto, muitos se enganavam com o que esta religiosa descrevia. Poderíamos ainda perguntar: e a tal irmã não rezava Ave-Marias? Mas é óbvio que sim! Com toda certeza! E aqui eu toco no ponto levantado por vocês.

Por que será, meus caros, que a Virgem Maria tem tanta eficácia contra o demônio? O próprio diabo respondeu, uma vez, pressionado por um exorcista: "Porque é a criatura mais humilde de todas e eu sou o mais soberbo; é a mais obediente e eu sou a mais rebelde (a Deus); é a mais pura e eu sou o mais imundo."

O segredo está, então, na humildade e na obediência.

Quando a Ave-Maria é recitada com humildade, ela é poderosíssima. No entanto, há que ser humildade verdadeira. No trecho acima, de S. João da Cruz, - sobretudo nas partes sublinhadas - tentem comparar o que o santo fala com as falsas profecias do Cláudio Heckert. Para ajudar neste trabalho, disponibilizo algumas poucas citações dentre tantos outros disparates que podem ser facilmente encontrados.

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"Muito obrigado.
Foi um dia muito proveitoso: o Purgatório está vazioLembrai-vos de que, no Céu, são milhões os que vos amam e vos protegem, gratos que estão, por causa de vosso amor. Muito obrigado.
“São Miguel”

Meus caros, o purgatório esvaziou? Vocês têm uma dimensão do que é isso? E aí se sugere que o mérito de tal grandeza é do Salvai Almas! Não perceber a enormidade do complexo de grandeza expresso nisso é não ter o menor senso das proporções. Vamos mais...

"Por causa de vosso amor e a presença deste filhinho Sacerdote, o Pai concede mais três dias para que o Purgatório permaneça vazio."
"Maria Mãe do Universo"

Aqui, fala-se algo da mesma natureza do disparate anterior. Porém, vejamos a implicância disto: se alguém morrer nesses tais três dias, ainda que porte a culpa de pecados veniais, nem por isto esta pessoa iria ao Purgatório, ascendendo logo à visão beatífica. É demais! Recomendo a leitura desse artigo.

""Nós, os três Arcanjos, fizemos questão de vos acompanhar neste Cemitério e Daniel, não em espírito, mas com seu corpo!"
"Algum dos três arcanjos"

O que se deduz disto é que o Cláudio é absolutamente sem noção.

"Filhinhos amados: todo o vosso amor, toda a vossa dedicação durante tantos dias de profundas orações fizeram, por alguns instantes, parar o Céu! Mas não só isso: fizeram emocionar o Céu! Por que tudo aqui gerava o amor! Aqui, o amor imperou durante toda a semana!"
"Maria Mãe do Universo"

"Na verdade, Eu vos escolhi porque pude confiar em vós: percebi que tendes muito amor a dar, muitos exemplos, muita sabedoria e muita determinação. Vos escolhi porque preciso de braços fortes e corações santos para conduzir o meu rebanho, minha Igreja… Na verdade, Eu a conduzo… Mas quem me escuta?
Vós sois então, os escolhidos para serdes a minha voz!"
"Jesus"

Dizer que Jesus confiou ao Salvai Almas o Seu rebanho é, convenhamos, o cúmulo da sem-vergonhice. Jesus estaria, aí, se queixando porque ninguém o escuta. No entanto, o Cláudio, como sempre, é o herói, o alento de Jesus, o digimon evoluído de braços fortes e coração mais santo que os santos, a voz de Deus. 

A sobriedade passou longe dele...

"O inimigo então não vos derrubará, pois o alicerce de uma Igreja não sucumbirá aos ataques do inferno… Sois guardiões dos alicerces…por força de Deus! Amém!"
"Jesus"

Aqui a coisa piora ainda mais: Jesus diz que o Salvai Almas é o guardião dos alicerces. Meus caros, precisa fazer força pra ver a afetação desse negócio? A evidente falsidade? A inacreditável presunção?

E o que diabo é esse "Amém!"? É um trejeito comum no céu? Todos os habitantes celestes usam essa expressão? Que coisa mais imbecil!

Nestes pontos fica evidente a soberba que rege o vosso movimento, ainda que vocês o sigam com a melhor das intenções. É esta soberba que os leva a contrariar o ensino da Igreja. Logo, como que uma oração pode ter valor? Provas de que o vosso grupelho fere o ensino católico? Vamos lá!

