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QUANDO SE PENSA... Hugo Wast


Quando se pensa que nem a Santíssima Virgem pode fazer o que faz um sacerdote;

quando se pensa que nem os anjos, nem os arcanjos, nem São Miguel, nem São Gabriel, nem São Rafael, nem um dos principais daqueles que venceram Lúcifer pode fazer o que faz um sacerdote;

quando se pensa que Nosso Senhor Jesus Cristo, na Última Ceia, realizou um milagre maior que a Criação do universo com todos os seus esplendores, ou seja, o de converter o pão e o vinho em Seu Corpo e Seu Sangue para alimentar o mundo, e que este portento, diante do qual se ajoelham os anjos e os homens, pode repeti-lo cada dia o sacerdote;

quando se pensa em outro milagre que somente um sacerdote pode realizar: perdoar os pecados, e o que liga no fundo de seu humilde confessionário, Deus, obrigado por sua própria palavra, o liga no Céu, e o que ele desliga, no mesmo instante desliga Deus;

quando se pensa que um sacerdote faz mais falta que um rei, mais que um militar, um banqueiro, um médico, que um professor, porque ele pode substituir a todos e nenhum deles pode substituí-lo;

quando se pensa que um sacerdote, quando celebra no altar tem uma dignidade infinitamente maior que um rei; e não é nem um símbolo, nem sequer um embaixador de Cristo, mas o próprio Cristo que está ali repetindo o maior milagre de Deus;

quando se pensa tudo isto...

compreende-se o afã que, em tempos antigos, cada família ansiava para que de seu seio brotasse, como uma vara de nardo, uma vocação sacerdotal;

compreende-se o imenso respeito que os povos tinham pelos sacerdotes, o que se refletia nas suas leis;

compreende-se que se um pai ou uma mãe obstruem a vocação sacerdotal de um filho é como se renunciassem a um título de nobreza incomparável;

compreende-se que um seminário ou um noviciado é mais que uma igreja, uma escola e um hospital;

compreende-se que dar para custear os estudos dum jovem seminarista ou noviço é aplanar o caminho pelo qual chegará ao altar um homem que durante meia hora cada dia será muito mais que todas as dignidades da terra e que todos os santos do céu, pois será o próprio Cristo, sacrificando Seu Corpo e Seu Sangue, para alimentar o mundo.

Hugo Wast

(Sim Sim Não Não, no. 64 - abril de 1998)


"Se se compreendesse o valor de uma Santa Missa, se andaria até o fim do mundo para assistir a ela"
-- Santa Maria Madalena Postel

A venerável Grande Mãe de Deus


Sem dúvida não podemos negar que só há um Deus e um Mediador, Jesus Cristo, como vemos em “1TIM II, 5”. Mas graças à sapiência e bondade divina, foi-nos concedida a graça de possuirmos intercessores e modelos, pessoas simples, pecadoras, frágeis como nós: são os Santos, os escolhidos de Deus, que não pela força de seus músculos, nem por mérito algum, mas sim por pura graça divina e entrega das próprias vontades, reproduziram em si mesmos as perfeições divinas e as virtudes de Nosso Senhor, fazendo parte do seu corpo místico e se interessando por nós que somos seus irmãos. Honrá-los nos faz honrar o próprio Deus neles, já que são um reflexo de suas perfeições; em última análise, invocá-los, é dirigir a Deus nossas invocações, pois é nEle que eles estão. Imitar as suas virtudes é imitar ao próprio Jesus Cristo, já que eles mesmos não foram santos senão na medida em que reproduziram as virtudes do divino Senhor, da divina Norma, do perfeito e íntegro Modelo.

E esta devoção não obscurece ao divino Redentor, mas antes confirma e imprime em nossas almas a Gloriosa Onipotência da Santíssima Trindade que, sendo Santíssima, santifica tudo o que atrai para si e tudo mergulha em sua Glória (kavot).

Em meio aos santos a Grande Mãe de Deus ocupa um lugar à parte; no meio dos simples homens e mulheres pecadores encontramos uma simples mulher Imaculada. Seu papel depende da sua estreita união com Jesus ou, em outros termos, do dogma da maternidade divina.

