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"Mas acontece que Ele é bom"


"Perigoso? Claro que é, perigosíssimo. Mas acontece que ele é bom. Ele é REI, disse e repito."
C.S. Lewis, Crônicas de Nárnia

A concepção de Liturgia da CNBB

Um homem, que poderia ser um apóstolo, 
torna-se uma úlcera na Igreja por falta de justa indignação,
Pe. Frederick William FABER


Estive dando uma zapeada pela net e, mais uma vez, entrei no site da CNBB quando, de repente, o nome de um artigo me chamou a atenção. Nele se lia "A Primazia da Assembléia" e, já imaginando do que se tratava, lá fui eu ler o artigo, apenas para confirmação das minhas suposições. De fato, um texto muito problemático do qual ponho abaixo alguns excertos. Os grifos e comentários entre parênteses são meus.

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"Reunidos em nome de Jesus, os fiéis (...) recebem o mandato de repetir seus gestos e palavras  em sua memória (1 Co 11,23-25)." (Esta passagem inicial é muito coerente com o nome do artigo, afinal, se a primazia na Liturgia é da assembléia, então é ela quem "rememora" os gestos e palavras de Jesus... O realismo do Sacrifício e a diferenciação do sacerdote ordenado, como se poderá ver, estão nublados em todo o artigo.)

Esta assembléia sacerdotal (...) deve ser a referência mais importante dos autores, compositores e demais agentes litúrgico-musicais. (A referência mais importante, então, deixa de ser a Tradição Católica, aquela que tantos músicos de elite invejaram pela sua excelência, e passa a ser a "assembléia sacerdotal". Notem que aí se usa um termo ambíguo e não há qualquer interesse em esclarecer possíveis equívocos.)

Foram estas convicções elementares que levaram a renovação da música litúrgica católica a compreender e a insistir no primado da assembléia! (A consequência é lógica: de premissas erradas, segue-se uma dedução errada. Na Liturgia não é a assembléia quem tem o primado, pois a Sagrada Liturgia é, antes, dada, e não construída).

Servir à assembléia é a base de toda liturgia verdadeiramente pastoral. Servir não quer dizer que se satisfaçam não importa quaisquer desejos manifestados na comunidade. Trata-se de introduzi-la sempre mais, pela fé, no mistério de Jesus Cristo. Mas como fazê-lo sem conhecer a comunidade, sem levá-la em conta, para que ela, toda ela, se ponha em marcha?” 

 “Levar em consideração a assembléia celebrante, com suas possibilidades, sua riqueza e seus limites, é a primeira preocupação de uma liturgia verdadeiramente pastoral. É o caminho mais seguro para se chegar a uma celebração cheia de vida, significativa e personalizada, sobretudo quando se trata de música e canto” ( GELINEAU, Canto e Música no culto cristão. Cfr. também SC 27).

(Como sabemos, a Liturgia tem duas grandes finalidades: a primeira não é o serviço da assembléia, mas a glória de Deus. Isto nos coloca, forçosamente, diante da objetividade do Culto, no cumprimento daquilo que nos foi dado por Nosso Senhor, e não na promoção de criatividades sem conta. Em segundo lugar, a Liturgia se orienta para a santificação dos fiéis, mas esta santificação não se realiza pela relativização do sagrado; ao contrário, se dá pela conversão dos fiéis à objetividade do Bem, da Verdade e da Beleza, que deveriam ser expressos, em sua forma real, pela Liturgia. Dizer, então, que uma liturgia "personalizada" é o "caminho mais seguro para se chegar a uma celebração cheia de vida" é um disparate só possível por quem não faça idéia de onde esteja pisando. Aliás, esta idéia do pisar me lembra a exclamação de Jacó que, acordando de seu sono, exclamou: "Que lugar terrível este! É nada menos que a casa de Deus!". Com muito mais propriedade o podemos dizer nós, católicos, e a expressão nos dá uma idéia longínqua da seriedade do assunto de que estamos a tratar. Esta nova liturgia, promovida desgraçadamente pelos que juraram obediência à Igreja, tira Deus do centro e, aí, põe o homem. Deus deve, aqui, servir ao homem, adaptando-se a ele. Estamos numa inversão total da idéia de conversão. Não há, aqui, a "negação de si mesmo" de que nos fala Jesus. Há, antes, a afirmação, mesmo que em detrimento do sagrado.")

"Não tem sentido, por exemplo, escolher os cantos de uma celebração em função de alguns, que se apegam a um repertório tradicional, ou ainda de outros que cantam somente as músicas próprias de seu grupo ou movimento, nem de outros que querem cantar exclusivamente cantos ligados à realidade sócio-política, se isto vai provocar rejeição de parte da assembléia. Pois todos têm o direito de compreender e participar, com gosto,  sobretudo os mais desprovidos. É preciso que se pense em todos, e em cada um na comunhão com os demais." (Notem como tudo se torna subjetivo, e o metafísico simplesmente some. O optar pela tradição é tratado, neste texto, como se fosse um simples apego, uma moda. Quando, porém, se objeta que não se deve cantar coisas exclusivamente ligados ao social, toma-se cuidado para incluir aí um condicional: "se isto vai provocar rejeição de parte da assembléia". Quer dizer, não é que haja problemas em si..rsrs Aqui está denunciado o espírito da coisa. Depois, é dito que todos têm o "direito de compreender" e  isto pode ser compreendido como uma crítica à Santa Missa em latim. É que aí parte-se do pressuposto de que a Missa só é real quando é compreendida pela assembléia a quem pertence, como sugerido, a primazia. Mas isto é falso. Na Santa Missa, que é a perpetuação do Sacrifício da Cruz de modo incruento, é oferecida a Deus a divina Vítima, por um sacerdote ordenado que age em Persona Christi. A assembléia aí não tem primazia e não determina nada.)

Não é coisa fácil conhecer as necessidades verdadeiras, as capacidades reais e os gostos especiais de uma assembléia. O pior que pode acontecer é achar que tudo se resolve entre quem preside e o  regente ou animador do canto. E  o melhor será uma prática comunitária e democrática, onde as pessoas recebem as informações e a formação necessárias em matéria de liturgia e música, trocam seus pontos de vista, e com critérios e bom senso fazem seu discernimento, avaliam permanentemente sua prática  e vão encontrando a feição musical e litúrgica da assembléia. (E, neste contexto, nada da tradição musical da Igreja. É feita total abstração do canto gregoriano como modelo supremo da música litúrgica. O que importa aí é que se reconheçam os "gostos especiais" e que a escolha seja "democrática", feita pela troca dos "pontos de vista". Depois da promoção de toda esta ditadura do subjetivismo, o autor deste texto diz algo interessante: é preciso fazer isto com "critério e bom senso". rsrs.. Critério! Que Critério?! O único critério que se dá, aí, é o dos gostos pessoais da assembléia. E que bom senso? Bom senso seria reconhecer a realidade terrível da Liturgia e obedecê-la tal como a Igreja o ordena. Mas faltou bom senso a quem escreveu este artigo. Por fim, fala-se da "feição musical e litúrgica da assembléia". Para que, então, chamar-se Igreja Romana? Se cada um deve ter a sua própria feição, então ignore-se e despreze-se o imenso tesouro católico em prol das vontadezinhas de um grupinho que pensa que a liturgia é um brinquedo. É isso o que a CNBB pensa da Liturgia? Complicado.)

