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Cristianismo puramente social?

Hoje em dia, mesmo dentro de alguns grupos religiosos e católicos, as pessoas têm assumido uma perspectiva de virtude que mais se assemelha a rebelião, revolução social, termos que já embora não muito nobres, mascaram, na verdade, a prática vaidosa do barulho e da pouca visão religiosa, pra não dizer anti-religiosa. Muitos consideram que seja totalmente cristão agir socialmente e somente socialmente. Tendem a resumir todo o cristianismo a uma espécie de melhoria social, desprezando todo o caráter espiritual, e, por isso mesmo, essencial da Igreja. Nunca comentam trechos evangélicos que se levantem contra esta heresia, mas, na medida do possível, mal interpretam outros tentando fundamentar as suas ideologias. Não conseguem compreender um cristianismo que tenha como base o sobrenatural. Acham que isto é alienação, que mais vale pôr-se em ação e rumar para a transformação social. Pura vaidade. Já dizia o monge Thomas Merton que somente agir pode ser uma espécie de covardia. Estas pessoas são míopes, pois só vêem segundo as fronteiras limitadas de seus horizontes pessoais; têm ainda a visão obscurecida pelo imediatismo e pelo orgulho, disfarçado de virtude. O que diriam da vida monástica, por exemplo? Frei Inácio Larranaga escreve que os monges têm uma vida socialmente inútil, e, por isso mesmo, chama de “a eficácia da ineficácia”, elogiando os monges por sua grandíssima importância na Igreja, em suas celas e em sua discrição. O próprio João Paulo II afirma que a vida contemplativa é o coração da Igreja. A ação cristã só tem eficácia e verdade quando fundamentada na oração. Esta é a reta doutrina da Igreja. É isto o que Jesus ensina ao dizer que Maria escolhera a melhor parte, permanecendo a Seus pés enquanto sua irmã Marta cuidava das coisas de casa. Claro, não se trata de dizer que não seja útil nem necessária a ação social, mas é preciso colocá-la em seu devido lugar e não como sendo a fonte de onde surge o cristianismo. Este erro foi cometido por Judas, que ao entregar Jesus para que fosse interrogado esperava que Ele mostrasse Sua sabedoria e Seu poder, convencendo os fariseus e ocasionando toda uma revolução na hierarquia e na sociedade judaicas. Porém, aquele que foi qualificado como traidor, não havia compreendido bem as coisas. O Reino de Cristo não é deste mundo. Pedro correu um risco de também entender mal as coisas e advertiu a Jesus para que não voltasse a Jerusalém, onde queriam matá-lo. Ora, para Pedro e para tantos, não haveria utilidade nenhuma na morte de Jesus, mas justamente queriam que Ele assumisse o poder, pois essa era a ideologia reinante na época, a do messianisno político, segundo o qual o Reino de Deus seria instaurado à força, e não pelo amor e obediência a Deus. No entanto, Jesus diz a Pedro: “afasta-te de mim Satanás, teus pensamentos não se Deus, mas dos homens”. E justamente na cruz houve a redenção da humanidade. A submissão de Jesus foi infinitamente mais eficaz do qualquer outro projeto de cunho social poderia fazer. Cristo nos ensina a enxergar como Ele e não cair na tentação de parar na aparência sensível. A oração é a vida da alma, afirmava Stª Teresa D’Ávila. A chamada Teologia da Libertação é uma heresia que distorce os valores cristãos e que tem corrompido a muitos. Àqueles que se interessam pelas questões sociais, a Igreja oferece a “Doutrina Social da Igreja”, cujo valor da ação social é colocado em lugar correto, submetido à questão espiritual. Reduzindo a espiritualidade a uma coisa puramente humana e de atuação política, menosprezamos muitos grandes homens que se dedicaram à vida de oração e solidão. Da mesma forma, condenamos o convite do próprio Cristo que a tantos chamou à vida solitária. O verdadeiro cristianismo surge no interior do homem e reflete-se em seus atos. A questão puramente exterior perpetua o farisaísmo e tem eficácia ilusória. Cristo criticou muito este tipo de “religião”. É Ele quem nos ensina: “Orai constantemente e nunca deixai de o fazer”. O próprio Judas que, como vimos, não compreendeu o que Jesus pregara, criticou a mulher que derramara um perfume caro na cabeça de Jesus. Dizia o traidor: “não seria melhor vender este perfume e dar o dinheiro aos pobres?”. E Jesus, cujo olhar vai muito mais além e vê naquele ato uma pura e profunda demonstração de amor, diz: “Em todo lugar em que o Evangelho for pregado, este ato será conhecido”. O que vale é o amor. É claro que a questão social pode e deve ser ato de amor. Mas o reto amor cristão (e o único) surge no interior do homem e é cultivado numa relação de intimidade com Deus. Qualquer amor que seja diferente deste é apenas aparência. Cristo nos ensinou que a corrupção nasce no interior do homem; assim também é o amor é gerado dentro, na alma do cristão, numa profunda intimidade com o Verbo de Deus. Não faltam pessoas que poderiam percorrer o mundo movidos apenas por vaidade. Não faltam os que possam praticar a virtude visando o elogio. Estes atos, embora possam ser muito aplaudidos e reconhecidos, na verdade nada valem. Destes que assim agem, Jesus fala: “já receberam a sua recompensa”. Importa então assumir a proposta verdadeiramente cristã, de obediência e submissão à Santa Igreja, que nos ensina a viver de forma agradável a Deus. Buscar a reta orientação, a clara visão do que seja a santidade, e não apenas uma virtude de aparência que nada mais busca além de uma comodidade social e de uma satisfação da própria vaidade em acreditar puramente em si mesmo. Reconhecemos a verdadeira humildade cristã no ato do precursor: “é necessário que Ele cresça e que eu diminua”. Se não é assim, é vaidade. S. Paulo escreve: “se faço tudo e não tenho amor, eu não faço nada”. E não há amores, mas apenas um amor, que vem de Deus.

Que enfim, os verdadeiros católicos, à correspondência de sua vocação, se se interessam às questões sociais, a elas se dediquem, mas agindo corretamente, nunca depreciando ou negligenciando o caráter essencialmente espiritual da verdade cristã. É importante agir, praticar a caridade com o próximo, mas sabendo que só seremos verdadeiros se conhecemos a Deus, porque Deus é amor.

Fábio Luciano Silvério da Silva
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