É no dia da encarnação que Maria Santíssima é constituída Mãe de Jesus, Mãe dum filho-Deus, Mãe do Verbo, Mãe de Deus. Se bem notarmos, no diálogo entre o anjo e a virgem, o anjo não a anuncia mãe de Jesus somente enquanto pessoa privada, mas enquanto é Salvador e Redentor. Pois o anjo não fala somente das grandezas pessoais de Jesus, mas o afirma Salvador, Messias esperado, Rei eterno da humanidade regenerada, cuja maternidade se propõe a Maria Santíssima. Toda a obra redentora está suspensa no Fiat da Virgem. Por seu magníficat podemos notar a sua intimidade com as sagradas escrituras, com a tradição e assim com a santa promessa feita por Deus ao seu povo Israel.

A Virgem sabe o que Deus a propõe; mesmo sendo uma criança, consente no que Deus lhe pede, sem restrição nem condição. O seu Fiat responde a amplidão das promessas divinas, estende-se a toda a obra redentora. É assim, pois, a Mãe do Redentor, ela é profecia e, como tal, associada à obra do Redentor, possui na ordem da reparação o lugar que Eva teve na ordem da nossa ruína espiritual.

Maria Santíssima terá com as três pessoas da Santíssima Trindade as relações mais íntimas: será a Filha muito amada do Pai, e sua associada na obra da Encarnação; a Mãe do Filho, com direito a seu respeito, ao seu Amor, e até mesmo, na terra, à sua obediência, pela parte que terá em seu mistérios; é uma parte considerada “secundária”, mas real: será a sua fiel colaboradora na obra da salvação e santificação dos homens; será, enfim, o “templo vivo”, o “santuário privilegiado” do Espírito Santo, e, numa acepção analógica, a sua “Esposa”, neste sentido que, com Ele e em dependência dEle, trabalhará em regenerar almas para Deus.

Breno Kennedy

Purificação: a "noite dos sentidos"


Cabe aos principiantes combaterem as desordens da concupiscência. Quatro são as pedras de tropeço postas no caminho do principiante que busca a continência.

Em primeiro lugar se lhe opõe o próprio corpo, pelos vícios da gula e da luxúria, que devem ser combatidos com o jejum, a vigília, os exercícios físicos, banho frio, etc.

Em segundo lugar, se lhe opõe a própria alma, mediante a imaginação e os pensamentos lascivos, que devem ser combatidos com o próprio pensamento absorto nos mistérios divinos (meditação e contemplação); a oração - pois o louvor divino freia os impulsos intempestivos da imaginação; jaculatórias; o estudo da Sagrada Escritura; a leitura espiritual; o estudo e a pesquisa visando o bem comum; os bons pensamentos, relacionados sempre que possível à família, ao trabalho, aos amigos; o próprio trabalho para evitar a ociosidade e a preguiça, que são portas de entrada de muitas outras tentações e, também, com a aceitação de alguns sofrimentos, não os que procuramos, mas sobretudo, aqueles que ns chegam sem a nossadeliberação.

Em terceiro lugar, se lhe opõem também as coisas que os rodeiam, muitas delas indignas em si mesmas, as quais se devem combater com a guarda da vista e de todos os demais sentidos, evitando prudentemente seu contato.

Em quarto lugar, as pessoas com quem tratamos, as quais, por seus atos ou comportamento, impedem de modo direto ou indireto o progresso na vida de perfeição, por meio de conversas , atitudes, vestimenta, tentações que devem ser combatidas com a solidão, modéstia, boa conversa, desviando um mau assunto para um bom, etc.

São muitas as fontes interiores e exteriores de que o cristão dispõe para alcançar a santidade do espírito mediante a purificação do corpo. São fontes interiores as graças sacramentais, as virtudes infusas e os dons do Espírito Santo que atuam intimamente na vida do espírito, sobre o intelecto, vontade e liberdade, fazendo a Trindade Santa habitá-lo, convertendo-o para Deus, aflorando e fazendo crescer a caridade. Os méritos de Cristo conquistados na cruz, meiante o amor do Espírito e a "onipotência suplicante" da Santíssima Virgem Maria, bem como a intercessão dos Santos Anjos e a dos Bem-Aventurados, são fontes eficacíssimas de santidade para o homem. Nem mesmo os santos homens com os quais uma pessoa convive deixam de prestar inestimável auxílio para a sua alma convertida que se aproxima cada vez mais do mistério da salvação. As fontes exteriores, que decorrem da influência das interiores, são também muitas, mas especialmente duas importam para os iniciantes: a leitura e a direção espirituais.

