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Jesus nos cura de nossa cegueira...


S. Josemaria Escrivá

O pecado dos fariseus não consistia em não verem Deus em Cristo, mas em se encerrarem voluntariamente em si mesmos; em não tolerarem que Jesus, que é a luz, lhes abrisse os olhos. Esse nevoeiro tem resultados imediatos na vida de relação com os nossos semelhantes. O fariseu que, julgando-se luz, não deixa que Deus lhe abra os olhos é o mesmo que tratará soberba e injustamente o próximo, rezando assim: "Dou-te graças porque não sou como os outros homens, ladrões, injustos e adúlteros, nem como esse publicano". E quanto ao cego de nascença, que persiste em contar em verdade da cura milagrosa, ofendem-no: "Saíste do ventre de tua mãe coberto de pecados, e queres ensinar-nos? E expulsaram-no.”

Entre os que não conhecem Cristo, há muitos homens honrados que, por elementar circunspeção, sabem comportar-se delicadamente: são sinceros, cordiais, educados. Se eles e nós não nos opusermos a ser curados por Cristo da cegueira que ainda resta nos nossos olhos, se permitirmos que o Senhor nos aplique esse lodo que, nas suas mãos, se converte no colírio mais eficaz, compreenderemos as realidades terrenas e vislumbraremos as eternas sob uma luz nova, a luz da fé; teremos adquirido um olhar limpo.

Esta é a vocação do cristão: a plenitude dessa caridade que é paciente, benigna, não tem inveja, não é temerária, não se ensoberbece, não é ambiciosa, não é interesseira, não se irrita, não pensa mal, não se alegra com a injustiça, compraz-se na verdade, tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo sofre.

A caridade de Cristo não é apenas um bom sentimento para com o próximo: não se detém no gosto pela filantropia. A caridade, infundida por Deus na alma, transforma por dentro a inteligência e a vontade; dá base sobrenatural à amizade e à alegria de fazer o bem.

São Josemaria Escrivá, É Cristo que Passa, Homilias.
***

Este pequeno e leve texto de S. Josemaria é muito esclarecedor e gostaria de frisar nele alguns pontos, acrescentando umas breves reflexões.

“O pecado dos fariseus não consistia em não verem Deus em Cristo, mas em se encerrarem volutariamente em si mesmos”. Aqui está uma premissa básica: só é digno de culpa aquilo que é voluntário. Um cego não tem culpa de não ver. A responsabilização, assim como o mérito, implica a liberdade. A culpa dos fariseus, portanto, consiste na obstinação em resistir a Jesus.

“Entre os que não conhecem Cristo, há muitos homens honrados que, por elementar circunspeção, sabem comportar-se delicadamente” - Que lição para muitos de nós, católicos. Quantos há que, sob pretexto de defesa da fé, excluíram de seus tratos a mínima sombra da delicadeza e da cordialidade, e se orgulham de sua brutalidade generalizada.

“se permitirmos que o Senhor nos aplique esse lodo que, nas suas mãos, se converte no colírio mais eficaz, compreenderemos as realidades terrenas e vislumbraremos as eternas sob uma luz nova, a luz da fé; teremos adquirido um olhar limpo.” Lembro o episódio da cura de um cego, descrita no Evangelho de Lucas. Lá se diz: “e ele viu e ficou curado”. Porém, a correta ordem cronológica seria: “Ele ficou curado e, então, viu”. Muitas vezes, Nosso Senhor nos cura transformando a nossa forma de ver. Mas isto supõe o desapego do próprio jeito. E não nos enganemos: a vontade de mudar supõe também o ódio a si mesmo. Aquele que se ama acha que já está bom e se fecha à conversão. Tal é o problema dos fariseus. Para ascender a um outro degrau da escada, que permite uma visão mais alta, forçoso é desapegar-se do degrau em que se está, dos limites da própria comodidade.

“Esta é a vocação do cristão: a plenitude dessa caridade que é paciente, benigna, não tem inveja, não é temerária, não se ensoberbece, não é ambiciosa, não é interesseira, não se irrita, não pensa mal, não se alegra com a injustiça, compraz-se na verdade, tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo sofre.” Mais uma grande lição para as feras devotas que, à mínima oposição a si, só faltam cuspir fogo.

“A caridade de Cristo não é apenas um bom sentimento para com o próximo: não se detém no gosto pela filantropia.” Cito somente o que disse Sto André quando convidado a abandonar a sua fé: “Ah, se conhecesses o mistério da Cruz!” Ele vai muito além do que mera filantropia ou bom mocismo... e não há limites para o amor. É próprio da Santidade estender-se ao infinito.

“A caridade, infundida por Deus na alma, transforma por dentro a inteligência e a vontade; dá base sobrenatural à amizade e à alegria de fazer o bem.” Eis, pois, que o homem não se ilumina a si mesmo. “Sem mim nada podeis fazer”, diz Jesus aos seus amigos. O reto cristianismo, portanto, não aceita coexistência com a auto-suficiência, com a soberba, com o orgulho, embora muitos há que queiram usar a cruz para massagear o ego. É preciso, pois, abrir-se ao Outro, que é Deus, numa atitude de pobreza e humildade, sabendo que a Luz não é nossa, mas dEle que, amorosamente, nos ilumina com sua cálida presença. Permitamos que Nosso Senhor nos cure de nossa cegueira...

Pax et Bonum.

Fábio

Mais protestantes...

A verdadeira oração em línguas


Aula de teologia e exegese bíblica on line.. O final é o melhor...

Papa poderá nos presentear com uma surpresa na Quinta Feira Santa!

Disponível no Fratres in Unum

Segundo foi informado Sector Catolico, o Papa Bento XVI poderia estar preparando uma enorme “surpresa” para o “mundo católico” que se conhecerá, presumidamente, na próxima Quinta-feira Santa, data em que a Igreja celebra a instituição da Eucaristia e da Ordem Sacerdotal.

Segundo apontaram estas fontes, que não souberam determinar com exatidão em que consistirá a medida, falam, no entanto, de dois possíveis marcos. Por um lado, a supressão do indulto universal para receber a Sagrada Comunhão na mão. A outra possibilidade é que, finalmente, o Papa se anime a celebrar a Santa Missa in cena Domini segundo a “forma extraordinária” do Rito Romano.

Com qualquer uma delas ficaria nitidamente expressa a vontade do Papa para o conjunto da Igreja universal no que se refere à celebração sacramental, onde é necessário recuperar com urgência o caráter sagrado das celebrações, desde a urbe ao orbe, para expressar com maior dignidade o que celebramos os católicos, especialmente na Santa Missa, renovação incruenta do sacrifício de Jesus no Calvário e cume da redenção do gênero humano (“… por vós e por muitos homens para o perdão dos pecados”).

De fato, esse tipo de comentário está já nos corredores eclesiásticos de Roma e transcendeu as cúrias diocesanas de alguns lugares e países. Não sabemos ainda o que o Papa nos prepara, mas sem dúvida será uma surpresa e das boas! Longa vida ao Papa!
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Deo Gratias

Jesus, um mito? Entrevista com o Dr. Forbes

Há algum tempo, ficou famosa uma teoria no mínimo estranha e hilária: a de que Jesus nunca teria existido. Não digo apenas apenas como Deus, mas como homem. Escreveram-se até livros sobre isto, tentando provar a suposta inexistência histórica da pessoa de Jesus. Para isto foram citados supostas autoridades acadêmicas e científicas, que buscavam provar que Jesus, na verdade, não passava de um mito, um mosaico proveniente da junção de vários outros mitos antigos. Fizeram até um filme que também ficou particularmente famoso, de nome Zeitgeist (O espírito do tempo).

Abaixo, porém, uma breve entrevista com um especialista de verdade.. Não deixe de assistir... Ainda que nunca tenha visto falar sobre esta teoria boba da inexistência histórica de Jesus, desde já, vacine-se contra ela e saiba rir, rir muito, quando algum pseudo-intelectual de meia tigela vier tentar de convencer deste disparate.


Breve história da Beata Imelda Lambertini, uma pequena que soube amar Nosso Senhor Eucarístico

O Corpo da Beata Imelda Lambertini permanece incorrupto
na Capela de São Sigismundo, em Bolonha.

Por Michelle Víccola

Essa angelical menina nasceu no ano de 1322 em Bolonha (Itália). Seu pai, Egano Lambertini, pertencia à alta nobreza e desempenhou cargos importantes como o de governador de Bréscia e o de embaixador na República de Veneza. A par de grande habilidade, prudência e valor militar, distinguiu-se também por sua profunda fé e amor aos pobres. Sua mãe, Castora, da nobre família Galuzzi, rogava com ardorosa fé a Nossa Senhora a graça de ter ao menos um filho. Após rezar inúmeras vezes o Rosário nessa intenção, obteve por fim o favor pelo qual tanto ansiava: o nascimento de uma bela menina!