"Celebrar com uma assembléia homogênea não é algo que aconteçe(sic) sempre, nem parece ser o mais significativo. É bem mais fácil escolher cantos, música ou coreografia com ou para  uma comunidade monástica, um grupo de jovens, um encontro da Pastoral Operária ou um retiro de catequistas... Mas não é esse tipo de celebração o que melhor revela a feição católica, isto é, universal, da Igreja, onde ninguém é mais do que ninguém, onde todos cabem e são acolhidos com suas diferenças, seus valores e seus dons, para formarem o único Corpo de Cristo." (Aqui quero destacar duas coisas. A "coreografia" simplesmente não existe na Liturgia. Simplesmente não cabe. Insistir nisso é obstinação de desobedientes. Depois, a expressão destacada "onde ninguém é mais do que ninguém" é, de novo, ambígua. De fato, há um modo de se falar em igualdade sem ter que cair na ludribriação comunista. Mas, se o termo quer ser um ataque sutil à idéia de hierarquia, aí é problemático. De fato, o sacerdócio é mais alto que o estado laical e negá-lo é deixar de ser católico. Por fim, há uma ideologia que ataca qualquer uniformidade e exalta toda alteridade. Isto é um sofisma. Há, de fato, uma diversidade legítima e que enriquece a Igreja e lhe permite ser reconhecida como "Corpo Místico de Cristo", uma vez que um corpo dispõe, naturalmente, de uma diversidade de membros. Mas, ao fundo desta diversidade, há sim uma unidade essencial que é o que mantém a vida em comum dos membros. Esta unidade essencial põe limite à diversidade, de modo que esta não pode estar aberta ao infinito. Eu já dei este exemplo diversas vezes, mas vai de novo: num corpo humano há diversos membros. Mas disto não decorre que possamos ter esperanças de que, num ou noutro, nasça uma asa. E por quê? Porque a diversidade de membros é limitada pela essência, neste caso, a humana. Daí que esta conversa de dizer que todo diferente enriquece é balela. Se não se coadunar com o espírito do único Corpo de Cristo, não serve e não enriquece. Lembremos, por fim, da oração de Jesus: "Que todos sejam um". Esta unidade não se dá pela junção irrefletida de todos os diferentes, mas pela conversão e purificação destes àquela unidade. Se não é possível unir-se, deve ser rejeitado. E, dentre as culturas, há muito que simplesmente não cabe. A CNBB, porém, parece estar se lixando pra a harmonia do Corpo de Cristo. Ela parece preferir a bagunça...)

(...) seria melhor empenhar-se em ir ao encontro de cada situação, tornando-se “servo de todos , a fim de ganhar o maior número possível” (1 Co 9,19). (rs.. Não é assim que se ganha "o maior número possível". Isto me lembrou a fala de um sacerdote conhecido meu quando, num dia 20 de novembro, os adeptos do candomblé entraram na igreja com os seus trajes, batuques e danças. Interrogado sobre o porquê daquilo, ele simplesmente respondeu: "a Igreja é mãe. Vai que, desse modo, um deles se converte..." Pura evasiva...)

"Imaginemos uma assembléia de  adultos, na qual há uma presença importante de adolescentes, a quem os cantos litúrgicos do gosto de seus pais, parecem “cafonas” e enfadonhos... Sem privar os mais velhos de seus cantos tradicionais, por que não introduzir, em momentos estratégicos da celebração, cantos litúrgicos de um outro estilo, com os quais os mais jovens se identifiquem e através dos quais se expressem mais a gosto? Em momentos assim, eles vão entrar de cheio e toda a celebração, de repente, vai tomar um outro aspecto para eles e, quem sabe, vai mudar o clima geral da mesma para todos.
(Como sempre, por trás desses disparates, reside a idéia de que a liturgia é, sobretudo, construída. Nada há aí de dado.. Tudo não passa de uma tentativa meramente humana de atingir o sagrado, ou, como escrevia o Cardeal Joseph Ratzinger, tudo isto parece consistir num mero grito no escuro. No entanto, esta concepção está anos luz distante da verdadeira Liturgia, uma Liturgia que nos foi entregue por Deus e que nos mostra como Deus quer ser cultuado. Na Liturgia, é a vontade de Deus que se cumpre, não os gostos dos jovens. O objetivo é a glorificação de Deus e não a mudança do clima geral. Enquanto estes sujeitos brincam com a liturgia e até arrancam um riso ou outro, e até, quem sabe, conseguem uma "participação" mais ruidosa dos presentes, eles estão, objetivamente, privando estas almas incautas de Deus, negando aquilo que é direito delas: o acesso real a Deus e que não se faz de qualquer modo. Por entre risos e reboladas, eles escondem o céu dos cristãos.)

"Imaginemos ainda uma comunidade eclesial de base na periferia da cidade, ou mesmo alguma igreja de centro, onde sempre costuma haver uma presença significativa de negros ou mestiços: seria bom inserir em toda celebração alguns cantos, alguma música, alguma coreografia do recente, mas já rico e significativo repertório afro-brasileiro." (É sempre a mesma idéia. Como já falamos, a coreografia não existe na Liturgia. Com relação ao repertório "afro-brasileiro", sugiro a leitura dos seguintes artigos: Cultura, Inculturação, Encontro de Culturas, Missa-Afro, inculturação?, África sem missa-afro, Discurso do Santo Padre aos bispos do Regional Norte II, Dica para celebrações com inculturação.)

"Tocar, cantar e dançar muita ou pouca música... escolher entre este ou aquele repertório... não vale igualmente para todo tipo de assembléia. O critério decisivo não será jamais a própria música, mas a assembléia que se reúne para cantar, tocar e dançar, ao celebrar sua fé." (Eles não estão "nem-thuiú" pra Deus nem pra Igreja. O que importa é a assembléia. Antropocentrismo puro!"

Nada mais sem graça e enfadonho do que uma celebração-robô, um “enlatado” litúrgico, sem o rosto da comunidade que celebra, sem raiz nos acontecimentos que marcam a sua vida, sem atualidade, fora do tempo e do espaço. (De fato, uma liturgia assim "com o rosto da comunidade" será, com certeza, uma celebração no tempo e no espaço; mas isto difere infinitamente da Liturgia Católica, que tem o rosto de Deus, e que está para além do tempo e do espaço, sendo tempo da graça e nos transportando para o Calvário. A catequese mais básica faltou a esse povo.. Ah, e se me permitem dizer: nada mais sem graça do que as invenções sem noção desse povo rodando no meio da igreja ou tocando tambor, ou vomitando teses marxistas nas músicas e nas homilias. Isso sim é, não somente sem graça, mas sem a Graça).

"Pelo contrário, onde se tem experiência de uma celebração significativa e interessante, há sempre por trás uma  equipe de celebração,  capaz de encontrar, com a assembléia por ela animada, o seu próprio estilo." (Eu gostaria de saber qual o critério que eles usam pra afirmar que uma celebração é "significativa e interessante". Pelo que se lê, é quando ela encontra seu próprio estilo. O que vale é, então, a originalidade! Deveríamos ter, então, igrejas auto-céfalas. É essa a proposta da CNBB? Não, meus caros. A Igreja, onde quer que esteja, deve expressar a sua romanidade.)

"Justamente por isso que as assembléias que se exprimem com cantos criados dentro delas e para elas - para um tal público, tais intérpretes, tais instrumentos, tal espaço, tal arrumação - parecem muito mais autênticascheias de vida. A tradição do “Cantor”, que compõe para as celebrações de sua comunidade, é, sem dúvida, a hipótese mais interessante." (Como sempre e "sem-fim-amém" está aí escancarada a promoção do subjetivo: é preciso que as liturgias "pareçam" autênticas e cheias de vida. Como vimos, o critério para tal é que todos cantem e que a música seja expressão fiel dos gostos e ideologias locais. É sempre a compreensão do sagrado como construção humana, como expressão cultural. O metafísico, o transcendente sai de cena. A "hipótese mais interessante", segundo se diz, é que o sujeito componha - a Igreja sempre teve o maior cuidado com isso e afirma que os compositores devem estar profundamente embebidos do Sensus Ecclesiae, coisa que a CNBB parece nem saber o que é - e execute sua produções, muitas vezes autênticas cacofonias, para a satisfação dos expectadores do show. Triste...)

"Nada a temer, nada a perder, se cada assembléia tem sua personalidade musical, como cada pessoa tem seu rosto, seu semblante, desde que se possa reconhecer sob  traços  tão diferentes, o único semblante da Esposa de Cristo, a sua Igreja." (O texto segue na mesma linha, exaltando a "personalidade musical" de cada pessoa e, por fim, tem a coragem de, depois da confusão toda, colocar algo como: "desde que se possa reconhecer o único semblante da Esposa de Cristo".. rsrs.. Acontece que eles não têm idéia do que seja este semblante - já tanto O desfiguraram - e isto parece apenas constar a fim de tentar situar o artigo dentro de uma visão, pelo menos por longe, em comunhão com a Igreja. Muito vago...)

Por fim, terminado o texto, dentre as perguntas que eles põem para suscitar uma reflexão sobre o que foi lido, estava:

"Você é dos que se alegram com a variedade da vida, ou parte para uma uniformidade, que empobrece e sufoca?" (Como diz a cara Giovana, Puxa que Puxa!)

