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Sons para o Eterno - Sobre a música sacra


Excertos de uma entrevista a Joseph Ratzinger feita por Vittorio Messori em 1984.

"(...) muitos liturgistas puseram de lado esse tesouro (a música sacra), declarando-o 'esotérico', 'acessível a poucos', abandonaram-no em nome da 'compreensão por todos e em todos os momentos' da liturgia pós-conciliar. Portanto, não mais 'música sacra', relegada quando muito a ocasiões especiais, às catedrais, mas somente 'música utilitária', canções, melodias fáceis, coisas corriqueiras".

"(...) além do mais, a música sacra é, ela mesma, liturgia, e não um simples embelezamento acessório".

"O abandono da beleza se mostrou uma causa de derrota pastoral".

"Torna-se cada vez mais perceptível o pavoroso empobrecimento que se manifesta onde se expulsou a beleza, sujeitando-se apenas ao útil. A experiência tem demonstrado que a limitação apenas à categoria do 'compreensível para todos' não tornou as liturgias realmente mais compreensíveis, mais abertas, somente as fez mais pobres. Liturgia 'simples' não significa mísera ou reles: existe a simplicidade que vem do banal e outra que deriva da riqueza espiritual, cultural e histórica". "Também nisso, deixou-se de lado a grande música da Igreja em nome da 'participação activa', mas essa 'participação' não pode, talvez, significar também o perceber com o espírito, com os sentidos? Não existe nada de 'activo' no intuir, no perceber, no comover-se? Não há, aqui, um diminuir o homem, reduzindo-o apenas à expressão oral (...)?"

"Uma Igreja que se limite apenas a fazer música 'corrente' cai na incapacidade e torna-se, ela mesma, incapaz. A Igreja tem o dever de ser também 'cidade da glória', lugar em que se reúnem e se elevam aos ouvidos de Deus as vozes mais profundas da humanidade. A Igreja não pode satisfazer-se apenas com o ordinário, com o usual, deve reavivar a voz do cosmos, glorificando o Criador e revelando ao próprio cosmos a sua magnificência, tornando-o belo, habitável e humano."

"Se a Igreja, portanto, deve continuar a converter, a humanizar o mundo, como pode, na sua liturgia, renunciar à beleza, que é unida de modo inseparável ao amor e, ao mesmo tempo, ao esplendor da Ressurreição? Não, os cristãos não se devem contentar facilmente, devem continuar fazendo da sua Igreja o lar do belo, portanto do verdadeiro, sem o que o mundo se torna o primeiro círculo do inferno".

Fonte: Meloteca.

Download do Cd do Papa

Pra quem não teve ainda a honra de escutar,
Clique na imagem para baixar.
(até rimou...rs...)

Tradição Católica... tão maltratada nestes dias

Ponho aqui o belíssimo video disponibilizado pela Teresa e que mostra algo da belíssima Tradição Católica, tão desprezada e maltratada nestes dias. Assisti-lo parece ser como uma mirada nos olhos marejados da Santa Igreja que parece perguntar atônita a muitos dos seus filhos: "que estais a fazer? Não vedes que belíssima tradição a de vossa Igreja? Por que, pois, deliberadamente, a desprezas? Que estais a fazer?"

Assistam, caríssimos. O video me traz a nostalgia de algo que nunca vi presencialmente, mas que sei que corresponde aos anseios da minha alma de católico. Até quando Nosso Senhor terá de suportar-nos em nossos destratos e em nossa indiferença que clama aos céus? Muitos parecem ter esquecido a advertência de S. Paulo: "de Deus não se zomba"... Que Maria Puríssima nos reconduza à obediência e ao zelo...

Não se pode cantar músicas protestantes na Santa Missa


Este é um ponto que gera polêmica, pois a maior parte dos católicos românticos de hoje em dia, não apenas querem cantar músicas do Régis Danese ou do Diante do Trono nas Santas Missas, mas ainda se servem destes cantores e grupos como fonte de inspiração. A estes, inculcar que não se pode cantar música protestante na Santa Missa se torna difícil.

Transcrevo abaixo um texto do saudoso Dom Estêvão Bettencourt sobre o assunto.

***
"Não é conveniente adotar cânticos protestantes em celebrações católicas pelas razões seguintes:

1) Lex Orandi Lex Credendi (Nós oramos de acordo com aquilo que cremos). Isto quer dizer: existe grande afinidade entre as fórmulas de fé e as fórmulas de oração; a fé se exprime na oração, já diziam os escritores cristãos dos primeiros séculos. No século IV, por ocasião da controvérsia ariana (que debatia a Divindade do Filho), os hereges queriam incutir o arianismo através de hinos religiosos, ao que S. Ambrósio opôs os hinos ambrosianos.

Mais ainda: nos séculos XVII-XIX o Galicanismo propugnava a existência de Igrejas nacionais subordinadas não ao Papa, mas ao monarca. Em consequência foi criado o calendário galicano, no qual estava inserida a festa de São Napoleão, que podia ser entendido como um mártir da Igreja antiga ou como sendo o Imperador Napoleão.

Pois bem, os protestantes têm seus cantos religiosos através de cuja letra se exprime a fé protestante. O católico que utiliza esses cânticos não pode deixar de assimilar aos poucos a mentalidade protestante; esta é, em certos casos, mais subjetiva e sentimental do que a católica.

2) Os cantos protestantes ignoram verdades centrais do Cristianismo: a Eucaristia, a Comunhão dos Santos, a Igreja Mãe e Mestra... esses temas não podem faltar numa autência espiritualidade cristã.

3) Deve estimular a produção de cânticos católicos com base na doutrina da fé."

Dom Estêvão Bettencourt, O.S.B., Revista Pergunte e Responderemos. (Grifos meus).

Vidas dos Santos em Quadrinhos

Conhecer a vida dos santos é importante, pois eles nos ensinam como viver o Evangelho de Nosso Senhor, como amá-Lo sobre todas as coisas, como ser dóceis a Ele. São exemplos de como Deus ama o homem e O quer junto a Si, participante da Sua alegria. As suas vidas e os seus exemplos nos motivam e ensinam. Por isto, dizia Sto Antônio de Pádua, conhecer um santo deve levar o cristão a querer imitá-lo no amor e na entrega, salvos, óbvio, os traços específicos da vocação particular.

Mais uma vez, pesquisando, encontrei uma coleção da vida dos santos, entitulada "Vidas Ejemplares" (espanhol), disponível para Download. Há uma leve biografia de vários deles e, além de ajudar-nos a conhecer os nossos irmãos que já gozam da Alegria Celeste, ainda nos treinam a leitura no espanhol.. =D

Os livros são escritos no formato de HQ (Histórias em Quadrinhos). 
Os que se interessarem, podem baixá-los por aqui.

Só um detalhe. Os arquivos geralmente estão na extensão cbr. Para visualizá-los basta salvar com a extensão rar ou, depois de salvos em cbr mesmo, abrí-los pelo rar.

Pentecostes e Carismatismo.

Passamos pelo Pentecostes, no último domingo, e adentramos, novamente, no Tempo Comum. Porém, um dia é suficiente para levantar de novo o ânimo dos carismáticos que, baseados numa leitura estranha e extra-católica do livro dos Atos, atribuem ao Espírito Santo uma série de coisas que Ele não faz.

Obviamente, há muitas pessoas sinceras no carismatismo, de modo que, quando escrevemos algo sobre isto, não queremos tratar dos adeptos, mas do movimento em si, e somente o fazemos em vista da Verdade. A caridade nos exige.

Longe de mim querer esgotar num texto assim o número de erros e doutrinas avessas à Fé Católica presentes no carismatismo ou na dita RCC. De fato, são de naturezas muito diferentes, e se há, hoje, qualquer confusão entre o catolicismo e o pentecostalismo, é somente em virtude do desconhecimento do primeiro. De fato, a inequívoca doutrina da Igreja não se coaduna com movimentos nascidos do mais irresponsável e ingênuo protestantismo.Vejamos, somente, alguns pontos.

O sincretismo, isto é, a mistura relativista de movimentos diferentes, como se mil pássaros amarrados, pelo fato de conterem duas mil asas, pudessem fazer algum tipo estrambólico de vôo, sempre foi condenado pela Igreja. Representa, na verdade, um desrespeito contra a Verdade revelada. Pio XII chamava esta atitude de "falso irenismo" que consiste no cultivo de uma falsa paz (caricato da caridade) pelo sacrifício da Verdade. Desde que a Verdade, para os cristãos, é uma Pessoa e esta Pessoa é Deus, amar a Verdade sobre todas as coisas é um dever estrito de todo e qualquer católico. Por isto, Nosso Senhor nos dava a Sua Paz, a Paz que o mundo não pode dar, pois não é fruto da transigência dos retos valores nem da covardia, mas é proveniente da mesma Verdade que se amou e pela qual se entregou a vida.

Se observarmos o carismatismo, ele mantém inúmeros traços de sua origem. Geralmente, os seus adeptos são pessoas muito dadas a esta falsa compreensão do ecumenismo, que defende o ideal maçom da fraternidade universal. Por isto, negam na prática o dogma proclamado no IV Conc. de Latrão, e que afirma firmemente que "Fora da Igreja não há Salvação". Na verdade, negar tal dogma é a única forma de defender a legitimidade do movimento carismático, já que a sua origem protestante não é nenhum mistério. Se a Salvação só se dá pelo Espírito Santo e, se não há Salvação fora da Igreja, o que faria o Espírito Santo no protestantismo? Se realmente a Igreja necessitasse de tal "renovação", porque ela não teria origem na própria Igreja? O Sumo Pontífice Pio XII diz ainda que "nem Salvação nem Santidade" podem ser encontradas fora da Igreja. Eis, portanto, a contradição do Mons. Jonas ao dizer, algum tempo atrás, que os protestantes eram "lindos e santos". As grandes forças do carismatismo somente podem ser duas: ou a ignorância ou a má intenção. Tomemos o cuidado de não atribuir esta última a alguém em particular, pois então cairíamos no pecado do julgamento proibido por Nosso Senhor. Portanto, trabalhemos para que a ignorância dos carismáticos, seja, então, vencida. Repito, a caridade nos exige.