Assim que os olhos de sua filha abriram-se para este mundo, Castora tomou-a nos braços e ofereceu-a à Santíssima Virgem: "Ó Senhora, uma filha mais bela Vós não podíeis ter-me dado! Eu Vo-la ofereço, tomai-a por inteiro". A Virgem Maria aceitou com agrado esse oferecimento. A pequena Imelda cresceu em idade e virtude sob os cuidados de sua piedosa mãe que lhe dispensou uma esmerada formação religiosa.

As recreações próprias à infância não a atraíam. Do que ela gostava mesmo era conversar sobre Deus e as coisas sobrenaturais. Passava longas horas ajoelhada diante de um pequeno altar que ela mesma adornava e floria.

A voz de Deus não tardou a inspirar- lhe no fundo da alma o desejo de abandonar o mundo e consagrar-se totalmente ao seu serviço.

Naquela época era comum a admissão de crianças em conventos, seja por vontade própria, seja por iniciativa da família. Assim, aos oito anos de idade, Imelda Lambertini foi admitida como oblata no mosteiro dominicano de Santa Maria Madalena di Val di Pietra, onde se preparava para ingressar no noviciado.

Dois anos depois, numa singela cerimônia íntima, teve a felicidade de receber o hábito de São Domingos. Bem sabia a santa menina que esse inapreciável dom lhe pedia, em contrapartida, um redobramento de fervor. Tomando aquele ato com profunda seriedade, Imelda tornou-se modelo para todas as irmãs. Só pelo fato de vê-la passar com alegria, modéstia e humildade, as religiosas sentiam-se confirmadas em sua vocação.

O que ela mais amava era Jesus Sacramentado. Sua alma inocente exultava de gozo ao considerar que no sacrário estava presente aquele mesmo Jesus nascido da Virgem Maria, que em Belém fora colocado numa manjedoura, e por amor a nós fora crucificado e morto, mas triunfante ressuscitara ao terceiro dia!

A monja-menina passava horas junto ao sacrário. Apenas surgia uma oportunidade, lá estava ela imóvel, com os olhos fixos no tabernáculo, a fisionomia iluminada por uma intensa claridade. As religiosas se admiravam do fervor e piedade de sua infantil companheira e, maravilhadas, concluíram que sobre aquela alma pairava um especial desígnio da Providência.

Sempre que a comunidade reunia-se na capela para a Missa conventual, Imelda contemplava, extasiada, todas aquelas que se aproximavam da mesa eucarística para a Comunhão. Surgia-lhe interiormente esta interrogação: "Como se pode continuar vivendo nesta terra após ter recebido o próprio Deus? Meu Jesus, quando poderei também eu ter a alegria de Vos receber?"

Naquele tempo, não era permitido às crianças comungar, mas nem por isso era menos ardoroso seu desejo de receber a Eucaristia. Encontrando- se com o confessor ou com a Madre Superiora, repetia sempre a mesma pergunta:

- Quando poderei comungar?

Mostrava-se obediente e resignada ante a resposta invariável de que era preciso "esperar ainda um ano", mas suspirava cada vez mais pelo raiar do dia que seria para ela, sem qualquer dúvida, o dia mais feliz de sua vida, o da Primeira Comunhão.

Na madrugada de 12 de maio de 1333, véspera da festa da Ascensão do Senhor, os sinos tocaram alegremente, chamando as religiosas para o cântico do Ofício Divino. Acabada a salmodia, o sacerdote iniciou a celebração da Santa Missa. Na hora da Comunhão, de joelhos no fundo da igreja, Imelda acompanhava com ardorosos desejos a movimentação das monjas que recebiam a sagrada Hóstia e retornavam recolhidas a seus lugares.

De seu coração brotou a mais ardente súplica:

- Meu Jesus, dizem-me que, pelo fato de ser criança, não posso ainda comungar... Mas Vós mesmo dissestes: "Deixai vir a Mim os pequeninos". Eis que Vos peço, Senhor: vinde a mim!

Jesus, em seu terno amor aos inocentes e humildes de coração, não resistiu a esse apelo: uma Hóstia destacou-se do cibório, elevou-se no ar e, traçando um rastro luminoso por onde passava, foi pousar sobre a cabeça de Imelda! O ministro de Deus, vendo nesse prodigioso fato uma clara manifestação da vontade divina, tomou a Hóstia e deu-lhe a Comunhão.

Ela fechou os olhos, inclinou suavemente a cabeça e permaneceu absorta num profundo recolhimento. Terminou a Missa, passou-se longo tempo, mas a pequena religiosa não fazia o menor movimento, e ninguém se atrevia a perturbar aquela paz beatífica, aquele êxtase em que ela se encontrava, convertida num tabernáculo vivo de Deus. Por fim, a Madre Superiora tomou a decisão de chamá-la, e qual não foi a surpresa de todos ao verificar que a menina não respondia... Imelda estava morta, seu coração não resistira a tanta felicidade!

* * *

Em 1826 o Papa Leão XII confirmou e estendeu para toda a Igreja o culto que havia séculos se prestava a ela em Bolonha. E São Pio X a proclamou, em 1908, padroeira das crianças que vão fazer a Primeira Comunhão. Seu corpo virginal permanece incorrupto e pode ser venerado na capela de São Sigismundo, em Bolonha. Sua memória litúrgica é celebrada no dia 12 de maio.

Beati mortui qui in Domino moriuntur (Bem-aventurados os que morrem no Senhor). Ó Beata Imelda, morrestes no Senhor! Concedei a nós, peregrinos nesta terra, que vosso luminoso exemplo de amor faça nascer em nossos corações uma fome eucarística inextinguível e que, saciados com o Pão dos Anjos, possamos um dia cantar eternamente convosco a glória de Jesus que morreu por nós na Cruz e Se fez nosso alimento espiritual até a consumação dos séculos .

(Revista Arautos do Evangelho, Maio/2006, n. 53, p. 24-25)

Fonte:

Quaresma e CF2010


Eu nem ia comentar nada, porque tantos já o fizeram, e considero que eu teria pouco a acrescentar...
Mas apenas quero destacar alguns pontos reveladores, tanto da mensagem do Papa para a Quaresma 2010, quanto da sua mensagem  aos brasileiros por ocasião da abertura da Campanha da Fraternidade 2010, que bem demonstram a total discrepância entre as intenções de Sua Santidade para este tempo penitencial e aquilo que é levado a termo nestas terras tropicais...
Limito-me a alguns breves comentários entre parênteses...



PONTOS DA MENSAGEM DO PAPA PARA A QUARESMA 2010

- todos os anos, por ocasião da Quaresma, a Igreja convida-nos a uma revisão sincera da nossa vida á luz dos ensinamentos evangélicos.. (e não de Marx)

- (...) mas a justiça distributiva não restitui ao ser humano todo o “suo” que lhe é devido. Como e mais do que o pão ele de facto precisa de Deus. Nora Santo Agostinho: se “ a justiça é a virtude que distribui a cada um o que é seu…não é justiça do homem aquela que subtrai o homem ao verdadeiro Deus” (De civitate Dei, XIX, 21). (no coments)


"[Eis] uma tentação permanente do homem: individuar a origem do mal numa causa exterior. Muitas das ideologias modernas, a bem ver, têm este pressuposto: visto que a injustiça vem “de fora”, para que reine a justiça é suficiente remover as causas externas que impedem a sua actuação: Esta maneira de pensar - admoesta Jesus – é ingénua e míope. A injustiça, fruto do mal , não tem raízes exclusivamente externas; tem origem no coração do homem, onde se encontram os germes de uma misteriosa conivência com o mal. Reconhece-o com amargura o Salmista: ”Eis que eu nasci na culpa, e a minha mãe concebeu-se no pecado” (Sl. 51,7). Sim, o homem torna-se frágil por um impulso profundo, que o mortifica na capacidade de entrar em comunhão com o outro. Aberto por natureza ao fluxo livre da partilha, adverte dentro de si uma força de gravidade estranha que o leva a dobrar-se sobre si mesmo, a afirmar-se acima e contra os outros: é o egoísmo, consequência do pecado original. Adão e Eva, seduzidos pela mentira de Satanás, pegando no fruto misterioso contra a vontade divina, substituíram à lógica de confiar no Amor aquela da suspeita e da competição ; à lógica do receber, da espera confiante do Outro, aquela ansiosa do agarrar, do fazer sozinho (cfr Gn 3,1-6) experimentando como resultado uma sensação de inquietação e de incerteza."
(O dogma do pecado original tem sido desacreditado, embora ele seja, como escreveu o Chesterton, a chave para a compreensão de uma série de eventos que ocorrem no mundo. Aqui, Sua Santidade descreve que a injustiça nasce do coração do homem, e não da economia; para que esta seja justa - e não igualitária - forçoso é que provenha de corações justos...)
 
- "(...) a escuta da Lei , pressupõe a fé no Deus que foi o primeiro a ouvir o lamento do seu povo"
(Porém, no Brasil a coisa se inverte. O pobre é posto no lugar de Deus, como bem o declarou o irmão do Leonardo Boff, que abandonou a Teologia da Libertação. Com esta atitude antropocêntrica, não obstante porte aparências de devoção e amor fraterno, a própria compreensão da lei torna-se viciada. Se primeiro é preciso escutar a Deus para, depois, desempenhar um papel benéfico também social, a inversão desta ordem apenas demonstra a aspiração do homem pela auto-suficiência humana, o desejo de saber fazer por si, de ser o seu próprio Salvador. E, como sempre, temos aí apenas um disfarce do amor próprio. A TL, de cunho marxista, apenas busca perpetuar a aspiração de Adão seduzido pela serpente: ser Deus sem Deus.)
 