Fonte:
http://www.cnbb.org.br/site/component/docman/doc_download/341-a-primazia-da-assembleia

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Sei que já vai um tanto extenso este artigo. Mas quero que o leitor contraste os disparates acima com o que vai abaixo, e veja se há alguma forma de conciliação. Note que, em todo o texto que se pretende uma formaçao sobre Liturgia, o caráter sacrificial da Santa Missa não foi sequer sugerido. Mas veja o que diz a Igreja:

"Às vezes transparece uma compreensão muito redutiva do mistério eucarístico. Despojado do seu valor sacrificial, é vivido como se em nada ultrapassasse o sentido e o valor de um encontro fraterno ao redor da mesa. Além disso, a necessidade do sacerdócio ministerial, que assenta na sucessão apostólica, fica às vezes obscurecida, e a sacramentalidade da Eucaristia é reduzida à simples eficácia do anúncio. Aparecem depois, aqui e além, iniciativas ecumênicas que, embora bem intencionadas, levam a práticas na Eucaristia contrárias à disciplina que serve à Igreja para exprimir a sua fé. Como não manifestar profunda mágoa por tudo isto? A Eucaristia é um dom demasiado grande para suportar ambiguidades e reduções."

(João Paulo II, Ecclesia de Eucharistia)

E, por fim, este texto do Cardeal Joseph Ratzinger:

"Juntamente a essas soluções radicais e ao grande pragmatismo da Teologia da Libertação, existe também o pragmatismo cinza do cotidiano eclesial, em que tudo parece ser correto, mas a fé vai-se consumindo e acaba se afundando na mesquinhez. Penso em dois fenômenos que observo com preocupação. Em primeiro lugar, vai-se impondo, em graus de intensidade variáveis, a tentativa de estender o princípio da maioria à fé e à moral, ou seja, o projeto de “democratizar” decididamente a Igreja.


Essa tentativa se expressa da seguinte maneira: o que não parece evidente à maioria, não se pode impor como obrigatório. Mas, de que maioria se trata? Não haverá amanhã outra, diferente da de hoje? Uma fé que nós mesmos podemos estabelecer não é fé. E não existe nenhuma razão para deixar que uma minoria permita que a sua fé lhe seja prescrita por uma maioria. A fé, e a sua práxis, ou nos vem do Senhor por meio da Igreja e seus ministérios sacramentais ou não existe.


O outro ponto para o qual quero chamar a atenção diz respeito à liturgia. As diversas fases da reforma litúrgica levaram à opinião de que a liturgia poderia ser mudada à vontade. Se houvesse algo imutável, quando muito seriam as palavras da consagração, tudo o mais podendo ser feito de outro modo. O pensamento que então se segue é lógico: se uma autoridade central pode fazê-lo, por que não a local? E se a instância local pode, porque não a paróquia? Afinal, é ela que deveria se expressar e reencontrar na liturgia. Depois das tendências racionalistas e puritanas dos anos 1970, e também dos 1980, estamos cansados de uma liturgia de palavras e desejamos uma liturgia mais vivencial, que rapidamente se aproxima das tendências da Nova Era: procura-se a embriaguez e o êxtase, não a racionabilis oblatio (o culto divino conforme a razão e o logos), de que fala Paulo e a liturgia romana (Rom 12, 1).

(...) Pede-se vigilância para que não se substitua, furtivamente, o Evangelho por outra coisa diferente daquilo que nos foi entregue pelo Senhor. Pedras em lugar de pão.


(Joseph Ratzinger, Fé, Verdade e Tolerância)

Fábio.

"Não li, não gostei" - Sinceridade Marxista


Ontem à noite, transitando pelas prateleiras da biblioteca na Universidade, deparei-me diante dos livros de Filosofia e lá estavam alguns dos meus ditos "colegas", outros estudantes do mesmo curso. Entre si, comentavam a respeito de alguns livros, enquanto eu discretamente mexia no acervo à minha frente.

De repente, vejo que a menina está a manusear o "Ente e a Essência" de Sto Tomás de Aquino e meio que preocupada com a edição. Interrogando o "pequeno gafanhoto" que a acompanhava, um rapazinho que ostenta ares de marxista, sobre se ele conhecia algo daquela edição, obteve como resposta da criança: "Sei não. Eu não leio essas besteiras".

Não contive o ar de riso, enquanto eu mesmo tinha na mão uma outra edição da mesma obra. Não sei se os amigos já chegaram a ler alguma página deste livro. Lembro que anos atrás eu o tinha pego, uma obra fininha, aparentemente tranquila de ler. Não sei com relação aos demais, mas não consegui passar muitas páginas na época. É muito denso e difícil de acompanhar.

No entanto, lá estava eu diante de um rapaz que não tinha lido, não sabia nem do que se tratava, mas já dizia solenemente que era uma besteira. rsrsrs. Pense numa sinceridade!

O mesmo aconteceu alguns anos atrás quando, pela primeira vez diante da "Cidade de Deus" de Sto Agostinho, livro imponente já desde a estética, pois é bastante volumoso, eu comentava com um amigo: "olha o tamanho disso!" e este, segurando negligentemente a obra, com um ar de desprezo, flatulou: "É muita alienação, viu!".

rsrsrs.. Esta é uma boa parte dos "intelectuais" brasileiros: pessoas que qualificam uma obra sem sequer a terem lido. Chegará o dia em que assistiremos algum debate sobre autores dos quais nada se conhece a não ser a cor da capa dos livros que escreveram, o nome da obra e, o que é mais importante, se era filiado a algum movimento esquerdista ou não. Este último aspecto seria suficiente para rotular o escritor como bom ou como alienado. O tema destes eventos poderia ser algo assim: "a estética do rosa na capa da obra de fulano"; ou, um pouco mais profundo: "A foice e o martelo como figuras sugestivas para a ação revolucionária".. rsrs

Mas, enfim...
Ainda falando sobre ontem, via-se, de onde estávamos, um exemplar de um livro chamado "Como vencer um debate sem precisar ter razão" - coisa em que os marxistas devem ter muito interesse - , do filósofo Schopenhauer, cujo prefácio tinha sido escrito pelo Olavo de Carvalho. Arrisquei perguntar-lhes se eles conheciam o Olavo. Disseram que não. Limitei-me a fazer uma recomendação de leitura.. rs

Mas creio que não lerão. Não suportariam sequer um parágrafo. Quando o Olavo fizesse o primeiro gracejo, o pequeno chamaria pela mãe... rs

E estes, caríssimos, serão os futuros professores do amanhã! Que situação linda a nossa.. aff...

Sto Tomás de Aquino e Sta Teresa Benedita da Cruz intercedam por nós.

Fábio.

A terra é imagem e semelhança de Deus? kkk


Num curso promovido pela CNBB, com o sugestivo nome de "Terra e Teologia da Criação" (Esse povo só sabe um assunto.. rs), um tal de Pe. Ricardo soltou a pérola: "Se somos imagem e semelhança de Deus, então a terra também é, pois somos feitos dela". Considerando que este sacerdote era um dos formadores, imaginem a situação dos formados, rsrs..

A terra agora é imagem e semelhança de Deus. Dessa vez, eu que tenho de admitir: essa, de fato, é uma teologia nova.. huahuahua

Oh Deus!

Beatificação de uma irmã que diz ter visto Lutero no inferno - Para o uivo e ranger de dentes dos relativistas. rsrs


Interessantíssimo isto. Como se sabe, há mil formas de se usar o termo "ecumenismo". E aqueles que são "anti-igreja", muito embora disfarçados de católicos, arvoram-se em soldados da tolerância e vêem aí um prato cheio para a promoção dos seus disparates sincréticos. Há até quem agradeça a Lutero por nos presentear com a "graça da alteridade". rs...

No entanto, vim a saber, pelo Fratres In Unum, que agora em maio será beatificada uma freira, a Irmã Maria Serafina Micheli (1849-1911), que afirmou ter visto o herege Lutero no inferno. rsrs.. Isso - a beatificação dessa irmã -, com certeza é um golpe de morte nestes românticos relativistas.

Sugiro a leitura do artigo. Clique Aqui.

O imenso valor da Ave Maria, a saudação angélica


Almas predestinadas, escravas de Jesus em Maria, aprendei que a Ave-Maria é a mais bela de todas as orações, depois do Pai-Nosso. É a saudação mais perfeita que podeis fazer a Maria, pois é a saudação que o Altíssimo indicou a um arcanjo, para ganhar o coração da Virgem de Nazaré. E tão poderosas foram aquelas palavras, pelo encanto secreto que contêm, que Maria deu seu pleno consentimento para a Encarnação do Verbo, embora relutasse em sua profunda humildade. É por esta saudação que também vós ganhareis infalivelmente seu coração, contanto que a digais como deveis.