Continuemos. Se se nega a veracidade da proposição "Fora da Igreja não há Salvação", está-se indo contra a infalibilidade da Igreja, o que causa automática excomunhão. Se, porém, um carismático aceita a validade do dogma, então coloca-se em contradição, por ser, ele mesmo, adepto de um movimento de origem protestante.

E não está claro que, se de fato a Igreja precisasse receber o Espírito Santo de uma outra, ela se poria, então, abaixo desta outra, como se dela necessitasse? Eis que, com a defesa desta alternativa, acaba-se por inutilizar toda a hierarquia católica, pela qual Nosso Senhor assiste a Igreja. Se o Espírito Santo nos vem a partir da imposição das mãos de um "pastor" protestante, que necessidade teríamos dos Sacramentos, ou dos ministros ordenados?

Sendo um movimento originalmente protestante, a RCC mantém-se inclinada a isto, vendo com bons olhos todas as seitas que partilham das mesmas "experiências". O quesito fundamental, portanto, torna-se o dito "batismo no Espírito Santo", espécie de ritual de iniciação, reputando ao escanteio os verdadeiros componentes da Fé, como a reta doutrina da Igreja e a centralidade dos sacramentos. Recentemente, tive a infelicidade de ouvir mais uma "pregação" carismática. Nela, se falava do evento de Pentecostes. Dizia a "pregadora" que, naquela ocasião, no cenáculo, o Espírito Santo havia vindo sobre todo mundo, de todas as raças, o que significava que o Espírito Santo não pertencia a um povo, ou a uma raça, ou sequer a uma Igreja, mas que vinha sobre todos que se abrissem.

Ora, esta pregação é muito problemática; típica dos protestantes que "pregam a briba" (sic) sem o mínimo preparo. A pregadora não precisou o que significa este "se abrir". Esqueceu-se de dizer também que, em Pentecostes, o Espírito Santo desceu sobre "Maria e os Apóstolos" e, portanto, sobre a Igreja, e que, com esta graça, Pedro converteu 3.000 pessoas que, então, se tornaram católicas. Não notou a pregadora sincrética (alguns diriam ecumênica) que o Espírito Santo confirmou a hierarquia da Igreja. Pobres dos desavisados que, se levarem a sério o que ali foi dito, em plena solenidade de Pentecostes, vão crer que não há mal algum em entrar em um boteco de esquina e escutar um qualquer só porque ostente o título de "pastor".

O problema da RCC não se reduz, porém, à sua origem ou à sua abertura sincrética, isto é, à negação prática do dogma referido acima. (Lembremos que negar um dogma é causa de excomunhão automática). Ele se estende ao ensinamento carismático, mesmo quando, por vezes, alguns dos seus membros, um pouco mais informados sobre o que a Igreja ensina, tenta acidentalmente conciliar o carismatismo com a doutrina tradicional.

Primeiramente, convinha saber de onde surgiu esta identificação entre os fenômenos "carismáticos" que se observam hoje e aqueles que ocorreram com os primeiros cristãos. Por que se deduziu que o carisma das línguas dos tempos apostólicos era ininteligível? E, ainda que fosse, qual a garantia de que seria um som repetitivo como o que se costuma fazer? Interessantes os modismos: há pessoas que "aprendem" a fazer de um jeito. Depois, escutam um pregador famoso rezar de outro e, logo em seguida, passam a imitá-lo, seja na repetição contínua das mesmas sílabas, seja na entonação com que se "fala" ou se "canta".

Depois, quem disse que estes fenômenos, os carismas autênticos, eram ordinários, isto é, deviam ser para qualquer um?

Está claro que o fenômeno de Pentecostes, onde os Apóstolos se faziam entender em todas as línguas, é uma contraposição àquele da Torre de Babel onde, tomados de soberba, os homens intentavam chegar aos céus por sua própria força e, tendo Deus dividido as suas línguas, já não se entendiam. O Espírito Santo substituiu, portanto, o caos pela ordem. Os carismáticos, porém, parecem preferir a anarquia de Lutero, onde cada um define as suas próprias verdades e acessa o Espírito Santo por si mesmo, num igualitarismo absurdo em que cada um se revela uma autoridade.

Há ainda a ênfase carismática do caráter emotivo, interpretando as sensações e os sentimentos que se experimentam (geralmente induzidos) como se fossem toque de Deus, caindo num fenomenalismo e subjetivismo grosseiros. E tudo isto quando a mística católica adverte a não desejar tais coisas, nem dar-lhes demasiado valor. Cai-se aí num sensacionalismo, enquanto que a espiritualidade católica tende a ver com bons olhos, ao contrário, a simplicidade do cotidiano, a ordinariedade dos pequenos eventos.

Além disto, a RCC, pregando que os ditos carismas são fator essencial, negam o dogma da indefectibilidade que afirma que os elementos essenciais da Igreja jamais desaparecerão. A RCC afirma um grande hiato carismático entre os tempos apostólicos e o surgimento do pentecostalismo, identificando, neste espaço, apenas umas poucas manifestações do Espírito Santo, nos fatos extraordinários da vida dos santos. Dessa forma, eles põem as suas "experiências" em pé de igualdade com aquelas vivenciadas pelos grandes místicos. Já vi, inclusive, um livro que buscava mostrar que Sta Teresa D'avila, nos seus êxtases e arroubos, vivia, na verdade, algo semelhante às experiências que os carismáticos viveriam séculos mais tarde. Pura ingenuidade...

Além disto, a busca irrefletida das primeiras experiências ou dos tempos apostólicos supõe um desprezo pela Tradição, e leva-os a cair na heresia já condenada chamada "antiquarianismo". O costume, também carismático, de dividir a história em três grandes partes, cada qual atribuída a uma das Pessoas da SS. Trindade, culminando no tempo do Espírito Santo ou o que alguns chamam de "Igreja do Apóstolo João" já foi condenado pela Igreja, desde o seu funfador, o herege Joaquim de Fiori. Há um bom tempo atrás, eu ouvia o cantor Laércio Oliveira repetir esta mesmíssima teoria.

Estas e outras questões são extensivamente tratadas em vários artigos. Quem se interessar por elas, se ainda não as tiver estudado mais profundamente, poderá encontrá-las com relativa facilidade. São questões irrenunciáveis a qualquer um que tenha o mínimo de sinceridade.

Portanto, este movimento romântico e aparentemente católico representa um risco para a Fé. Coisa que sempre digo: qualquer um que se dedicar a um mínimo estudo da tradição espiritual da Igreja verá que este meio que misticismo protestante, com fortes características gnósticas, em nada se coaduna com a Igreja. A sua aparência devota se deve ao fato de utilizar elementos católicos, como a devoção a Nossa Senhora, ao Espírito Santo, ou à Santíssima Eucaristia, esta última característica de alguns grupos em particular. O erro, porém, é tanto mais nocivo quanto mais aparenta ser verdade.

Novamente, esclareço: escrevo pelos carismáticos, contra o carismatismo. O verdadeiro católico não precisa se vincular a estas coisas. A mística tradicional é mui rica e madura. Basta conhecê-la para rejeitar estas caricaturas devocionais. Como dizia Nosso Senhor: "A verdade vos libertará".

Obs.: Já fui carismático. Sei do que falo.

Quaisquer dúvidas, comentem aí...
Que a Virgem nos conduza.

Fábio.

Download de Músicas Litúrgicas

Como se sabe, é raro encontrar um cd interessante de músicas litúrgicas que possam ser usados na Santa Missa. Mais comuns são os gregorianos, particularmente usados nas celebrações do rito extraordinário, isto é, nas Santas Missas Tridentinas, muito embora o gregoriano também possa e deva ser usado no rito ordinário.

Aqui no Brasil, os hinários litúrgicos da CNBB não são nada interessantes. Das músicas aí disponibilizadas, um ou outra é que se salva. A grande maioria peca, seja pela letra, seja pelo ritmo ou outros elementos. Esta é outra característica moderna: a superficialidade com que se julga a música. Geralmente, atenta-se somente para a letra, e ignora-se que a música é, na verdade, todo um composto de letra, melodia, harmonia e ritmo.

A Igreja afirma que os compositores de tais músicas devem estar mergulhados no Sensus Ecclesiae, coisa que parece ser ignorada. Seja como for, em pesquisas recentes encontrei um Cd de cantores italianos que traz belas músicas litúrgicas. Muito diferente dos baiões da CNBB, o Cd representa uma alternativa ao gregoriano e as músicas, em sua grande maioria, são em latim.

Considerando a grande dificuldade que é encontrar algo dessa natureza (sobretudo no Brasil) e que, uma vez conhecidas, as músicas poderão e deverão contribuir para trazer uma maior dignidade e solenidade ao Santo Sacrifício do Senhor, é com muito gosto que disponibilizo o link para serem baixadas. Mesmo se ainda não puderem ser consideradas como "o ideal", uma vez que sejam aprendidas e utilizadas nas celebrações, representarão um grandíssimo avanço com relação aos sambas e forrós que nos são propostos no Brasil como referenciais da música sacra.


Pax et Bonum.

Fábio.

A Virgindade do Coração - S. Pedro Julião Eymard

Sicut lilium inter spinas,
sic amica mea inter filias.

"Que a alma, que me é cara entre todas,
seja qual lírio no meio de espinhos" (Ct 2,2).

O reinado do amor está na virgindade do coração. É nos figurado pelo lírio que domina regiamente as outras flores do vale.

O amor é um. Dividido, repartido será infiel. A verdadeira união realiza-se pela troca dos corações. É pelo coração que as criaturas humanas se unem uma à outra enquanto a pureza dessa união é simbolizada pela veste branca da esposa.