"(...) é necessário um “êxodo” mais profundo do que aquele que Deus efectuou com Moisés, uma libertação do coração, que a palavra da Lei, sozinha, é impotente a realizar." (E qual o tempo por excelência de se fazer isto? A Quaresma! Porém, os católicos nem têm esse tempo. Estão ocupados com a CF.)
 
- "Qual é portanto a justiça de Cristo? É antes de mais a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura si mesmo e os outros. O facto de que a “expiação” se verifique no “sangue” de Jesus significa que não são os sacrifícios do homem a libertá-lo do peso das suas culpas, mas o gesto do amor de Deus que se abre até ao extremo, até fazer passar em si “ a maldição” que toca ao homem, para lhe transmitir em troca a “bênção” que toca a Deus (cfr Gal 3,13-14)."
(Creio que isto não precisa de comentários. Alguém poderia objetar que tal enunciado pode servir de pretexto para que o homem se conforme, não realizando o que é de sua responsabilidade na mudança da sociedade. Convém aqui, porém, compreender bem as coisas. E, como já expresso, esta visão correta provém, antes, da reta fé em Deus.)
 
"Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da auto suficiência para descobrir e aceitar a própria indigência – indigência dos outros e de Deus, exigência do seu perdão e da sua amizade." (Perfect! Isto é pressuposto de qualquer ação efetiva)
 
"Compreende-se então como a fé não é um facto natural, cómodo, obvio: é necessário humildade para aceitar que se precisa que um Outro me liberte do “meu”, para me dar gratuitamente o “seu”. Isto acontece particularmente nos sacramentos da Penitencia e da Eucaristia." (Daí que é mais fácil aderir a uma proposta ideológica que traga promessas ilusórias de emancipação e ainda massageie o ego humano. Interessante notar que todas estas modificações que ocorreram na espiritualidade católica são sempre para que ela se torne mais cômoda, mais fácil.)


"Precisamente fortalecido por esta experiencia, o cristão é levado a contribuir para a formação de sociedades justas, onde todos recebem o necessário para viver segundo a própria dignidade de homem e onde a justiça é vivificada pelo amor. (Note-se que aqui não se fala do funesto igualitarismo, totalmente avesso à justiça e à ordem)

"Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autentica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça." (Conhecimento intenso de Cristo? Quem dera... Mais fácil é a capacitação intensiva da doutrina marxista... infelizmente.)


PONTOS DA MENSAGEM DO PAPA AOS BRASILEIROS NA ABERTURA DA CF2010

- "Com a quarta-feira de cinzas, volta aquele tempo favorável de salvação, que é a Quaresma, com seu apelo insistente: "Reconciliai-vos com Deus" (2Cor 6,2);" (Não me espantaria se houvesse quem perguntasse: "e a gente brigou com Ele? Quando foi isso?")

- Por isso, encorajo-vos a preservar no testemunho do amor de Deus, do Filho de Deus que se fez homem, do amor agraciado com a vida de Deus, do único bem que pode saciar o coração da gente, pois, "mais do que de pão, [o homem] de fato precisa de Deus". (Aqui o papa pede que se testemunhe Jesus Cristo e não outra coisa, afirmando que só Ele satisfaz o homem. E repete, depois, algo que já disponibilizei acima e que é crucial: "O homem precisa mais de Deus do que de pão". Aiai...)

- Nós existimos para mostrar Deus aos homens. E só onde se vê Deus, começa verdadeiramente a vida" (Homilia, 24/IV/2005). (Sabem o que isto significa? Que os esforços podem ser grandiosos; se não derem Deus às pessoas, é tudo supérfluo...)

- Se "a boca fala daquilo que o coração está cheio" (Mt 12, 34), podeis conhecer vosso coração a partir das vossas palavras. "Reconciliai-vos com Deus", de modo que as vossas palavras sirvam sobretudo para falar de Deus e a Deus. (no coments)


Finis...
 
 Enfim, é complicado.....

Graus de vida ativa e contemplativa e a escolha da melhor parte. Explicação da passagem evangélica de Marta e Maria.


Sem dúvida, muito do que se debate hoje é de sumo valor. Sobretudo, quando o assunto é a defesa da Fé, as questões doutrinais, uma reta catequese. Porém, certas discussões a respeito de qual o tipo de vida ideal  poderiam ser evitadas se as pessoas atentassem a um simples fato: nem todos têm a mesma vocação. Cada um recebe um chamado e isto é natural. Revela-se inútil, portanto, que um contemplativo force um vocacionado à vida ativa a abandonar seus afazeres para dedicar-se integralmente à contemplação, assim como é também desinteressante que um ativo reclame de um contemplativo porque, aparentemente, nada faz. Este último tipo de crítica é mais comum, porque, num tempo onde a superficialidade impera, o fenomenalismo é uma tentação, embora seja típico de pessoas míopes.

Transcrevo, aqui, parte de livro onde o autor explica bem esta diferença. Muito esclarecedor...
A transcrição é um pouco longa e podem ter pontos obscuros.
As linhas que seguem se inserem dentro da tradição da teologia apofática ou negativa.
Qualquer coisa, é só perguntar.
Boa leitura.

"No Evangelho de São Lucas está escrito que, quando Nosso Senhor se encontrava em casa de Marta, irmão de Maria, Marta ocupava-se de lhe preparar a refeição, enquanto Maria se quedava sentada aos pés do Mestre. E ouvindo a sua palavra, ela não prestava a atenção às ocupações da irmã, conquanto fossem muito boas e santas, já que pertenciam à primeira parte da vida activa. E também não reparava na preciosidade daquele corpo bendito, nem naquela doce voz, nem nas palavras da humanidade do Senhor, ainda que tudo isso fosse melhor e mais santo, pois pertencia à segunda parte da vida activ e à primeira da vida contemplativa. Maria voltava-se, pois, para a sabedoria suprema da divindade do Senhor, velada nas palavras obscuras da sua humanidade, e nisto se fixava com todo o amor do seu coração. Com efeito, dali não se queria afastar, por nada do que pudesse ver ou ouvir ao seu redor; antes permanecia sentada, muito quieta em seu corpo...

(...) quando Marta se queixou a nosso Senhor, exigindo que a irmã se erguesse e prestasse auxílio, para não ter de arcar sozinha com os trabalhos e fadigas, Maria permaneceu sentada, muito quieta, e não disse palavra de resposta, nem teve nenhum gesto de ressentimento contra a irmã, por causa de qualquer um dos seus queixumes. E nada disto admira, pois ela tinha outro trabalho para fazer, que Marta desconhecia. Portanto, não tinha vagar para a ouvir, nem para responder à sua queixa.

Sim, amigo, todas as obras, palavras e gestos que ocorreram entre Nosso Senhor e estas duas irmãs servem de exemplo a todos os activos e contemplativos da Santa Igreja, até ao dia do juízo final. Maria representa os contemplativos, porque eles devem conformar a sua vida com a dela; Marta representa os activos, do mesmo modo e por análoga razão.

Assim como Marta outrora se queixava de Maria, assim também, ainda hoje, os activos se queixam dos contemplativos. De facto, suponhamos que alguém de um meio secular ou de uma ordem religiosa se sente chamado a abandonar toda a ocupação exterior, para se entregar plenamente à vida contemplativa. Que acontece a quem é tocado deste modo pela graça, dando ouvidos a conselhos espirituais? Que sucede a quem adopta um tal gênero de vida, segundo a luz dos seus conhecimentos e os ditames da sua consciência, com a aprovação do director espiritual? No mesmo instante, os seus irmãos e irmãs, todos os seus amigos íntimos, e muitos outros que não conhecem as suas moções interiores nem o seu estilo de vida, se voltam contra ele com duras críticas e asperamente lhe dizem que a sua conduta não faz sentido. E logo se põem a desfiar um rosário de falsas histórias, com histórias verdadeiras à mistira, falando sobre a queda de homens e mulheres que se votaram ao mesmo gênero de vida no passado. Mas nunca hão-de citar o bom exemplo de alguém que se aguentou de pé!

(...) Alguns poderiam pensar que eu não presto a devida honra a Marta, essa santa especial, pois comparo as suas palavras de protesto contra a irmã às palavras da gente do mundo. A verdade, porém, é que não pretendo faltar com respeito nem a Marta nem às pessoas do mundo. E o Senhor me livre de, nesta obra, eu fazer a mais pequena crítica aos seus servos de qualquer grau, dizendo alguma coisa em desabono da sua santa especial. De facto, penso que se eve relevar totalmente a queixa de Marta, tendo em conta a ocasião e o modo como a fez. A causa do que ela disse foi a ignorância; mas não nos deve admirar que, na altura, ela não soubesse qual era a ocupação de Maria, pois estou em crer que, até ali, ainda mal tinha ouvido falar de semelhante perfeição. Por outro lado, a santa também se exprimiu com toda a cortesia e em breves palavras, pelo que sempre a devemos considerar plenamente desculpada.

