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A salvação pelas obras ou pelagianismo


Quando Lutero e os primeiros reformadores protestantes assinaram a Confissão de Augbsburgo, um dos pontos levantados contra os católicos era a suposta fé destes na salvação pelas obras, o que parecia significar a crença numa espécie de "compra" do céu, ou de barganha com Deus, ou, pelo menos, sugeria que o céu estava ao alcance natural do esforço humano.

Mas e qual é a fé da Igreja? É esta?

Não, nunca foi. Mas, ainda que assim não seja, é fato que muitos dos católicos hodiernos, sobretudo alguns dos que assumiram o grave cargo de pastores de alma, crêem nessa tese, o que se reflete, seja nas suas pregações, seja nas suas ações. Analisemos os pressupostos e as consequências de uma tal posição.

Primeiramente, esta idéia já foi condenada pela Igreja, no Conc. de Éfeso, em 431 d.C. Havia, então, um bispo chamado Pelágio - daí o nome pelagianismo - e que negava algumas verdades fundamentais da Fé. Segundo ele, primeiramente não existia nenhuma repercussão do pecado original nos homens. O nosso livre arbítrio permanecia intacto. Logo, não havia nenhuma necessidade da graça de Deus para que uma pessoa pudesse alcançar uma vida em conformidade com o Evangelho. Então, é falso que Jesus morreu para redimir os homens. Como se vê, esta heresia tocava no centro mesmo da teologia católica. Pelágio foi combatido por Sto Agostinho, que não à toa foi chamado de o "Doutor da Graça". 



Nota-se que o pelagianismo possui um acento naturalista: o homem possui a capacidade natural de salvar-se. A vinda de Cristo teria nos servido apenas de exemplo. Dispensa-se qualquer trabalho efetivo d'Ele em nós. Isto poderia levar, também, a uma espécie de ateísmo prático. Seja como for, o pelagianismo não pode ser cultivado senão por alguém com uma ignorância monumental das próprias bases da Fé Cristã, que são:

- O Pecado Original é real: Adão e Eva pecaram, e a consequência do pecado deles foi comunicada a todos os homens. Por causa disso, o mal e a morte entraram no mundo. E é por isso que Nosso Senhor fala que é preciso nascer de novo. Um novo nascimento é necessário porque o primeiro nascimento foi estragado. Bento XVI escreveu, certa vez, que negar o pecado original é perigoso, pois, então, suporemos uma neutralidade no ser humano onde ela não há. Isto pode levar a exposições indevidas que trarão consequências não previstas.

- Cristo morreu para nos redimir. Sem Ele, não há qualquer esperança de Salvação. Ao contrário do que comumente se pensa, o céu não nos é devido. E é por isso que a Escritura fala que nenhum outro nome nos foi dado do alto pelo qual possamos ser salvos. Ou seja: não há redenção sem Cristo. Pensar no céu como uma mera recompensa dos próprios esforços é imbecil e megalomaníaco.

- Cristo age em nós pela Graça Santificante. Esta é uma das realidades mais ignoradas pelos católicos atuais. Se não há Graça, não há vida da alma. Se não há vida da alma, uma pessoa não pode salvar-se. Isso significa, também, que, ainda que uma pessoa faça mil e uma ações grandiosas em prol dos pobres, ou outros atos de devoção, se ele não está em graça, estas coisas são incapazes de torná-lo amigo de Deus e restituir-lhe o dom da Graça. Logo, é absolutamente falso que uma pessoa pode chegar a ser salva por si mesma. Se isso fosse possível, a morte de Cristo seria desnecessária, o que é uma blasfêmia.

O Pelagianismo, portanto, consiste numa espécie de auto-suficiência humana, verdadeiramente demoníaca - pois foi o demônio quem nos prometeu que seríamos como deuses - e, portanto, é totalmente oposta à verdade do Cristianismo. É uma heresia perniciosa, e, não obstante, tem sido pregada como se fosse o próprio catolicismo. 

Isso não quer dizer, obviamente, que as obras não sejam importantes. Não aderimos ao princípio autocontraditório da Sola Fide, por ser, inclusive, antibíblico. Mas, se as ações têm sua importância, esta reside dentro de um contexto que pressupõe necessariamente a Graça Santificante, pois é esta que nos incorpora ao corpo de Cristo, e é só então que, à semelhança da água misturada ao vinho antes da consagração, na Missa, nós podemos vincular os nossos pequenos sacrifícios e ações aos méritos infinitos da Cruz do Senhor. Ocorre conosco aquilo que Paulo já dizia: "completo em mim o que faltou à Paixão de Cristo". Os méritos existem porque, uma vez que estamos unidos a Jesus, Ele eleva as nossas ações à sua dimensão divina; nos sobrenaturaliza, nos faz transcender a pouca medida dos nossos esforços naturais. Nos torna deuses por participação.

Reneguemos, pois, com força, o pelagianismo e qualquer sombra de heresia, pois, por causa dele, não poucas são as pessoas que, enganadas, caminham sem sair do lugar.
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