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Viva ao Papa!!!!

"Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16,18)
"Apascenta as minhas ovelhas" (Cf Jo 21,15-17)

A camisinha dos religiosos...



Sydney Silveira

"Use camisinha em toda relação sexual: seja ela vaginal, anal ou oral", diz um documento da Pastoral da Aids (presente em 118 dioceses do Brasil!!!), de acordo com a ampla reportagem publicada hoje no jornal O Globo, sob o título Pastorais desafiam Igreja e defendem camisinha.

Em meio a inúmeras atribuições de trabalho neste momento, e, portanto, sem tempo para tratar amiúde sobre este, para muitos, espinhoso tema, digo que não há como não levantar as mãos para o céu, clamando: Veni, Domine Iesus. A sensação é de derrota acachapante e irreversível, se abordamos a crise da Igreja (gritante, em nosso país!) do ponto de vista meramente humano. Padres e freiras sem autoridade magisterial, e, o que é pior, sem a mais elementar formação teológica, dogmática, filosófica e, por extensão, moral falam, publicamente, sobre temas acerca dos quais, noutros tempos, não abririam a boca: primeiramente, porque a hierarquia eclesiástica agiria com mão férra, mandando-os calar-se de imediato, e, em caso de recusa, informando que, por seu ato, eles se enquadraram na pena de excomunhão latae sententiae, da qual só se salvariam pela renúncia pública aos erros propagados, acompanhada de um pedido formal de desculpas; depois, porque os "ingnorantes" no passado não davam pitaco e nem tinham voz, mormente em questões dogmáticas relativas aos costumes e à fé. Esses padres e freiras sem batina e sem hábito da reportagem d'O Globo - a qual pode ser parcialmente lida aqui - emporcalham a história da Igreja e o seu Magistério, além de jogar no esgoto o sangue de mártires que deram a vida para defender heroicamente a própria castidade, como Santa Maria Goretti e Santa Inês.

Fonte: http://www.istoecatolico.com.br/index.php/Tomismo/Prof.-Sydney-Silveira/A-camisinha-dos-religiosos.html

26 de Junho - Dia de S. Josemaria Escrivá de Balaguer



"Nossa Mãe (A Igreja) é santa, porque nasceu pura e continuará sem mácula pela eternidade. Se em certas ocasiões não sabemos descobrir seu rosto formoso, limpemos nós os nossos olhos; se notamos que sua voz não nos agrada, tiremos de nossos ouvidos a dureza que nos impede de ouvir, em seu tom, os assobios do Pastor amoroso. Nossa Mãe é santa, com a santidade de Cristo, a que está unida no corpo - que somos todos nós - e no espírito, que é o Espírito Santo, assentado também no coração de cada um de nós, se nos conservamos na graça de Deus"

S. José Maria Escrivá, Amar a Igreja.

O que será que é isso?


Recentemente, surgem cada vez mais notícias a respeito de políticas anti-católicas de certos eclesiásticos e de pastorais que deveriam seguir as determinações da Santa Igreja. Eu, particularmente, fico pasmo com certos acontecimentos.

Recentemente, fiquei sabendo que faz parte da linha de ação da chamada "Pastoral da Aids" distribuir camisinhas; esta atitude, além de vir de uma pastoral que se diz católica (embora contrarie frontalmente o ensino da Igreja) e contar em sua direção com a presença de padres e freiras, parece ainda ser defendida ou, no mínimo, não-condenada por certos bispos no Brasil.

E isto porque é sabido que a Igreja é infalível em assuntos concernentes à moral. Como a CNBB pode permitir coisas desta natureza? A resposta a esta pergunta é, no entanto, muito dolorida.

Agora, porém, o bispo emérito da Diocese de Itabira-Coronel Fabriciano, Dom Lelis Lara, de dentro de uma loja maçônica, defendeu uma possível união entre católicos e maçônicos, sugeriu uma suposta mudança na posição da Igreja após o Concílio Vaticano II e afirmou a cristandade de, ao menos, parte da maçonaria. Claro que isto tem grande repercussão. Dessa forma, não se concebe que os demais bispos do Brasil nada saibam. E, se sabem, por que não fazem nada? Seria, ao invés, consenso entre eles?

Abaixo, disponibilizo a Declaração Sobre a Maçonaria emitida pelo então prefeito da Congregação Para a Doutrina da Fé, Joseph Ratzinger, nosso atual Papa.


CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ



DECLARAÇÃO SOBRE A MAÇONARIA



Foi perguntado se mudou o parecer da Igreja a respeito da maçonaria pelo facto que no novo Código de Direito Canónico ela não vem expressamente mencionada como no Código anterior.



Esta Sagrada CongregaçAo quer responder que tal circunstância é devida a um critério redaccional seguido também quanto às outras associações igualmente não mencionadas, uma vez que estão compreendidas em categorias mais amplas.



Permanece portanto imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçónicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem às associações maçónicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão.



Não compete às autoridades eclesiásticas locais pronunciarem-se sobre a natureza das associações maçónicas com um juízo que implique derrogação de quanto foi acima estabelecido, e isto segundo a mente da Declaração desta Sagrada Congregação, de 17 de Fevereiro de 1981 (cf. AAS 73, 1981, p. 240-241).



O Sumo Pontífice João Paulo II, durante a Audiência concedida ao subscrito Cardeal Prefeito, aprovou a presente Declaração, decidida na reunião ordinária desta Sagrada Congregação, e ordenou a sua publicação.



Roma, da Sede da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, 26 de Novembro de 1983.



Joseph Card. RATZINGER
Prefeito



Fr. Jérôme Hamer, O.P.
Secretário


Diante de tudo isto, parece assumir novo significado a declaração do Papa Paulo VI, segundo o qual a fumaça de satanás teria entrado na Igreja...

Miserere Nobis.

Fábio Luciano

Fonte da declaração:

Ver também:


Fotos da Ordenação episcopal de Dom Henrique Soares



A IDADE MÉDIA

Carlos de Laet

A Idade Média! “Época de trevas, caos em que se imergiram as luzes da antiga civilização, pulverizada pelo formidável embate dos Bárbaros...” Com estas e outras declamações parece-nos estar ouvindo algum pedante que só tenha aprendido da história o que rezam os manuais franceses, e que da tomada da Bastilha faça datar a carta de alforria do gênero humano.

Por muito em verdade vos dizemos que pela Idade Média professamos sempre a maior veneração, nela saudando uma das mais férteis e gloriosas quadras do espírito humano.

Se na Idade Média definitivamente se afundou o gênio antigo, foi para abrir lugar às civilizações oriundas do Evangelho e que tinham de alagar o mundo, não para destruí-lo qual novo dilúvio, mas para impregná-lo de futurosas colheitas, como no vale egípcio as inundações do rio benfazejo.

Se a Idade Média foi nalgum momento um caos, confessai ao menos que sobre aquela escuridão pairava o espírito de Deus, a cuja voz não tardou o abismo a estremecer banhado de luz...

Percorramos em brevíssima sinopse as diversas províncias do saber humano, e em todas elas veremos como brilhou o inculcado período das trevas.

Na filosofia brevemente haveremos de aludir a Santo Agostinho, qualificado por Villemain como um dos gênios mais vastos e prontos de que se gloria a humanidade; Escoto Erígena, continuador do neoplatonismo eclético de Alexandria, preparador do realismo escolástico, engenho transviado nos devaneios do panteísmo, mas certamente poderoso engenho e talvez inspirador das atrevidas imaginações de Espinosa; Santo Anselmo, que antes de Bacon proclamou a aliança necessária entre a fé e a razão; Roscelino, seu adversário, e que até à heresia foi arrastado pelo calor na defesa das doutrinas nominalistas; Abelardo, mais célebre pelas suas românticas aventuras do que pelo valor dialético que dele fez um dos primeiros professores da Europa; S. Bernardo, seu infatigável antagonista e de Pedro de Bruys e de Arnaldo de Bréscia, campeão da tolerância em prol dos Judeus perseguidos e que preencheu a vida impugnando cismas, reconciliando príncipes e consolando povos; S. Tomás de Aquino, o Anjo da Escola, cujas obras, no dizer de Cousin, são um dos maiores monumentos erguidos pela humana inteligência, e no concílio de Trento figuraram entre os livros dignos de consulta logo após as Sagradas Escrituras... Para que mais nomes depois destes?