Assim, a meu ver, as pessoas de vida activa, inseridas no mundo, também devem obter o perdão para as suas palavras de protesto acima referidas, muito embora falem de maneira rude, pois é necessário atender à ignorância de que são vítimas. Com efeito, assim como Marta estava muito pouco ciente do que fazia a sua irmã, quando se queixava dela a Nosso Senhor, assim tambem os nossos contemporâneos sabem muito pouco ou nada do que pretendem os jovens discípulos de Deus, quando se retiram dos negócios do mundo, para se tornarem servos especiais do mesmo Deus, na santidade e rectidão de espírito. E, se alguma coisa em verdade soubesse, eu atrever-me-ia a dizer que os nosso coevos teriam outra linguagem e comportamento.

(...) Por conseguinte, na minha opinião, os consagrados à vida contemplativa não se deviam limitar a ser indulgentes para com as práticas dos activos; mas seria também conveniente que se aplicassem de tal modo à sua ocupação espiritual que nem sequer prestasse atenção ao que as pessoas fazem ou dizem à sua volta. Foi esta a conduta de Maria, nosso modelo, quando Marta se queixou a Nosso Senhor. E se nós a quisermos imitar, Nosso Senhor fará por nós, ainda hoje, o mesmo que outrora fez por ela.

Que sucedeu, então? Vejamos como agiu o nosso amado Senhor Jesus Cristo, para quem nada existe de secreto nem oculto: Marta pediu-lhe que assumisse o papel de juiz e dissesse a Maria que tratasse de colaborar em O servir; Ele percebeu, no entanto, que o espírito de Maria se encontrava fervorosamente ocupado em amar a sua divindade; assim, pelo modo mais cortês e conveniente, segundo os ditames da razão, Ele próprio, o Senhor, respondeu por aquela contemplativa, a qual nem sequer se defendia a si mesma, para não interromper o amor que Lhe devotava. E como respondeu Ele? Certamente que não assumiu o papell de mero juiz, a pedido de Marta, mas antes, como advogado, tomou a defesa legal de quem O amava. Disse: "Marta, Marta!" Para ser mais eficaz, duas vezes a chamou pelo nome, pois queria que ela O ouvisse e prestasse atenção às suas palavras. "Andas inquieta - prosseguiu o Senhor - e estás perturbada com muitas coisas". De facto, os activos andam sempre atarefados, e têm sempre de se preocupar com variadíssimas coisas, primeiro, para proverem às suas próprias necessidades e, depois, para realizarem obras de misericórdia em favor do próximo, como exige a caridade. E o intuito do Senhor, ao falar a Marta daquele modo, era fazê-la saber que a ocupação dela era boa e proveitosa para a saúde da alma. Contudo, para que ela não pensasse que o seu trabalho era o melhor que se poderia empreender, o Senhor acrescentou: "Mas uma só coisa é necessária".

E que é esta coisa única necessária? É, sem dúvida, amar e render louvor só a Deus exclusivamente, pondo tal ocupação acima de qualquer outra, material ou espiritual, que se possa levar a efeito. E para que Marta não pensasse que poderia chegar tão alto, enquanto se ocupava das necessidades desta vida, Nosso Senhor quis afiançar-lhe que ela não poderia servir a Deus senão imperfeitamente, dedicando-se a ocupações materiais e espirituais em simultâneo. Assim, o Senhor acrescentou que Maria escolhera a melhor parte, que nunca lhe seria tirada.


Verdadeira explicação do seguinte passo do Evangelho: "Maria escolheu a melhor parte".

Que significa a afirmação de que Maria escolheu o óptimo? Sempre que se propõe ou nomeia o óptimo, postulam-se duas coisas - o bom e o melhor -, pois só assim temos o óptimo, que vem em terceiro lugar. Dito isto, quais são as três coisas boas, dentre as quais Maria escolheu a melhor de todas? Não são três espécies de vida, pois a Santa Igreja apenas reconhece duas: a vida activa e a vida contemplativa, e estas encontram-se figuradas, no relato evangélico, pelas duas irmãs, Marta e Maria. Sem adoptar uma ou outra destas vidas, ninguém se pode salvar; mas também, não sendo elas mais que duas, não se pode escolher uma que seja óptima, em sentido estrito.

Só existem, pois, duas vidas, mas ambas ligadas perfazem três partes, cada uma das quais melhor do que a precedente. (...) Efectivamente, segundo referi, a primeira parte, vemo-la de pé, ocupada em praticar obras corporais de misericórdia e caridade, boas e honestas; equivale ao primeiro grau da vida activa, conforme também já afirmei. Por seu turno, a segunda parte das duas vidas a que me reporto está deitada, absorvida em meditações espirituais salutares, durante as quais o ser humano considera a sua própria miséria, a Paixão de Cristo e as alegrias do Céu. A primeira parte é boa, mas a segunda é melhor, pois equivale ao segundo grau da vida activa e ao primeiro da vida contemplativa. Nesta segunda parte é que a vida contemplativa e a vida activa se unem em parentesco espiritual e se convertem em autênticas irmãs, à semelhança de Marta e Maria.

A terceira parte das duas vidas mencionadas está suspensa na escura nuvem do não-saber e abunda em impulsos de amor secreto, cujo alvo exclusivo é Deus somente. A primeira parte é boa, a segunda é melhor, mas a terceira é a melhor de todas. É esta a melhor parte de Maria. Por isso, é necessário compreender bem que nosso Senhor não disse: - "Maria escolheu a vida melhor de todas" - , pois não existem senão duas vidas, e onde só há duas realidades, não se pode escolher uma que seja a melhor de todas. Mas destas duas vidas "Maria escolheu" - disse o Senhor - "a parte melhor de todas, que nunca lhe será tirada".

A primeira parte e a segunda, embora sejam boas e santas, terminam com a vida presente. Com efeito, na outra vida, já não haverá necessidade, como agora, de praticar obras de misericórdia, nem de chorar por causa da nossa miséria ou da Paixão de Cristo. Então, ninguém terá fome nem sede, nem morrerá de frio, nem andará doente, nem se encontrará sem abrigo ou na prisão; tão-pouco será necessário enterrar seja quem for, porque ninguém morrerá. Contudo, a terceira parte, que Maria escolheu, seja escolhida igualmente por quem ouvir o apelo da graça. Ou melhor: quem Deuys tiver escolhido para essa parte, deixe-se inclinar para ela com gosto. Tal parte nunca lhe será tirada, pois começa aqui, mas durará para todo o sempre.

Por conseguinte, que a voz de Nosso Senhor brade aos activos, como se no presente lhes estivesse falando em nosso favor, do mesmo modo que outrora falou a Marta em favor de Maria: "Marta, Marta!" - "Activos, activos!, ocupai-vos quanto puderdes na primeira e na segunda parte, ora numa ora noutra, e se quiserdes e vos aprouver, em ambos os casos utilizai os vossos sentidos. Mas deixai em paz os contemplativos. Vós não sabeis o que se passa com eles. Deixai-os permanecer sentados, em seu descanso e recreio, com a terceira e melhor parte de Maria.

Doce era  o amor recíproco entre Nosso Senhor e Maria. Ela, que muito O amava, era amada por Ele mais ainda. Na verdade, quem observasse com atenção o comportamento de um para com o outro (...) verificaria que ela se dava a amá-Lo tão intensamente que nenhum ser inferior a Ele a podia confortar, nem tão-pouco reter-lhe o coração. Aliás, era precisamente Maria que, ao procurar o Senhor no sepulcro, com lágrimas escorrendo-lhe pela face, não permitia que os anjos a consolassem. Eles dirigiam-lhe palavras doces e afectuosas, dizendo: "Não choreis, Maria, porque Nosso Senhor, a quem procuras, ressuscitou, e tu O hás-de possuir e contemplar, vivo e cheio de beleza, entre os seus discípulos, na Galiléia, como Ele mesmo prometeu". Ela, porém, não sustinha o pranto, pois, a seu ver, quem buscava o Rei dos anjos não devia fazer caso de simples mensageiros.

E que mais? Certamente, quem examinar com cuidado o relato evangélico, deparará com muitos actos maravilhosos de amor perfeito que Maria realizou. Todos eles foram registrados para nos servir de exemplo (...) E se alguém quiser ver com os próprios olhos, nas páginas do Evangelho, o amor maravilhoso e especial de Nosso Senhor para com Maria, que personifica todos os pecadores inveterados sinceramente convertidos e chamados à graça da contemplação, verificará que o mesmo Nosso Senhor não permitia a ninguém - nem sequer a Marta, que era irmã! - pronunciar uma única palavra contra Maria, por quem Ele mesmo tratava de responder. (...) Ora, isto era a prova de um grande amor, um amor inexcedível!"