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"Deus criou a vida, e a cada ser deu as fórmulas para o bom viver, tanto na procriação, quanto para o controle dela: Tudo natural, sem intervenção humana!"
"Jesus"

Aqui, Jesus aparece favorável ao controle da procriação. Que porcaria é essa?

Em outro caso, Jesus e a thurma aparecem a um casal pobrezinho, de nome "José de Nazaré" e "Maria Angelina" e ditam um livro que não deve ser avaliado pelos sacerdotes. Fica ao encargo dos leigos. Temos, então, um Jesus revolucionário; que cretinice!

Poderíamos, ainda, dizer - como muitas vezes já o fizemos - que o mero fato de datar os eventos apocalípticos contraria o ensino de Nosso Senhor que diz, de modo explícito, que a nós não nos compete saber quando serão e afirma claramente que o dia virá como um ladrão, isto é, sem que ninguém o possa prever de antemão.

Não bastasse isso, a Igreja pronunciou-se a respeito dessas profetadas outras vezes: 

"Um Concílio regional de Milão em 1365:

"Não apregoem como coisas certas a época da vinda do Anticristo e a data do juízo final, já que pelos lábios do Senhor foi dito: "Não toca a vós ter conhecimento dos tempos e momentos". Nem ousem, a partir das Escrituras Sagradas, procurar adivinhar o futuro e indicar determinado dia para determinado acontecimento. Também não afirmem temerariamente ter-lhes sido isso revelado por Deus."


O 5º Concílio Universal de Latrão, em 1516:

"Mandamos a todos os que estão, ou futuramente estarão, incubidos da pregação, que de modo nenhum presumam afirmar ou apregoar determinado juízo. Com efeito, a Verdade diz: "Não toca a vós ter conhecimento dos tempos e momentos que o Pai fixou por Sua própria autoridade". Consta que os que até hoje ousaram afirmar tais coisas mentiram e, por causa deles, não pouco sofreu a autoridade daqueles que pregam com retidão. Ninguém ouse predizer o futuro apelando para a Sagrada Escritura, nem afirmar o que quer que seja, como se o tivesse recebido do Espírito Santo ou de revelação particular, nem ouse apoiar-se sobre conjeturas vãs ou despropositadas. Cada qual deve, segundo o preceito divino, pregar o Evangelho a toda criatura, aprender a detestar o vício, recomendar e ensinar a prática das virtudes, a paz e a caridade mútua, tão recomendada por nosso Redentor."

Fica claro e evidente que o movimento Salva Almas desobedece e contraria o ensino da Igreja.

Vamos a mais umas engraçadas declarações sem noção dos personagens com quem o Heckert diz conversar. Ficam patentes os erros básicos relacionados à Fé.


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"De fato, o homem, essência de DEUS, imagem e semelhança DELE, é espírito DELE. O homem forma, em DEUS, um só!" 

"DEUS estava ferido! Um pedaço DELE havia se submetido ao demônio. DEUS sofria..." 

"Mesmo assim, prometeu resgatar a humanidade, pois "precisa" do homem, uma vez que se trata de SI próprio

"Sigam os passos [d]o HOMEM JESUS: O DEUS TRINO!", forma um só! O homem, é como um complemento de DEUS assim como todo o Universo." (O.o)


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Enfim. O que eu pretendo pondo todas essas tolices a descoberto? Mostrar duas coisas: Primeiro, como é ridículo e mal feito. Segundo, como contraria o ensino católico.

Ora, se contraria a fé católica, não é um movimento católico. Como querem, então, que a Ave Maria tenha poderes? Na verdade, quando vocês supõem isto, parecem estar com uma concepção meio supersticiosa, como se as palavras tivessem forças por si mesmas. Mas não é assim. Existem alguns movimentos afros que, inclusive, costumam usar as palavras do Pai Nosso e da Ave Maria em seus rituais. Se, contudo, há pelo menos aquela humildade verdadeira, acompanhada da obediência à Fé católica, então a Ave-Maria realmente vale muito.

Enfim, eu reafirmo: o fato de alguém que reza poder ser enganado não implica que a oração não tenha valor. Porém, se o que reza alimenta, em si, falsas disposições de alma e se dá à vã curiosidade espiritual e à perscrutação de certos mistérios que lhe estão vedados, é óbvio que esta pessoa se expõe ao engano, seja forjado por si mesma, seja pelo demônio.