A Ave-Maria, rezada com devoção, atenção e modéstia, é, como dizem os santos, o inimigo do demônio, pondo-o logo em fuga, e o martelo que o esmaga; a santificação da alma, a alegria dos anjos, a melodia dos predestinados, o cântico do Novo Testamento, o prazer de Maria e a glória da Santíssima Trindade. A Ave-Maria é um orvalho celeste que torna a alma fecunda; é um beijo casto e amoroso que se dá em Maria, é uma rosa vermelha que se lhe apresenta, é uma pérola preciosa que se lhe oferece, é uma taça de ambrosia e de néctar divino que se lhe dá. Todas estas comparações são de santos ilustres.

Rogo-vos instantemente, pelo amor que vos consagro em Jesus e Maria, que não vos contenteis de recitar a coroinha da Santíssima Virgem, mas também o vosso terço, todos os dias, e abençoareis, na hora da morte, o dia e a hora em que me acreditastes; e, depois de ter semeado sob as bênçãos de Jesus e de Maria, colhereis bênçãos eternas no céu: "Qui seminat in benedictionibus, de benedicionibus et metet" (2 Cor 9,6).

S. Luís Maria Grignion de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem

Ainda sobre a Santa Missa no Novus Ordo - Um artigo interessantíssimo de Dom Rifan


Critérios e limites a serem observados:

“Falamos acima[1] sobre os verdadeiros e sadios motivos que levaram e levam grande número de católicos ao legítimo amor e preferência pela riqueza litúrgica do rito tradicional e, portanto, à sua conservação.” (Entenda-se, “Rito de São Pio V”, a também chamada “Missa em Latim”)

“Mas, há que se reconhecer e lamentar que, às vezes, em sua adesão e resistência, fizeram-se críticas ilegítimas à reforma litúrgica e se foi além dos limites permitidos pela doutrina católica.”

Cita-se, por exemplo, a afirmação falsa, segundo o autor, de que seis teólogos protestantes teriam participado na elaboração dos novos textos litúrgicos, comprometendo assim a pureza da doutrina católica. A Santa Sé respondeu oficialmente (25/02/76) que, como certos protestantes haviam expresso em 1965 o desejo de acompanhar os trabalhos da Comissão Pontifícia, [2] em agosto de 1966, seis teólogos protestantes foram admitidos como simples observadores,[3] mas que esses observadores não participaram na elaboração dos textos do novo Missal. O que - conclui Dom Rifan - finalizaria a questão.

Muitas vezes, na ânsia de defender coisas corretas e sob pressão dos ataques dos opositores, mesmo com reta intenção podem-se cometer erros e exageros que, após um período de maior reflexão, devem ser retificados e corrigidos. São Pio X comentava que no calor da batalha é difícil medir a precisão e o alcance dos golpes. Daí acontecerem faltas ou excessos, compreensíveis, mas incorretos. Erros podem ser compreendidos e explicados, mas não justificados. Santo Tomás de Aquino nos ensina: ‘Não se pode justificar uma ação má, embora feita com boa intenção. ’[4]

Por essa razão, em carta ao Papa de 15/8/2001, os sacerdotes da antiga União Sacerdotal São João Maria Vianney, agora constituída pelo Papa em Administração Apostólica, escreveram: ‘E se, por acaso, no calor da batalha em defesa da verdade católica, cometemos algum erro ou causamos algum desgosto a Vossa Santidade, embora a nossa intenção tenha sido sempre a de servir à Santa Igreja, humildemente suplicamos o seu paternal perdão. ’

É preciso sempre ajustar a prática com os princípios que defendemos. Se reconhecemos as autoridades da Igreja é preciso respeitá-las como tais, sem jamais, ao atacar os erros, desprestigiá-las. Se houve algum erro ou exagero no passado quanto a isso, não há nada de mais em corrigir o erro. Os princípios, a adesão às verdades da nossa Fé e a rejeição aos erros condenados pela Igreja continuam os mesmos. O que é preciso é evitar as generalizações, ampliações e atribuições indevidas e injustas. A justiça e a caridade, mesmo no combate, são imprescindíveis. Se houve alguma falha também nesse ponto, corrigir-se não é nenhum desdouro. 

(...) O objetivo da presente Orientação Pastoral não é arrefecer a luta contra o modernismo ou outras heresias que procuram se infiltrar na Santa Igreja de Deus, muito menos compactuar com quaisquer erros que sejam, mas sim fazer com que o nosso ataque seja eficaz, baseado na verdade, na justiça e na honestidade. Caso contrário, seria inócuo, prejudicial e até ofensivo a Deus, Nosso Senhor, e à sua Igreja. Só assim estaremos contribuindo realmente com a hierarquia da Igreja nesse combate contra o mal...” 

“Assim, jamais se pode usar a adesão à liturgia tradicional em espírito de contestação à autoridade da Igreja ou de rompimento de comunhão. Há que se conservar a adesão à tradição litúrgica sem pecar contra a sã doutrina do Magistério e sem jamais ofender a comunhão eclesial. Como escrevi na minha primeira mensagem pastoral de 5 de janeiro de 2003: ‘Conservamos a Tradição e a Liturgia tradicional, em união com a Hierarquia e o Magistério vivo da Igreja, e não em contraposição a eles.’”

 “... limites, impostos pela teologia católica às reservas e críticas, nos impedem, por exemplo, de dizer que o Novus Ordo Missae, a Missa promulgada pelo Santo Padre Paulo VI, seja heterodoxa ou não católica. A sua promulgação (forma, no sentido filosófico) é a garantia contra qualquer irregularidade doutrinal que pudesse ter havido na sua confecção (matéria), embora ela possa ser melhorada na sua expressão litúrgica. E é a sua promulgação oficial, e não o modo de sua confecção, que a torna um documento do Magistério da Igreja.” 

“... ato verdadeiramente do Magistério e que merece a assistência do Espírito Santo, é o texto em sua plena formulação objetiva, promulgado pelo Papa, não interessando a opinião particular que tenham podido sustentar Mons. Aníbal Bugnini ou os membros do Consilium. Casos semelhantes já ocorreram na história, quando o redator de uma encíclica papal emitiu opinião interpretativa da encíclica que discordava do texto formulado objetivamente e promulgado pelo papa, único evidentemente válido como ato do magistério, não importando a idéia do redator.”

“Quem considerasse a Nova Missa, em si mesma, como inválida, sacrílega, heterodoxa ou não católica, pecaminosa e, portanto, ilegítima, deveria tirar as lógicas conseqüências teológicas dessa posição e aplica-la ao Papa e a todo o Episcopado residente no mundo, isto é, a toda a Igreja docente: ou seja, sustentar que a Igreja oficialmente tenha promulgado, conserve a décadas e ofereça todos os dias a Deus um culto ilegítimo e pecaminoso – proposição reprovada pelo Magistério – e que, portanto, as portas do Inferno tenham prevalecido contra ela, o que seria uma heresia. Ou então estaria adotando o princípio sectário de que só ele e os que pensam como ele são a Igreja e que fora deles não há salvação, o que seria outra heresia. Essas posições não podem ser aceitas por um católico, nem na teoria nem na prática.

Fique, portanto, bem claro, por tudo quanto aqui estamos ensinando, que, embora tenhamos como rito próprio da nossa Administração Apostólica a Missa no rito romano tradicional, uma participação de algum fiel ou uma concelebração de algum dos nossos sacerdotes ou de seu Bispo, em uma Missa num rito promulgado oficialmente pela hierarquia da Igreja, por ela determinado como legítimo e por ela adotado, como é a Missa celebrada no Rito Romano atual, não pode ser considerada como sendo algo de mau nem passível da menor crítica. Nem isso significa a perda da nossa identidade litúrgica, mas sim uma ocasional e oportuna demonstração de comunhão com os Bispos, sacerdotes e fiéis, apesar da diferença de rito. 

Não se pode negar o fato objetivo de que hoje o rito de Paulo VI é o Rito oficial da Igreja latina, celebrado pelo papa e por todo o Episcopado Católico. Ninguém pode ser católico se mantendo numa atitude de recusa de comunhão com o papa e com o Episcopado Católico. De fato, a Igreja define como cismático aquele que recusa se submeter ao Romano Pontífice ou se manter em comunhão com os outros membros da Igreja a ele sujeitos (Cânom 751). Ora, se recusar contínua e explicitamente a participar de toda e qualquer Missa no rito celebrado pelo Papa e por todos os Bispos da Igreja, pela razão de julgar esse rito, em si mesmo, incompatível com a Fé ou pecaminoso, representa uma recusa formal de comunhão com o papa e com o Episcopado católico.”