A Nuvem do Não Saber, Anônimo do Século XIV

Locuções interiores entre Gabrielle Bossis e Jesus


1939. "Não percas o teu tempo com pensamentos sobre ti. Não estou Eu aqui para preocupar-me das tuas coisas? Que em todos os teus instantes haja um afeto, como cânticos em que Eu beba o teu amor e o amor pelos pecadores; lucrarás graças para eles e para as almas do Purgatório. O que te resta de todos esses pensamentos da terra que acariciaste? Quanto não terias ganho se todos eles tivessem sido convertidos em impulsos para mim! Reflete".

1º de março de 1937. Na estação ferroviária, às margens do Ródano. "Olhas fixamente na direção de onde o trem virá. Da mesma maneira, Eu tenho os meus olhos fixos em ti, esperando que venhas a mim".

24 de novembro de 1937. "Ama a tua cela: o teu quarto, se estás em casa; o teu próprio coração, se estás no meio da multidão. Aí estou Eu".

10 de março de 1938, no campo. Eu estava com o pensamento metido na Sagrada Família, com São José, a Mãe Santíssima e o Filho Único. Disse-me Ele com imensa ternura: "Sê tu a irmãzinha".

1939. "É preciso ter confiança nos santos, nos anjos. Quando ainda somos crianças, passamos de uns braços para outros. Deixamo-nos amar, e isso é inteiramente natural".

23 de fevereiro de 1938. Em uma avenida de Nantes, às cinco e meia da manhã, dizia eu: "Jesus, estamos sós". Corrigiu-me: "Diz 'meu' Jesus. Não te agrada que Eu te chame 'minha' Gabrielle?"

1936. "Comigo, sê simples, como em família."

22 de junho de 1939, no campo. "Sê simples comigo. O que é que se faz de manhã ou no fim do dia, no seio de uma família? As pessoas beijam-se afetuosamente umas às outras, e tudo isso é natural. Às vezes, durante o dia, por ocasião de uma palavra ou um presente, trocam olhares. Olhares afetuosos. Há ímpetos de carinho. Como tudo isso é doce e reconfortante! Se me permitissem ser como um membro da família!..."

6 de julho de 1937. Estação de Vannes. Ele fazia-me compreender que devemos viver em família com todos os santos do céu, com os anjos, nossos irmãos mais velhos. Disse-me: "Não se deve sair do Amor".

Abril de 1939. "Recolhimento. Quando se inclina um vaso bem cheio para a esquerda ou para a direita, o conteúdo derrama-se; mas se o vaso é mantido reto, na direção do céu, permanece cheio".

1937. "A tua alma tem uma porta que abre para a contemplação de Deus. Mas é indispensável que a abras"

1936. "Põe-me sempre antes de ti. Primeiro Eu, depois tu"

1937. Na igreja de Nossa Senhora. "Não permitas aos teus olhos vagar sobre as pessoas que circulam. Faz isso por mim".

16 de abril de 1939. Na capela das Irmãs da Assunção em Sfax. "Tu não me vês. Isso é bom para cresceres em fé"

1937. Em Seine-et-Oise. Eu lhe dizia: "Realmente não consigo entender como podes amar tanto umas criaturas tão miseráveis". Respondeu-me: "Como poderias tu entender o Coração de um Deus?"

Argel, 23 de abril de 1937. "Nao te canses de Mim. Eu não me canso de ti".

26 de janeiro de 1937. "Uma esposa que não olhasse com freqüência o seu esposo nos olhos, seria realmente uma esposa"?

1939. "Sabes o que pode ser o Amor de um Homem-Deus que chama, que pede o vosso amor, e que não recebe outra resposta além de um riso insultuoso?"

20 de junho de 1939. "O teu temor de ofender-me é para mim como uma flecha que me fere de amor. Filha: que as feridas de amor que me causam os meus fiéis curem as feridas que me causam a indiferença, o ódio e os desprezos"

4 de outubro de 1936. Ém Montréal. Ele: "Quando te falta recolhimento, quem sofre a privação sou Eu" (disse-o com suma delicadeza na voz).

1937. No trem. Dizia-lhe eu: "Senhor, faz arder no teu amor todos os que viajam este trem". Ele respondeu-me com tristeza: "Mas se eles não querem!"

1938. "Quando deixarás de ter distâncias comigo?"

1º de abril de 1940. Le Fresne. No jardim, sentada sobre a borda de um poço, orava eu pela conversão de um pecador e dizia: "Senhor, lembra-te de que converteste a samaritana sentado à borda de um poço". Ele: "Sim, mas tive de esperar por ela". Fez-me compreender com isso que há ocasiões em que é preciso orar por longo tempo.

Port-Vendres, 25 de abril de 1937. Num café, nas proximidades do cais. "Que alegria enorme me darias se, ao tomares um refresco, pensasses em umedecer os meus lábios secos! Mas não é a todos que peço uma coisa assim"

1939. Lyon. Num bar cheio de gente. "Oferece-me aqui um Pai-Nosso. Será o primeiro que me dizem neste lugar em muito tempo!"

3 de novembro de 1939, diante do fogo. "Vês? Nada arde sem contacto direto. Aproxima-te de mim, une-te a mim. Unir-se significa chegar a ser uma só coisa".

Retirado do livro Ele e Eu, Viver com Deus. Gabrielle Bossis.

Santa Catarina de Sena ensina a viver o tema da CF2010 de uma forma católica


Impossível servir a Deus e ao dinheiro
Por Santa Catarina de Sena, Virgem e Doutora da Igreja

Carta para Laudônia Strozzi

1. Saudação e objetivo

Em nome de Jesus Cristo crucificado e da amável Maria, caríssima irmã no doce Cristo Jesus, eu Catarina, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo, vos escrevo no seu precioso sangue, desejosa de vos ver uma verdadeira serva de Cristo crucificado.

2. As vantagens de servir a Deus

Servir a Cristo crucificado não é servir, mas reinar, pois torna a pessoa livre, libertada da escravidão do pecado; tira sua cegueira; dá-lhe a iluminação perfeita; dela afasta a morte (do pecado) e concede-lhe a vida da graça; suprime a guerra e traz-lhe apaz e a quietude; veste a alma de caridade e a sacia com a carne do Cordeiro, assada no fogo do amor no madeiro da cruz, para glória de Deus Pai e a nossa salvação. A pessoa se torna firme, sem temor servil. Portanto, servir a Deus é um grande bem e uma inestimável dignidade. Além disso, servir a Deus com todo o empenho do coração é nosso dever!

3. Deus é ciumento do nosso amor

Mas atenção! Deus é um patrão que não aceita concorrentes, nem quer ser servido pela metade. Exige a totalidade. Por isso, é impossível servir a Deus e ao mundo. Disse Jesus: "Ninguém pode servir a dois senhores. Quem serve a um, despreza o outro" (Lc 16,13). Os dois não combinam. O mundo oferece exatamente o contrário do que descrevemos antes. Quem é escravo da própria sensualidade, dos prazeres, das posições sociais, das riquezas, honras e grandezas humanas, dos filhos, do marido ou de alguma pessoa ou ainda de amor humano, com a intenção de saciar a própria sensibilidade fora de Deus, tal pessoa apenas recebe morte, cegueira e vazio. Porque tudo isso exclui a caridade e destrói a dignidade humana. Agindo assim, a pessoa vende ao mundo e ao demônio a própria liberdade, submetendo-se ao pecado. Afinal, deposita amor em algo que é menor do que ela mesma. Desse modo, peca contra Deus. As realidades terrenas foram feitas para nossa utilidade; nós, porém, fomos feitos para Deus. Quem se põe ao serviço das realidades terrenas, fora do plano divino, peca e torna-se escravo do pecado, que é privação. O homem se reduz a nada, sem Deus, que é (tudo).

4. Como usar os bens materiais.

Convém-nos, pois, renunciar ao mundo e servir a Deus. Mas por que o mundo é tão contrário a Deus? Porque Jesus nos ensina a servir a Deus na pobreza voluntária. Quem possui riquezas materiais não pode retê-las com apego do coração. Deve desapegar-se dos bens terrenos. O mundo ama o orgulho; Deus ama a humildade. Esta virtude agrada tanto a Deus, que ele se humilhou diante de nós, quando o seu Filho com humildade e paciência correu em direção à cruz por nossa causa. Cristo pede e exige de nós a paciência, a esperança e a fé viva. Pede paciência, repito, para que aceitemos os acontecimentos por Deus mandados e para que perdoemos a quem nos ofende. O mundo exige o inverso. Quer a vingança e o rancor contra o próximo. A esperança e a fé viva fazem-nos apoiar em Deus, que é firme e estável; não nas criaturas. Devemos depor nossa confiança e nossa fidelidade em Cristo crucificado. Não em nossa sensualidade. A fé viva produz virtudes e boas ações em nós.

Deus também ama a justiça; o mundo ama a injustiça. Sejamos justos, portanto, justos em nós mesmos. Quando a sensibilidade se revoltar contra Deus, é necessário que o amor e aluz da consciência a repreendam diante do livre-arbítrio. Este a ferirá com a espada do ódio (ao pecado) e a eliminará com a espada do amor divino. Façamos desse modo, caríssima irmã! Então seremos servos fiéis e também senhores.