Jesus Cristo também pede-nos a posse radical do nosso coração, sobre o qual quer reinar de modo absoluto, não tolerando que o repartamos com criatura alguma. Ele é o Deus de toda pureza. Ama as virgens acima de tudo; às virgens concede Seus favores e lhes dedica o Cântico do Cordeiro. Elas lhe formam a corte privilegiada e O acompanham por toda a parte.

Jesus só Se une ao coração puro. É próprio de Sua união gerar, conservar e aperfeiçoar a pureza.

Não produz o amor, pela sua natureza, identidade de vida e simpatia de afeições entre dois amantes?

O amor evita desagradar, esforçando-se por agradar. Ora, se o que desagrada a Jesus Cristo é o pecado, o amor lhe terá horror, evitá-lo-á por todos os meios e o combaterá energicamente, preferindo antes morrer alegremente a cometê-lo. É a mesma história que se repete com os Santos, os Mártires e as Virgens. É sentimento próprio a todo cristão, pois todos nós devemos estar dispostos a morrer antes de ofender a Deus.

Nada é delicado como a alvura do lírio. O menor grão de poeira, o mais ligeiro sopro diminui-lhes o lustre. Podemos dizer o mesmo da pureza do amor, cioso por natureza.

O título que mais apraz a Deus é também aquele que mais gostamos de repetir: "Deus cordis mei". Deus do meu coração. Ah! o coração é nosso soberano, dirige-nos a vida; é a chave de posição. Eis por que todas as tentações do mundo visam conquistá-lo, porquanto uma vez ganho, tudo o mais cai. É a razão pelo qual a Sabedoria divina nos diz: "Meu filho, guarda teu coração com todo o cuidado, já que dele depende toda a tua vida". - Fili, omnis custódia custodi cor tuum, ab ipso enim vita procedit.

Jesus só reinará na alma como Senhor absoluto, pela pureza do amor.

Há, porém, duas espécies de amor em Jesus Cristo.

A primeira, é a pureza virginal, que brota, qual fruto natural, do amor de Jesus. A alma, seduzida por esse amor, prevenida por esse atrativo, quer consagrar seu coração ao Esposo e dedicar-Lhe tudo. "Ut sit sancta corpore et spiritu." É um lírio, e Jesus, que se compraz no meio dos lírios, reina no seu espírito, calmo e puro, onde luz só a verdade. Reina no seu coração, como soberano Senhor. Reina no seu corpo, cujos membros Lhe estão consagrados e ofertados como hóstia viva, santa e de agradável odor. "Ut exhibeatis corpora vestra hostiam viventem, sanctam, Deo placentem."

E a alma encontra nessa pureza toda a sua força. Ante a virgem, treme o demônio. Não foi o mundo vencido por uma Virgem? Serão muitos os corações virgens que nunca amaram senão a Nosso Senhor? Deviam ser, se refletíssemos no que é Jesus Cristo. Que homem ou rei Lhe pode ser comparado? Quem será maior, mais santo, mais amoroso? Ah! a realeza desse mundo não vale a realeza virginal de Jesus Cristo!

Havia muitos corações virgens nos séculos de perseguições, no século de Fé. Avaliava-se bem então a honra que estava em dar seu coração unicamente ao Rei dos Céus, em Lhe pertencer tão-somente. Hoje em dia, ainda há muitos, apesar dos laços que lhes tecem o mundo e o sangue. São anjos no meio do mundo, mártires de sua felicidade, pois terríveis e pérfidos são os combates que lhes dão o século e a família, lançando mão de todos os meios para arrancar-lhes essa coro régia, recebida das mãos de Jesus, o Esposo Divino.

Nosso Senhor recompensa a fidelidade dessas almas, unindo-Se-lhes numa intimidade crescente. Pureza, por essência, purifica-as sem cessar, tornando-as um ouro puríssimo, dando-lhes mais tarde no Céu uma recompesa sem par. "Vi o Cordeiro, disse São João, o Apóstolo virgem, na montanha de Sião e com Ele os cento e quarenta e quatro mil virgens que lhe traziam o nome, bem, como o do Pai, escrito na fronte. E eles cantavam em presença do Cordeiro, um cântico novo, cântico este que ninguém mais podia cantar. São virgens, e porque estão sem mácula ante o trono de Deus, seguem ao Cordeiro por toda parte onde for".

A quem não couber essa coroa de pureza virginal, resta ainda a da pureza de penitência nobre, bela e forte (segunda). É a pureza recuperada conservada pelos mais violentos combates e pelos sacrifícios que mais custam à natureza, penitência que torna a alma forte, senhora de si. É fruto do amor de Jesus.

O primeiro efeito do Amor divino, ao se apoderar de um coração arrependido, é reabilitá-lo, purificá-lo, enobrecê-lo e restituir-lhe a dignidade para depois sustentá-lo nos combates inevitáveis contra seus antigos donos, isto é, seus hábitos viciados.

O amor penitente é um magnífico exemplo. É uma virtude pública pelos combates que sustenta, pelas ligações que rompe. Suas vitórias são sublimes. E todo o seu triunfo consiste em tornar o homem modesto.

Saibamos adquirir, embora à custa dos maiores sacrifícios, esse ouro da pureza provado pelo fogo, a fim de nos enriquecer e de nos revestir da túnica branca, sem a qual não poderemos penetrar no Céu. É a advertência que dá São João ao Bispo de Laodicéia: "Suadeo tibi emere a me aurum ignitum probatum, ut loclupes fias et vestimentis albis induaris".

Quem galgará a montanha do Senhor?
Aquele que for inocente nas suas obras e cujo coração for puro.

Em purificar-nos está, portanto, a grande tarefa da vida presente. Nada de maculado entrará no Reino de Santidade Divina. Para ver a Deus, contemplar o esplendor de Sua glória, é preciso que os olhos do coração estejam inteiramente puros. Um único átomo de poeira na nossa túnica basta para barrar-nos a entrada celeste, enquanto não nos purificarmos no Sangue do Cordeiro.

A palavra dita pelo Senhor não há de passar:

"Em verdade vos digo, todo homem terá de prestar contas no dia do juízo de qualquer palavra ociosa que tiver pronunciado".

É preciso purificar-nos sem cessar. Mais vale fugir para o deserto, condenar-se à uma vida de sacrifícios, deixar de lado muitas obras por belas e boas, a perder o tesouro da pureza. Todas as almas a salvar não valem a salvação da nossa própria alma. O que Deus quer de mim, acima de tudo - e sem o que nada mais tem valor - , sou eu!

Ah! se não nos for dado ter as virtudes heróicas e sublimes dos Santos, sejamos pelo menos puros; e se perdemos, desgraçadamente, nossa inocência batismal, revistamo-nos agora da inocência laboriosa da penitência!

Sem pureza, não haverá vida de amor.

(A Divina Eucaristia - volume II - São Pedro Julião Edymard)

Fonte: A Grande Guerra

A fé cristã não é produto do homem; vem de fora.

"O cristianismo somente pode acontecer como um novo nascimento. O ser cristão começa com o batismo, que é morte e ressurreição (Rom 6), e não com o nascimento biológico.

Romano Guardini, especialmente, apontou para um aspecto importante dessa figura fundamental da fé cristã, e até mesmo da fé bíblica, que não emerge do próprio interior, mas chega a nós de fora: o cristianismo, a fé cristã, diz ele, não é produto de nossas experiências internas, mas um acontecimento que nos penetra de fora. A fé depende de que algo (ou alguém) nos encontre, algo a que não alcance por si mesma nossa capacidade de experiência. A experiência não se alarga ou se faz mais profunda - esse é o caso dos modelos estritamente "místicos" -, mas sim que algo acontece. As categorias "encontro", "alteridade", "acontecimento" descrevem a origem interior da fé cristã e apontam para os limites da noção de experiência. Sem dúvida, o que aí nos toca provoca em nós experiência, porém experiência como resultado de um acontecimento e não do aprofundamento no que nos é próprio. É isso que significa exatamente o conceito de revelação: o não-próprio, o que não acontece no próprio chega até mim, arrebata-me para fora de mim, eleva-me sobre mim, cria o novo."

Joseph Ratzinger, Fé, Verdade e Tolerância

O dogma evolui?


Contra a fixidez do dogma, se levantam os ditos "evolucionistas doutrinários". Mas o fazem sempre motivados por um outro dogma que é justamente a defesa deste evolucionismo ou transformismo otimista aplicado aos princípios da religião.

Acontece que a mutabilidade de algo supõe a sua imperfeição, e a evolução geralmente traz a idéia de aperfeiçoamento. Aquilo, pois, que foi aperfeiçoado não era perfeito antes e, mantendo a perfectibilidade ou potência à perfeição, permanece imperfeito.

Sendo que algo é imperfeito, não pode arvorar-se o posto de absoluto, pois, se o fizesse, cairia numa tola pretensão. Daí que, se o dogma católico evolui, supõe-se que seja imperfeito e, sendo-o, não pode absolutizar-se, devendo permanecer aberto à discussão e à crítica. Chamar-se-ia, portanto, as verdades de fé pelo nome de dogma apenas a título de convenção, e não segundo o real significado do termo que sugere algo definido e, pela sua perfeição, imutável.

Temos então que afirmar a evolução do dogma é negar o absoluto do mesmo e, portanto, pôr em desconfiança a fala da Igreja, o seu Magistério, a sua doutrina. Cai-se daí num relativismo, onde as vertentes distintas, todas fragmentárias, representariam o esforço humano em busca do sagrado. Não há, portanto, revelação, mas apenas, para usar o termo do Santo Padre, "um grito no escuro".

Isto se se conserva ainda que Deus seja imutável. Se tal verdade se resguarda, o discurso do dogma evolucionista diria respeito somente à adequação dos conceitos à imutabilidade divina. Se, porém, se atribui à divindade igual potência evolutiva, termina-se por negar a própria divindade de Deus e, portanto, a sua perfeição e cai-se numa infinidade de contradições.