Sobre a reforma litúrgica, disse o Papa João Paulo II: ‘... alguns acolheram os novos livros com certa indiferença...; outros, o que é muito de se lamentar, se apegaram de maneira unilateral e exclusiva às formas litúrgicas anteriores, consideradas por alguns destes como a única garantia de segurança na Fé. Outros, finalmente, promoveram inovações fantasiosas, afastando-se das normas dadas pela autoridade da Sé Apostólica ou pelos Bispos, perturbando assim a unidade da Igreja e a piedade dos fiéis, em contraste, às vezes, com os dados da Fé. ”[5]

“... isso não vem significar absolutamente que estejamos aprovando abusos e profanações que ocorrem até com certa freqüência em missas celebradas no novo rito. Estamos falando do rito em latim tal e qual foi promulgado pelo Santo Padre Paulo VI e aprovado pelos seus sucessores. E uma eventual participação em missas do novo rito não significa aprovação de quaisquer abusos lamentados pelo Papa, que ali possam ocorrer.”  

“O nosso propósito, sim, é combater aqui o equívoco doutrinário dos que consideram a nova Missa, como foi promulgada oficialmente pela hierarquia da Igreja, como sendo pecaminosa e, portanto, impossível de ser assistida sem se cometer pecado, atacando violentamente os que, em determinadas circunstâncias, dela participam, como se tivessem cometido uma ofensa a Deus.” 

“Há infelizmente alguns que pensam que o único motivo para se celebrar ou assistir à Missa no rito tradicional é o fato de a Nova Missa ser inválida ou heterodoxa e, portanto, ilícita. Ora, os muitos sérios e graves motivos que demos acima são suficientes para a nossa adesão à Missa tradicional como nos concedeu a santa sé, sem necessitar recorrer a esse argumento que, aliás, seria falso e injusto. E só a verdade e a justiça devem ser a nossa norma nesta luta. Somente a verdade nos fará livres. Caso contrário estaríamos açoitando o ar. 

Bem acertadamente escreveu um escritor católico da atualidade, Dr. Michael Davies, grande defensor da Missa tradicional e de grande renome nos meios tradicionalistas: ‘Alegações têm sido feitas dentro do movimento tradicionalista de que a Nova Missa não foi apropriadamente promulgada conforme as normas do Direito Canônico, de que ela não é a Missa oficial da Igreja católica, de que assistindo a ela não se cumpre o preceito dominical, de que ela é ruim, má, ou mesmo intrinsecamente má. Visto que o Papa Paulo VI era um verdadeiro papa, e que o Missal de 1970 constitui o que é conhecido como uma lei disciplinaria universal, tais alegações são completamente insustentáveis em vista da doutrina da indefectibilidade da Igreja. Nenhum papa verdadeiro poderia impor ou mesmo autorizar para o uso universal um rito litúrgico que fosse em si mesmo prejudicial aos fiéis...”

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Orientação Pastoral. O Magistério Vivo da Igreja. Dom Fernando Arêas Rifan. Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. Pg.: 28-37

[1] Como se pode conferir no fim desta apresentação estes parágrafos foram retirados duma Orientação Pastoral do Senhor Bispo Dom Fernando Arêas Rifam, onde o mesmo trata sobre o Magistério Vivo da Igreja, mas, também, sobre a relação da Administração Apostólica por ele administrada com a autoridade suprema da Igreja.
[2] Consilium – composto de 2 presidentes, 58 membros, 121 consultores e 73 conselheiros, todos católicos...
[3] Como também o Papa Beato Pio IX convidara, em 1868, todos os cristãos cismáticos e protestantes para assistirem o Concílio Vaticano I.
[4] Santo Tomás de Aquino, Decem praec. 6 (cf. CIC 1759)
[5] Carta Apostólica Vigesimus Quintus Annus, 4/ 12/ 1988, n.11
“Não se pode justificar uma ação má, embora feita com boa intenção.” (S. Tomás de Aquino)
“Estamos falando do rito em latim tal e qual foi promulgado pelo Santo Padre Paulo VI e aprovado pelos seus sucessores.”
Conservamos a Tradição e a Liturgia tradicional, em união com a Hierarquia e o Magistério vivo...”

Fonte e grifos: Sociedade Apostolado 

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Penso que este artigo pode contribuir para esta discussão. Ele traz elementos novos, põe em questão a afirmação de que a reforma litúrgica foi elaborada por seis protestantes e lança luz sobre as implicâncias teológicas da recusa do Magistério atual.

A missa sacrílega


I - Filho, em volta dos altares treme e choram os meus anjos, vendo tantas Missas atropeladas e sacrílegas; treme também tu e chora com eles.

Olha como Me tratam! Aqueles Sacerdotes que deviam ser os vigários dos Apóstolos e filhos de São Pedro, tornaram-se representantes de Judas e precursores do Anticristo; de modo que ainda hoje posso com razão dizer: Eis que a mão do traidor está comigo à Minha mesa.

Quando beijam o Meu altar, de novo lhes posso repetir: Judas, tens coração de vender-Me e entregar-Me com um ósculo?!

Não por trinta dinheiros, mas por um vil afeto, por uma pressa indigna, por um respeito humano, por um interesse de poucos reis, é hoje vendido e entregado o dom inestimável, o inefável preço da redenção do mundo, que é infinitamente superior a toda a estima! Oh ingratidão! Oh traição! Oh horrenda perfídia!

II - Em vez de dobrarem o joelho, para Me adorarem com respeito e amor, dobram-no para Me escarnecer, como os Judeus, que, ajoelhando-se, Me esbofeteavam; e, como eles, Me cospem tantas vezes no rosto, quantas são as sacrossantas palavras que indignamente proferem.

Ninguém ousaria tocar os vasos sagrados, e muito menos o divino Sacramento com mãos sujas de lodo; e hei de ver o Meu corpo e sangue tão indignamente tratado por mãos as mais imundas e hediondas, e até lançado debaixo dos pés, e calcado como se fora vilíssimo lodo e pó da terra?

Ah! temerários Sacerdotes! sois piores que os que Me crucificaram, porque eles o fizeram uma só vez, e não Me conheciam; vós porém, conhecendo-Me de sobejo, o fazeis repetidas vezes; sois ainda piores que os demônios, que crêem e tremem de Mim, e vós ou não credes, ou certamente Me não temeis!

III- Ó Meu amor traído! deverão ser matéria para ofender-Me não só os Meus dons, mas até Eu mesmo, pelas injúrias feitas em Minha pessoa?! Deverei ver a redenção convertida em perdição, o sacrifício, o mais augusto mistério no mais horrendo parricídio, o antídoto trocado em veneno, a vida em morte; e quererão beber no cálice da mais tremenda ira?!

Ao menos tu, amado filho, suspende Meus castigos por meio de Missas celebradas com o maior fervor e devoção; e, enquanto aqueles infelizes tragam sua própria condenação, e não tremem e chamar sobre si todas as maldições do céu, antes cada vez mais obstinados se endurecem na maldade, tu compensa, quanto puderes, tão horrendo atentado com viva fé, com respeitoso temor, com amargosíssimo pranto, e com o mais ardente amor. Mas, se tu, tu mesmo fores réu de semelhantes crimes...?!

Leia o artigo inteiro em A Grande Guerra

Sobre a Missa no rito de Paulo VI - é conveniente deixar de ir?


Tenho lido frequentemente, em sites e blogs, uma verdadeira recomendação para que os fiéis não apenas aceitem e promovam a Santa Missa Tradicional, mas até mesmo deixem de frequentar a Santa Missa no rito de Paulo VI, a que se convencionou chamar de "missa nova".

Razões teológicas são levantadas, citações são evocadas e argumentos são tecidos. No entanto, eu vejo aí um problema. Primeiro, que a argumentação nunca aborda todos os pontos, e a conclusão, embora objetiva, pode resultar apressada.

Depois, o assunto da Sagrada Liturgia - e outros relacionados - é tema por demais alto. Justamente por isto é muito fácil, ainda que com boas intenções, cair em algum tipo de precipitação e dizer facilmente o que deve ou não ser feito. Neste caso, afirmar que não se deve assistir o Santo Sacrifício da Missa no rito de Paulo VI é muito sério. Há quem o diga tranquilamente, como se discorresse de assunto qualquer. Alguns afirmarão que esta tranquilidade se deve à certeza da Fé. Bem... Não vejo que as coisas sejam assim tão simples. Não estou defendendo aqui o relativismo do bem; de modo algum. Mas estes temas são tão graves, que uma palavra última sobre isto deve ser dada tremendo e, ainda assim, por um grupo muito seleto. Se todos pudéssemos, por nós mesmos, decidir o que devemos ou não fazer, não seria preciso o Magistério da Igreja. E aqui, chamo a atenção para a possibilidade de um "livre exame" extra bíblico.