5. Amar a virtude, repudiar o pecado

Entendestes como é importante e útil servir a Deus. Sem tal atitude não atingimos a finalidade para a qual fomos feitos. Vimos ainda como é o perigo e a infelicidade em que cai a alma ao servir o mundo com seus prazeres. Vimos a razão pela qual o mundo e Deus não podem ser amados ao mesmo tempo, estando eles distantes um do outro. Cristo ama a virtude e repudia o vício. De tal modo o fez, que sendo homem renunciou à vida e no seu corpo descontou nossas maldades através de flagelos, padecimentos, desprezo, afrontas e por fim a morte na cruz. Portanto, sendo o pecado tão desagradável a Deus, temos de fugir dele até a morte. Pecamos sempre que amamos o que Deus repudia e quando desprezamos o que Deus ama.

6. Exortação final e conclusão

Elevemos, então, nossas aspirações e sirvamos a Deus com muito amor. Despojemos o coração de toda vaidade, de todo apego desordenado aos filhos, ao marido, às riquezas. Tudo nos foi dado por empréstimo, para nosso uso. Usemos tais realidades na medida do necessário, em sintonia com o agrado divino. Não nos convém reter como posse pessoal uma coisa que não nos pertence. A graça de Deus, sim, podemos considerá-la como nossa. Tão nossa, que demônio e criatura alguma conseguem tirá-la de nós sem nosso consentimento. Como é ignorante quem se priva de tão grande tesouro! A fim de conservar melhor tal tesouro, escondei-vos nas chagas do Crucificado, lavai-vos no seu sangue. Nada mais acrescento.

Permanecei no santo e doce amor de Deus.

Jesus doce, Jesus amor.

Santa Catarina de Sena, Cartas Completas.

Normas atuais quanto ao jejum e abstinência

Por Rafael Vitola Brodbeck

Jejum: fazer apenas uma refeição completa durante o dia e, caso haja necessidade, tomar duas outras pequenas refeições que não sejam iguais em quantidade à habitual ou completa. Não fazer as refeições habituais, nem outros petiscos durante o dia (nem mesmo cafezinho, chimarrão etc). Estão obrigados ao jejum os que tiverem completado dezoito anos até os cinqüenta e nove completos. Os outros podem fazer, mas sem obrigação. Grávidas e doentes estão dispensados do jejum, bem como aqueles que desenvolvem árduo trabalho braçal ou intelectual no dia do jejum.

Abstinência: deixar de comer carnes de animais de sangue quente (bovina, ovina, aviária, bubalina etc), bem como seus caldo de carne. Permite-se o uso de ovos, laticínios e gordura. Estão obrigados à abstinência os que tiverem completado quatorze anos, e tal obrigação se prolonga por toda a vida. Grávidas que necessitem de maior nutrição e doentes que, por conselho médico, precisam comer carne, estão dispensados da abstinência, bem como os pobres que recebem carne por esmola.

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Quarta-feira de Cinzas: jejum e abstinência obrigatórios.

Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor: jejum e abstinência obrigatórios.

Demais dias da Quaresma, exceto os Domingos: jejum e abstinência parcial (carne permitida só na refeição principal/completa) recomendados.

Dias assinalados pelo calendário antigo como Sextas-feiras das Têmporas: jejum e abstinência recomendados.

Dias assinalados pelo calendário antigo como Quartas-feiras das Têmporas e Sábados das Têmporas: jejum e abstinência parcial recomendados.

Demais sextas-feiras do ano, exceto se forem Solenidades: abstinência obrigatória, mas não o jejum. Essa abstinência pode ser trocada, a juízo do próprio fiel, por outra penitência, conforme estabelecer a conferência episcopal (no Brasil, a CNBB estabeleceu qualquer outro tipo de penitência, como orações piedosas, prática de caridade, exercícios de devoção etc).

Fonte: Blog Veritatis Splendor

Retorno as postagens em breve. Santa Quaresma!

"O Espírito conduziu Jesus ao deserto" (Mt 4,1)
"Conduzirei a alma ao deserto e lá a desposarei" (Cf Os 2,16)

Pessoal, em breve estarei retomando as postagens do blog. Até lá...

Ps.: Homilia por aqui com pinçadelas de marxismo... Doutrina Social da Igreja, onde anda? Nas encíclicas e cartas papais, bem guardados, ao que parece...

A todos, Santa Quaresma!

Fábio.

Pra descontrair - Videos de pastores no exercício do seu poder

O Apóstolo escreve: "Aborrecei o mal com o bem".
Ora, o bom humor é um bem; o protestantismo é um mal.
Obedeçamos, pois, ao Apóstolo.
Pra descontrair:







Tradição e Revolução

Thomas Merton

A razão por que a tradição Católica é uma tradiçao é haver uma só doutrina viva no Cristianismo: não há nada de novo para descobrir. A vida da Igreja é a Verdade do Próprio Deus espalhada na Igreja pelo Seu Espírito e não pode haver qualquer outra verdade para a anular ou substituir.

Só uma coisa poderia substituir uma tão intensa vida: uma vida diminuída, uma espécie de morte. A tendência constante da humanidade para se afastar de Deus e dessa tradição viva só pode ser contrabalançada por um regresso à tradição e pela renovação da única vida imutável que, no começo, foi comunicada à Igreja.

(...) Esta "revolução" é a mais completa que jamais foi pregada: é, efetivamente, a única verdadeira "revolução", porque todas as outras exigem o extermínio de alguém, mas esta só significa a morte do homem que, praticamente, chegastes a considerar como o vosso próprio eu.

Uma revolução é considerada como uma mudança que tudo transforma radicalmente. Mas a ideologia da revolução política, se exceptuarmos as aparências, nunca altera coisa alguma. É violência, e o poder passa de um partido a outro, mas, quando o fumo se dissipa e se enterram todos os corpos de todos os mortos, a situação é essencialmente a mesma que era dantes: há, no poder, certa minoria de homens enérgicos a explorar todos os outros com objetivos de ordem pessoal. Há a mesma avidez, a mesma crueldade, a mesma luxúria, a mesma ambição, a mesma avareza e a mesma hipocrisia que havia antes.

Porque as revoluções humanas nada mudam. A única influência que pode realmente derrubar a injustiça e a iniquidade dos homens é o poder que respira na tradição Cristã, renovando a nossa participação na Vida que é a Luz dos homens.

(...) Cada cristão individualmente e cada nova idade da Igreja tem de fazer tal redescoberta, tal regresso às fontes da vida Cristã. Isso exige um fundamental acto de renúncia que aceite a necessidade de iniciar a marcha a caminho de Deus, sob a direção doutros homens.

(...) A noção de dogma apavora aqueles que não compreendem a Igreja. Não podem conceber que uma doutrina religiosa consiga revestir uma expressão autoritária, clara e definida, sem imediatamente se tornar estática, rígida, inerte, perdendo toda a sua vitalidade. E, na sua frenética ansiedade de fugir a uma tal concepção, refugiam-se num sistema de crenças vago e fluido, um sistema em que as verdades passam como um nevoeiro, ondulam e variam como sombras. Fazem a sua escolha pessoal de fantasmas no meio desse pálido, indefinido crepúsculo do espírito, e têm a cautela de nunca os apresentar à plena claridade do sol com receio de uma completa evidência da sua inanidade.

Concedem, como por favor, aos místicos Católicos uma espécie de simpática benevolência, porque julgam que esses homens excepcionais atingiram o cume da contemplação sem curar dos dogmas católicos. A sua profunda união com Deus é considerada como sendo uma evasão à doutrinal autoridade da Sua Igreja e, implicitamente, um protesto contra a mesma autoridade.

A verdade, porém, é que os santos chegaram ao mais profundo, ao mais vital, e também ao mais individual e pessoal conhecimento de Deus, precisamente por causa do ensino autoritário da Igreja, precisamente graças à tradição que tal autoridade salvaguarda e alimenta.

O primeiro degrau para a contemplação é a fé e a fé começa por uma adesão ao ensino de Cristo por intermédio da Sua Igreja: "fides ex auditu, qui vos audit me audit". "Aquele que vos escuta, escuta-Me". E "é escutando que a fé se alcança".

Não é a seca fórmula duma definição dogmática que, por si só, espalha luz no espírito dum contemplativo Católico; a adesão ao que se contém nessa definição, intensifica-se e amplifica-se, porém, numa vital, pessoal e intransmissível penetração da verdade sobrenatural por ela expressa, - uma compreensão que é um dom do Espírito Santo e que mergulha na Sabedoria do Amor para possuir a Verdade na sua Substância infinita, o Próprio Deus.