Mais tarde, porém, ainda dentro do período medieval, vemos na Itália Dante precedido por seu mestre Brunetto Latini; e Petrarca, ainda medievo, posto que já tomado pelo movimento da Renascença: Dante e Petrarca, isto é, o poema épico e a composição lírica em suas mais arrojadas e formosas construções.

Que diremos então da poesia onde exclusivamente se fazia sentir a inspiração cristã? Dos cânticos de Giovani Mariconi, mais conhecido por S. Francisco de Assis, do Stabat Mater de Jacopone de Todi, ou do Dies Irae de Thomaz Celano, obras primas entre as que mais o são, eternos acentos de piedade ou inextinguíveis gritos de dor, que vão atravessando os séculos e constantemente repetidos pela devoção?

Se das letras nos trasladarmos ao domínio das ciências, a começar pela jurisprudência, haveremos de reconhecer, com Muratori e Savigni, a permanência do direito romano, que, à sombra das instituições eclesiásticas, subsistiu em toda a Europa Medieval de par com as bárbaras leis dos vencedores; e posteriormente assistiremos, na cultíssima Bolonha, e sob o influxo do letrado Irnério, à renovação dos estudos jurídicos e à formação daquela erudita escola que principiou por Acúrsio, o Ídolo dos jurisconsulos, para terminar em Bartolo, hoje esquecido, mas que por muitos anos teve após si e suas glosas a longuíssima cauda dos Bartolistas. Em o nosso século das luzes muito pasma que por mulheres estejam sendo cultivados o direito ou a medicina; e todavia, durante a escuridão medieval, Novella, filha de Giovanni d’Andréa, professor bolonhês, substituía o pai na sua cátedra magistral da Universidade, e ali professava o direito, mal escondida por uma cortina que, di-lo ingênuo cronista, tinha por objeto impedir que a gentileza da preletora absorvesse a atenção dos estudantes.

Em Salermo um refugiado, o monge cartaginês Constantino, vertia os autores de medicina gregos e árabes, e assim preparava o florescimento da escola cuja popularidade ainda subsiste, perpetuada por célebre coleção de preceitos sanitários. E aí também com os homens emulavam as damas, de uma das quais guardou a memória Orderico Vital, assegurando que com ela dificilmente competiam os esculápios do seu tempo.

Nem somente na Itália. Na península irmã, a ibérica, que arraigado preconceito nos mostra civilizada pela invasão maometana, está hoje provado que muito ao contrário foram os invadidos que poliram os invasores. A cultura hispano-muçulmana, como poderá o douto catedrático granadense Eguillaz e Yanguas, baseando-se nos estudos de Xavier Simonet e outros, não foi obra dos árabes, mas dos renegados cristãos, judeus e mozarabes que foram primeiro os validos e logo os diretores intelectuais dos emires e califas, a quem forneceram a flor dos poetas, retóricos e historiadores. E que copiosa e esplêndida florescência, essa desabrochada no generoso terreno de Espanha! No palácio de Hescham, o 2º. Ommiada, incompleto catálogo mencionava quarenta e quatro mil volumes. O autor de um dicionário biográfico do XIII século cita mil e duzentos historiadores, cada qual em sua especialidade. Gramática, poesia, eloqüência, política, direito, teologia, ciências naturais – tudo figura nos mil e oitocentos manuscritos da época, ainda hoje conservados na biblioteca do Escorial e insignificantes restos da enorme coleção estragada pelo incêndio de 1672. Eis o obscurantismo da Idade Média na atrasadíssima península espanhola!

Um lance de olhos às belas-artes. Na pintura é Fra Angélico ou Giovanni da Fiosole, rejeitando o arcebispado de Florença, para fazer da pintura uma suprema elevação a Deus, e realizando na miniatura como nas grandes composições o ideal da beleza cristã; São Humberto e sobretudo João Van Eick, criando a pintura a óleo, e cultivando com igual excelência o retrato, a história, a paisagem, os animais e as flores; é, finalmente, Masaccio, o sublime extravagente, em cujos quadros aprenderam Rafael e Miguel Ângelo.

Foi durante a Idade Média que se cobriu a Europa dessas magníficas igrejas, que ainda hoje são o orgulho de tantas cidades: Nossa Senhora de Paris, Santa Gudula de Bruxelas, as catedrais de Burgos, de Toledo, de Estrasburgo, onde em 1277 o arquiteto Erwin atirava a cento e quarenta e dois metros de altura a soberba flecha do edifício; e a Batalha, esse edifício de pedra entoado sobre a vitória de Aljubarrota...

Em 1378 Schwartz revoluciona a arte da guerra, ou inventando a pólvora, como querem alguns, ou ensinando aos Venezianos a aumentar o cumprimento dos canhões; Flávio Gioja descobre ou divulga a bússola e assim depara seguro guia para longínquas viagens; Gutemberg, Faust e Schoeffer operam a transição da gravura de letras para a imprensa de caracteres móveis e espalham pelo mundo os conhecimentos arquivados nos pergaminhos dos eruditos... Que movimento e que luz no malsinado período das trevas!

Se o Renascimento se inicia com as prodigiosas descobertas de Vasco da Gama e de Colomo, não esqueçamos que já em 148 o sumo pontífice Nicolau V, pela bula Ex injuncto, que figurou na exposição histórico-européia de 1892, fitava os olhos de sua evangélica solicitude nas terras glaciais da Groelândia e aos bispos de Skalholt e de Hola assinalava a existência de povos pagãos e propínquos àquelas regiões. A América, pela Groelândia conhecida em 986, pela Terra Nova percorrida no ano 1000 e ainda pelo VInland que provavelmente corresponde ao atual estado de Massachussets – a América, dizíamos, é também uma conquista da barbarias medieval.

À Idade Média pertence ainda aquela pensativa e simpática figura de Henrique o Navegador, sobre cujas instruções, de 1419 a 1447, se foram descobrindo Madeira, os Açores, o Cabo Bojador e o Verde, e que em 1438 lançava na escola de Sagresos fundamentos do poderio marítimo português...

Isto pelo caminho do Oceano, pois que por terra e muito antes já Marco Polo atravessava toda a Ásia, desde a Marmênia até ao Japão; Rubruquis, enviado por Luís IX para catequizar a Tartária, esclarecia a Europa sobre os costumes dos Mongóis; e Plano Carpino atingia em suas pregações o coração da Tartária, passando além do Kithai ou Kashgar.

Quanto aos progressos da liberdade política, um só reparo e por satisfeitos os danos. Leia-se a Magna Carta, pedra angular do direito constitucional inglês: “Nenhum homem livre seja capturado ou metido na cadeia, ou desapossado, ou desterrado, ou de qualquer modo seja privado de qualquer propriedade sua, ou da sua liberdade ou de seus livres hábitos; nem contra ele iremos, nem o faremos prender, se não pelo julgamento legal dos seus pares, ou segundo a lei do país”. Acordava-se nisto em 1215; e preciso é que decorram quase cinco séculos para chegarmos à lei dos suspeitos da Revolução Francesa...

Eis o que dói a Idade Média, tão increpada de obscurantismo, como que para expiar perante o livre pensamento moderno o crime de sua fé cristã, sob cujo amparo realizou tantos e tais cometimentos...

Fonte: Permanência.

19 de Junho de 2009 - Dia do Sagrado Coração de Jesus

Coração amabilíssimo de Jesus, sede a nossa alegria.
Imprime em nós a ferida deliciosa do teu amor, a chaga suavíssima da qual partilham todos os teus amantes.
És o nosso único tesouro, pelo qual abandonamos o mundo e suas pardas atrações.
Oh Jesus, tu és a nossa vida e o nosso amor.

Pregar o que convém, não o que agrada aos ouvintes - Belíssimo texto!