Podemos observar as consequências práticas deste evolucionismo doutrinário anticatólico, que supõe sempre a desconfiança no ensino dogmático da Igreja, nas tão constantes desobediências às normas litúrgicas, no solene desprezo dos documentos antigos, ainda que dogmáticos, nas conversas ordinárias que põem em livre e vulgar discussão temas tão sérios como o do celibato sacerdotal, a obediência ao Santo Padre, o uso de anticoncepcionais, etc. Tudo isto é como que um olhar desconfiado sobre a Igreja... Mas, se o erro somente é considerado como tal quando comparado à verdade, esta desconfiança da Igreja somente se assenta quando se lhe compara com alguma outra coisa à qual atribui-se a posse da verdade. "Maldito o homem que confia em outro homem", já dizia sabiamente a escritura. Duvidam de Deus para crer em Darwin, em Marx, em Freud, em Leonardo Boff (que talvez se sentiria honrado por ser posto com estes outros sofistas), nos livrinhos de estória do ensino médio, nas estísticas do Super Pop, nas discussões do Big Brother, nos "argumentos" do Dan Brown ou do Dawkins.

Sabiamente recordava o Everth as palavras de S. Paulo: "Se apartarão da verdade e se atirarão às fábulas"... Dirão que o dogma evolui, ou até, que Deus evolui...

Os que aderem a esta mentira já não podem defender firmemente o que quer que seja, pois se é verdade que tudo evolui e, portanto, muda, não há razão pela qual se deva creditar ao evolucionismo doutrinário nenhuma crença durável. Se o evolucionismo existisse, seria uma lei e, portanto, pretenderia-se imutável, caindo em contradição. Então, para serem minimamente coerentes, os defensores disto deveriam supor que tal lei estaria, também, sujeita à evolução, resultando, ou numa involução (e então a involução seria um estágio evoluído da evolução.. rs..) ou chegando à fixidez. Mas, neste estágio, a verdade se tornaria fixa e imutável.

Eis, então, que a única posição coerente é aderir a um absoluto. Se o absoluto é a Verdade revelada, então temos a objetividade e absolutização do dogma. Se o absoluto é a lei da evolução, aplicada também à doutrina, cai-se numa contradição que consiste em defender-se que a única coisa que não estaria sujeita a esta lei seria a própria lei. Não há, porém, como justificá-lo.

Aderem ao evolucionismo doutrinário não apenas os que o defendem filosoficamente, mas todos os que argumentam que a Igreja precisaria adequar sua doutrina e sua moral aos costumes do mundo moderno. Fala-se, na prática, de uma conversão, não do mundo ao catolicismo, mas do catolicismo ao mundo. Tal empresa, obviamente, é ridícula.

Não nos enganemos, meus caros. Não acreditemos que a natureza da Igreja tenha mudado, que a Sua doutrina seja imperfeita, ou que Deus evolua, como me dizia certa vez um professor adepto da filosofia de Chardin. Não caiamos nestas absurdidades. Qua a luz benfazeja do Logos nos ilumine e nos livre da burrice destes evolucionismos doutrinários.

Pela imutabilidade do dogma católico!

Fábio.

Cardeal Pacceli: alteração da Fé seria um suicício...


“Estou obcecado pelas confidências da Virgem à pequena Lúcia de Fátima. Essa obstinação de Nossa Senhora diante do perigo que ameaça a Igreja, é um aviso divino contra o suicídio que representaria a alteração da fé, em sua liturgia, sua teologia e sua alma”.

Cardeal Pacceli, futuro Pio XII, quando ainda Secretário de Estado de Pio XI em 1936.

***

A alteração da Fé:
- Em sua Liturgia (liturgia afro, modernismo, invencionices sem conta, palmas e reboladas, músicas pop e rock n' roll na Missa, profanações, falta de zelo, comunhão na mão, abandono das fórmulas, entronização de orações socialistas e sincréticas....)

- Em sua Teologia (abandono do tomismo, ascensão da "teologia da libertação" e da teologia liberal, hemenêutica da ruptura, da suspeita e dos infernos, enfraquecimento da catequese, pentecostalismo, "leitura popular" da Bíblia...)

- Em sua alma (substituição do "Santo Sacrifício da Missa" pela concepção de uma mera reunião fraterna; substituição da realidade do Calvário pelo simbolismo de uma festa ou mero encontro de fiéis; abandono das práticas devocionais tradicionais pela militância em sindicatos da terra, da ecologia e pelo hasteamento de bandeiras vermelhas; substituição do "santo orgulho" de se dizer plenamente católico pela vergonha em aderir de todo ao ensino da Igreja. Substituição da obediência ao Papa e ao Magistério pela soberba da revolução e infração metódica das prescrições eclesiásticas, o que chamam de "carisma sobre instituição").

Estas alterações, caríssimos, representam o suicídio de que se fala acima. São, todas elas, diferentes manifestações do "non serviam" da velha serpente.

O contrário, isto é, a fidelidade à Tradição, à retidão do ensino da Igreja, representa a vida, a vida em plenitude. Felizes os que ouvem a voz do Sumo Pastor e ignoram estes outros que não vêm senão para roubar, matar e destruir.

Que a Virgem de Fátima guarde os seus filhos de toda heresia e apostasia. Que santifique o clero e nos acenda na alma o fogo da Caridade, a fim de que, ardendo de zelo pela Igreja, a defendamos e sejamos testemunhos vivos de Nosso Senhor, luzeiros a ostentar, não bandeiras vermelhas com foices e martelos, mas a suma insígnia da Cruz, sempre bela e sempre forte.

Fábio.

Inversão de papéis na Liturgia - estranhos, hoje, são os obedientes...

Hoje, vivemos tempos em que aclamados são os que adulteram de toda forma a Liturgia, que introduzem nela práticas e costumes estranhos à sua natureza, que fazem apelações de todo tipo com vistas à participação ativa ou ao que pensam que isto seja. A todos estes desobedientes chovem elogios porque não se deixaram enquadrar pelas exigências, sempre tão rígidas, de uma Liturgia proveniente de tempos antigos.

De outro lado, aqueles que ainda se importam em obedecer, devem adentrar numa chuva de vaias e reclamações se se propõem a ser fiéis ao que a Igreja, de fato, ensina. Devem enfrentar todo tipo de olhares e caras feias, de desaprovações, como se fossem estranhos e não tivessem o direito de simplesmente obedecer. Ao querer cantar em latim, por exemplo, parece que se precisa como que pedir licença e desculpas, embora o latim seja a língua mãe da Igreja. Porém, encontra a maior liberdade e o sorriso de muitos quem, de relance, arrisque um "Axé" no meio ou improvise um baião aqui e acolá.

Tempos difíceis. É preciso pedir licença para fazer o que é certo; fazer o errado, porém, tornou-se motivo de honrarias. Bem dizia aquela música do Renato Russo: "Ter bondade é ter coragem". Chegamos nestes dias... Mas, como escreveu o grande São João da Cruz, "sofrer pelo Amado é melhor que fazer milagres". Cristo deve ser o centro, não os gostos pessoais nem os gostos comuns. A Liturgia é dada, não inventada. Persistamos no bom combate!

Fábio.

Entrevista com o Pe. Paulo Ricardo: Alerta contra a instrumentalização da Igreja face aos interesses dos comunistas

Padre Paulo Ricardo

Padre Paulo Ricardo de Azevedo, consultor da Congregação do Clero, em assuntos de catequese junto à Santa Sé, professor de Filosofia e Teologia, e reitor do Seminário Cristo Rei de Cuiabá (MT) denuncia as influências materialistas do marxismo cultural no mundo Ocidental com o objetivo de "descristianizar" a sociedade. Alerta para o perigo de uma leitura sociológica da Bíblia em função dos interesses do comunismo.

cancaonova.com: O que é o marxismo cultural?

Padre Paulo Ricardo: Marxismo cultural é um movimento ideológico que pretende implantar a revolução marxista. Não através dos meios armados ou de uma movimentação de violência, mas por meio da transformação da cultura ocidental. Na verdade, o Ocidente é uma cultura que está toda baseada, desde o tempo dos antigos filósofos gregos, principalmente depois do Cristianismo, na espiritualidade.

cancaonova.com: Por que muitos pensam que o comunismo desapareceu totalmente, após a queda da União Soviética?

Padre Paulo Ricardo: O que desapareceu foi o comunismo real, no entanto, os ideais marxistas continuam de pé e muito vivos, basta lermos os programas dos partidos políticos no Brasil e veremos que aquilo que se pretende com o marxismo continua sendo o ideal de toda uma movimentação política. Só que esses adeptos da cultura marxista estão convencidos de que não conseguirão implantá-la aqui se antes não destruírem a cultura, que há no país, toda baseada na espiritualidade, o que é típico do Ocidente como já foi dito. Trocando em miúdos, o marxismo é materialista e para implantá-lo é necessário que as pessoas estejam convencidas do materialismo. Então, eles, aos poucos, vãos desmontando a cultura ocidental, que é espiritual, cristã, filosófica e metafísica, e implantando o materialismo pagão, que é contra a metafísica e que só é a favor daquilo que é experimental, que se pode palpar, aquilo que podemos experimentar no dia-a-dia.

cancaonova.com: Como esta ideologia comunista mais afeta nossa vida de Igreja e influencia nosso pensamento?

Padre Paulo Ricardo: Ela afeta justamente pelo fato de que a teologia da libertação, aqui no Brasil e na América Latina, tem como ideal a implantação de uma sociedade parecida com aquela que os socialistas e comunistas esperavam, ou seja, uma sociedade igualitária, em que as pessoas sejam todas iguais. Por meio dessa teologia, esse tipo de leitura da Bíblia e da realidade bastante socializante e materialista foram entrando aos poucos em nossa maneira de ver o mundo e da visão da Igreja.

cancaonova.com: Como combatê-la e se dar conta de que se trata de uma 'ideologia marxista', mesmo que disfarçada?