A grande maioria dos católicos não dispõe da possibilidade de assistir a Santa Missa no rito tradicional. E dizer para este povo que não vá mais à igreja é, isto sim, ameaçar-lhes gravemente a salvação da alma. Depois, supor que este povo, afastado dos sacramentos, pode levar a cabo uma vida de santidade é grande ingenuidade; é como cair num naturalismo estranho.

Dentre os argumentos adotados para condenar a missa no rito novo estão os excessos absurdos que, sinceramente, não fazem parte do rito. Já dizia um adágio bastante conhecido que "o abuso não tolhe o uso". Aliás, é justamente pela necessidade de purificação do rito novo daquilo que ele não é, que Sua Santidade Bento XVI tem empreendido a conhecida "Reforma da reforma".

Então a questão se coloca: deveriam comunidades inteiras simplesmente parar de frequentar os Sacramentos porque não dispõem do rito tradicional? E, se não, esta recomendação estaria voltada somente aos "entendidos" em questões teológicas e litúrgicas, isto é, a uma suposta elite católica? Complicado isso.

Eu, particularmente, concordo que o rito tridentino expressa, de forma muito mais adequada e completa, a beleza e a grandeza do catolicismo e dá muito menos espaços aos abusos. Concordo que o rito novo é até diminuto se comparado àquele. Agora, dizer que não se deve mais frequentá-lo a quem não tem outra opção, considero excessivo. Claro, o que ponho aqui é somente uma opinião. Mas quero introduzir esta problemática; muitos tratam este assunto como se fosse coisa fácil, e não é.

Entendo os motivos teológicos discorridos nestes textos a que me referi, e não pretendo aqui me opor a eles. No entanto, não vejo como seria uma solução o afastamento voluntário e sistemático dos sacramentos por falta de quem os dispense no rito tradicional.

Por fim, creio que há ainda muito por alcançar na compreensão de todos os aspectos desta problemática. Se houvesse uma possibilidade de escolha, então eu estaria totalmente de acordo a que acedêssemos somente ao rito antigo. Mas, quando este falta, repito, não vejo como o privar-se dos sacramentos possa ajudar em algo.

Ademais, os sacramentos permanecem válidos e, portanto, podem dar às almas aquilo que, por seus esforços naturais, jamais obteriam. Penso também que, pelo fato de a Presença de Nosso Senhor ser real  mesmo no rito de Paulo VI, onde tantas vezes O destratam, a nossa presença, de modo consciente e devoto, pode servir para consolá-Lo, assim como a Virgem e o Apóstolo João, aos pés da cruz, fitando-O amorosamente em meio às zombarias dos soldados e fariseus. Será que Jesus se faz presente, de fato, sobre um altar católico para que os fiéis dele não se aproximem? Não seria isto mais um aspecto do eterno Sacrifício do Senhor?

Não seria possível, ainda, um bom trabalho catequético, ainda que no rito novo?

São apenas questões... Este meu texto pode ser intepretado de modos diversos.. rs...  Torço para que não me compreendam mal. Mas, estarei pronto para esclarecimentos e, se necessário, até a mudança de parecer. Como eu disse acima, é um assunto muito alto. Por ora, penso que é mais razoável obedecer ao Santo Padre.

Leiam e assinem, por favor

Milagre Eucarístico na França - A Hóstia levita

Video original


Abaixo, destaque do milagre


Vi no blog da Goretti

Liberdade na Verdade

Marx aplicando seu conceito de liberdade
Joseph Ratzinger

Que é a liberdade? O que queremos realmente dizer quando enaltecemos a liberdade e a pomos no degrau mais alto de nossa escala de valores? Creio que o conteúdo geralmente associado ao desejo de liberdade se encontra bem formulado nas palavras com as quais Karl Marx expressou seu sonho de liberdade. A futura sociedade comunista tornará possível fazer "hoje isso, amanhã aquilo, caçar de manhã, pescar após o almoço, cuidar do gado à tardinha, tecer críticas após o jantar, conforme me der vontade".

Exatamente nesse sentido é que a mentalidade comum entende, sem refletir, a liberdade - como o direito e a possibilidade de fazer tudo o que quisermos e não ter de fazer nada que não quisermos. Dito de outra forma: liberdade significaria ter a vontade própria como a única norma de nossas ações. Que nossa vontade pudesse desejar tudo e ter a possibilidade de realizar tudo o que quisesse. Nesse ponto certamente se levantam novas questões: até que ponto nossa vontade é realmente livre? Até que ponto é razoável? E será uma vontade não razoável uma vontade realmente livre? É ralmente liberdade uma liberdade irracional? É realmente um bem? A definição de liberdade, entendida como o poder-querer e o poder-fazer o que se quer não deverá ser completada pela sua referência à razão, à totalidade do homem, para que não se converta em tirania do irracional? Não pertence à mútua implicação entre razão e vontade procurar a razão comum a todos os homens, e desse modo a compatibilidade mútua das liberdades? É evidente que na questão da racionalidade e de sua vinculação com a razão está latente também a questão da verdade.

Joseph Ratzinger, Fé, Verdade e Tolerância, 2ª Parte, Cap. 3, Liberdade e Verdade.

A Guarda dos Olhos


Sto Afonso de Ligório

Quase todas as paixões que se revoltam contra nosso espírito têm sua origem na liberdade desenfreada dos olhos, pois os olhares livres são os que despertam em nós, de ordinário, as inclinações desregradas. "Fiz um contrato com meus olhos de não cogitar sequer em uma virgem", diz Jó (Job 31, 1). Mas, por que diz ele de não pensar sequer em uma virgem? Não parece que deveria dizer: Fiz um contrato com meus olhos de não olhar sequer? Não, ele tem toda a razão de falar assim, porque o pensamento está intimamente ligado ao olhar, não se podendo separar um do outro, e, para não ter maus pensamentos, propôs-se esse santo homem nunca olhar para uma virgem.

Santo Agostinho diz: "Do olhar nasce o pensamento, e do pensamento a concupiscência". Se Eva não tivesse olhado para o fruto proibido, não teria pecado; ela, porém, achou gosto em contemplá-lo, parecendo-lhe bom e belo; apanhou-o então, e fez-se culpada da desobediência.

Aqui vemos como o demônio nos tenta primeiramente a olhar, depois a desejar e, finalmente, a consentir. Por isso nos assegura São Jerônimo que o demônio só necessita de nosso começo: dá-se por satisfeito se lhe abrimos a metade da porta, pois ele saberá conquistar a outra metade. Um olhar voluntário, lançado a uma pessoa do outro sexo, acende uma faísca infernal que precipita a alma na perdição. "As primeiras setas que ferem as almas castas, diz São Bernardo (De mod. ben. viv., serm. 23), e não raro as matam, entram pelos olhos". Por causa dos olhos caiu Davi, esse homem segundo o coração de Deus. Por causa dos olhos caiu Salomão, esse instrumento do Espírito Santo. Por causa dos olhos, quantas almas não se perderam eternamente?

Vigie, pois, cada um sobre seus olhos, se não quiser chorar uma vez com Jeremias: "Meus olhos me roubaram a vida" (Jer 3, 51); as afeições criminosas que penetraram em meu coração por causa dos meus olhares, lhe deram a morte. São Gregório diz (Mor. 1, 21, c. 2): "Se não reprimires os olhos, tornar-se-ão ganchos do inferno, que a força nos arrastarão e nos obrigarão, por assim dizer, a pecar contra a nossa vontade". "Quem contempla objeto perigoso, acrescenta o Santo, começa a querer o que antes não queria". É também o que diz a Sagrada Escritura (Jdt 16, 11), quando diz que a bela Judite escravizou a alma de Holofernes, apenas este a contemplou.

Sêneca diz que a cegueira é mui útil para a conservação da inocência. Seguindo esta máxima, um filósofo pagão arrancou-se os olhos para quardar a castidade, como nos refere Tertuliano. Isso, porém, não é lícito a nós, cristãos; se queremos conservar a castidade, devemos, contudo, fazer-nos cegos por virtude, abstendo-nos de olhar o que possa despertar em nós os maus pensamentos. "Não contemples a beleza alheia; disso origina-se a concupiscência, que queima como o fogo" (Ecli 9, 8). À vista seguem-se as imaginações pecaminosas, que acendem o fogo impuro.