Pe. Antônio Vieira

Dir-me-eis o que a mim me dizem, e já o tenho experimentado que, se pregamos assim, os ouvintes zombam de nós e não gostam de ouvir. Oh, boa razão para um servo de Jesus Cristo! Embora zombem e não gostem, façamos nós o nosso ofício! A doutrina de que eles zombam, a doutrina que eles desestimam, essa é a que lhes devemos pregar e por isso mesmo, por ser a mais proveitosa e de que mais têm mister.

(...) Por que não comeu o diabo o trigo que caiu entre os espinhos, ou o trigo que caiu nas pedras, mas o trigo que caiu no caminho? Porque o trigo que caiu no caminho conculcatum est ab hominibus, pisaram-no os homens; e a doutrina que os homens pisam, a doutrina que os homens desprezam, essa é a que o diabo teme.

Esses outros conceitos, esses outros pensamentos, essas outras sutilezas que os homens estimam e prezam, essas não as teme o diabo nem se acautela delas, porque sabe que não são essas as pregações que lhe hão de tirar as almas das unhas. Mas aquela doutrina que (...) nos põe em caminho e em via da nossa salvação (que é a que os homens pisam e a que os homens desprezam), essa é a que o demônio receia e dela se acautela, essa é a que procura comer e tirar do mundo; e por isso mesmo essa é a que deviam pregar os pregadores e a que deviam buscar os ouvintes.

Mas se eles não o fizerem assim e zombarem de nós, zombemos nós tanto das suas zombarias como dos seus aplausos. Per infamiam et bonam famam, diz São Paulo: o pregador há de saber pregar com fama e sem fama. Mais diz o Apóstolo: há de pregar com fama e com infâmia. Pregar o pregador para ser afamado, isso é mundo; mas ser infamado e pregar o que convém, ainda que com descrédito da sua fama, isso é ser pregador de Jesus Cristo.

Gostarem ou não gostarem os ouvintes! Oh, que advertência tão digna! Que médico há que repare no gosto do enfermo quando trata de lhe dar saúde? Sarem e não gostem; salvem-se e amarguem-se, que para isso somos médicos das almas. Quais vos parece que são as pedras sobre as quais caiu parte do trigo do Evangelho? Explicando Cristo a parábola, diz que as pedras são aqueles que ouvem a pregação com gosto: Hi sunt qui cum gaudio suscipiunt verbum. Então será bom que os ouvintes gostem e ao cabo fiquem pedras?! Não gostem e abrandem-se; não gostem e quebrem-se; não gostem e frutifiquem. Este é o modo com que frutificou o trigo que caiu na boa terra: Et fructum afferunt in patientia, conclui Cristo.

De maneira que o frutificar não se junta com o gostar, mas com o padecer; frutifiquemos nós, e tenham eles paciência. A pregação que frutifica, a pregação que aproveita, não é aquela que dá gosto ao ouvinte, é aquela que lhe dá pena. Quando o ouvinte a cada palavra do pregador treme; quando cada palavra do pregador torce o coração do ouvinte; quando o ouvinte vai do sermão para casa confuso e atônito, sem saber parte de si, entao é a preparação qual convém, então se pode esperar que faça fruto: Et fructum afferunt in patientia.

Enfim, para que os pregadores saibam como hão de pregar e os ouvintes a quem hão de ouvir, acabo com um exemplo do nosso Reino, e quase dos nossos tempos. Pregavam em Coimbra dois famosos pregadores, ambos bem conhecidos pelos seus escritos; não os nomeio porque os hei de desigualar. Altercou-se entre alguns doutores da Universidade qual dos dois fosse maior pregador; e como não há juízo sem inclinação, uns diziam este, outros, aquele. Mas um lente, que entre os mais tinha maior autoridade, concluiu desta maneira: "Entre dois sujeitos tão grandes, não me atrevo a interpor juízo; só direi uma diferença, que sempre experimento: quando ouço um, saio do sermão muito contente do pregador; quando ouço outro, saio muito descontente de mim". (...)

Semeadores do Evangelho, eis o que devemos pretender nos nossos sermões: não que os homens saiam contentes de nós, mas que saiam muito descontentes de si; não que lhes pareçam bem os nossos conceitos, mas que lhes pareçam mal os seus costumes, as suas vidas, os seus passatempos, as suas ambições e, enfim, todos os seus pecados. Contanto que se descontentem de si, descontentem-se embora de nós: Si hominibus placerem, Christus servus non essem, dizia o maior de todos os pregadores, São Paulo: "Se eu contentasse os homens, não seria serv de Cristo". Oh, contentemos a Deus, e acabemos de não fazer caso dos homens! Reparemos que nesta mesma Igreja há tribunas mais altas que as que vemos: Spetaculum facti sumus Deo, angelis et hominibus (feitos espetáculo para Deus, os anjos e os homens). Acima das tribunas dos reis, estão as tribunas dos anjos, está a tribuna e o tribunal de Deus, que nos ouve e nos há de julgar. Que contas há de um pregador prestar a Deus no dia do Juízo? O ouvinte dirá: Não mo disseram. Mas o pregador? Vae mihi, quia tacui: Ai de mim, que não disse o que convinha!" Não seja mais assim, por amor de Deus e de nós.

(...) Preguemos e armemo-nos todos contra os pecados, contra as soberbas, contra os ódios, contra as ambições, contra as invejas, contra as cobiças, contra as sensualidades. Veja o Céu que ainda tem na terra quem se põe da sua parte. Saiba o inferno que ainda há na terra quem lhe faça guerra com a Palavra de Deus, e saiba a mesma terra que ainda está em estado de reverdecer e dar muito fruto: Et fecit fructum centuplum.

Padre Antônio Vieira, Páginas Espirituais.

Revelado plano de Hitler para matar Pio XII


Novo testemunho histórico confirma documentos precedentes

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 16 de junho de 2009

Hitler queria sequestrar ou matar Pio XII, segundo confirmam novos testemunhos históricos revelados nesta terça-feira.

Dados sobre este objetivo já haviam sido oferecidos no passado. Em 1972, havia falado dele o general da SS, Karl Wolf, ao referir detalhes sobre um encontro que teve com o Papa Eugenio Pacelli no dia 10 de maio de 1944. No entanto, é a primeira vez que se recolhem detalhes concretos sobre o plano de eliminação do pontífice.

Nesta terça-feira, o jornal italiano Avvenire publicou um testemunho histórico que confirma o plano organizado contra o Papa pelo Reichssicherheitsamt (quartel general para a segurança do Reich) de Berlim, depois de 25 de julho de 1943.

O jornal cita uma fonte direta e testemunhal, Niki Freytag von Loringhoven, de 72 anos, residente em Munique, filho de Wessel Freytag von Loringhoven, quem então era coronel do Alto Comando Alemão das Forças Armadas (Oberkommando der Wehrmacht, OKW), e depois participaria de um falido golpe contra Hitler.

Segundo Freytag von Loringhoven, nos dias 29 e 30 de julho de 1943, houve em Veneza um encontro secreto para informar ao chefe de contraespionagem italiano, o general Cesare Amè, da intenção do Führer de punir os italianos pela prisão Mussolini, com o sequestro ou o assassinato de Pio XII e do rei da Itália.

No encontro participaram o chefe de Ausland-Abwehr (contraespionagem), o almirante Wilhelm Canaris, e dois coronéis da seção II para a sabotagem, Erwin von Lahousen e precisamente Wessel Freytag von Loringhoven.

Segundo Avvenire, este testemunho concorda com a deposição de Erwin von Lahousen no processo de Nurembergue de 1º de fevereiro de 1946 (Warnreise Testimony 1330-1430), no qual inclusive revela a reação de Freytag von Loringhoven ao conhecer o plano de Hitler: “É uma autêntica covardia!”.

O chefe de contraespionagem italiano, Amè, segundo este testemunho histórico, ao voltar a Roma após conhecer as intenções de Hitler em Veneza, divulgou a notícia dos planos contra o Papa para bloqueá-los. Estas notícias chegaram ao embaixador da Alemanha na Santa Sé, Ernst von Weisäcker, quem as recolhe em seu livro Erinnerungen (“Lembranças”), de 1950.