Padre Paulo Ricardo: A primeira coisa é compreendermos que, através da ideologia marxista, se tende a ler tudo a partir da sociologia. Então, quando, por exemplo, encontramos uma pessoa que começa ler a Bíblia e em todas as suas passagens tira alguma aplicação social, esse é um indício, um sinal bastante claro de que, talvez, ela esteja seguindo esse tipo de pensamento marxista. Sabemos que a Sagrada Escritura tem uma lição social, mas nós não podemos extrair dela apenas uma mensagem social.

cancaonova.com: Quais os principais meios utilizados pelos militantes do marxismo cultural para difundir suas idéias?

Padre Paulo Ricardo: O primeiro ponto é que eles agem em dois campos muito distintos. O primeiro campo mais importante para eles são as universidades, onde, basicamente, quase todos os professores, de alguma forma, foram influenciados por esse tipo de pensamento materialista e socializante. Já o segundo são os meios de comunicação. Através das novelas e noticiários, eles vão influenciando e montando a mentalidade do povo de uma forma contraria à do Cristianismo e à visão espiritual da realidade.

cancaonova.com: Como padre, na sua história de vida, o senhor percebe que foi alguma vez instrumentalizado pelos pensadores do marxismo cultural?

Padre Paulo Ricardo: Sem dúvida nenhuma. Quando eu era um jovem estudante de Filosofia, eu seguia aquilo que os professores ensinavam em sala de aula, dentro da universidade. E, sem perceber, ia escorregando para esse tipo de leitura sociológica, uma leitura socializante da Bíblia. Mas graças a Deus e pela providência divina, eu fui encontrando livros que, aos poucos, foram me abrindo os olhos e é por isso que, hoje, quero prestar esse serviço para as pessoas, ajudando-as também a encontrar o caminho de saída desse tipo de pensamento que esvazia o Evangelho.

cancaonova.com: Em qual aspecto os católicos devem ficar mais atentos para não serem 'inocentes úteis' nas mãos dos intelectuais do comunismo?

Padre Paulo Ricardo: A primeira coisa que nós temos de notar é que somos a maioria, só que, infelizmente, somos uma maioria inconsciente, ou seja, nós não temos consciência daquilo que deveríamos fazer. Enquanto eles são uma minoria muita bem treinada. Por exemplo: no jornal Folha de São Paulo foi veiculada uma pesquisa afirmando que 47% dos eleitores brasileiros, portanto, a esmagadora maioria de acordo com a pesquisa, são bastante conservadores em termos de moralidade, portanto, os brasileiros são contra o aborto, o casamento homossexual e todo esse tipo de coisa.

Mas os adeptos da cultura marxista procuram passar toda uma programação a favor do aborto e do casamento gay, porque pretendem desmontar a moral cristã para implantar uma mentalidade materialista.

Pois bem, se nós somos a maioria, por que é que eles conseguem nos dominar? Porque eles dominaram os meios de comunicação. Existe, na verdade, uma minoria falante que está dominando uma maioria muda. A primeira coisa que nós devemos fazer é parar de ser mudos e começar a falar, a protestar e a dizer: "Não, eu não estou de acordo com isso! Não é assim!" E se formos chamados de conservadores, não importa.

A primeira coisa que um católico precisa realmente ter consciência – diante do fenômeno do marxismo cultural – é de que nós iremos ser policiados por eles, naquilo que eles chamam de "patrulhamento ideológico", mas não temos de nos importar com isso, porque assim como os primeiros cristãos sofreram perseguições, nós também as sofreremos, mas estas serão de forma ideológica. Devemos lutar para levar a verdade do Evangelho para frente! Não podemos ceder e "barateá-lo" a uma nova agenda cultural que está nos sendo imposta.

cancaonova.com: O que o Papa Bento XVI significa em todo esse contexto?

Padre Paulo Ricardo: O Papa Bento XVI, quando era professor na Alemanha, sofreu bastante com esse tipo de movimentação do marxismo cultural, porque este movimento não está presente apenas na Igreja do Brasil, mas também na Alemanha. E muitos teólogos tentavam adaptar o Evangelho ao marxismo, de modo que foram eles que mais criaram problemas para ele. Quando ele foi eleito cardeal em Roma, logo começou a combater a teologia da libertação marxista, tentando mostrar justamente que se tratava de um desequilíbrio e de uma traição ao Evangelho. Agora que é papa, nós vemos claramente que Deus se manifestou ao escolher este homem para ajudar a Igreja do Brasil e do mundo inteiro a sair desta situação de querer ler o Evangelho através de uma visão sociológica e de uma agenda política que não tem nada a ver com o Cristianismo. Então, podemos dizer que a eleição de Bento XVI é a virada. Ele é, de alguma forma, o homem da providência e nós agradecemos a Deus por ter nos dado esse homem providencial.

cancaonova.com: Teremos uma sociedade ideal, harmônica, igualitária, neste mundo um dia, ou nossa meta de vida perfeita é para a 'pátria celeste'?

Padre Paulo Ricardo: Sem dúvida nenhuma, nós temos de ser realistas. Somos imperfeitos, por isso não somos capazes de gerar, nesse mundo, uma sociedade perfeita. Todos aqueles que quiseram implantar um paraíso, aqui, na terra, a única coisa que conseguiram produzir foi o inferno. Todas as ideologias do século XX, que propunham fazer um paraíso na terra, foram as que causaram mais mortes. Nós não podemos agir assim, temos de tentar melhorar a sociedade sim, lutar para a justiça, mas o próprio Papa Bento XVI nos recorda na encíclica "Deus Caritas Est": "Não é possível implantar o paraíso aqui na terra, o que nós devemos esperar é que tenhamos forças morais aqui na terra, suficientes para lutar contra o mal", mas essa luta irá durar enquanto o mundo for mundo. Somente no final dos tempos é que nós veremos o reino dos céus vir como um dom de Deus e não como a realização de uma obra humana. Entraremos na Jerusalém celeste, sim, mas como diz o livro do Apocalipse: "Ela é a esposa que desce do alto e não aquela que sobe da terra, porque quem sobe da terra, é a prostituta".

Super CEBs ganha selo do INMETRO... 100% aprovado!

O documento emitido pelos senhores bispos por ocasião da 48ª Assembléia Geral que ocorreu estes dias em Brasília e que teve nas CEBs o seu tema central com vista a ressaltar o "seu já admirável espírito missionário", veio recheado de declarações no mínimo interessantes. Ao que parece, foi fruto de profundíssimas reflexões...

Dentre estas expressões curiosas que exaltam sem fim as CEBs, destaco algumas e ponho, em seguida, breves comentários.

- "Queremos reafirmar que elas continuam sendo um "sinal da vitalidade da Igreja"" (De que tipo de vitalidade será que se trata? Que vida os senhores bispos estão supondo ter a Igreja? Para os cristãos a vida é Jesus Cristo, e Ele nos transmite esta vida quando nossas almas estão em graça, isto é, isentas de pecado mortal. Dessa forma, munidos do dom da caridade somos agradáveis a Deus, belos aos Seus olhos. Do contrário, isentos da graça, nada do que façamos é bom, pois não participa da bondade de Deus e não O tem por fonte. Uma alma em pecado mortal, por exemplo, que ouse comungar, além de cometer sacrilégio, come e bebe a própria condenação, conforme escreveu S. Paulo. Consideremos, então, que a vida da alma é assunto central. Para que a tivéssemos, morreu Nosso Senhor no madeiro da Cruz. O próprio Cristo é a vida da alma e transmite esta vida pelos seus Sacramentos que a Igreja, fiel depositária dos Seus tesouros, bondosamente dispensa. Pois bem, qualquer movimento que queira ser "sinal de vitalidade da Igreja" deveria ter por prioridade a reta catequização das almas e o objetivo de sua entronização no Corpo Místico de Cristo. É isto o que caracteriza as CEBs?

De outro lado, tratando da vida física ou das condições dignas de subsistência, legítima preocupação da Santa Igreja, tais cuidados devem ser acompanhados por uma correta compreensão do ser humano na sua totalidade e a eficácia de todo e qualquer esforço humano depende intinamente da sua subordinação à contemplação e do cultivo da vida da Graça. As linhas de ação legítimas, que retamente provocam o bem aos irmãos necessitados levando em conta a integridade de sua natureza, estão descritas na Doutrina Social da Igreja. Qualquer um que queira verdadeiramente pôr em prática tais intentos será, de fato, sinal da vitalidade da Igreja. Tal não se pode ser, porém, se se recusa deliberadamente obedecer a mesma Igreja.)

- "Só uma Igreja com diferentes jeitos de viver a mesma Fé será capaz de dialogar relevantemente com a sociedade contemporânea." (É muito fácil vermos hoje afirmações deste tipo, cujo traço mais característico é a ambiguidade. Podem ser bem ou mal interpretadas, ao gosto do leitor. Isto é muito confortável pois, à medida que abre margem para interpretações as mais disparatadas, também funciona como uma espécie de redoma a proteger quem as proferiu, visto que nada está inequivocamente claro. A diversidade de jeitos de ver aí pode ser estendida ao infinito, incluindo também aqueles modos que não se coadunam com a compreensão da Igreja. Nem preciso ser mais claro... Parece que a grande intenção em frizar a necessidade desta diversidade é tão somente legitimar aquelas posições destoantes...)