A oração é, sem dúvida, o alimento que nutre e fortaliece o espírito no início da vida interior, porque é efetivamente o começo de uma inimidade do espírito humano, em sua ascensão e aplicação, nas coisas de Deus. A oração é a moção da graça no espírito e a primeira e mais importante expressão do início de uma vida de perfeição. Ela é efetivo sinal da eficácia da graça que, como fonte interior, move a alma em direção ao bem perfeito que é a caridade. Munido de graças, o espírito, em oração humilde e atenta, causa sempre de novo e cada vez mais intensamente a livre conversão do espírito para as coisas divinas e a aversão às coisas contrárias a Deus.

A oração do espírito se estende à oração da carne com a mortificação. Este sacrifício de abrir mão livremente da posse ou uso de algns bens lícitos, em razão de um aperfeiçoamento da vontade, constitui uma verdadeira forma de oração dos sentidos. Esta oração da carne é a que mais adequadamente educa e disciplina o corpo contra o pecado, porque se vale dos mesmos instrumentos do corpo. Mas tanto a oração do espírito quanto a mortificação (que é a oração da carne), que coopera na superação daqueles quatro impedimentos para que o principiante progrida na vida de perfeição, só são possíveis ao homem em razão da presença da luz divina na alma. Sem esta luz, a alma age segundo a lei da concupiscência e se orienta, não pela luz da razão ou da graça, mas pelo brilho natural das coisas exteriores.

FAITANIN, Paulo. O único necessário: a perfeição da vida espiritual segundo Santo Tomás de Aquino. Cadernos da Aquinate, n.4, Niterói: Instituto Aquinate, 2008, p.18-19.

A aventura de sermos católicos


Interessante este nosso tempo. Que aventura tem sido ser católico! Estive observando algumas coisas e arrisquei uma comparação, horrível, mas acho que vale...

Eu gosto muito de desenhos japoneses, como está expresso no meu perfil. Isto desde a adolescência e, por várias vezes, neste tempo, no auge de algumas histórias, percebi em mim um desejo oculto, lá dentro, de que aquilo que eu assistia fosse uma realidade e que eu pudesse ser um personagem... he... Os que conhecem o gênero deste tipo de animação sabem que uma característica muito comum nestas estórias é a força que os personagens demonstram, motivados pelo amor a algo... Este amor, de fato, torna-se mais importante que a vida, de modo que os vemos, frequentemente, arriscando-se pelo objeto do seu amor, que pode ser uma pessoa, uma causa.

E como não sentir uma certa identificação? Também Sócrates, o grande filósofo, amava tanto a verdade que por ela deu a vida, e isto porque nem sequer conheceu ao Cristo, ou seja, não conhecia a Verdade como nós... E estes dias eu vinha considerando umas certas coisas. Percebi que, se fosse pra escolher, acho que os personagens de tais desenhos, se tivessem vida, é que optariam por viver a aventura que vivemos nós, cristãos, a aventura de amar a Deus. Um Naruto, um Lee, se existissem e compreendessem bem as coisas, ao invés de bons ninjas ou hokages, desejariam ser santos.

Percebi, enfim, que, além de ser muito mais emocionante a nossa aventura, muito mais densa, é ainda infinitamente verdadeira. A luta por Cristo é algo belíssimo e de uma realidade que abarca tudo quanto existe. De fato, podemos dizer que, estritamente, é a única coisa que importa. Talvez nós ainda não percebamos que belo é viver assim, mas não é verdade que está escrito: "nossa vida está escondida com Cristo em Deus"? Talvez desejássemos fundos musicais enquanto servimos a Deus, mas isto se deve ao hábito de assistir filmes e ao contato com esta cultura romântica e sensacionalista, que prioriza o foco nos sentidos antes que a verdade objetiva.

É preciso, pois, limpar os nossos olhos e aprender a ver com clareza o que verdadeiramente importa.

E como temos experimentado o combate contra nós! Parece que o mundo nos odeia! he... E constantemente, muito mais constantemente do que as missões ninjas da "Vila da Folha", nós temos que combater pelo Amado de nossas almas... e mais: em grande parte, nós somos os primeiros inimigos. Lembro-me da frase de uma música que expressa bem a nossa vocação: "o amor quando já crescido não pode ocioso ficar, nem o forte sem lutar por amor de seu querido"... E vejamos ainda o exemplo de S. Paulo: "Combati o bom combate". Eis o "ninjutsu" da alma, eis o bom combate, sempre motivado pelo amor a Cristo, Nosso Senhor...