Lucianta Jumentez e o super-relincho-pop

Apresentadora do programa em foto sensual

É sempre uma decepção. Mudando os canais, passo, às vezes, pelo infame programa desta néscia famosa que vomita potocas sem serventia nem pra adubo.. Não sei se aquela porcaria é todo dia. Mas, vez em quando vejo que nesta joça vão até certos padres, além de outras pessoas aparentemente de renome.

Ontem, após termos assistido desenhos japoneses em comemoração ao meu aniversário (eehh), fiquei procurando algo interessante na Tv (que perda de tempo...). No tal programa estava havendo uma discussão a respeito de uma profecia maia, segundo a qual, o mundo acabaria em 2012. Deste debate, participavam uma astróloga, um senhor que cria totalmente na tal profecia e aparentava ter herdado a tal cultura, um outro espiritualista de meia tigela, um pastor protestante que, a cada frase, cometia vários erros de português e que foi estranhamente elogiado como sendo senhor de grande conhecimento (kk..), uma cantora que se dizia cristã, mas que concordava em tudo com as "viagens astrais" e maionésicas da astróloga e, por fim, um cético, com quem, do triste grupo, eu mais simpatizei devido a certa objetividade de sua parte...

Enfim, não quero discutir os pormenores da tal conversa que nada teve de construtivo. Afinal, que mais se poderia esperar de um programa daquele e de uma apresentadora tão.... é... tão..... deixa pra lá. A Lucianta sempre insiste em tecer seus comentários toscos e, vez por outra, fala da Igreja. Interessante que ela faz perguntas e não deixa o povo responder. Reclamando do cético, o chamou de "Maomé", quando quisera referir-se a "S. Tomé"... O espiritualista lá falava a torto e a direito que a Igreja queimou não sei quantos e que fazia isso por nenhum motivo, que intimidava com o Inferno e mais tantas conversas de comadres que se ouve nas esquinas e que se lê nos livrecos e gibis... O cético, por sua vez, fazendo jus à burrice de sua posição, também soltava suas flatulações vocais atacando, sem conhecer, a Igreja, supondo que o seu acordo com a Presidência do Brasil dava-se por motivos financeiros.

E ainda há quem ache a Lucianta inteligente e o super-relincho-pop como algo digno de se assistir....

Ahhh.. Meus desenhos estavam tão mais interessantes....

Fábio Luciano

Deus se esconde na alma humana



S. João da Cruz...

E para que esta alma sequiosa venha a encontrar o Esposo e unir-se a ele, por união de amor, conforme é possível nesta vida, e consiga entreter sua sede com esta gota que do Amado se pode gozar aqui na terra, será bom que lhe respondamos em nome do Esposo a quem ela se dirige. Vamos, portanto, mostrar-lhe o lugar mais certo onde ele está escondido, e aí possa a alma achá-lo mais seguramente, com a perfeição e o deleite compatíveis com esta vida; deste modo não irá a alma errante, e em vão, atrás das pisadasdas companheiras.

Para alcançar este fim, é necessário observar o seguinte: o Verbo, Filho de Deus, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, está essencial e presencialmente escondido no íntimo ser da alma. Para achá-lo, deve, portanto, sair de todas as coisas segundo a inclinação e a vontade, e entrar em sumo recolhimento dentro de si mesma, considerando todas as coisas como se não existissem. Santo Agostinho assim dizia, falando com Deus nos Solilóquios: "Não te achava fora, Senhor, porque mal te buscava fora, estando tu dentro" (Sol. 31). Está Deus, pois, escondido na alma, e aí o há de buscar com amor o bom contemplativo, dizendo: onde é que te escondeste?

Eia, pois, ó alma formosíssima entre todas as criaturas, que tanto desejas saber o lugar onde está teu Amado, a fim de o buscares e a ele te unires! Já te foi dito que és tu mesma o aposento onde ele mora, o retiro e esconderijo em que se oculta. Nisto tens motivo de grande contentamento e alegria, vendo como todo o teu bem e esperança se acham tão perto de ti, a ponto de estar dentro de ti; ou, por melhor dizer, não odes estar sem ele. Vede, diz o Esposo, que o reino de Deus está dentro de vós (Lc 17,21). E o seu servo, o apóstolo São Paulo, o confirma: "Vós sois o templo de Deus (2Cor 5,16).

Grande consolação traz à alma o entender que jamais lhe falta Deus, mesmo quando se achasse (ela) em pecado mortal; quanto mais estará presente naquela que se acha em estado de graça! Que mais queres, ó alma, e que mais buscas fora de ti, se tens dentro de ti tuas riquezas, teus deleites, tua satisfação, tua fartura e teu reino, que é teu Amado a quem procuras e desejas? Goza-te e alegra-te em teu interior recolhimento com ele, pois o tens tão próximo. Aí o deseja, aí o adora, e não vás buscá-lo fora de ti, porque te distrairás e cansarás; não o acharás nem gozarás com maior segurança, nem mais depressa, nem mais de perto, do que dentro de ti. Há somente uma coisa: embora esteja dentro de ti, está escondido. Mas, já é grande coisa saber o lugar onde ele se esconde, para o buscar ali com certeza. É isto o que pedes também aqui, ó alma, quando, com afeto de amor, exclamas: Onde é que te escondeste?

No entanto, dizes: Se está em mim aquele a quem minha alma ama, como não o acho nem o sinto? A causa é estar ele escondido, e não te esconderes também para achá-lo e senti-lo. Quando alguém quer achar um objeto escondido, há de penetrar ocultamente até o fundo do esconderijo onde ele está; e quando o encontra, fica também escondido com o objeto oculto. Teu amado Esposo é esse tesouro escondido no campo de tua alma, pelo qual o sábio comerciante deu todas as suas riquezas (Mt 13,44); convém, pois, para o achares que, esquecendo todas as tuas coisas e alheando-te a todas as criaturas, te escondas em teu aposento interior do espírito; e, fechando a porta sobre ti (isto é, tua vontade a todas as coisas), ores a teu Pai no segredo. E assim, permanencendo escondida com o Amado, então o perceberás às escondidas, e te deleitarás com ele às ocultas, isto é, acima de tudo o que pode alcançar a língua e o sentido.

Eia, pois, alma formosa, já sabes agora que em teu seio mora escondido o Amado de teus desejos: procura, portanto, ficar com ele bem escondida, e no teu seio o abraçarás e sentirás com afeto de amor. Olha que a esse esconderijo te chama o Esposo por Isaías dizendo: "Anda, entra em teus aposentos, fecha tuas portas sobre ti", isto é, todas as tuas potências e todas as criaturas, "esconde-te umpouco até um momento" (Is 26,20), quer dizer, por este mmento da vida temporal. Decerto se nesta vida tão breve guardares, ó alma, com todo o cuidado teu coração, como diz o Sábio (Pr 4,23), sem dúvida alguma, dar-te-á Deus o que promete ele mesmo por Isaías nestes termos: "Dar-te-ei os tesouros escondidos e descobrir-te-ei a substância e os mistérios dos segredos" (Is 45,3). Esta substância dos segredos é o mesmo Deus, pois é ele a substância da fé e o seu conceito, sendo a mesma fé o segredo e o mistério.

São João da Cruz, Cântico Espiritual.

João Paulo II, uma mulher e muitas cartas


A história de Wanda Poltawska, "irmãzinha" de Karol Wojtyla

Por Renzo Allegri

ROMA, sexta-feira, 12 de junho de 2009 (ZENIT.org).- Seu nome circula pelos jornais do mundo inteiro já há algumas semanas. Ela se chama Wanda Poltawska, é polonesa, tem 88 anos e é médica psiquiatra. A razão deste interesse repentino da imprensa está no fato de que Poltawska publicou muitas das cartas que recebeu de João Paulo II.

E, como era previsível, alguns meios de comunicação quiseram tornar um escândalo as cartas de João Paulo II a uma mulher.

As cartas, publicadas em um livro recentemente lançado na Polônia, fazem parte de uma intensa correspondência trocada entre Poltawska e Wojtyla ao longo de 55 anos. Os dois se conheceram imediatamente depois da 2ª Guerra Mundial, tornaram-se amigos e colaboraram juntos em numerosas iniciativas.