São Francisco de Sales dizia: "Quem não quiser que o inimigo penetre na fortaleza, deve conservar as portas fechadas". Por essa razão foram os Santos tão cautelosos em seus olhares. Por temor de enxergarem inesperadamente qualquer objeto perigoso, conservavam os olhos quase sempre baixos, e se abstinham de olhar coisas inteiramente inocentes. São Bernardo, depois de um ano inteiro no noviciado, não sabia ainda se o teto de sua cela era plano ou abobadado. Na igreja do convento havia três janelas e ele não o sabia, porque conservara os olhos baixos. Evitavam os Santos, com cautela maior ainda, pôr os olhos em pessoa de outro sexo. São Hugo, bispo, nunca olhava para o rosto das mulheres com quem tinha de conversar. Santa Clara nunca olhava para a face de um homem.

(...) São Gregório diz: "Não é lícito contemplar ou extasiar-se com a vista daquilo que não é lícito desejar, pois, ainda que expulsemos os maus pensamentos que costumam seguir o olhar voluntário, deixam sempre uma mancha na alma". Tendo-se perguntado ao irmão Rogério, franciscano, dotado de uma pureza angélica, por que se mostrava tão reservado em seus olhares, quando trata va com mulheres, respondeu: "Se o homem foge à ocasião, Deus o protege; se se expõe a ela, Nosso Senhor o abandona e facilmente cairá no pecado".

(...) "Olhos baixos elevam o coração para o Céu", dizia São Bernardo. São Gregório Nazianzeno (Ep. ad Diocl.) escreve: "Onde habita Cristo com Seu amor, reina aí a modéstia".

(...) Nosso ideal mais perfeito de modéstia foi, porém, o nosso Divino Salvador mesmo, pois, como nota um célebre autor, os Evangelistas dizem, várias vezes, que o Redentor levantou os olhos em certas ocasiões, dando a entender, com isso, que tinha ordinariamente os olhos baixos. Por isso exalta o Apóstolo a modéstia de seu Divino Mestre, escrevendo a seus discípulos: "Rogo-vos pela mansidão e modéstia de Cristo" (II Cor 10, 1).

Santo Agonso de Ligório, Tratado da Castidade

Mudança no dia do grupo


Comunicamos aos amigos próximos que o Grupo de Resgate Anjos de Adoração - GRAA, que já vinha há seis anos reunindo-se sempre nos dias de quarta-feira, passará a acontecer, a partir desta próxima semana, aos sábados, no mesmo horário, às 19:30, na Igreja Matriz de Santa Maria Madalena em União dos Palmares-AL.

Grupo de Resgate Anjos de Adoração - GRAA

O Santo e Inefável Sacrifício da Missa


Lidvino Santini S.J.

[na Santa Missa] temos um Deus que se imola, um Deus que é imolado. Que cúmulo de mistérios!

Entretanto, importa relembrar que o sacrifício da Missa é de valor infinito, para que ninguém se escuse de não ter encontrado o suficiente para si. É um mar inexaurível de graças e benefícios. Só quem bebe deste mar agrada a Deus; só quem assiste à santa Missa presta a Deus o sacrifício por ele aceito. Afora o sacrifício da Missa, nenhum outro pode ser agradável a Deus e proveitoso ao homem e tão proveitoso, que os santos do céu participam da sua glória, as almas do purgatório e os vivos da terra gozam superabundantemente dos seus benefícios. É que o sacrifício da Missa constitui o único holocausto verdadeiramente digno do Senhor, em que se sacrifica o Cristo sempre vivo para interceder em nosso favor. Aqui, como sobre a cruz, o Cristo se constituiu o vínculo vivo que nos une a Deus.

No santo sacrifício da Missa, temos o ato em volta do qual gravita e dele se irradia o próprio sacrifício da Redenção. Sim, na santa Missa, aquele mesmo sacrifício, oferecido um dia sobre o Calvário, assume a condição como de coisa que ocupa a circunferência, como de um satélite gravitando em volta do sol, como de uma fonte viva que deságua no oceano. A Santa Missa é o centro, é o sol e é o oceano onde se concentra o próprio sacrifício do Calvário, ou melhor, a santa Missa torna continuamente presente o sacrifício do Calvário que é eterno, e ao mesmo tempo perpetuado no tempo, no céu perante Deus e na terra entre os homens; é o mistério da consumação de todos os desígnios de Deus, realizado um dia e renovado por todos os séculos até ao fim do mundo.

É tendo presente o exposto que o sacerdote deve oferecer o tremendo ato religioso. Oxalá se aproximasse sempre para o futuro da ara sagrada do Senhor com estas disposições de alma que o dominam ao presente! Quem dera, pudesse comunicar e, comunicadas, conservar estas mesmas santas e invejáveis disposições nas almas de todos os assistentes ao santo e inefável sacrifício da Missa! Quisera, sim, que todos os cristãos se persuadissem de vez por todas ser o santo sacrifício da Missa o ato de religião mais necessário!

Lidvino Santini, A Santa Missa na História e na Mística.

Pedido de orações


Caríssimos,
Dias atrás eu tinha dito de uma amiga, a Najara, que passaria por uma operação e pedia também orações pra que tudo desse certo. Pois bem. A operação não aconteceu naquele dia; foi adiada para hoj (12/02/2010)

Então, aproveito e reforço o pedido por orações. Rezem mesmo. Aliás, não deixem de rezar uma ave-maria já agora. Agradeço imensamente.

Deus vos abençoe e guarde.

Salve Maria!

Scott Hahn sobre as Escrituras e a Liturgia





Clipe da cantora Angelina cantando a oração comumente atribuída a S. Francisco de Assis - Em Inglês

O Mistério da Eucaristia - Parte III


Conveniências e harmonias do Mistério da Eucaristia

Ao estudarmos a Incarnação e suas conveniências, dissemos que a glória e o amor de Deus a tinham tornado desejável, e as aspirações e necessidades do homem a faziam necessária; outro tanto podemos afirmar da Eucaristia que é uma Incarnação permanente e prolongada. Com efeito, a razão nos patenteia as conveniências supremas desta instituição, tanto por parte de Deus, como por parte do homem.

1º Do lado do Deus - Começou por criar tudo para o homem, com o fim de prendê-lo a si próprio pelo espetáculo das suas obras; conversou familiarmente com ele nos dias de inocência; em seguida, depois do pecado, aproximou-se dele, participando de algum modo ao governo da nação judaica que para si escolhera, dando-lhe sua lei, habitando no meio dela sob os véus do tabernáculo e do templo. Contudo, isso não era suficiente para seu amor, e veio um dia em que Deus, revestido de nossa carne mortal, quis, durante trinta e três anos viver no meio dos homens, e morrer por eles para os conquistar e salvar: foi a Incarnação.

Mas essa união com a humanidade ainda era incompleta; tinha três limites: 1º o do tempo: que coisa era, com efeito, uma vida de trinta e três anos no meio da humanidade que esperou a Incarnação durante quarenta séculos, e depois da morte de Jesus, devia prolongar-se ainda por muitos séculos? 2º o do espaço, porque Jesus Cristo só viveu num país estreito e apertado, e o mundo inteiro não gozou de sua presença; 3º afinal, a vista e a presença de Jesus Cristo ainda não tinham conseguido criar a união perfeita, íntima, a que prende os corações e as almas entre si... Ora, o amor de Deus ansiava por vencer essas três imperfeições e isso conseguiu pela Eucaristia.

Graças a esta invenção do amor e do poder divino, Jesus Cristo 1º viverá sempre, em todos os tempos, e perpetuará para todos o benefício da sua presença e da sua Redenção, por sua permanência no tabernáculo, por seu sacrifício constantemente renovado sobre o altar; 2º viverá em toda a parte, e fará beneficiar todos os países, todos os povos e todas as almas, da sua Incarnação, prolongada até o fim do mundo; 3º afinal unir-se-á de modo íntimo a cada um de nós, coração a coração, no ato incomparável em que nos dá sua carne como comida, seu sangue como bebida, e nos comunica a sua presença, a sua graça, vida e divindade, conforme a sua própria palavra: "Aquele que comer a minha carne, permanece em mim,e eu nele", e segundo a expressão de São Paulo: "Não sou mais eu que vivo, mas é Jesus Cristo que vive em mim!" É o último limite a que o próprio Deus podia chegar.

