AS CHAVES DO ENIGMA
...
O mal no mundo provém da sua impureza. Ser puro é renunciar aos prazeres ilícitos, os inconvenientes, e muitas vezes até mesmo aos lícitos e inofensivos. Habituar-se ao domínio de si mesmo é preparar-se para o exercício da caridade, a qual consiste, noventa e nove por cento, em renunciar. Quem não mortifica os sentidos, quem não contraria a sua ambição, a sua vingança, a sua vaidade, nunca poderá estabelecer a verdadeira paz dentro e em torno de si.
A luxúria gera a violência e a violência gera a luxúria. Ambas cultuam apenas o que há de físico no ser humano. Uma se utiliza da força, a outra da beleza. Sendo a força o instrumento da violência, as grandes épocas da brutalidade coincidem com a exaltação corpórea dos heróis, o louvor dos músculos nos arremessos fulmíneos, a glorificação dos ritmos plásticos. E sendo a beleza física a matéria prima da lascívia, as gerações que divinizam a força bruta são as mesmas que cantam loas a Frinéia.
Não se conclua que condenamos a força e a beleza físicas. Pelo contrário, dignas são elas da nossa admiração como obras do Criador, morada da alma e templo de Deus; e a prova é que ambas estão santificadas em santos que foram atletas e santas que foram formosas. O que devemos reprovar é o mau aproveitamento de uma e de outra, empregando-as de sorte a divorciá-las dos fins comuns do Espírito e do Corpo.
Esse foi o pensamento cristão na aurora do século I, quando os Apóstolos espalharam pelo Império dos Césares, onde predominavam degradações e violências unidas ao culto dos deuses fortes e belos, as duas soluções para as dores do Gênero Humano: a CASTIDADE E A CARIDADE, ambas tão intimamente irmanadas, que uma parece condição da outra e ambas a mesma expressão do Redentor do Mundo.
São essas duas virtudes as chaves da paz e da segurança entre os povos. Pois não andam, nestes tempos nossos, de mãos dadas, a brutalidade e a sensualidade?
Que tempos viram, como temos visto, civilização mais paganizada? Que oferecem os filmes cinematográficos senão os aspectos de uma civilização que fez do corpo e dos prazeres materiais a preocupação única da existência humana? Que outra lição, senão a do luxo, fantasiosa opulência e exibição faustosa apresentam à juventude dos nossos dias essas películas excitantes e dissolventes de todas as resistências morais?
Que espécies de livros lêem rapazes, raparigas e até mesmo esses grisalhos leões do Chiado, senão coloridas brochuras de novelas, romances e memórias copiados uns dos outros, que abarrotam os mercados internacionais sem outro valor além do que lhes empresta facciosa propaganda manobrada por agentes da dissolução social?
Que época é esta em que, nem pelos gostos, nem pelas atitudes, nem pelo vestuário, se distinguem as mães das filhas e às vezes nem as avós das netas?
Que dias vivemos em que a família foge do lar, até mesmo para celebrar as datas mais belas do calendário cristão e da intimidade doméstica?
Como poderemos chamar espiritualista a esta civilização sedenta de sensacionalismo e que zomba de tudo o que é de Deus, fazendo do próprio matrimônio precária satisfação de vaidades efêmeras?
Que nome merece uma civilização de cassinos, boites, dancings, promiscuidades escandalosas, desnudações nas praias, e concursos de beleza de sabor zoo-técnico, degradantes da majestade e dignidade da mulher?
Não é tudo isso o paganismo?
Se me disserdes que é, então defenderei o paganismo. Não o identificarei aos degradantes costumes do nosso tempo. Porque o paganismo inspirava-se num sentido religioso do cosmos. Decaído da graça, o Homem procurava na interpretação politeísta da natureza, o segredo do seu destino além da morte.
Na dissolução dos costumes conservavam os pagãos uma crença nos deuses, qualquer coisa como reflexos do verdadeiro Deus que lhes ainda não fora revelado.
O paganismo anterior a Cristo apresenta, de mistura com suas misérias, incontestáveis traços de grandeza. Ele chegou a pressentir a vinda do Redentor, na concepção de Alcmene, no sangue de Adonis, na ressurreição de Osíris.
Mas o que hoje temos é inferior ao paganismo, porque se chama materialismo, isto é, repúdio do sobrenatural, gesto a que nunca se atreveu o paganismo.
E se essa atitude fosse anterior ao Cristo, como no caso de alguns filósofos gregos, ela seria desculpável. Mas este nosso materialismo, aceitando tudo o que havia de mau no mundo politeísta, rejeita o que nele havia de sério: a conduta do Homem relacionada com um princípio de causalidade e de finalidade.
Este materialismo de hoje recebeu a mensagem do Evangelho, mas rejeitou a Luz, pela consciência que tem de que as suas obras são más e porque "todo aquele que pratica o mal prefere viver nas trevas"
Plínio Salgado, Primeiro, CRISTO!