-"Na verdade, os tempos se tornaram maduros para uma nova consciência histórica e eclesial: primeiro, pela emergência de um novo sujeito social na sociedade brasileira, o sujeito popular, que ansiava à participação; segundo, pela emergência de um novo sujeito eclesial, portador de uma nova consciência na Igreja. Ele ansiava participar ativa e corresponsavelmente da vida e da missão da Igreja. Esse sujeito provoca novas descobertas e conversões pastorais" (Isto parece-se muito com a realização do ideal gramsciano de hegemonia cultural, onde surge, dotado de um novo senso comum revolucionário, o novo sujeito, com estas novas consciências e a fazer estas novas descobertas. Nova consciência histórica, a identificar, pelo que se chama "hermenêutica da suspeita", as relações opressoras, sejam políticas ou econômicas, e que são vistas como as determinantes de todo o devir histórico. De outro lado, a nova consciência da Igreja que cede lugar a estas interpretações estranhas à sua natureza e, para tal, abre mão daquilo que lhe foi tão característico durante todo o tempo e que causava inveja no próprio Antônio Gramsci: a firmeza de sua doutrina. Tudo se torna questionável e, daí, surge esta nova espécime, com novas consciências das coisas (muito embora tais consciências sejam já tão antigas...)).

- "Os Encontros Intereclesiais das CEBs são patrimônio teológico e pastoral da Igreja no Brasil." (Não sei do que se orgulhar... rs...)

- "A realidade das CEBs se expressa na liturgia e também na diaconia e na profecia." (Concordo com a primeira parte... Vê-se claramente a grande [des]graça que as CEBs representam para a Liturgia, profundamente obedientes que são. Deve ser a "nova consciência" litúrgica. Fizeram da Missa qualquer coisa diferente do Calvário. É verdade: "a realidade das CEBs se expressa na liturgia".)

- "O protagonismo dos leigos nas CEBs é expressão viva de uma Igreja que se renova animada pelo Espírito Santo" (Protagonismo dos leigos, isso mesmo. Leigos auto-gestionários, que se formam a si mesmos. Não vejo aí nenhum motivo de elogio, senão tão somente uma sombra da velha auto-suficiência. E isto talvez esclareça a razão da fraqueza doutrinária de muitos. Sugere-se no texto que isto se dá, também, pela dificuldade de acesso aos sacerdotes, mas não se pode generalizar. Mesmo à distância, contatos são possíveis, visitas são agendadas. Ainda que, hoje em dia, ouvir um padre infelizmente não seja garantia de se aprender algo interessante, o protagonismo leigo apenas se me apresenta como uma inversão da hierarquia. Parece que a velha relação dialética projetada nos sujeitos de classes distintas, forçando-lhes a oposição, se manifesta também aqui, onde parece transparecer qualquer sombra desta revolta contra os superiores. Mas isto é apenas suposição minha. Seja como for, o texto exalta as CEBs, além de mil outras razões, por ser sinal de comunhão eclesiástica. Mas fato é que não vejo este povo ser fiel ao Papa, aos concílios anteriores ao Vaticano II e nem sequer a este último, a não ser com as já tão conhecidas acrobacias hermenêuticas... Recentemente, ouvi que um Cebiano afirmava algo engraçado. Dizia ele que o Vaticano providencia para que lá estejam os padres mais bonitos esteticamente. Dizia isto para fazer supor intenções duvidosas por parte do Santo Padre e dos demais que lá convivem. Claro que é um caso isolado, pelo qual não se pode julgar todo o movimento; mas pelo menos mostra um pouco que sequer o respeito pelo Sumo Pontífice é ponto tocado lá dentro. Some-se a isto, a gravidade da afirmação, a imprudência de dizer isto num meio qualquer, e o nenhum comprometimento com a verdade das coisas.)

-""O ministério da Palavra exige o ministério da catequese a todos porque ‘fortalece a conversão inicial e permite que os discípulos missionários possam perseverar na vida cristã e na missão em meio ao mundo que os desafia.""(DGAE 64; DAp 278c). A vida em comunidade já é uma forma de catequese. Ela predispõe para o aprofundamento da fé e da vida cristã por meio do ministério da catequese e também pelo testemunho fraterno de seus membros". (Quero frizar, primeiro o início desta citação: "O ministério da Palavra exige o ministério da catequese". De fato... Por que, então, se prega quando não se foi retamente catequizado? Será esta, de fato, uma preocupação real? Ou está aí meramente para enfeitar? Depois se diz: "A vida em comunidade já é uma forma de catequese". Interessante. A primeira afirmação estabelece uma tensão, enquanto que esta segunda parece poder servir para arrefecê-la, para satisfazê-la, senão de todo, ao menos em parte.)

-"o surgimento das CEBs, junto com o compromisso com os mais necessitados, ajudou a Igreja a “descobrir o potencial evangelizador dos pobres”. (Já seria estranho afirmar que as CEBs ajudaram a Igreja a descobrir o que quer que fosse. Isto soa imensamente pretensioso.. Agora, afirmar que foram as CEBs que ajudaram a Igreja a descobrir o potencial evangelizador dos pobres, é realmente o cúmulo. Ora, a Igreja sempre estabeleceu que, embora fosse mais próprio do clero o ensino, os leigos não estavam isentos, no entanto, de fazê-lo, devendo contribuir, à medida de suas forças e possibilidades, para o alastramento do Reino de Deus pela adesão das almas à Igreja. No texto, parece-se querer fazer referência ao aspecto itinerante da evangelização, onde os pobres se mobilizam a visitar outros pobres. Primeiramente, obviamente que a Igreja jamais se opôs a coisas dessa natureza; ao contrário. Mas convém notar também que a faculdade de evangelizar supõe que o evangelizador seja preparado. Nem sempre se encontram estas condições e, em especial, nos dias de hoje em que vivemos o espetáculo de ver até mesmo sacerdotes minimamente formados a soltar toda espécie de pérolas. Portanto, se as CEBs representam uma novidade, é com certeza com relação à sua imprudência neste sentido e em tantos outros.)

-"As vocações religiosas e sacerdotais despertadas pelas CEBs sinalizam vitalidade espiritual, comunhão eclesial e um novo estímulo de consagração a Deus." (vitalidade espiritual? Como a última assembléia geral dos bispos onde os fiéis, por conta própria, molhavam o Adorável Corpo de Nosso Senhor no Seu Santíssimo Sangue e, por si mesmos, comungavam? Isto é o que se chama vitalidade espiritual? Comunhão eclesial? Como a obediência ao Papa no que diz respeito a não aderir à ideologia da libertação? Novo estímulo de consagração a Deus? Seria tal estímulo qualquer coisa semelhante à garantia de ser marxista sem precisar ser importunado?.. Não sei...)

-"a Igreja no Brasil exorta as CEBs e demais comunidades eclesiais a se manterem fiéis à própria fé, no conteúdo e nos métodos, na busca da libertação plena, superando a tentação “de reduzir a missão da Igreja às dimensões de um projeto puramente temporal.”  (Se manterem fiéis à própria fé.. hum... como dizia o Kiko, "Que será que ele quis dizer?". "No conteúdo", isto é, na TL (será???!!!) e nos métodos (não!!!!!). Por fim, se diz que se busca a libertação plena (uau! É o céu!!!), superando a tentação de reduzir a missão a um projeto puramente temporal. É curioso que isto possa ser uma tentação pra um católico... Seja como for, a exortação faz transparecer: 1) que a tendência é essa, pois "tentação" é geralmente uma "tendência" contra a qual deve-se lutar, ou, como dizia Nosso Senhor, fugir. O ideal, portanto, seria fugir pra bem longe das CEBs.. rs... 2) que parece haver uma busca de conciliação disforme entre o ideal materialista e a concepção espiritual do homem, o que leva a uma série de contradições.

Mais uma vez eu repito: não se trata de condenar todo e qualquer projeto social que tenha por objetivo tornar mais justas as relações entre os homens. Mas tal projeto deve obedecer necessariamente à chamada Doutrina Social da Igreja, e não à ideologia marxista que, infelizmente, ainda enche os olhos de muitos ditos católicos, inclusos aí, muitíssimo infelizmente, padres e bispos.)

-"Em relação à aproximação das CEBs com os movimentos populares na luta pela justiça, o documento 25 da CNBB afirmava que elas “não podem arrogar-se o monopólio do Reino de Deus”. Na verdade, a CEB deve tomar consciência de que, “como Igreja, é sinal e instrumento do Reino, é aquela pequena porção do povo de Deus onde a Palavra de Deus é acolhida e celebrada nos sacramentos ... sobretudo na Eucaristia” (70ss). As CEBs buscam, sim, a “colaboração fraterna com pessoas e grupos que lutam pelos mesmos valores.” (Primeiramente, convinha definir o que se entende por justiça. Este termo pode ser usado pra defender mil ideais. Entre eles, parece-nos o texto querer referir-se ao tão malfadado igualitarismo que, misteriosamente, continua a soar atrativo pra muita gente. Dentre os defensores disso, estão os comunistas de todo tipo... Daí que se poderia usar o argumento exposto acima para justificar a união de movimentos católicos com sindicatos comunistas, desde que buscassem o mesmo fim, apontado sob o nome de "justiça". "Mesmos valores" é igualmente ambíguo.

Alguém poderia objetar de que, como grupo realmente católico, as CEBs têm na Eucaristia o seu centro, tal como expresso acima. E aqui está outra grande ambiguidade. Não se costuma, nesse meio, defender a Santa Missa como Sacrifício de Nosso Senhor. Ao contrário, a Eucaristia parece se tornar instrumento de evidenciação ou materialização dos ideais pregados. A Santa Missa se torna refeição comum e fraterna, isto é, ocasião em que todos são iguais, em que o "pão" é dado a todos e tem-se aí encerrado o significado da "festa". Parece que toda uma simbologia nova (da nova consciência) é projetada sobre o Sacrifício Eucarístico que perde, assim, todo o seu rigor. Coisa terrível!)