Mesmo nos ambientes onde esperaríamos um refúgio contra as incídias diabólicas, somos tantas vezes atacados... Infelizmente, a concupiscência dos olhos tem encontrado ocasião até mesmo nas Igrejas... e a soberba da vida horrivelmente é o que tem motivado certos serviços litúrgicos. Cumpre-se a palavra divina: "cegos guiando cegos". Neste contexto, aqueles que se mantêm fiéis ao divino ensinamento da Santa Igreja, podem perfeitamente ser reconhecidos como as "ovelhas por entre os lobos"... Claro que tantas vezes temos sido também lobos, e disso nós mesmos sabemos... Me espantaria alguém que não reconhecesse isso, pois daria mostras de ainda não ter sequer iniciado um reto processo de conhecimento próprio. Porém, em meio a nossas misérias, usando diariamente das armas que temos à mão concedidas pelo divino Salvador, buscando ser fiéis ao que a Santa Igreja ensina, nos opomos, forçosamente, ao mundo, mesmo ao mundo que se instala em sólo católico, e sentimos então a tensão de sermos "inimigos do mundo" para sermos "amigos de Deus".

Enfim... a nossa aventura é singular e verdadeira. É a única... Naruto, Yuyu Hakusho, Shurato, Inuyasha, Saint Seya podem ser interessantes. Os "santos de atena (Cavaleiros do Zodíaco)" são personagens que, inegavelmente, se apresentam de forma virtuosa.. Mas tudo isto não chega sequer aos pés dos verdadeiros santos de Cristo.

Enfim... Espero que esta reflexão, se utilizando de uma comparação tão estranha e inadequada, possa fazer-nos perceber um pouquinho da beleza desta luta, desta aventura, deste amor que a tudo transcende..

Que Cristo, Nosso Senhor, nos ensine amar e, por isso, a combater. Nossa arma? Shurikens? Espadas? Bolas de fogo que saem das mãos? Não..... Nossa arma é a Santa Cruz, a mais forte e a mais bela de todas! Não nascemos em "Konoha".... infinitamente melhor: nascemos na Igreja Católica Apostólica Romana!

Fábio Luciano

Obs.: os que não conhecem o contexto dos animes não entenderão muita coisa...hehe... mas as comparações, creio, ajudarão.

As grandes heresias - Hillaire Belloc


Chegamos ao grande momento.

A Fé está agora na presença não de uma heresia particular como no passado – o arianismo, o maniqueísmo, dos albigenses, dos maometanos – nem está na presença de algum tipo de heresia generalizada, como ocorreu quando enfrentou a revolução protestante trezentos a quatrocentos anos atrás. O inimigo que a Fé tem de enfrentar agora, e que pode ser chamado de “O Ataque Moderno”, é um assalto indiscriminado aos fundamentos da Fé, à própria existência da Fé. E o inimigo que agora avança contra nós está cada vez mais consciente do fato de que não pode haver qualquer neutralidade. As forças que agora se opõem à Fé têm o propósito de destruí-la. A batalha é doravante travada em uma linha definida de clivagem, envolvendo a sobrevivência ou a destruição da Igreja Católica. E toda – não uma parte – de sua filosofia.

Sabemos, evidentemente, que a Igreja Católica não pode ser destruída. Porém, o que não sabemos é a extensão da área em que sobreviverá, seu poder de reviver ou o poder do inimigo de fazê-la recuar cada vez mais para suas últimas defesas, até que possa parecer que o anti-Cristo chegou, e a batalha final está para ser decidida. Esse é o momento da luta diante do mundo.

Para muitos que não nutrem simpatias pelo Catolicismo, que herdaram a velha animosidade protestante contra a Igreja (embora o protestantismo doutrinário esteja agora morto) e que pensam que qualquer ataque à Igreja tenha de ser de uma forma ou de outra uma boa coisa, a luta já se mostra como um ataque vindouro ou atual contra o que chamam “Cristianismo”.

Encontramos pessoas dizendo a todo momento que o movimento bolchevista, por exemplo, é “definitivamente anti-cristão” – “oposto a qualquer forma de cristianismo” – e que tem de ser “resistido por todos os cristãos, independentemente da Igreja particular a que se pertença”, e assim por diante.