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O mal no mundo provém da sua impureza. Ser puro é renunciar aos prazeres ilícitos, os inconvenientes, e muitas vezes até mesmo aos lícitos e inofensivos. Habituar-se ao domínio de si mesmo é preparar-se para o exercício da caridade, a qual consiste, noventa e nove por cento, em renunciar. Quem não mortifica os sentidos, quem não contraria a sua ambição, a sua vingança, a sua vaidade, nunca poderá estabelecer a verdadeira paz dentro e em torno de si.
A luxúria gera a violência e a violência gera a luxúria. Ambas cultuam apenas o que há de físico no ser humano. Uma se utiliza da força, a outra da beleza. Sendo a força o instrumento da violência, as grandes épocas da brutalidade coincidem com a exaltação corpórea dos heróis, o louvor dos músculos nos arremessos fulmíneos, a glorificação dos ritmos plásticos. E sendo a beleza física a matéria prima da lascívia, as gerações que divinizam a força bruta são as mesmas que cantam loas a Frinéia.
Não se conclua que condenamos a força e a beleza físicas. Pelo contrário, dignas são elas da nossa admiração como obras do Criador, morada da alma e templo de Deus; e a prova é que ambas estão santificadas em santos que foram atletas e santas que foram formosas. O que devemos reprovar é o mau aproveitamento de uma e de outra, empregando-as de sorte a divorciá-las dos fins comuns do Espírito e do Corpo.
Esse foi o pensamento cristão na aurora do século I, quando os Apóstolos espalharam pelo Império dos Césares, onde predominavam degradações e violências unidas ao culto dos deuses fortes e belos, as duas soluções para as dores do Gênero Humano: a CASTIDADE E A CARIDADE, ambas tão intimamente irmanadas, que uma parece condição da outra e ambas a mesma expressão do Redentor do Mundo.
São essas duas virtudes as chaves da paz e da segurança entre os povos. Pois não andam, nestes tempos nossos, de mãos dadas, a brutalidade e a sensualidade?
Que tempos viram, como temos visto, civilização mais paganizada? Que oferecem os filmes cinematográficos senão os aspectos de uma civilização que fez do corpo e dos prazeres materiais a preocupação única da existência humana? Que outra lição, senão a do luxo, fantasiosa opulência e exibição faustosa apresentam à juventude dos nossos dias essas películas excitantes e dissolventes de todas as resistências morais?
Que espécies de livros lêem rapazes, raparigas e até mesmo esses grisalhos leões do Chiado, senão coloridas brochuras de novelas, romances e memórias copiados uns dos outros, que abarrotam os mercados internacionais sem outro valor além do que lhes empresta facciosa propaganda manobrada por agentes da dissolução social?
Que época é esta em que, nem pelos gostos, nem pelas atitudes, nem pelo vestuário, se distinguem as mães das filhas e às vezes nem as avós das netas?
Que dias vivemos em que a família foge do lar, até mesmo para celebrar as datas mais belas do calendário cristão e da intimidade doméstica?
Como poderemos chamar espiritualista a esta civilização sedenta de sensacionalismo e que zomba de tudo o que é de Deus, fazendo do próprio matrimônio precária satisfação de vaidades efêmeras?
Que nome merece uma civilização de cassinos, boites, dancings, promiscuidades escandalosas, desnudações nas praias, e concursos de beleza de sabor zoo-técnico, degradantes da majestade e dignidade da mulher?
Não é tudo isso o paganismo?
Se me disserdes que é, então defenderei o paganismo. Não o identificarei aos degradantes costumes do nosso tempo. Porque o paganismo inspirava-se num sentido religioso do cosmos. Decaído da graça, o Homem procurava na interpretação politeísta da natureza, o segredo do seu destino além da morte.
Na dissolução dos costumes conservavam os pagãos uma crença nos deuses, qualquer coisa como reflexos do verdadeiro Deus que lhes ainda não fora revelado.
O paganismo anterior a Cristo apresenta, de mistura com suas misérias, incontestáveis traços de grandeza. Ele chegou a pressentir a vinda do Redentor, na concepção de Alcmene, no sangue de Adonis, na ressurreição de Osíris.
Mas o que hoje temos é inferior ao paganismo, porque se chama materialismo, isto é, repúdio do sobrenatural, gesto a que nunca se atreveu o paganismo.
E se essa atitude fosse anterior ao Cristo, como no caso de alguns filósofos gregos, ela seria desculpável. Mas este nosso materialismo, aceitando tudo o que havia de mau no mundo politeísta, rejeita o que nele havia de sério: a conduta do Homem relacionada com um princípio de causalidade e de finalidade.
Este materialismo de hoje recebeu a mensagem do Evangelho, mas rejeitou a Luz, pela consciência que tem de que as suas obras são más e porque "todo aquele que pratica o mal prefere viver nas trevas"
Plínio Salgado, Primeiro, CRISTO!
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