Do lado do homem - Por um excesso de miséria e de fraqueza, o homem sente a necessidade de encontrar a Deus e firmar-se nele. Para nos convencer disso, não precisamos de outras provas que o antigo erro do paganismo e o moderno erro do panteísmo, tão semelhante ao primeiro. Porque é que o homem encheu o mundo de ídolos feitos por suas mãos? É porque em toda a parte, a todo o momento, chamava Deus em seu socorro, reclamava sua presença, e não podia viver sem ele... Esta sede de Deus foi satisfeita pela Incarnaçao, e a idolatria desapareceu; contudo, esta vitória alcançada sobre o paganismo não se mantém senão pela Incarnação prolongada, isto é, pela Eucaristia.

Por isso, quando o homem se exime dessa crença e se separa de Jesus Cristo incarnado e presente na Eucaristia, anda em busca de Deus, e caminha diretamente para um novo erro: o panteísmo, isto é, uma forma de paganismo, estranha confusão de Deus e do mundo, onde tudo é Deus, e onde nenhuma coisa é Deus.  No fundo desse erro há uma verdade sublime: é a necessidade de Deus, a sede insaciável de achá-lo e de se unir a ele. Pois bem! Só a Eucaristia pode satisfazer a esse desejo e a essa sede. O homem, graças a este mistério, encontra Deus na oração, ao pé do tabernáculo; no altar, no sacrifício eucarístico; na mesa sagrada, na comunhão em que Deus se incorpora à sua criatura, transforma-a, ilumina-a, contenta-a, e sacia-lhe todos os desejos, realiza-lhe todas as esperanças.

Monsenhor Cauly, Curso de Instrução Religiosa, Cap. VIII

Tradicionalistas raivosos


Lendo algumas coisas nesta vasta internet, tenho a impressão que muitos ditos tradicionalistas se decepcionariam se, ao se depararem com Jesus, Ele não trouxesse um olhar semelhante a este.

Sinceramente? Creio que a cordialidade e os bons modos também façam parte desta Tradição Católica. Nunca vi um palavrão numa encíclica, nem estes tipos extremamente ácidos de sarcarmos, nem estas torções de passagens evangélicas na tentativa de legitimar o ódio puro e simples, não a idéias ou teorias, mas a pessoas de modo explícito.

A religião é qualquer coisa além de demonstrações de agressividade e repetição de exterioridades. Essa boçalidade extrema pode ser qualquer coisa, menos catolicismo.

O caráter firme e enérgico é, por vezes, uma necessidade, mas nada fora do bom senso. A violência nunca deve ser uma decisão a priori. No entanto, há quem se divirta e vanglorie com a demonstração da própria falta de noção. Como dizemos aqui no Nordeste, "vôte!"

O Mistério da Eucaristia - Parte II


Fundamentos do dogma da Eucaristia

A crença no mistério da Eucaristia assenta nos textos claros do Evangelho e na tradição - Achamos este ensino: 1º nas palavras da promessa da Eucaristia; 2º nas palavras da instituição; 3º no comentário que delas dá a tradição católica.

1º Palavras da Promessa

Jesus Cristo acabava de efetuar o milagre da multiplicação dos pães no deserto. Aproveita-se da circunstância para dizer à multidão. Aproveita-se da circunstância para dizer à multidão: "Sou o pão de vida, descido do céu; quem comer deste pão, viverá eternamente. O pão que hei de dar é a minha carne." A estas palavras os Judeus protestam; mas Jesus continua: "Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e se não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. - A minha carne é verdadeiramente uma bebida. Aquele que comer a minha carne permanece em mim e eu nele, e terá a vida eterna." (S. João, Cap. VI.)

Vê-se por essas palavras que Jesus Cristo promete formalmente dar a sua carne a comer e o seu sangue a beber, verdadeira e realmente, e não em figura, nem tão pouco de modo espiritual. Nisso os Judeus não se enganam, e em lugar de os dissuadir dessa interpretação de uma manducação real, o Salvador nela insiste e a confirma com mais solenidade. E quando alguns, achando essa linguagem muito dura e por demais incrível, se escandalizam e abandonam a Jesus Cristo, este, longe de pôr fim ao escândalo por uma explicação fácil se não se tratasse que de uma manducação pela fé, deixa-os partir, e confirma perante os apóstolos o ensino que acaba de dar. Prometeu pois dar a comer sua verdadeira carne, de modo real e substancial.

2º Palavras da instituição

No ano seguinte, que era aquele em que devia morrer, Jesus Cristo, com seus apóstolos, na quinta-feira santa, celebrou a Páscoa mosaica. No fim da refeição, tomou o pão, o benzeu, partiu e distribuiu entre os discípulos dizendo: "Tomai e comei, este é o meu corpo, que será entregue por vós." Em seguida, tomando o cálice onde estava o vinho, o benzeu igualmente e a eles o deu dizendo: "Bebei todos disto, porque é o meu sangue, o sangue da nova aliança que será derramado por vós e por muitos em remissão dos pecados. Fazei isto em memória de mim." Estas palavras: "Este é o meu corpo, este é o meu sangue", entendidas no seu sentido natural, significam que, por sua virtude, o que era pão tornou-se o verdadeiro corpo de Jesus Cristo; e o que era vinho, veio a ser o sangue do Salvador. - Ora, tudo concorda para nos convencer que devem ser tomadas no seu sentido natural: o confronto com as palavras da promessa, o momento solene em que Jesus as pronunciou, - era véspera da sua morte, - a mesma natureza do ato cumprido pelo Salvador, porque se tratava de criar um dogma e estabelecer um sacramento pela duração dos séculos. Não eram horas, não era dia para se recorrer a equívocos, e por uma metáfora tão inconcebível quão desusada, induzir em erro toda a Igreja, dando como uma realidade o que não teria passado de uma simples figura de seu corpo e de seu sangue.

3º Tradição católica

É ao pé da letra que os apóstolos entenderam e interpretaram as palavras do Salvador: sirva de prova este ensino de são Paulo aos fiéis de Corintho: "Quem comer desse pão e beber o cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue de Jesus Cristo, não fazendo o discernimento do corpo do Senhor". (I Cor, cap. XI) Assim não teria falado são Paulo, se apenas houvesse na Eucaristia uma imagem figurativa de Jesus Cristo. Aliás, toda a tradição católica, o ensino dos doutores, a prática geral e universal da Igreja, - sem falar dos numerosos milagres efetuados por Deus a favor deste dogma - provam-nos que as palavras de Jesus Cristo, as da promessa e da instituição, foram sempre interpretadas no sentido de uma presença real e verdadeira. - É preciso chegar até a época de Berenger (998-1088), e particularmente até o protestantismo do século XVI, para achar as primeiras negações do dogma católico, e é o caso de repetir com Tertuliano, que aquilo que foi sempre acreditado em toda a parte e por todos, deve ser conservado: Quod semper, quod ubique, quod ab omnibus... servandum est.

Monsenhor Cauly, Curso de Instrução Religiosa, Cap. VIII

Missões Populares em Munguba

Há cerca de duas semanas atrás, o Breno - um dos Graas -, o Wilson - Ex Graa e um dos fundadores do grupo - e o Aluísio - seminarista da Ordem dos Clérigos Regulares de Somasca - foram em missão para o Povoado de Munguba, nas proximidades de Santana do Mundaú.

Abaixo, vão algumas fotos. Foi belíssimo... Clique para visualizar maior.

À extrema esquerda o WIlson, e à extrema direita o Breno

Breno tocando o sino

Breno na residência do casal mais antigo do povoado (os dois ao fundo)


Capelinha de Munguba

Breno, o Acólito... rs


Procurando sinal pra o celular
Colocando as cruzes para a Via Sacra às 04 da matina


Via sacra de manhãzinha





Preparativos para a procissão

Chegada de povoados vizinhos
 
 



Seminarista Aluísio no meio, de batina. Ele esteve na maior parte do tempo fazendo missão sozinho em outro povoado. Deus o abençoe, Aluísio.

Foi uma experiência comovente. O Breno dizia-me que chorou muito na hora de vir. Numa das últimas reuniões, ao começar a cantar, algumas crianças abaixavam a cabeça e começavam a chorar, já com saudades. Uma delas até lhe perguntou: "mas vocês não vão ficar pra sempre?"

A comunidade nunca tinha participado de uma Via Sacra e somente tem Santa Missa uma vez por mês. Ainda assim, nunca ia tanta gente. Parece que esta experiência foi maior até do que a festa da padroeira. O que se observava, sobretudo, era a intensa sede que este povo tinha de Deus. Não pude colocar todas as fotos aqui, mas em muitas delas se nota a grande disposição das pessoas em ajudar.

Eis, caríssimos, a intensa necessidade do povo de Deus. É quando se faz uma experiência assim que se sente a pungente carência de "trabalhadores para a obra".
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