Discursos e escritos desse tipo são fúteis, porque não significam nada de definido. Não há essa coisa de uma religião chamada de “Cristianismo” – nunca houve essa religião.

Há, e sempre houve, a Igreja e várias heresias resultantes de uma rejeição de algumas das doutrinas da Igreja por homens que ainda desejam manter o restante de seu ensinamento e moral. Mas nunca houve nem pode haver ou haverá uma religião cristã genérica, professada por homens que aceitem todos algumas importantes doutrinas centrais, embora concordando em diferir acerca de outras. Sempre houve, desde o início, e sempre haverá a Igreja e heresias várias destinadas a perecer ou, como a dos maometanos, crescer como uma religião separada. De um Cristianismo comum nunca houve e nunca poderá haver uma definição, pois nunca existiu.

Não há nenhuma doutrina essencial, de modo que, se concordarmos com ela, possamos diferir acerca do restante, por exemplo, aceitar a imortalidade, mas negar a Trindade; um homem dizer-se cristão, embora negue a unidade da Igreja Cristã; dizer-se cristão, embora negue a presença de Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento; dizer-se alegremente cristão, embora negue a Encarnação.

Não! A disputa é entre a Igreja e a anti-Igreja, a Igreja de Deus e o anti-Deus, a Igreja de Cristo e o anti-Cristo.

A verdade fica tão óbvia a cada dia que, em alguns anos, será universalmente aceita. Não classifico o ataque moderno de “anti-Cristo”, embora, no meu coração, acredite que seja o termo verdadeiro para ele: não, não o nomeio assim, porque pareceria exagerado no momento. Mas o nome não importa. Quer chamemos de “O Ataque Moderno, quer de “anti-Cristo”, é tudo a mesma coisa. Há uma questão clara agora entre a manutenção da moral, tradição e autoridade católicas, de um lado, e o esforço ativo de destruí-las, de outro. O ataque moderno não nos tolerará. E tentará nos destruir. Também não podemos tolerá-lo. Temos de tentar destruí-lo como o inimigo totalmente equipado e ardente da Verdade pela qual os homens vivem. O duelo é até a morte.

Às vezes, alguns chamam o ataque moderno de “um retorno ao paganismo”. Essa definição é verdadeira se quisermos dizer por paganismo uma negação da verdade católica. Se quisermos dizer por paganismo uma negação da Encarnação, da imortalidade humana, da unidade e personalidade de Deus, da responsabilidade direta do homem perante Deus e de todo o corpo de pensamento, sentimento, doutrina e cultura que se resume na palavra “Católico”, então, e apenas nesse sentido, o ataque moderno é um retorno ao paganismo.

Porém, há mais de um paganismo. Houve um paganismo de onde todos viemos: o paganismo nobre e civilizado da Grécia e de Roma. Houve o paganismo bárbaro das tribos selvagens germânicas, eslavas e outras. Há o paganismo degenerado da África, o paganismo alienado e desesperador da Ásia. Agora, como de todos esses foi possível trazer homens para a Igreja universal, qualquer novo paganismo que rejeite a Igreja conhecida seria certamente muito diferente dos paganismos para os quais a Igreja era ou é desconhecida.

Um homem subindo um monte pode estar no mesmo nível que outro descendo, mas estão voltados para caminhos diferentes e têm diferentes destinos. Nosso mundo, saindo do antigo paganismo da Grécia e de Roma para a consumação da Cristandade e de uma civilização Católica da qual todos provimos, é a própria negação do mesmo mundo que deixa a luz de sua religião ancestral e desliza para o escuro.

Considerando isso, vamos examinar o Ataque Moderno – o avanço anti-Cristão – e distinguir sua natureza especial.

Verificamos, para começar, que é ao mesmo tempo materialista e supersticioso.
Há aqui uma contradição da razão, mas a fase moderna, o avanço anti-Cristão, abandonou a razão. Preocupa-se com a destruição da Igreja Católica e da civilização proveniente dela. Não está preocupada com contradições aparentes em seu próprio corpo, contanto que a aliança geral seja para acabar com tudo pelo que temos até agora vivido. O ataque moderno é materialista, porque, em sua filosofia, considera apenas causas materiais. É supersticioso apenas como um subproduto de seu estado mental. Alimenta em sua superfície os caprichos tolos do espiritualismo, o disparate vulgar da “Ciência Cristã”, e sabe Deus quantas outras fantasias. Mas essas tolices são produzidas não por uma fome de religião, mas pela mesma raiz que tornou o mundo materialista: por uma incapacidade de entender a verdade primeira de que a fé está na raiz do conhecimento, por pensar que nenhuma verdade é apreensível, exceto através de experiência direta.