Primeiro em Cracóvia, nas atividades culturais e sociais da diocese, sobretudo para os problemas da família; e, após a eleição de Karol Wojtyla como pontífice, em Roma, onde Poltawska se converteu em membro do Conselho Pontifício para a Família, consultora do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde e membro da Academia Pontifícia para a Vida.

Uma atividade intensa, uma amizade transparente, que todos conheciam. Uma amizade que teve extraordinária visibilidade em 1984, quando se soube que Poltawska havia sido objeto de um milagre por intercessão do Padre Pio, por meio da solicitação de Karol Wojtyla.

A história se remonta a 1962. Portadora de um tumor, Wanda estava a ponto de morrer. Os médicos não lhe deram esperanças; queriam de qualquer forma tentar uma operação. Wojtyla, jovem bispo, encontrava-se em Roma para o Concílio. Foi informado e escreveu imediatamente uma carta ao Padre Pio, pedindo-lhe que rezasse por aquela mulher. A carta é de 17 de novembro de 1962. Foi entregue ao Padre Pio através de Angelo Battisti, que era administrador da Casa Alívio do Sofrimento. O Padre Pio pediu a Battisti que lesse a carta para ele. Ao acabar, disse, "Angelo, a isso não se pode dizer que não".

Battisti, que conhecia bem os carismas do Padre Pio, voltou a Roma surpreso e continuava se perguntando o porquê daquela frase: "A isso não se pode dizer que não". Onze dias depois, no dia 28 de novembro, ele foi encarregado de levar uma nova carta ao Padre Pio. Nesta, o bispo polonês agradecia ao sacerdote por suas orações, porque "a mulher que tinha o tumor foi curada de repente, antes de entrar na sala de cirurgia". Um verdadeiro e chamativo milagre, portanto, testificado pelos médicos.

Conheço bem este assunto porque fui eu quem o deu a conhecer pela primeira vez em 1984, em uma biografia do Padre Pio que escrevi para Mondadori (Itália). As cartas de Wojtyla me foram entregues por Angelo Battisti, que havia me contado também o detalhe do comentário incrível do Padre Pio: "A isso não se pode dizer que não". Assim que meu livro saiu, estas cartas foram reproduzidas pela imprensa do mundo todo e, portanto, desde então, a amizade entre Karol Wojtyla e Wanda Poltawska era conhecida. Logo depois houve muitos outros artigos sobre o tema, meus e de outros colegas, e se publicaram numerosas e belíssimas fotografias, que agora vários jornais reproduzem. Nada de novo, portanto. Uma grande amizade, uma extraordinária colaboração que não se interromperam com a eleição de Wojtyla ao trono pontifício.

A publicação das cartas, no entanto, provoca feridas. E também preocupação, sobretudo no mundo eclesiástico. O cardeal da Cracóvia, em uma entrevista realizada em meio à polêmica, recriminou a Dra. Poltawska, dizendo que deveria ficar calada. Mas, examinando a situação com mente fria, chega-se a dar a razão à Dra. Poltawska. Ela fez bem em publicar estas cartas. Sua amizade era conhecida. Muitos conheciam esta correspondência. Na Congregação para a Causas dos Santos, queriam aquelas cartas. Mas não se sabe como as julgariam. E seu juízo teria permanecido secreto, sepultado nos arquivos daqueles palácios infranqueáveis. A Dra. Poltawska preferiu a luz do sol. Precisamente porque não há nada a esconder. Pelo contrário, são cartas belíssimas, de uma riqueza espiritual e humana comovente. Demonstram, como se ainda houvesse necessidade, a grandeza descomedida do coração de Karol Wojtyla, o imenso amor que tinha naquele seu coração, "imenso", precisamente porque "amava" com o amor de Deus.

Nos vários artigos publicados nestes dias, fala-se das cartas do Papa à Dra. Poltawska, mas ninguém se dedica a explicar quem é esta mulher e por que foi tão amiga de Karol Wojtyla.

Ao começar a 2ª Guerra Mundial em 1939, Wanda Poltawska era uma jovem estudante universitária. Tinha 18 anos. Assistia aos círculos de estudantes católicos. E quando os nazistas invadiram a Polônia, como tantos outros de seus conterrâneos, começou a fazer parte da Resistência Partisana, para defender a pátria. Mas foi descoberta, arrestada, conduzida à Alemanha e passou 5 anos em um campo de concentração.

Ao voltar para casa, retomou seus estudos, formou-se em Medicina e se especializou em Psiquiatria. Pessoa reservada, nunca falava de tudo o que havia sofrido. Ela quis, no entanto, transcrever em um caderno o que recordava para que não se perdesse. E só no começo da década de 80, deixou-se convencer por uma amiga e publicou aquelas suas memórias em um livrinho, intitulado "Ravensbruck. Tenho medo dos meus sonhos". Eu o conheci em 1996, através do professor Adolfo Turano, microbiólogo, que o estava traduzindo para publicá-lo também na Itália. Conservo ainda o manuscrito que ele me deu. Depois, o professor morreu prematuramente, mas sei que o livro foi publicado na Itália no ano passado.

É um documento emocionante. Desvela detalhes horríveis, alguns inéditos, sobre a crueldade dos verdugos nazistas. Poltawska conta a própria história de jovem prisioneira que vive um drama espantoso, mas a conta com uma comovente e maravilhosa participação no sofrimento dos demais. Poltawska não se limita a contar, naquelas páginas, os próprios padecimentos, sua ansiedade, seu sofrimento. Ela vê a si mesma e a todas as companheiras com o mesmo interesse. E este é um dado para ter bem presente, porque demonstra que os sofrimentos inumanos padecidos não apagaram jamais em seu coração a bondade, a dignidade humana, a solidariedade. Nos campos de concentração alemães estava o inferno, estendeu-se o "mal personificado", mas entre as vítimas inocentes houve luminosos e incríveis exemplos de bem, de altruísmo heroico.

"Uma tarde –escreve Wanda Poltawska no início de seu livro de memórias (cito da tradução que o professor Turano me deu)– estudava em casa quando na entrada uma voz masculina, em polonês, ressoou estranha e agressiva: 'Quem de vocês é Wanda?'. E assim começou. Saí... e voltei só agora, após cinco anos de campo de concentração".

A jovem, primeiro foi levada ao comando da Gestapo, em Cracóvia, e submetida a um interrogatório que durou alguns dias. Foi espancada violentamente, com socos no rosto e no estômago, e ameaçada sob a mira de um revólver.

Foi logo fechada em uma cela lotada de prisioneiros. "Na prisão, havia piolhos, pulgas, sujeira, não tinha água e brotou tifo. De noite, às vezes, de repente, acendiam as luzes, fazendo-nos permanecer firmes, começavam a chamar alguns de nós. Depois, na cela, já não se dormia, rezava-se por aquelas que tinham saído. E pouco depois, sob nossas janelas, ouvíamos os disparos da execução".

Após quase sete meses, as prisioneiras foram transportadas em um trem de mercadorias para a Alemanha, ao campo de Ravensbruck, onde os médicos alemães faziam experimentos com cobaias humanas. "Estávamos destinadas a morrer. Nossas vigilantes nos espancavam até o sangue. Fomos nuas, nos deram vestidos de listras, rasparam nosso cabelo; queriam destruir nossa personalidade".

Começaram então os trabalhos pesados, pesadíssimos. "Carregávamos uma quantidade desmedida de peso em nossos ombros... Recordo ter levado sobre meus ombros 80 quilos de cimento subindo escadas estreitas até o teto de uma casa de dois andares: sentia-me morrer, mas não podia deixar cair o peso porque atrás vinha outra prisioneira e a teria matado... Tínhamos de cimentar as áreas. As guardas gritavam ameaçadoras a qualquer sinal de descanso. As mãos sangravam".

"Voltávamos do trabalho com as mãos inchadas, os ossos quebrados. Deitávamos e após uma hora soava a sirene para revista. Voltávamos ao dormitório e, após outra hora, mais uma revista. Não se conseguia pregar os olhos. O cansaço era enorme. Às vezes, durante a revista, se dormia em pé, com os olhos abertos, e alguma caía. Era erguida a golpes. A fome era mais forte que o desejo de dormir. Estávamos magras como esqueletos. Nem sequer a vista das mulheres nuas, na fila para o banho, terrivelmente fracas, causava mal-estar. Olhávamos com indiferença nossa magreza, assim como para a possibilidade da morte. Pela fome nos convertíamos em ladras, brigávamos por migalhas".