Para terminar, quero transcrever mais uma vez um trecho de S. João da Cruz em que ele fala do mal que esta  avidez por segredos espirituais e experiências místicas causa na alma:

"Limitar-nos-emos a tratar, no presente capítulo, das notícias e apreensões que são dadas ao entendimento sobrenaturalmente, por meio dos sentidos corporais exteriores, isto é, visão, audição, paladar, olfato e tato. As pessoas espirituais podem e costumam ter representações de objetos sobrenaturalmente percebidos pelos sentidos: por exemplo, os olhos divisam formas e personagens do outro mundo, tal ou tal santo, bons ou maus anjos, luzes e esplendores extraordinários. O ouvido escuta palavras misteriosas, ora proferidas por essas aparições e outras vezes sem saber donde vêm. O olfato aspira perfumes suavíssimos de origem desconhecida. Da mesma forma essas pessoas sentem no paladar sabores deliciosos, e no tato um deleite tão grande, que lhes parece penetrar até à medula dos ossos e mergulhá-las numa torrente de delícias. Esta doçura é a unção do espírito que dele se irradia até aos membros das almas puras e simples. Os que abraçam a vida espiritual e devoção sensível do espírito procede, em graus diversos, para cada um a seu modo.
Ora, importa saber que, não obstante poderem ser obra de Deus os efeitos extraordinários que se produzem nos sentidos corporais, é necessário que as almas não os queiram admitir nem ter segurança neles; antes é preciso fugir inteiramente de tais coisas, sem querer examinar se são boas ou más. Porque quanto mais exteriores e corporais, menos certo é que são de Deus. Com efeito é mais próprio de Deus comunicar-se ao espírito, - e nisto há para a alma mais segurança e lucro, - do que ao sentido, fonte de frequente erros e numerosos perigos. O sentido corporal, nessas circunstâncias, faz-se juiz e apreciador das graças espirituais julgando-as tais como sente. No entanto, há tanta diferença entre a sensibilidade e a razão como entre o corpo e a alma, e, na realidade, o sentido corporal é tão ignorante das coisas espirituais como um jumento o é das coisas racionais, e mais ainda.
Quem estima esses efeitos extraordinários erra muito, e corre grande perigo de ser enganado, ou, ao menos, terá em si total obstáculo para ir ao que é espiritual. Como já dissemos, os objetos corporais nenhuma proporção têm com os espirituais, por isso deve-se pensar sempre que, nos primeiros, mais se encontra a ação do mau espírito em lugar da ação divina. O demônio, possuindo mais domínio sobre as coisas corporais e exteriores, pode com maior facilidade nos enganar neste ponto, do que nas mais interiores e espirituais.
Quanto mais exteriores são esses objetos e formas corporais, menos proveito trazem ao interior e ao espírito, pela grande distância e desproporção que há entre o que é corporal e o que é espiritual. Embora comuniquem algum espírito, como acontece sempre que vêm de Deus, mesmo assim o proveito será sempre menor do que se estas manifestações houvessem sido mais espirituais e interiores. São de natureza a produzir erro, presunção e vaidade; porque sendo tão palpáveis e materiais, movem muito os sentidos. A alma, levada por essas impressões sensíveis, dá-lhes grande importância, abandonando a luz da fé para seguir essa falsa luz que então parece a seus olhos o meio para levá-la ao objetivo de suas aspirações, isto é, à união divina; entretanto, quanto mais se interessar por essas coisas, mais se afastará do caminho e se privará do meio por excelência que é a fé.
A alma, além disso, vendo-se favorecida por graças tão extraordinárias, muitas vezes concebe secretamente boa opinião de si, imaginando já valer algo diante de Deus - o que é contrário à humildade. Por outro lado, o demônio sabe sugerir-lhe oculta satisfação de si mesma, por vezes bem manifesta. Com este fim propõe-lhe frequentemente objetos sobrenaturais aos sentidos, oferecendo à vista imagens de santos e maravilhosos resplendores; aos ouvidos, palavras misteriosas; ao olfato, perfumes muito suaves; ao paladar, delicadas doçuras, e ao tato sensações deleitosas, para que, atraída a alma com estes gostos, possa ele causar-lhe muitos males. É necessário, portanto, rejeitar sempre tais representações e sentimentos, porque ainda quando viessem de Deus, a alma não o ofenderia agindo assim, nem deixaria de receber o efeito e os frutos que Deus tem em vista conceder-lhe." (Subida do Monte Carmelo, Cap. II)

Haveria muito o que transcrever, ainda, sobre este assunto. Mas penso que logo em breve disponibilizarei o capítulo inteiro em que o santo trata disso.