Assim, o espiritualista se gaba de suas manifestações demonstráveis, e seus vários rivais, de suas claras provas diretas. Mas todos concordam que a Revelação deva ser negada. Foi bem notado que nada é mais marcante do que a maneira pela qual todas as práticas quase religiosas modernas concordam com isso: que a Revelação deva ser negada.

Podemos inferir, então, que o novo avanço contra a Igreja – que talvez se mostre o avanço final contra a Igreja, que é, de qualquer maneira, o único inimigo moderno de importância – é fundamentalmente materialista. É materialista em sua leitura da história e, acima de tudo, em suas propostas de reforma social.

Por ser ateísta, é característico da onda que avança que repudie a razão humana. Essa atitude mais uma vez poderia parecer uma contradição em termos, pois, se você nega o valor da razão humana, se você diz que não podemos, por nossa razão, chegar a qualquer verdade, então, nem mesmo a afirmação acima feita pode ser verdade. Nada pode ser verdade, e nada vale ser dito. Mas o grande Ataque Moderno (que é mais do que uma heresia) é indiferente à auto-contradição. Simplesmente afirma. Avança como um animal, dependendo apenas da força. De fato, pode-se notar, de passagem, que isso bem pode ser a causa de sua derrota final, pois, até agora, a razão sempre sobrepujou seus oponentes, e o homem é o mestre da besta pela razão.

De qualquer forma, temos o Ataque Moderno em seu caráter principal, materialista e ateísta, e, por ser ateísta, é necessariamente indiferente à razão. Porque Deus é a Verdade.

Mas há (como os maiores dos gregos antigos descobriram) uma certa Trindade indissolúvel de Verdade, Beleza e Bondade. Não se pode negar ou atacar uma dessas três sem, ao mesmo tempo, negar ou atacar ambas as outras. Conseqüentemente, com o avanço desse novo e terrível inimigo contra a Fé e toda a civilização que a Fé produz, vem não apenas um desprezo pela beleza, mas um ódio a ela, e, colado em seus calcanhares, aparece um desprezo e um ódio à virtude.

Ascese e beleza divina em nós


"Se o coração de um homem foi purificado de toda propensão carnal e de toda insubordinação, tal homem verá em sua própria beleza a natureza Divina... Isto está por certo ao nosso alcance; tendes dentro de vós mesmos o paradigma pelo qual aprendeis o Divino. Pois o que vos criou, ao mesmo tempo vos dotou com esta qualidade maravilhosa. Aí imprimiu Deus a semelhança das glórias de sua própria natureza assim como quem molda da cera a escultura. Todavia o mal que foi derramado na natureza, esta natureza que traz a imagem divina, tornou inútil para vós este feito maravilhoso que sob máscaras vis se oculta. Se, portanto, purificais vossa vida da imundície, que tal qual emplastro se vos apega ao corpo, a beleza divina em vós outra vez fulgirá".

São Gregório de Nissa

1 ano do blog Anjos de Adoração

Nesta Semana Santa, na quarta feira de trevas, o blog Anjos de Adoração completou um ano de existência.

Queremos, por isto, agradecer a Deus que nos permite este apostolado e, aos amigos e leitores do blog, também agradecemos a atenção.

Que Deus siga nos abençoando e nos conduzindo no amor à Verdade e à defesa de Sua Santa Igreja, para o bem das almas e maior honra de nosso Grande Deus e Senhor Jesus Cristo.

Que a Virgem Santíssima, Mãe do Verbo Eterno, nos conduza pelas santas vias do Seu Filho e nos ensine o jeito certo de tornar nossa vida agradável aos Seus olhos, afim de que exalemos o bom odor de Cristo.

A Deus eterno, amor eterno. Salve Maria Santíssima, Mãe da Igreja, por meio da qual nos vêm todas as graças celestes.

"Que todos os anjos O adorem" (Hb 1,6)

Fábio Luciano


Foto de um retiro nosso feito ano passado.

À esquerda, em pé, nosso pároco, Pe. Iranjunio.