E logo, em um certo momento, houve o chamado de um grupo que foi levado ao pavilhão da enfermaria, entre elas também Wanda. São lavadas, uma enfermeira as depila, lhes aplicam injeções que fazem perder a consciência. Quando as moças despertam, encontram as pernas engessadas. Que aconteceu? Não sabem. São devolvidas ao dormitório em cadeiras de rodas. Na cama, durante a noite, quando termina o efeito dos soníferos, começam dores terríveis.

Começa assim o martírio. Aquelas meninas convertem-se em cobaias humanas para atrozes experimentos médicos. As operações nas pernas acontecem em períodos fixos. As feridas praticadas são tratadas com medicamentos especiais que produzem infecções, gangrenas. Naquele estado, as vítimas são abandonadas sozinhas nos dormitórios, sem nenhuma assistência. Wanda, ainda não podendo manter-se em pé, deixa-se cair na cama e, agarrando-se às camas das companheiras, chega àquelas que sofrem mais para levar consolo, lava os rostos febris com panos úmidos, conforta quem está agonizando. De dia chegam os médicos, observam as feridas, e ordenam outros experimentos. A cada pouco, uma menina morre.

O desespero das sobreviventes é indizível. Mas Wanda, inclusive naquela situação terrível, consegue manter seu equilíbrio cristão. "Não tinha ódio e nem sequer agora tenho. Que via naqueles alemães? Olhava-os e buscava neles as pessoas".

Esta, em uma rápida síntese, é a inacreditável e horrível experiência que Wanda Poltawska fez, dos 18 aos 23 anos, no campo de concentração de Ravensbruck. Uma experiência capaz de destruir qualquer equilíbrio psíquico. Wanda sobreviveu física e psiquicamente àqueles horrores graças a sua fé. E também graças à ajuda de um jovem sacerdote, Karol Wojtyla, que conheceu ao retornar a casa. Àquele sacerdote confiou seus dramas espantosos e ele pôde "compreender", porque também ele, nos anos de guerra, fora martirizado por grandes dores pessoais que o conduziram à vocação sacerdotal. E nasceu assim uma amizade, alimentada pelo resto da vida, cheia de atividades e de iniciativas para promover os valores que brotaram daqueles longos sofrimentos.

Enviado por Claudemir Leandro

A renúncia de si mesmo e a purificação do coração


Tito Colliander

Desarmado, fraco e desprovido de poderes, empreende a mais difícil das tarefas: vencer teus próprios desejos egoístas. É exatamente isso a "perseguição de si mesmo" de que depente, finalmente, o resultado do teu combate; pois, enquanto tua vontade egoísta dominar, não poderás dizer ao Senhor com coração puro: "Que seja feita a tua vontade." Se não te podes desfazer da tua própria grandeza, não poderás abrir-te à verdadeira grandeza. Se te agarras à própria liberdade, não poderás tomar parte na verdadeira liberdade, que é o reino de uma única vontade.

O mais profundo segredo dos santos é este: não procures a liberdade, e a liberdade te será dada. A terra não produzirá senão cardos e espinhos, diz a Escritura. É com o suor do seu rosto, com muito sofrimento, que o homem devem cultivá-la. Esta terra é o homem mesmo, na sua própria natureza. Os santos Padres aconselham a começar pelas coisas pequenas; pois, como diz Santo Efrém, o Sírio, como poderias apagar um grande incêndio antes de aprender a abafar um fogo de pequenas proporções? Se queres ser capaz de resistir a uma paixão violenta - dizem os santos Padres, abate os pequenos desejos. Não creias que se possa separá-los uns dos outros: eles se prendem como os elos de uma corrente, com as malhas de uma rede. Por isso,  de nada serve atacar os vícios principais e os maus hábitos que te opõem forte resistência, se ao mesmo tempo não te esforças por vencer as pequenas fraquezas "inocentes": pequenas gulas, tentação de falar, curiosidade, hábito de se meter nos assuntos dos outros.

Todos os nossos desejos, de fato, grandes ou pequenos, têm o mesmo fundamento: o nosso hábito constante de satisfazer apenas a nossa própria vontade. É, portanto, a vontade própria que deve ser condenada à morte. Desde o pecado original, nossa vontade está exclusivamente a serviço do nosso próprio "eu". Assim, o objetivo do combate é a morte da vontade própria. É preciso começar sem demora, e prosseguir na luta sem descanso.

Tens vontade de fazer uma pergunta? Não a faça. Tens a tentação de olhar pela janela? Não olhes! Tens desejo de visitar alguém? Fica em casa. Isso é perseguir a si mesmo. Através desse meio, com a ajuda de Deus, faz-se calar a voz ruidosa da própria vontade.

Talvez te perguntes se isso é realmente necessário. Os santos Pares respondem com outra pergunta: Crês mesmo que seja possível encher um vaso com água pura, sem despejar primeiro a água suja que nele se encontra? Ou gostarias de receber um hóspede amado, num quarto abarrotado com toda espécie de velharias e de objetos postos de lado? Não. "Todo o que tem esperança de ver o Senhor tal como ele é, purifica-se a si mesmo", diz o apóstolo São João (1Jo 3:3).

Purifiquemos, pois, o nosso coração! Joguemos fora todas as velharias empoeiradas que aí se acumulam; lavemos o chão com escova, limpemos os vidros e abramos as janelas, para que o ar e a luz entrem no quarto, onde queremos fazer um santuário para o Senhor. troquemos enfim de roupa, para que o nosso velho cheiro de bolor já não fique em nós, e para que não sejamos lençados fora (Cf Lc 13:28). Eis o nosso labor de cada dia e de cada instante. Fazendo isso, estaremos apenas cumprindo o que o Senhor nos ordenou por seu santo apóstolo Tiago: "... santificai os vosso corações" (Tg 4:8).

Pede-nos o apóstolo Paulo: "... Purifiquemo-nos de toda mancha da carne e do espírito" (2Cor 7:1). Diz o Cristo: "Com efeito, é de dentro do coração dos homens que saem as intenções malignas: prostituições, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldades, malícia, devassidão, inveja, difamação, inveja, difamação, arrogância, insensatez. Todas estas coisas más saem de dentro do homem, e são elas que o tornam impuro" (Mc 7:21-23). Por isso, ele exorta assim os fariseus: "... limpa primeiro o interior do copo para que também o exterior fique limpo!" (Mt 23:26). Pondo em prática esse preceito de começar pelo interior, devemos ter presente em nosso espírito que não é, de modo algum, por nós mesmos, que purificamos o nosso coração. Não é para a satisfação pessoal que limpamos e polimos o quarto de hóspedes, mas sim para que o nosso hóspede se sinta bem. Nós nos perguntamos: "Será que vai achá-lo a seu gosto? Irá ficar?" Todo o nosso pensamento é para ele. Depois nos retiramos, ficamos em segundo plano, sem esperar resposta.

Como explica Nicétas Stéthatos, existem para o homem três estados: o homem carnal, que quer viver para o próprio prazer, mesmo em detrimento dos outros; o homem natural, que deseja agradar ao mesmo tempo a si mesmo e aos outros; o homem espiritual, que quer agradar só a Deus ainda que sejaem detrimento de si próprio. O primeiro está abaixo da natureza; o segundo está conforme à natureza; o terceiro está acima da natureza: é a vida no Cristo.

O homem espiritual pensa espiritualmente; sua esperança é ouvir um dia os anjos se alegrarem "... por um só pecador que se converte" (Lc 15:10), um pecador que não é outro senão ele mesmo. Que sejam esses os teus sentimentos; trabalha animado por essa esperança, pois o Senhor nos deu este preceito: "... deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito" (Mt 6:33).