Enfim, meus caros, penso que a coisa vai ficando mais clara. E para isto, vos antecipo uma pergunta que vocês poderiam fazer: "Por que, então, nós que estamos tão bem intencionados, fomos também enganados? Ou há que se admitir que também nós temos essa soberba?"

É bem verdade que Deus quer abracemos a verdade. Porém, Ele não nos obriga a isto. Limita-se a nos oferecê-la. No caso de vocês dois - e acredito que seja o de tantos outros - seria suficiente usar apenas um pouco a inteligência para vir a conhecer o caráter totalmente falso dessas aparições. Deus não vai fazer por vocês aquilo que vocês mesmos podem fazer.

Termino, então, retomando o essencial do que foi dito:

A verdadeira humildade requer submissão à Igreja. Para se rezar e ter eficácia na oração, não é necessária a perfeição da humildade, mas pelo menos o seu início. Para o católico, este início está justamente na sua submissão à Igreja, coisa que o Cláudio não faz, embora disfarce que sim.

A oração da Ave-Maria tem um poder particularmente eficaz contra o demônio, mas desde que seja entendido que não são as palavras, por si mesmas, que possuem tal faculdade, mas o fato de elas invocarem a presença da Pessoa da Virgem Santíssima que, por sua humildade, esmagou a cabeça soberba de lúcifer.

E, por fim, a prova mais que cabal do caráter caótico da falsaria heckertiana. Numa de suas supostas revelações, lê-se:

"O Reino está realmente próximo, mas só o Pai sabe a hora a ninguém foi revelado a hora exata. Observa os profetas. Dizem isto ou aquilo, fazendo acreditar que o tempo é agora, que o Pai deu o prazo, que Deus disse o dia… mas eles mesmos fazem planos para o futuro! Ora, se soubessem a hora exata por que fariam planos? A hora pertence ao Pai e Ele não dirá absolutamente nada a ninguém! Contudo, envia sinais, que já são vistos, para que os filhos da luz estejam preparados! … Também os filhos das trevas poderão converter-se, mas para eles, os sinais são camuflados, pois o Pai não permite que vejam os sinais, apesar dos olhos, ou que escutem, apesar dos ouvidos! A salvação pertence a todos, mas a hora da purificação ainda não chegou…. mas chegará…. e só o Pai sabe o exato momento!"
"Jesus"


Contraditório, não?

Enfim. Se vocês não quiserem enxergar o evidente, eu não poderei ser de nenhuma ajuda. Cabe somente a vocês aceitarem ver o que já vos está diante do nariz.

Que a Virgem Santíssima, a verdadeira, vos conduza.

Extra! Extra! Suposta Virgem Maria explica ao Cláudio porque o anticristo não apareceu...

Cláudio Heckert depois da conversa com Nossa Senhora

Recebi agora, por comentário, a notícia de que o Cláudio andou batendo um papo com Nossa Senhora já hoje sobre a frustração da tal profecia. Ei-lo abaixo:

***

No dia 15, às 4,00 horas, na Capelinha:


- Mãe! Hoje é o dia...
- Deixa Deus fazer! Ele faz o melhor!


No dia 16, hoje, às 4,00 horas na Capelinha:


- Mãe! Nada aconteceu!
- E você queria hoje estar debaixo das patas do inimigo?
- Mas, e os outros, o que vão dizer?
- Hienas, lobos, tigres... Porque quem realmente for filho de Deus, está hoje feliz, por Deus ter vencido mais uma batalha! Hoje respiram aliviados e louvam a Deus!
Tendes ainda, tempo de acordar muitas pessoas! Amém?
- Amém, Mãe! Muito obrigado! Cláudio Heckert


Porto Belo (SC), 16 de fevereiro 2012

***

hehe.. Muito interessante, porém, relembrar o que a mesma suposta Virgem Maria tinha dito em mensagens anteriores. Segundo amigos do vidente:

"Ontem, fizemos novas perguntas a Nossa Senhora e ela disse que as datas não mudam mais"

Oh God...
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