-"Uma das dimensões da espiritualidade cultivadas pelas CEBs é a do diálogo ecumênico e interreligioso, que se dá pela abertura ao mundo do outro, promovendo a unidade na diversidade e buscando as semelhanças na diferença. Esta espiritualidade dialogal tem sido assumida pelas CEBs como uma missão de fraternidade cristã, numa atitude de profundo respeito às demais manifestações religiosas, em busca da comunhão universal. Essa espiritualidade nasce do desejo expresso por Jesus: "Que todos sejam um!" (Jo 17,21)" ("Unidade na diversidade", não importa se esta diversidade seja ao infinito a ponto de ir contra a própria natureza da Igreja. A flexibilidade é absoluta. Alguém poderia usar este termo "unidade na diversidade" assim, ambiguamente, pra defender o seu direito de morar com as galinhas, os tatus e com os peixes, tudo ao mesmo tempo. Tal como está, a expressão se aplica aos casos mais absurdos. O "profundo respeito às demais manifestações religiosas" é outro carácter profundamente anti-católico, pois isto implica relativizar os distintos, enquanto que a exclusividade é traço inerente à verdade. O respeito deve existir para com os adeptos destas tais manifestações religiosas, mas nunca com as manifestações religiosas em si, pois a Verdade não respeita o erro, mas somente quem erra, assim como Deus ama o pecador, mas detesta o pecado. Se a escrita acima, porém, expressa ingenuidade ou intenção de ludibriar, eu não sei, e me isento de afirmar qualquer coisa. Mas, seja um ou outro o caso, vindo de senhores bispos, é lamentável. Por fim, fazem Nosso Senhor de instrumento (coisa terrível) para defender algo totalmente non sense ao afirmar que tal desejo nasce em Jesus. Esta manipulação do sentido do Evangelho, bem à semelhança protestante, pode ser fruto deste dito "respeito" às outras "manifestações religiosas", a ponto de imitar-lhes o método.)

-"(...) reafirmamos aqui o que está escrito no Documento 25 da CNBB: “Ao concluir estas reflexões, desejamos agradecer a Deus pelo dom que as CEBs são para a vida da Igreja no Brasil, pela união existente entre os nossos irmãos e seus pastores, e pela esperança de que este novo modo de ser Igreja vá se tornando sempre mais fermento de renovação em nossa sociedade”. (94). (Dom? Nani? Fermento de renovação em nossa sociedade? Libera nos Domine...)

Enfim, a coisa é muito preocupante. Fico me perguntando o que o Santo Padre diria disto. Ele sabe? Se não, virá a saber? Se alguém aí souber, me responda... Se me equivoquei em algo que escrevi, mostrem-me em que. Tudo isto é muito triste.

Fábio.

5 anos de Sacerdócio do Pe. Iranjunio


Ontem, dia 13 de maio, dia de Nossa Senhora de Fátima, recordávamos a sua aparição em Portugal no ano de 1917, e o seu pedido tão característico aos homens para que se convertam e rezem. Foi, pois, um dia eminentemente mariano.

Além disto, celebrávamos também, aqui na Paróquia de Santa Maria Madalena em União dos Palmares, a festa de 5 anos de sacerdócio do nosso pároco, Pe. Iranjunio, que, assim como a Virgem, deu o seu sim a Deus. Foi, então, para nós, um dia profundamente sacerdotal.

Nesta ocasião, nós do Grupo de Resgate Anjos de Adoração, reforçamos a nossa submissão e filial afeto ao Pe. Iranjunio e nos regozijamos pelo dom da sua vida e do seu sacerdócio. Pedimos, pois, que Deus lhe dê sabedoria e força para que sua vida seja um espelho de virtudes, para que saiba conduzir o rebanho que lhe foi confiado e defender a fé e a moral católicas.

Pedimos que a Virgem, a Quem consagrou o seu sacerdócio, o conduza sempre a fim de que totalmente se configure a Cristo, vindo a ser verdadeiramente um alter Christus.

Nós do Grupo de Resgate Anjos de Adoração somos felizes e honrados por tê-lo como nosso pastor.

Feliz Aniversário Sacerdotal.

Grupo de Resgate Anjos de Adoração - GRAA

Catecismo Anticomunista


"Que paixões desordenadas são a mola da Revolução?
O orgulho, que rejeita a fé; a sensualidade que rejeita a castidade; a soberba, que rejeita a humildade, são as molas principais da Revolução.

Quais são as conseqüências destas paixões?
Do orgulho, que rejeita a fé, nasce a negação da vida eterna como fim da existência terrena, bem como a negação de Deus, e de Cristo como Senhor do homem.

Da sensualidade, que rejeita a castidade, nas­ce o desejo de gozar esta vida de todas as formas, e em conseqüência ela conduz ao desprezo e a dissolução da família.

E da soberba, que rejeita a humildade, nasce a revolta contra a autoridade divina e humana, e contra todas as limitações que o homem pode sofrer. De modo especial ela conduz ao igualitarismo, isto é, ao ideal comunista de uma sociedade sem classes."

D. Geraldo de Proença Sigaud

Leia todo o "Catecismo Anticomunista" aqui

Bento XVI e a aclamação das CEBs pela CNBB


Eu escrevia no post precisamente anterior a este que as CEBs sairiam da 48ª Assembléia Geral dos Bipos com uma renovada disposição, em virtude dos elogios que lá recebeu. Manifestava eu o meu descontentamento, que não se reduz a apenas um desapreço pessoal, a respeito da aclamação geral deste movimento, a ponto de ser o tema mais importante da referida Assembléia.

Sabemos que as CEBs, representante do modernismo na Igreja, traz consigo, além de uma compreensão equivocada do homem, também uma consideração errada sobre a natureza da Liturgia. Aprovar assim tão genericamente um movimento que se caracteriza, sobretudo, pelo liberalismo que ostenta, precisamente numa época em que o Sumo Pontífice da Igreja luta destemidamente para restaurar o inestimável tesouro litúrgico da Santa Igreja, soa mais como desafio. Não quero dizer que o seja, mas a coisa se polariza. De um lado, Bento XVI na defesa da Tradição que implica, necessariamente, a derrubada do erro; de outro lado, a CNBB com seus elogios emocionados às CEBs, movimento modernista e que se inspira na teologia liberal.

Por que não esteve em pauta todos os abusos litúrgicos? Por que não quiseram corrigir os inúmeros destratos de que Nosso Senhor é vítima porque os fiéis sequer sabem comungar? Por que não reforçar a reta catequese? Por que não estimular, se o queria, uma linha de ação segundo os moldes da Doutrina Social da Igreja? Por que essa resistência deliberada?

Realmente, os tempos são de trevas...

Enquanto isso, Bento XVI, grande guarda da verdade, segue sua luta contra os lobos.
Que Deus o fortifique sempre.

Fábio.

CNBB e CEBs


Parece que as Comunidades Eclesiais de Base sairão da 48ª Assembléia Geral dos Bispos do Brasil mais fortes que antes. Sendo o tema principal do evento, foi objeto de vários elogios que ressaltaram a grande necessidade da sua existência em terreno eclesial. Houve quem chegou a dizer que as CEBs “garantem a unidade na Igreja entre fé e vida, oração e compromisso político”. Não sei o que pensar disto. Não compreendo se estas afirmações são provenientes de uma inacreditável ingenuidade por parte dos senhores bispos, ou se a coisa anda mesmo pelo lado da má intenção. Prefiro ficar com a primeira hipótese, ainda que seja tão difícil de acreditar. 

Há como que uma sugestão de que as CEBs, de forma muito particular, desempenham ou representam o papel social da Igreja, o que é falso. A "libertação integral" do ser humano, como diz alguém, é traço inerente à própria Igreja. O que acontece, porém, é que o discurso ideológico esquerdista reduz esta libertação ao âmbito puramente material. Isto somente se faz a partir de um reducionismo radical do próprio ser humano, como se só de pão vivesse o homem e, ao identificar a atuação política e social com o próprio significado intrínseco da evangelização, deduz-se daí a superioridade deste movimento com relação aos outros, mais orantes e mais inúteis e que, não raro, "mutilam" o evangelho.

O problema está mesmo na forma como se compreende esta "libertação integral". Seria a libertação das opressões sociais, políticas, econômicas? Que isto seja importante, vá lá... mas e o caráter espiritual? Ainda que se objete que tal senhor bispo está a seguir a linha pós-conciliar, já afirmo que o concílio, bem no seu início, afirma claramente que a ação deve submeter-se à contemplação, demonstrando, dessa forma, a ordem clara na hierarquia dos valores.

Quem conheça as CEBs, quem tenha tido experiência ou contato, haverá de concordar que, em se tratando de espiritualidade, sejamos sinceros, a coisa fica infinitamente aquém do que deveria ser típico de qualquer grupo que pretendesse dizer-se católico.

Não raro, a própria catequese é a mínima. Ora, para crer bem é preciso conhecer bem, como bem o disse Sto Agostinho. Se, porém, tal conhecimento não é cuidado, tem-se que os seus vários militantes (termo bem apropriado), ou não conhecem bem a fé católica, ou, conhecendo-a, a rejeitam deliberadamente. Caberia aqui a pergunta a respeito das diretrizes da Doutrina Social da Igreja. Ora, se pretendem ter um enfoque sobretudo social, porque não acatar aquilo que tão bem foi expresso pelo Magistério e que constitui tesouro de grande valor e de luz incomparável? Por que agarrar-se, ao invés, a conceitos ideológicos que de maneira nenhuma se coadunam com o ensinamento católico e que, como ainda recentemente escrevia o Santo Padre, representam antes perda significativa de forças?

Uma compreensão minimamente cristã dada à expressão “libertação integral” não deveria incluir a desobediência aos ditames da Igreja nem o abandono deliberado dos seus ensinamentos, tanto no âmbito espiritual como no social. Inúmeros exemplos poderiam ser citados a respeito deste afastamento generalizado do ensino tradicional. Basta, por exemplo, dar uma olhada com o que fazem com a liturgia e, de outro, observar nos termos com que se referem ao ideal da justiça. Salta aos olhos o reducionismo radical a que submetem o ser humano, praticamente retirando de seu campo de ação toda verdadeira catequese, toda evangelização propriamente dita. E quer-se chamar a isso de “libertação integral”? Tem-se, aí, uma naturalização da religião que somente pode se firmar sobre um pressuposto de ceticismo a respeito das realidades supra-naturais.