Não te concedas repouso algum, nenhuma trégua, até que tenhas condenado à morte essa parte de ti mesmo que provém da natureza carnal. toma a resolução de descobrir em ti toda manifestação do homem animal, e de persegui-lo implacavelmente. "Pois a carne tem aspirações contrárias ao espírito e o espírito contrárias à carne" (Gl 5:17). Mas se temes tornar-te justo a teus próprios olhos, trabalhando para a tua salvação; se temes ser vencido pelo orgulho espiritual, examina-te a ti mesmo, e diz que aquele que teme tornar-se justo a seus próprios olhos, é cego, porque não vê que ele é justo a seus próprios olhos.

Tito Colliander, Caminho dos Ascetas - Iniciação à vida espiritual.

A idéia de universidade

Por Otto Maria Carpeaux

Por toda parte, as universidades são doentes, senão moribundas, e isto é grande coisa. Os iniciados bem sabem que não é esta uma questão para os pedagogos especializados. Das universidades depende a vida espiritual das nações. O fim das universidades seria um fim definitivo. O abismo entre o progresso material e a cultura espiritual aumenta de dia para dia, e as armas desse progresso nas mãos dos bárbaros é fato que clama aos céus. Os edifícios das universidades resistem ainda, e neles trabalha‑se muito, demais, às vezes, mas o edifício do espírito, esta catedral invisível, está ameaçado de cair em ruínas. Em tempos mais felizes a sueca Ellen Key dizia com sutileza: “Cultura é o que nos resta depois de termos esquecido tudo quanto aprendemos.” E, deste modo, somos riquíssimos de saber e mendigos de cultura. Hoje em dia Herbert George Wells pode dizer: “We are entered in a race between education and catastrophe”. “Entramos numa corrida entre educação e catástrofe.” Aí está a questão da Universidade.O utilitarismo é o inimigo mortal da Universidade.


Mas o que quer dizer “prático”, “útil”? A resposta não é tão simples. Por felicidade os poderosos deste mundo introduziram um novo ponto de vista, ao qual julgo que devemos algumas perspectivas novas.

Para a mentalidade média do nosso tempo a utilidade das ciências é determinada segundo as aplicações práticas: a física e a química, que nos forneceram a luz elétrica e os gases asfixiantes, são as ciências úteis; a história e a filosofia, que não nos fornecem nada, são ciências “inúteis”.

Sabemos que a Universidade, Universitas Litterarum, é uma criação da Idade Média. [Onde estão] as “velhas” ciências, as Litterae, que na Idade Média já eram conhecidas, e que formam a verdadeira alma da Universidade? Foram justamente estas Litterae que formaram os caracteres das nações; e aquele que desejar transformar uma nação deverá transformá-las integralmente.

A história das universidades é a história espiritual das nações. A França medieval é a Sorbonne, cujo enfraquecimento coincide com a fundação renascentista do Collège de France, e cujo prolongamento moderno é a Ecole Normale Supérieure. A Inglaterra, mais conservadora, é sempre Oxford e Cambridge. A Alemanha luterana é Wittemberg e Iena; a Alemanha moderna é Bonn e Berlim. As velhas universidades são de utilidade muito reduzida. Elas não fornecem homens práticos; formam o tipo ideal da nação: o lettré, o gentleman, o Gebildeter. Elas formam os homens que substituem, nos tempos modernos, o clero das universidades medievais. Elas formam os clercs.

As universidades americanas têm a mesma origem. As velhas universidades da América Latina — Lima, México, Bogotá, Córdova — são fundações da Coroa de Espanha; mas foram, desde o início, confiadas aos frades, e já a primeira cédula de fundação, a ordem real do imperador Carlos V, de 21 de setembro de 1551, dá claramente a entender o sentimento da responsabilidade perante o espírito, o espírito desinteressado da Universidade medieval: “Para servir a Deus, Nosso Senhor, e ao bem público de nossos reinos, convém que nossos vassalos, súditos e naturais tenham Universidades e Estudos Gerais em que sejam instruídos e titulados em todas as ciências e faculdades, e pelo muito amor e vontade que temos de honrar e favorecer aos de Nossas Índias, e desterrar deles as trevas da ignorância, criamos, fundamos e constituímos na cidade de Lima dos reinos do Peru, e na cidade de México da Nova Espanha, Universidades e Estudos Gerais”. Nada mais eloquente, admirável, do que semelhantes termos haverem sido empregados quando os puritanos fundaram, em 1636, a primeira universidade da América inglesa, a de Harvard: “After God had carried us safe to New England, and we builded our houses and settled the Civil Government; one of the next things we looked after was to advance Learning and perpetuate it to Posterity, dreading to leave an illiterate Ministery to the Churches, when our present Ministers shall lie in the dust” (New England’s First Fruits, 1643). (“Depois que Deus nos tinha seguramente conduzido à Nova‑Inglaterra, e que construímos as nossas casas e estabelecemos um governo civil, uma das nossas primeiras ocupações foi estimular o ensino e perpertuá‑lo para a posteridade, com receio de deixar às igrejas um clero iletrado quando os nossos clérigos atuais jazerem em pó.”


O que resta destas Universitates Litterarum? O nome. Já não formam lettrés, nem gentlemen, nem Gebildeter; formam médicos, advogados, professores. As universidades tornaram‑se lugares de investigações científicas; e é um romantismo utilitário que vem muni‑las das asas do progresso. Não há mais “clercs”, só há estudantes.

Queixam‑se de que as universidades já não fornecem elites. Sim, mas em compensação fornecem verdadeiras massas, porque as ciências modernas e suas investigações têm menos necessidade de cérebros que de batalhões de estudantes; e para isto elas satisfazem. A inteligência que é precisa para estudar uma profissão, mesmo acadêmica, não é tão grande como os leigos imaginam. Há vários séculos um sábio inglês, o cônego dr. Copleston, fellow do Ariel College, em Oxford, predizia: “Ainda que a ciência seja favorecida por essas concentrações de inteligência a seu serviço, os homens que se encerram nas especializações têm a inteligência em regresso” (citado pelo cardeal Newman, The idea of a university, p. 72). É o regredir de uma elite à condição de massa ornada de títulos acadêmicos.

É preciso que se digam, aqui, algumas verdades muito impopulares e muito desagradáveis. Existe Inteligência e existem “intelectuais”. Intelectuais são os médicos, os advogados, os funcionários superiores de toda espécie, os especialistas científicos de toda sorte. Mas deve‑se dizer que somente uma parte desses “intelectuais” pertence à Inteligência, que é, por seu lado, o resto dos “clercs”, da elite de outrora. Sejamos sinceros: podemos ser bom médico, bom advogado, bom professor, e ter o espírito preso aos limites da profissão; e sabemos que o grau acadêmico nem sequer é sempre a garantia de boas qualidades profissionais. Mas ele confere sempre uma autoridade social. José Ortega y Gasset caracterizou essa nova espécie de intelectuais, violentamente, mas sinceramente: “Nuevo bárbaro, retrasado com respecto a su época, arcaico y primitivo en comparación con la terrible actualidad de sus problemas. Este nuevo bárbaro es principalmente el profesional más sabio que nunca, pero más inculto también — el ingeniero, el médico, el abogado, el científico” (Misión de la Universidad, Obras, p. 1289).

É o fato central da nossa época: as classes médias, mesmo antes de serem proletarizadas, mesmo justamente para evitar a ameaça da proletarização, transformam‑se em massas proletárias. E esta proletarização interior é um fenômeno da educação. Chama‑se “classes médias” o problema central da nossa época.

O problema capital do nosso tempo, o problema da elite, é, no fim das contas, um problema de pedagogia humanística. Existe mesmo, hoje, política que consiste na exterminação das elites pelas armas dos especialistas. E foi bem preparada: da diminuição das lições latinas, existe apenas um passo para a destruição dos livros e dos museus.

O resultado mais frequente da moderna educação universitária é um decidido adeus aos livros. Mais tarde, combaterão as “línguas mortas” na escola. Enfim, declararão inútil todo o ensino secundário, com as suas ideias vagas e inúteis duma “cultura geral”; talvez toquem, com isso, no ponto nevrálgico da discussão. Todo o problema espiritual dos nossos dias é, pois, um problema de falta de educação humanística, um problema pedagógico; e todo o problema pedagógico dos nossos dias é um problema da escola específica das classes médias, da escola secundária.