Os dogmas da fé Católica não são simplesmente símbolos ou vagos raciocínios que aceitamos como arbitrários temas de estímulo, em torno dos quais pode formar-se e desenvolver-se uma salutar actividade moral; ainda menos verdadeiro é que qualquer idéia servisse, para o mesmo fim, tão bem como aquelas que foram definidas, ou que qualquer velho e piedoso pensamento fosse capaz de suscitar nas nossas almas essa vaga vida moral. Os dogmas definidos e ensinados pela Igreja têm uma significação muito precisa, positiva e determinada, que pode ser explorada e aprofundada pelos que para tal possuem dotes, se quiserem viver uma vida integralmente espiritual. Porque a compreensão do dogma é o caminho direto e habitual para a contemplação.

Todos aqueles que o podem fazer, deveriam adquirir algo da precisão e sutileza de um teólogo na apreciação do verdadeiro sentido do dogma. Todo o cristão deve ter, acerca daquilo em que crê, uma compreensão tão profunda quanto a sua condição o permite. Quer isto dizer que cada qual deve respeitar a pura atmosfera da tradição ortodoxa e ser capaz de explicar a sua crença por meio de uma terminologia correcta, - uma terminologia com um conteúdo de idéias autênticas.

Thomas Merton, Sementes de Contemplação

Deixar de ir ao carnaval... nem isso?

As pessoas consideram meio que invasiva a atitude católica de recomendar vivamente que elas não participem das festas carnavalescas. Há, ainda, quem veja tal atitude como um exemplo típico de puritanismo. Estaríamos vendo maldade onde não há?

O carnaval tem um nome já muito sugestivo: festa das carnes! E a coisa aparece bem no seu contexto, se a observamos à luz da afirmação paulina: "as obras da carne são opostas às do espírito". As obras da carne, geralmente, gravitam em torno de dois eixos: a gula e a sensualidade. Estas duas reinam no carnaval.

Toda a liturgia de hoje vai criticar a infidelidade dos que se dizem amigos de Deus e prevaricam, e compará-los aos pagãos. O salmo diz que estes atraem a ira de Deus. Mesmo Salomão, o mais sábio dos homens, deixou-se levar pelas seduções do paganismo. E isto nos faz lembrar o adágio: "em matéria de castidade, não há fortes; há prudentes." Observamos no Evangelho que Nosso Senhor faz uma radical distinção entre os filhos de Deus, que merecem o pão dos filhos, e os pagãos, a quem compara aos cães.

À primeira vista, pode parecer uma ofensa, mas não é.. Trata-se tão somente de deixar claro a diferença existente entre a dignidade dos filhos e a situação dos pagãos. Nós nos tornamos filhos adotivos de Deus pelo batismo, que é o primeiro sacramento. Sto Agostinho diz, por sua vez, que o cristão que participa das festividades carnavalescas age como se quisesse desbatizar-se, aderindo ao que qualifica como "sacramentos do demônio". É como se o filho abrisse mão de sua condição e passasse a se comportar como os pagãos, participando de suas intemperanças, de suas paixões, de suas orgias. Também Salomão era descendente de Davi. Porém, agiu como um qualquer, traindo a Deus e servindo aos ídolos.

Vários santos já se pronunciaram a respeito dos males inerentes às festas desta época. O próprio Jesus já se manifestou repetidas vezes a este respeito, declarando como, nestes tempos, Ele é particularmente ferido e ultrajado. Mesmo Sta Faustina, que conheceu profundamente a misericórdia divina, admirou-se, ao contemplar os pecados cometidos nestes dias, de que Deus permita que a humanidade exista.

Os que se dão às festas carnavalescas - que têm todas as características do paganismo, isto é, a intemperança e a idolatria das paixões mais baixas - assemelham-se aos animais, escravos dos sentidos, aos quais não é conveniente tratar como filhos. A estes, não é dado o manjar dos eleitos, porque agem baixamente e apenas atentam para as migalhas que são o torpe prazer egoísta, a falsa satisfação do amor próprio.

Talvez, diante da cena dolorosa destas festas escandalosas, Nosso Senhor, em sua angústia, pergunte-nos também, como que timidamente: "também vós quereis ir?"

Que Deus nos livre de tamanha miséria...

E os pais que levam seus filhos ou que lhes aconselham ir, agem exatamente como diz o salmo de hoje: "sacrificaram seus filhos aos ídolos".

Que Deus os livre de tamanha miséria...

Nossa Senhora, Virgem Mãe do Verbo, guarda-nos em teu coração. Nestes dias maus, não permitas que imitemos aos pagãos, mas ensina-nos a agir como filhos.. Sempre como filhos..

Livro Ir. Maria Marta Chambon e As Sagradas Chagas de N.S.J.Cristo

Uma boa leitura para para o tempo da Quaresma e da Semana Santa.
Disponível aqui.

Boa Leitura!

Pax et Bonum.

Fábio.

Santa Faustina sobre o Carnaval

Enviado por uma leitora do blog

"Nestes dois últimos dias de carnaval conheci um grande acúmulo de castigos e pecados. O Senhor deu-me a conhecer num instante os pecados do mundo inteiro cometidos nestes dias. Desfaleci de terror e, apesar de conhecer toda a profundeza da misericórdia divina, admirei-me que Deus permita que a humanidade exista" (Diário, 926).

Bispo da CNBB critica socialismo e o chama de "via retrógrada"

Dom Aloísio Roque Oppermann

Recebo uma revista católica, que leio religiosamente. Destina-se aos Jovens. É escrita por uma equipe de pessoas de bom nível intelectual e didático. Mas lá no fundo, a linha de pensamento me deixa preocupado. Entre outras coisas, mensalmente sai um artigo que louva certas revoluções, de viés claramente esquerdizantes. É um estímulo aos jovens, para canalizar suas energias, de modo bem suave, para o socialismo. A mesma impressão me causa o Stedile, com seus sequazes nem sempre de origem rural. Novas terras para cultivar, é o que menos interessa. O que se busca é uma nova ordem social, evidentemente socialista. (Ou seria anarquista?) Em todas as latitudes, em qualquer ramo, sempre que se apresenta um corifeu do socialismo, ele se auto-reveste das características simpáticas de moderno, avançado, restaurador da justiça, criador da abundância para todos, enfim, da prosperidade agora ao alcance da mão.

Felizmente, já temos no mundo uma vasta experiência socialista, de duzentos anos, que se instalou em vários países, e deixou rastos de sangue e de atraso. Assim conhecemos sua face. Vejamos as características de tal linha econômico-política. Ela é invencivelmente de alma atéia. E como não consegue convencer a população, via raciocínio, então lança mão do cerceamento da liberdade. Esvazia tudo o que é de ordem particular, para destinar todos os bens para a administração da sociedade. Como, no seu entender, a livre iniciativa só visa o lucro pessoal e o egoísmo, então o Estado é que deve planejar a produção e a distribuição dos bens. Cabe-lhe ditar regras para a imprensa, selecionar a linha ideológica da escola, e impor a revolução violenta, para implantar o regime dos miseráveis. Para o triunfo do socialismo, a via democrática se mostrou um caminho inviável. Só a coação, para eles, é que resolve. É claro que existem vários tipos de socialismo, mas suas semelhanças são enormes. Com essa descrição também não posso aprovar o capitalismo grosseiro. Mas este admite reformulações, deixa espaço para os partidos de tônica social, e aceita (às vezes constrangido), em aperfeiçoar-se pela Doutrina Social da Igreja. Gente, vamos encurtar caminhos: a via socialista, definitivamente, não é solução. Quem é socialista propõe uma via, comprovadamente retrógrada.


Depois dessa, escutemos:

A Verdade não teve princípio nem terá fim - Sto Anselmo


"se a verdade teve princípio ou terá fim, antes que ela própria começasse a existir, então era verdade que não existia a verdade; e, depois que ela tiver deixado de existir, então será verdade que não existirá a verdade. Ora, a verdade não pode existir sem a verdade. Por conseguinte, existia verdade antes que existisse a verdade, e existirá a verdade depois que a verdade tiver deixado de existir, o que é muito inconveniente. Portanto, quer se diga que a verdade tem princípio ou fim, quer se conceba que não tem nem um nem outro, a verdade não pode ser enclausurada por nenhum princípio ou fim."

Santo Anselmo, bispo e doutor da Igreja, A Verdade.

A vocação do artista

Venerável João Paulo II

Nem todos são chamados a ser artistas, no sentido específico do termo. Mas, segundo a expressão do Gênesis, todo o homem recebeu a tarefa de ser artifice da própria vida: de certa forma, deve fazer dela uma obra de arte, uma obra-prima.

É importante notar a distinção entre estas duas vertentes da atividade humana, mas também a sua conexão. A distinção é evidente. De fato, uma coisa é a predisposição pela qual o ser humano é autor dos próprios atos e responsável do seu valor moral, e outra a predisposição pela qual é artista, isto é, sabe agir segundo as exigências da arte, respeitando fielmente as suas regras específicas. Assim o artista é capaz de produzir objetos, mas isso de per si ainda não indica nada sobre as suas disposições morais. Neste caso não se trata de plasmar-se a si mesmo, de formar a própria personalidade, mas apenas de fazer frutificar capacidades operativas, dando forma estética às idéias concebidas pela mente.