Tal conclusão não deve causar espanto, uma vez que a linha de atuação das CEBS é inspirada na Teologia da Libertação (TL), ideologia de cunho marxista. Ora, o marxismo tem o ateísmo como cerne de sua estrutura. Daí que a TL, ainda que queira se transmutar de certo devocionismo, traz, na sua ação e na sua compreensão do mundo e dos homens, esta mesma característica essencial da ideologia marxista que é a descrença em toda realidade sobrenatural. Neste contexto, portanto, ajudar um homem materialmente significaria ajudá-lo integralmente. Ora, se isto procede, então os que rezam perdem tempo. Cai-se numa auto-suficiência disfarçada, onde o homem supõe poder prescindir de Deus. No fim, há um fenomenalismo grosseiro, um naturalismo da religião, uma inversão dos valores, um reducionismo do homem, tudo isto tendo o ceticismo por base.

Outras falas de participantes da Assembléia podem enfatizar ainda mais essa grande superficialidade com que se convencionou tratar o sagrado. Depois de um comentário emocionado de um bispo a respeito do 12º Intereclesial das CEBs, onde afirma ter sido esta a maior bênção da sua vida, o texto traz ainda outros comentários curiosos. Dentre eles:

“Na minha diocese essa opção pelas CEBs foi feita e é irrenunciável, pois tem dado frutos extraordinários, não apenas em manter viva a fé e a esperança do povo, mas onde existem as CEBs os evangélicos não entram e os católicos não saem da nossa Igreja”.

Fé e Esperança são virtudes Teologais. Será neste sentido que terá se referido o senhor bispo? Ora, a Fé é ferida quando se adere a algum ponto que vai contra a Doutrina da Igreja (Heresia) ou quando se lhe renuncia por completo (Apostasia). Se alguém, portanto, opta pela Teologia da Libertação, já várias vezes condenada, está naturalmente indo contra o que a Igreja ensina. Se parte a defender ideais socialistas e comunistas, mantendo uma visão anti-cristã do mundo e dos homens, obviamente que tal indivíduo, além de estar incluído na bula papal que excomunga socialistas e comunistas, também não possui a virtude teologal da Fé. É por estas e outras que muitos criticam, com razão, a linguagem por demais ambígua de vários representantes da Igreja nos tempos hodiernos, realidade que contrasta imensamente com o firme e claro discurso dos líderes católicos de outros dias.

Somente uma olhadela na assembléia de fiéis não é suficiente para supor-lhes genericamente a fé, sobretudo quando, em tal comunidade, os elementos verdadeiramente católicos estão misturados com outros provenientes da criatividade e dos achismos humanos. Não sei como algumas pessoas não se espantam dante desta grandíssima pretensão de inovar o sagrado. Realmente, isto não se faz senão por alguma negação anterior do realismo do mesmo, ou, no mínimo, pela negação do valor do ensino tradicional.

Há, portanto, uma séria contradição: afirma-se que os católicos não abandonam a fé, precisamente enquanto optam por atitudes que não tomariam, senão a partir deste pressuposto da negação do caráter absoluto da Verdade e, portanto, da própria substância da Fé. Pra ficar mais claro: o bispo diz que se mantém a fé (seja lá o que for) na mesma altura em que se abandona a fé (Verdade imutável).

Alguém poderia encantar-se, talvez, pela afirmação de que, na descrição do senhor bispo, os protestantes se mantêm longe. A coisa, porém, deve-se mais à facilidade de ver a enorme distância entre o ideal realmente evangélico (do Evangelho) e o discurso socialista. Tenham certeza de que eles também não se aproximariam de um grupo de ateus radicais.

Já a afirmação de que os católicos não saem da Igreja, é também de fácil compreensão. O erro só aparece como tal na sua relação com a verdade. Uma vez, portanto, que esta não seja bem conhecida, o erro é engolido com maior facilidade. Além disto, as CEBs ou a TL como um todo têm, no seu discurso, um forte elemento atrativo que é, essencialmente, cristão. Sob aparências de cuidado caritativo, estas ideologias movem as forças e motivam os espíritos desavisados que, inocentemente, se unem às fileiras dos militantes supostamente devotos. Creio que isto explica, ao menos em parte, algo do fenômeno, à primeira vista misterioso, de certa assiduidade dos católicos em tais movimentos.

O texto a que me remeto tem ainda uma série de outros comentários interessantes tecidos pelos senhores bispos que participaram desta 48ª Assembléia. Há um só, dos lá citados, que destaca a “dimensão orante”, e de forma bem breve. Poupou-nos os olhos não descendo em pormenores, como as violências e mutilações litúrgicas, o pouco ou nenhum zelo que parece esconder a descrença; os subjetivismos e invenções.

Enfim, muito me preocupa esta aprovação geral das CEBs. A tensão que isto naturalmente provoca com relação ao ensino tradicional parece voluntariamente ignorada. Dir-se-ia, talvez, que a coisa aparenta quase um desafio e uma afirmação clara de que o rigor doutrinário e teológico é fato ultrapassado e, portanto, desnecessário. Flexibilizadas as bases, já não há absoluto.

É muito impressionante como isso tudo ganha forma à luz das aparições de Nossa Senhora, particularmente a de La Salette. Que a Virgem, Mãe da Igreja, nos defenda da secularização, da heresia disfarçada, da apostasia camuflada, do liberalismo, do modernismo; em suma, do abandono do sagrado.

Que o Verbo divino nos ilumine, ilumine a Sua Igreja e a purifique de todo erro.
Abençoe os senhores bispos, vença os inimigos da Santa Igreja.
Dê-nos padres santos e preserve os cristãos na verdadeira Fé, sem mesclas de erro.

***

Ah.... E quem acha que a relação CEBs e TL é arbitrária, dê uma olhada em quem estava no 12º Intereclesial das Cebs:

Sim, sim.. Leonardo Boff, o Papa infalível dos TLs. Pois é...

Fábio.

A Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem


S. Luís Maria Grignion de Montfort

Depois de descobrir e condenar as falsas devoções à Santíssima Virgem, cumpre estabelecer em poucas palavras a devoção verdadeira, que é: 1. interior, 2. terna, 3. santa, 4. constante, 5. desinteressada.

A Verdadeira Devoção é Interior

Antes de tudo, a verdadeira devoção à Santíssima Virgem é interior, isto é, parte do espírito e do coração. Vem da estima em que se tem a Santíssima Virgem, da alta idéia que se formou de suas grandezas, e do amor que se lhe consagra.

A verdadeira devoção é terna

Em segundo lugar é terna, que dizer, cheia de confiança na Santíssima Virgem, da confiança de um filho em sua mãe. Impele uma alma a recorrer a ela em todas as necessidades do corpo e do espírito, com extremos de simplicidade, de confiança e de ternura; ela implora o auxílio de sua boa Mãe em todo tempo, em todo lugar, em todas as coisas: em suas duvidas, para ser esclarecida; em seus erros, para se corrigir; nas tentações, para ser fortificada; em suas quedas, para ser levantada; em seus abatimentos, para ser encorajada; em seus escrúpulos, para ficar livre deles; em suas cruzes, trabalhos e reveses da vida, para ser consolada. Em todos os males do corpo e do espírito, enfim, Maria é seu refúgio, e não há receio de importunar esta boa Mãe e desagradar a Jesus Cristo.

A verdadeira devoção é santa

Terceiro, a verdadeira devoção à Santíssima Virgem é santa: leva uma alma a evitar o pecado e a imitar as virtudes da Santíssima Virgem, principalmente sua humildade profunda, sua contínua oração, sua obediência cega, sua fé viva, sua mortificação universal, sua pureza divina, sua caridade ardente, sua paciência heróica, sua doçura angélica e sua sabedoria divina. Aí estão as dez virtudes principais da Santíssima Virgem.

A verdadeira devoção é constante

Quarto, a verdadeira devoção à Santíssima Virgem é constante, fiam uma alma no bem, e ajuda-a a perseverar em suas práticas de devoção. Torna-a corajosa para se opor ao mundo em suas modas e máximas, à carne, em seus aborrecimentos e paixões, e ao demônio, em suas tentações. Assim, uma pessoa verdadeiramente devota da Santíssima Virgem não é volúvel, nem se deixa dominar pela melancolia, pelos escrúpulos ou pelos receios. Não quer isto dizer que não caia ou mude, às vezes, na sensibilidade de sua devoção; mas, se cai, levanta-se logo, estende a mão à sua boa Mãe, e, se perde o gosto ou a devoção sensível, não se aflige irremediavelmente, pois o justo e devoto fiel de Maria vive da fé de Jesus e de Maria, e não nos sentimentos naturais.

A verdadeira devoção é desinteressada

A verdadeira devoção à Virgem Santíssima é, finalmente, desinteressada, leva a alma a buscar não a si mesma, mas somente a Deus em sua Mãe Santíssima. O verdadeiro devoto de Maria não serve a esta augusta Rainha por espírito de lucro e de interesse, nem para seu bem temporal ou eterno, corporal ou espiritual, mas unicamente porque ela merece ser servida, e Deus exclusivamente nela; o verdadeiro devoto não ama a Maria precisamente porque ela lhe faz ou ele espera dela algum bem, mas porque ela é amável. Só por isto ele a ama e serve nos desgostos e na aridez, como nas doçuras e no fervor sensível, sempre com a mesma fidelidade; ama-a nas amarguras do Calvário como nas alegrias de Caná. Oh! como é agradável e precioso aos olhos de Deus e de sua Mãe Santíssima, esse devoto, que em nada se busca nos serviços que presta à sua Rainha. Mas, também, quão raro é encontrá-lo agora. E é com o fito de que cresça o número desses fiéis devotos, que empunhei a pena par a escrever o que tenho, com fruto, ensinado em público e em particular nas minhas missões, durante anos e anos.

São Luís Maria Grignion de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem.
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