Segundo o regime escolar vigente em todos os países, sem exceção, a Universidade dedica‑se ao ensino profissional superior, enquanto a “cultura geral” fica reservada ao ensino secundário, aos ginásios e aos liceus. Quer dizer: o ensino da cultura geral limita‑se aos jovens de dez a dezoito anos. Depois, a “cultura” termina, e a medicina e a jurisprudência começam, sem nenhuma “cultura geral”. Os conhecimentos do ensino secundário empalidecem, naturalmente, com o tempo; mas ainda há coisa pior: todo esse ensino de “cultura geral” é feito ao alcance de jovens de dez a dezoito anos: a história, a filosofia, a literatura, amoldadas ad usum Delphini, e forçosamente puerilizadas. E aí fica. Nunca mais o jovem médico ou engenheiro ouve falar em história, filosofia, literatura, exceto pela imprensa ou pelo rádio, que se colocam ao alcance do espírito das grandes massas, pueris por natureza. Resultado: um espírito artificialmente preservado no estado pueril com uma formação profissional superposta. Conheço bem as numerosas exceções que felizmente existem. Mas, em geral, estas massas graduadas se distinguem dos iletrados somente por uma autoridade profissional que as torna menos úteis que perigosas. Ainda uma vez cito Ortega y Gasset: “La peculiarísima brutalidad y la agresiva estupidez con que se comporta un hombre, cuando sabe mucho de una cosa y ignora de raiz todas las demás” (o. c., p. 1291). Eles, porém, os iletrados, têm sempre razão, porque são muitos e ocupam um lugar de elite, esse “proletariado intelectual”, sem dinheiro ou com ele, isso não importa. Julgam tudo, e tudo deles depende. Leem os livros e decidem sobre os sucessos de livraria, criticam os quadros e as exposições, aplaudem e vaiam no teatro e nos concertos, dirigem as correntes das ideias políticas, e tudo isto com a autoridade que o grau acadêmico lhes confere. Em suma, desempenham o papel de elite. São os nouveaux maîtres, os señoritos arrogantes, graduados e violentos; e nós sofremos as consequências, amargamente, cruelmente.

Uma coisa fica, porém: a Universidade é uma criação da Idade Média. Todas as universidades medievais são, por princípio, instituições “clericais”: elas formam os “clercs”. O restabelecimento das universidades “clericais” é uma restauração de tradições.

Quatro ou cinco faculdades reunidas não constituem ainda uma universidade. Elas não criam esta “convivence of sciences, which forms a philosophical habit of mind”, de que fala o cardeal Newman. Não se trata destas ciências ou daquelas profissões. Trata‑se do espírito comum que as anima, do espírito filosófico, antiutilitário, desinteressado, que as nossas universidades perderam, e que é a própria ideia de Universidade. Derrubemos, pois, este estado de coisas. É ao ensino secundário que cabe o preparo do ensino profissional, dispensado nos hospitais e na magistratura. Em conclusão, é à Universidade que incumbe a formação do espírito da “clericatura”.

Voltemos aos estudantes: o seu utilitarismo, mais perigoso que o das ciências, perdurará enquanto a frequência das universidades for a chave para as posições de mando na sociedade. Verdadeiramente, o oposto deste utilitarismo é o desinteresse, no qual Newman via o espírito e a ideia de universidade, o espírito do clero universitário medieval que se sentia independente do mundo e somente responsável perante Deus. Sem tais padres o altar fica vazio e o culto abandonado. Poderia chegar o dia em que ninguém compreenderia mais as fórmulas nem os poemas, em que os quadros de Rembrandt seriam pedaços de tela e as partituras de Beethoven farrapos de papel; dia da barbárie, em que a história humana transformar‑se‑ia, pela sucessão de desgraças, num formigueiro mal organizado. E este dia talvez já esteja mais próximo do que realmente pensamos. “Somos a última reserva, fiquemos conscientes disto.” — dizia Hugo Ball. Fiquemos conscientes, “dreading to leave an illiterate Ministery to the Churches, when our present Ministers shall lie in the dust”.

Texto enviado por Claudemir Leandro

11 de Junho de 2009 - Festa de Corpus Christi

"Isto é o Meu Corpo"

"Senhor, eu creio, adoro, espero e amo-Vos;
Peço-vos perdão pelos que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam"

"Minha Carne é verdadeiramente uma comida e Meu Sangue é verdadeiramente uma bebida."
"Quem come a Minha Carne e bebe o Meu Sangue tem a vida eterna."

"Felizes os convidados para a Ceia do Senhor!"

Exemplo da grande retórica abortista!

Vejam que argumentos! Que objetividade! Que clareza na sua retórica!



Fonte: http://deuslovult.org/

Acerca da Santíssima Trindade


S. João da Cruz, Toledo, cárcere - 1578

Sobre o Evangelho "In Principio Erat Verbum".

No princípio morava
o Verbo, e em Deus vivia,
nele sua felicidade
infinita possuía.

O mesmo Verbo Deus era,
e o princípio se dizia.
Ele morava no princípio
e princípio não havia.

Ele era o mesmo princípio
por isso dele carecia.
O Verbo se chama Filho,
pois do princípio nascia.

Ele sempre o concebeu,
e sempre o conceberia.
Dá-lhe sempre sua substância
e sempre a conservaria.

E assim a glória do Filho
é a que no Pai havia;
e toda a glória do Pai
no seu FIlho a possuía.

Como amado no amante
Um no outro residia,
e esse amor que os une,
no mesmo coincidia

com o de um e com o de outro
em igualdade e valia.
Três pessoas e um amado
entre todos três havia;

e um amor em todas elas
e um só amante as fazia,
e o amante é o amado
em que cada qual vivia;

que o ser que os três possuem,
cada qual o possuía,
e cada qual deles ama
à que este ser recebia.

Este ser é cada uma,
e este só as unia
num inefável abraço
que se dizer não podia
pelo qual era infinito
o amor que os unia,

porque o mesmo amor três tem,
e sua essência se dizia:
que o amor quanto mais uno,
tanto mais amor fazia.

São João da Cruz, Romances Trinitários e Cristológicos.

Elevação à Santíssima Trindade

Beata Elisabete da Trindade (21 de novembro de 1904)

Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente de mim mesma para fixar-me em vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivesse na eternidade. Que nada possa perturbar-me a paz nem me fazer sair de vós, ó meu Imutável, mas que em cada minuto eu me adentre mais na profundidade de vosso Mistério. Pacificai minha alma, fazei dela o vosso céu, vossa morada preferida e o lugar de vosso repouso. Que eu jamais vos deixe só, mas que aí esteja toda inteira, totalmente desperta em minha fé, toda em adoração, entregue inteiramente à vossa Ação criadora.

Ó meu Cristo amado, crucificado por amor; quisera ser uma esposa para vosso Coração, quisera cobrir-vos de glória, amar-vos... até morrer de amor! Sinto, porém, minha impotência e peço-vos revestir-me de vós mesmo, identificar a minha alma com todos os movimentos da vossa, submergir-me, invadir-me, substituir-vos a mim, para que minha vida seja uma verdadeira irradiação da vossa. Vinde a mim como Adorador, como Reparador e como Salvador. Ó Verbo eterno, Palavra de meu Deus, quero passar minha vida a escutar-vos, quero ser de uma docilidade absoluta para tudo aprender de vós. Depois, através de todas as noites, de todos os vazios, de todas as impotências, quero ter sempre os olhos fixos em vós e ficar sob vossa grande luz; ó meu astro Amado, fascinai-me a fim de que não me seja possível sair de vossa irradiação.

Ó Fogo devorador, Espírito de amor, “vinde a mim” para que se opere em minha alma como que uma encarnação do Verbo: que eu seja para ele uma humanidade de acréscimo na qual ele renove todo o seu Mistério. E vós, ó Pai, inclinai-vos sobre vossa pobre e pequena criatura, cobri-a com vossa sombra vendo nela só o Bem-Amado, no qual pusestes todas as vossas complacências.

Ó meu Três, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão infinita, Imensidade onde me perco, entrego-me a vá qual uma presa. Sepultai-vos em mim para que eu me sepulte em vós, até que vá contemplar em vossa luz o abismo de vossas grandezas.
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