Mas, se a distinção é fundamental, importante é igualmente a conexao entre as duas predisposições: a moral e a artística. Ambas se condicionam de forma recíproca e profunda. De fato, o artista, quando modela uma obra, exprime-se de tal modo a si mesmo que o resultado constitui um reflexo singular do próprio ser, daquilo que ele é e de como o é. Isto aparece confirmado inúmeras vezes na história da humanidade. De fato, quando o artista plasma uma obra-prima, não dá vida apenas à sua obra, mas, por meio dela, de certo modo manifesta também a própria personalidade. Na arte, encontra uma dimensão nov e um canal estupendo de expressão para o seu crescimento espiritual. Através das obras realizadas, o artista fala e comunica com os outros. Por isso, a História da Arte não é apenas uma história de obras, mas também de homens. As obras de arte falam dos seus autores, dão a conhecer o seu íntimo e revelam o contributo original que eles oferecem à história da cultura.

(...) O tema da beleza é qualificante, ao falar de arte. Esse tema apareceu já, quando sublinhei o olhar de complacência que Deus lançou sobre a criação. Ao pôr em relevo que tudo o que tinha criado era bom, Deus viu também que era belo. A confrontação entre o bom e o belo gera sugestivas reflexões. Em certo sentido, a beleza é a expressão visível do bem, do mesmo modo que o bem é a condição metafísica da beleza. Justamente o entenderam os Gregos, quando, fundindo os dois conceitos, cunharam uma palavra que abraça a ambos: "Kalokagathía", ou seja, "beleza-bondade". A este respeito, escreve Platão: "A força do Bem refugiou-se na natureza do Belo".

Vivendo e agindo é que o homem estabelece a sua relação com o ser, a verdade e o bem. O artista vive numa relação peculiar com a beleza. Pode-se dizer, com profunda verdade, que a beleza é a vocação a que o Criador o chamou com o dom do "talento artístico". E também este é, certamente, um talento que, na linha da parábola evangélica dos talentos (Cf Mt 25,14-30), se deve pôr a render.

Tocamos aqui um ponto essencial. Quem tiver notado em si mesmo esta espécie de centelha divina que é a vocação artística - de poeta, escritor, pintor, escultor, arquiteto, músico, ator... - adverte ao mesmo tempo a obrigação de não desperdiçar este talento, mas de o desenvolver e colocá-lo ao serviço do próximo e de toda a humanidade.

(...) A vocação diferente de cada artista, ao mesmo tempo que determina o âmbito do seu serviço, indica também as tarefas que deve assumir, o trabalho duro a que tem de sujeitar-se, a responsabilidade que deve enfrentar. Um artista, consciente de tudo isto, sabe também que deve atuar sem deixar-se dominar pela busca duma glória efêmera ou pela ânsia de uma popularidade fácil, e menos ainda pelo cálculo do possível ganho pessoal. Há, portanto, uma ética ou melhor uma "espiritualidade" do serviço artístico, que a seu modo contribui para a vida e o renascimento do povo.

João Paulo II, Carta aos Artistas

Papa Bento XVI às autoridades inglesas - Amo esse Papa!

Não deixem de ler:

O Espírito Litúrgico


Pe. João Batista Reus

O espírito litúrgico que consiste em estudar, estimar, explicar, promover e defender a Liturgia, tem a base mormente em certos princípios gerais. Podem resumir-se em quatro:

1- A Liturgia é obra do Espírito Santo. Di-lo Sisto V: “Sacri ritus et caeremoniae, quibus Ecclesia a Spiritu Sancto edocta ex apostolica traditione et disciplina utitur.” (Bula Immensa, 1588). Conseqüência: Respeito.

2 – A Liturgia é serviço eucarístico; pois o centro da Liturgia é a Eucaristia. Diz o Cardeal Bona (De reb. lit. 1. 2, c. 14, § 5): “Este era o espírito religioso dos nossos antepassados, que todas as funções sagradas eclesiásticas, a administração dos sacramentos e quaisquer bênçãos se realizassem durante a Missa. Pois a última perfeição e consumação de tudo é a Eucaristia, da qual recebem a sua força, energia e santidade.” Conseqüência: Amor.

3 – A Liturgia é a casa de ouro, de perfeita harmonia. Numa casa há inúmeros objetos, que ninguém considera avulsos, mas pertencentes ao edifício na sua perfeição. Assim, as múltiplas partes da Liturgia são outros tantos ornamentos da construção total da Liturgia. Conseqüência: Estima profunda. Poetas, p. ex., Dante, Calderon, mesmo os protestantes Schiller e Goethe se inspiraram na sua beleza para composições de alto vôo. É a glória da Igreja, objeto de inveja dos acatólicos.

4 – A Liturgia é a vontade concretizada da Esposa de Cristo, a Igreja, formando o cerimonial da corte do Rei de eterna majestade. Ora, “devemo-nos conformar com a Igreja”, como ensina S. Inácio nas suas regras, “ut cum Ecclesia sentiamus” (Aprovadas por Paulo III, 1548). Conseqüência: Acatamento.

REUS, Pe. João Batista. Curso de Liturgia. São Paulo/Rio de Janeiro: Editora Vozes. 2 Edição.1944. p.45-46.

À correta Liturgia deve-se, portanto, respeito, amor, estima profunda e acatamento, isto é, justamente o contrário do que temos visto, sobretudo, no Brasil.

Fábio.

Evolucionismo historicista - Spengler

Por Emílio Silva de Castro

Após a Primeira Guerra Mundial esteve na moda a filosofia do relativismo filosófico-cultural e histórico, de Oswaldo Spengler, parcialmente seguida também por Th. Lessing e Toynbee. Sua obra principal, A Decadência do Ocidente (1918-1922), muito discutida ao tempo de sua aparição é hoje quase esquecida; a crítica científica tem demonstrado o alto grau de artificialidade que Spengler pôs a serviço em sua construção.

 Segundo Spengler, a história universal não se desenvolve como um processo unitário contínuo senão a modo de sucessão biologista das culturas que, como expressões específicas do espírito, diferem entre si essencialmente. Assim se sucederam na Europa a cultura grega (apolínea), a arábica (mágica) e a ocidental (fáustica).

As diversas culturas não mantêm entre si relações estreitas. Antes, cada uma (...) pode ser considerada como um organismo autônomo, que segue rigorosamente as leis do crescimento e ocaso. Cada cultura tem sua primavera, eleva-se até a maioridade cultural e entra logo em declínio, até o país ser invadido por outro povo jovem que, por sua vez, começa novo ciclo cultural. Esta cultura nascente não se prende à alta cultura das épocas passadas, senão que se inicia com uma nova primavera de fisionomia própria e percorre logo as mesmas fases das culturas anteriores.

Segundo Spengler, a humanidade não pode esperar nenhum fruto duradouro de todas essas culturas, isoladas e transitórias, porque não há entre elas íntima continuidade. Em tais condições fica excluído da totalidade o sentido unitário; a história universal converte-se numa multiplicidade de culturas descontínuas, cada uma das quais termina, em si, seu ciclo. “Por causa de seu relativismo, diz Sawicki, a concepção histórica de Spengler exclui um sentido unitário da História."

A duração de cada cultura, a modo de um organismo vivente que vai passando pelas três fases, ascensão, apogeu e decadência, é de, aproximadamente, um milênio. Também nos domínios da arte se verificam os mesmos movimentos rítmicos vitais; cada ciclo cultural experimenta a sucessão de períodos arcaico, gótico e barroco. Para Spengler o clímax da história cultural do Ocidente é constituído pela alta Idade Média, na qual desabrocharam as que ele chama flores da humanidade: os dois primitivos estamentos, nobreza e sacerdócio. Com a ascensão do 'terceiro estado', começa a morte do ocidente.

Por último, a “cultura” converte-se em “civilização”. Esta se caracteriza pelo predomínio das grandes urbes. As massas das metrópoles erguem sua cabeça, elas são como uma plebe ignara que só quer panem et ciercenses.

O pensamento de Spengler está todo embebido de relativismo. Para ele cada nova 'verdade' é só um juízo crítico de outra verdade, ultrapassada, pois não há verdades 'eternas'. “As verdades só existem em relação a uma determinada humanidade”. Por isso “resulta vão o intento da alta especulação de descobrir verdades eternas”. E do mesmo modo se pode afirmar que cada filosofia é válida apenas nos limites do círculo cultural onde surgiu.

O pensamento histórico de Spengler, apesar de ser o realismo a sua recomendação permanente, é em alto grau romântico, e pronunciadamente unilateral, em favor dos valores estético-culturais. A crítica tem censurado a Spengler sua tendência a estabelecer analogias superficiais e sua parcialidade na eleição dos grandes materiais em que intenta apoiar suas teorias. Vicente Risco condena sua manifesta hostilidade e por vezes incompreensão e má fé, com respeito ao catolicismo, que o leva em ocasiões a tergiversar a interpretação dos fatos.

A obra toda de Spengler – como a de Burckardt – está sombreada por uma nuvem de pessimismo.

CASTRO, Emílio Silva de. Filosofias da Hora e Filosofia Perene. São Paulo: Edições G R D., 1990. p. 79-80.
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