A conversão de "Barrabás" do filme "A Paixão de Cristo"

Pedro Sarubbi, em entrevista, conta como foi sua conversão depois de atuar no filme "A Paixão de Cristo", dirigido por Mel Gibson.







"Ressuscitou conforme havia dito" Aleluia!!!

"Este é o dia que o Senhor fez para nós... Alegremo-nos e nele exultemos!"
Feliz Páscoa a todos!

O nascimento da nova criação (Rm 8,22) - São Gregório de Nissa

Eis chegado o reino da vida e derrubado o poder da morte. Um outro nascimento apareceu, tal como uma nova vida, uma outra maneira de ser, uma transformação da nossa própria natureza. Esse nascimento não é obra «nem do desejo do homem, nem do desejo da carne, mas de Deus» (Jo, 1,13). Eis o dia que fez o Senhor (Sl 117,24). Dia bem diferente dos do início, pois nesse dia Deus fez um céu novo e uma terra nova, como diz o profeta (Is 65, 17). Qual céu? O firmamento da fé em Cristo. Qual terra? O coração bom, como diz o Senhor, a terra que se impregna da chuva que desce sobre ela, a terra que faz crescer colheitas abundantes (Lc 8,15). Nesta criação, o sol é a vida pura; as estrelas são as virtudes; o ar é uma conduta límpida; o mar é a riqueza da profundidade do conhecimento e da sabedoria; a erva e a folhagem são a boa doutrina e os ensinamentos divinos de que se alimenta o rebanho, quer dizer, o povo de Deus; as árvores com fruto são a prática dos Mandamentos. Nesse dia é criado o homem verdadeiro, aquele que é feito à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,27).

Não é todo um mundo que inaugura para ti «este dia que fez o Senhor»? O maior privilégio deste dia de graça é que destruiu a morte e deu vida ao primogênito dos mortos... Que bela e boa notícia! Aquele que por nós se tornou como nós, para fazer de nós seus irmãos, conduz a sua própria humanidade para o Pai a fim de levar consigo todos os da sua raça.


O Pastorinho - S. João da Cruz

"Ali seus belos braços alargou"
Um Pastorinho, só, está penando,
privado de prazer e de contento,
Posto na pastorinha o pensamento,
Seu peito de amor ferido, pranteando.

Não chora por tê-lo o amor chagado,
Que não lhe dói o ver-se assim dorido,
Embora o coração esteja ferido,
Mas chora por pensar que é olvidado.

Que só o pensar que está esquecido
Por sua bela pastora, é dor tamanha,
Que se deixa maltratar em terra estranha,
Seu peito por amor mui dolorido.

E disse o Pastorinho: Ai, desditado!
De quem do meu amor se faz ausente
E não quer gozar de mim presente!
Seu peito por amor tão magoado!

Passado tempo em árvore subido
Ali seus belos braços alargou,
E preso a eles o Pastor ali ficou,
Seu peito por amor mui dolorido.

"Fique comigo"


O caminho da Cruz - São João da Cruz


E, assim, quereria eu persuadir aos espirituais como este caminho de Deus não consiste na multiplicidade de considerações, de modos ou gostos, embora tudo isto seja necessário aos principiantes. Trata-se de uma só coisa necessária: saber negar-se deveras no interior e no exterior, abraçando por Cristo o padecer e o mais completo aniquilamento. Aqui está o exercício por excelência, no qual se encerram eminentemente todos os outros. E como este exercício é a raiz e o resumo das virtudes, se nele há falta, tudo o mais é perda de tempo sem proveito, tomando-se o acessório pelo principal, ainda que a alma tenha tão altas comunicações e considerações como os anjos. Porque o proveito está unicamente em imitar a Cristo, que é o caminho a verdade e a vida, e ninguém vai ao pai senão por ele, conforme o mesmo Senhor declara no Evangelho de S. João. Noutra passagem diz: “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim será salvo (Jo 10,9). Portanto, todo espírito que quiser ir por doçuras e facilidade, fugindo de imitar a Cristo, não o teria eu por bom.

Tendo dito que Cristo é o caminho, e que para segui-lo é preciso morrer à mesma natureza tanto nas coisas sensíveis como nas espirituais; quero explicar agora como se realiza isto a exemplo de Cristo, porque é ele nosso modelo e luz.

Quanto ao primeir ponto: é certo que Nosso Senhor morreu a tudo quanto era sensível, espiritualmente durante a vida, e naturalmente em sua morte. Na verdade, segundo suas próprias palavras, não teve onde reclinar a cabeça na vida, e muito menos na morte.

Quanto ao segunto ponto: é manifesto ter ficado na hora da morte também aniquilado em sua alma, sem consolo nem alívio algum, no desamparo e abandono do Pai, que o deixou em profunda amargura na parte inferior da alma. Tão grande foi esse desamparo, que o obrigou a clamar na cruz: “Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?” (Mt 27,46). Nessa hora em que sofria o maior abandono sensível, realizou a maior obra que superou os grandes milagres e prodígios operados em toda a sua vida: a reconciliação do gênero humano com Deus, pela graça. Foi precisamente na hora do maior aniquilamento do Senhor em tudo, que essa obra se fez; aniquilamento quanto à sua reputação, reduzida a nada aos olhos dos homens, e estes vendo-o morrer na cruz, longe de estimá-lo, dele zombavam; quanto à natureza, pois nela se aniquilava morrendo; e enfim quanto ao seu espírito igualmente exposto ao desamparo pela privação do consolo interior do Pai que o abandonava para que pagasse puramente a dívida da humanidade culpada, efetuando a obra da redenção nesse aniquilamento completo. Profetizando sobre isto, diz Davi: “Também eu fui reduzido a nada, e não entendi” (Sl 72,22). Compreenda agora o bom espiritual o mistério desta porta e deste caminho – Cristo – para unir-se com Deus. Saiba que, quanto mais se aniquilar por Deus segundo as duas partes, sensitiva e espiritual, tanto mais se unirá a ele e maior obra fará. E quando chegar a reduzir-se a nada, isto é, à suma humildade, se consumará a união da alma com Deus, que é o mais alto estado que se pode alcançar nesta vida. Não consiste, pois, em recreações, nem gozos, nem sentimentos espirituais, e sim numa viva morte de cruz para o sentido e para o espírito, no interior e no exterior.

Não me quero estender mais longamente sobre esse ponto, embora fosse meu desejo não cessar de falar, vendo como Jesus Cristo é pouco conhecido mesmo pelos que se dizem seus amigos. Pois a estes vemos procurar nele seus gostos e consolações, amando a si próprios e não as amarguras e aniquilamentos da cruz por amor de Cristo.

São João da Cruz, Obras Completas. Rio de Janeiro: Vozes, 2002. p.208.

Castidade

Encontrei este excelente video, mais uma vez, enquanto passava pelo blog Adversus Haereses, e o disponibilizo para os leitores.

O Cristianismo liberta o mundo das visões mágicas


A partir do Cristianismo "o mundo é então representado na sua racionalidade: ela vem da eterna razão, e somente esta criativa razão é o verdadeiro poder sobre o mundo e no mundo. Somente a fé no único Deus liberta e "racionaliza" realmente o mundo. Onde ela desaparece, o mundo se torna racional apenas aparentemente. Na realidade devem então as potências do acaso, que são indefiníveis, ser reconhecidas; a "teoria do caos" empurra para o lado a visão de uma estrutura racional do mundo e coloca o homem diante de obscuridades que ele não pode dissolver, além de estabelecer um limite ao lado racional do mundo. "Exorcisar", colocar o mundo na luz da ratio, que tem a sua origem na eterna razão criadora e nos bens salutares e a ela se referir: aqui está uma permanente e central tarefa dos mensageiros de Jesus Cristo.

Bento XVI, Jesus de Nazaré. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007, p.157.

Deo Gratia! Cônego Henrique Soares é nomeado bispo auxiliar de Aracaju


O Cônego Henrique Soares, reitor da igreja Nossa Senhora do Livramento, em Maceió, foi nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de Aracaju por Sua Santidade Bento XVI.


Muito merecida esta nomeação. Conheço o Cônego Henrique pessoalmente e sei do seu zelo e do seu amor pela Santa Igreja e pelo sacerdócio. Lembro-me de uma ocasião em que ele debatia com um materialista ateu na UFAL, onde ele dizia: "se eu tivesse dez vidas, eu seria padre dez vezes".

É um sacerdote dotado de muita inteligência e de muito amor por Deus. E, enquanto alguns bispos se insurgem contra Sua Santidade, este lhe será um grande defensor.

Uma notícia belíssima num dia de lindo céu azul. Deo Gratia.
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