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O Papel da Mulher no Corpo Místico de Cristo


Edith Stein (Sta Teresa Benedita da Cruz)

A finalidade da formação religiosa consiste em fazer que os jovens encontrem seu posto no Corpo Místico de Cristo, o lugar que para eles foi preparado desde a eternidade. Todos os que participam da redenção se transformam em filhos da Igreja, e nisto não há diferenças entre homens e mulheres. A Igreja não é só a comunidade dos crentes, senão também o Corpo Místico de Cristo, quer dizer, um organismo no qual os indivíduos assumem o caráter de membro e de órgão, e por natureza os dons de um são distintos do outro, e do todo; por isso a mulher enquanto tal tem um posto particular orgânico na Igreja. Ela está chamada a personificar, no desenvolvimento mais alto e puro de sua essência, a essência mesma da Igreja, a ser seu símbolo. A formação das meninas e das jovens tem que conduzir até estes graus de pertença à Igreja.

A primeira condição necessária para compreender esta função consistirá em conhecer com claridade qual é a essência da Igreja. Para a razão humana é particularmente acessível o conceito de Igreja como comunidade dos crentes. Quem crê em Cristo e em seu Evangelho, quem espera suas promessas, se une a Ele por amor e observa seus mandamentos, se liga na mais profunda unidade de pensamento e de amor com todos aqueles que têm a mesma convicção. Aqueles que viveram em torno ao Senhor durante sua vida terrena, se converteram no fundamento da grande comunidade cristã: a propagaram, deixando como herança aos tempos vindouros o tesouro da fé encerrada nela.

Se a sociedade humana natural é mais que um simples agrupamento de indivíduos e, como se pode constatar, esta se funde num tipo de unidade orgânica, isto vale com mais razão para a sociedade sobrenatural que é a Igreja. A união da pessoa com Cristo é algo muito distinto da união entre pessoas humanas: é um radicar-se n'Ele e crescer n'Ele (assim nos diz a parábola da videira e os ramos); inicia com o batismo e se fortalece sempre mais com os outros sacramentos, assumindo em cada indivíduo uma orientação diversa. Este real fazer-se uno com Cristo provoca a transformação de membros uns dos outros em todos os cristãos. E assim a Igreja se converte no Corpo de Cristo. O Corpo é um corpo vivo, e o espírito que o vivifica, é o Espírito de Cristo, que se transmite da Cabeça aos membros; o espírito que se difunde de Cristo é o Espírito Santo, por isso a Igreja é templo do Espírito Santo.

Apesar da unidade real, orgânica, entre a Cabeça e o corpo, a Igreja está frente a Cristo como pessoa independente. Enquanto Filho do Pai eterno, Cristo vivia antes que o tempo e que todos os seres humanos. Com a criação, a humanidade começou a viver antes que Cristo assumisse a natureza e entrasse nela. E quando entrou, levou consigo sua vida divina. Com a redenção, a fez receptiva e a preencheu de graça: a gerou de novo. A Igreja é a humanidade novamente gerada, redimida por Cristo. A primeira célula da humanidade redimida é Maria: ela foi a primeira na qual se atuou a pureza e a santidade de Cristo, a plenitude do Espírito Santo. Antes de que o Filho do homem nascesse desta Virgem, o Filho de Deus criou esta Virgem plena de graça e nela e com ela criou a Igreja. Por isso Maria, enquanto criatura nova, está a seu lado, ainda que esteja ligada indissoluvelmente a Ele.

E assim cada alma, purificada pelo batismo e elevada ao estado de graça, é gerada por Cristo e dada à luz por Cristo. Mas é gerada na Igreja e dada à luz por meio da Igreja. De fato, é por meio dos órgãos da Igreja que todo novo membro é formado e preenchido de vida divina. Por isso, a Igreja é mãe de todos os redimidos. Mas o é por sua união íntima com Cristo: ela é Sponsa Christi, que está a seu lado e colabora com Ele em sua obra, a redenção da humanidade.

Órgão essencial nesta maternidade sobrenatural da Igreja é a mulher, fundamentalmente com sua maternidade corporal. Para que a Igreja alcance sua perfeição - ligada ao alcance do número de membros estabelecido -, a humanidade tem que continuar crescendo. A vida da graça pressupõe a vida natural. O organismo corpóreo-espiritual da mulher está formado para a função da maternidade natural, e a procriação dos filhos foi ratificada pelo sacramento do matrimônio e deste modo assumida no processo vital da Igreja. Mas a participação da mulher na maternidade espiritual vai muito mais além; ela está chamada a favorecer nos filhos a vida da graça. A mulher é um órgão imediato da maternidade sobrenatural da Igreja e participa desta maternidade sobrenatural. E isso não se reduz só aos próprios filhos. O sacramento do matrimônio inclui fundamentalmente a missão recíproca de favorecer o fazer nascer a vida de graça no cônjuge; ademais é próprio da mãe incluir em sua preocupação maternal a todos os que vivem dependendo dela; e, finalmente, é missão de todo cristão suscitar e promover a vida de fé em toda alma, sempre que seja possível. A mulher está chamada de modo particular a esta missão, pela peculiar posição em que ela se encontra frente ao Senhor.

A narração da criação põe a mulher junto ao homem como ajuda proporcionada, para que obrem juntos como ser único. A carta aos Efésios representa esta relação como uma relação entre cabeça e corpo, como um símbolo da relação entre Cristo e a Igreja. Por isso há que ver na mulher um símbolo da Igreja. Eva, que nasce do lado de Adão, é um símbolo da nova Eva - por tal entendemos a Maria, mas também a Igreja inteira, que nasce do lado aberto do novo Adão. A mulher ligada por um matrimônio autenticamente cristão, quer dizer, por uma unidade de vida e de amor indissolúvel com seu esposo, representa a Igreja, esposa de Cristo. Esta personificação da Igreja é mais íntima e perfeita na mulher que, qual Sponsa Christi, consagrou sua vida ao Senhor e se uniu com Ele com um vínculo indissolúvel. Ela está a seu lado como a Igreja, como a Mãe de Deus, que é o protótipo e célula germinal da Igreja e que colaboradora na obra da redenção. O dom total de seu ser e de toda sua vida lhe faz viver com Cristo e colaborar com Ele; o que significa também sofrer com Ele e morrer essa morte da qual surge a vida da graça para a humanidade. E assim a vida da esposa de Deus se enriquece com a maternidade espiritual sobre toda a humanidade redimida; e não existe diferença se ela trabalha diretamente entre as pessoas ou se ela com o sacrifício traz frutos de graça de que nem ela nem nenhum outro ser humano tem conhecimento.

Maria é o símbolo mais perfeito da Igreja porque ela é protótipo e origem. Ela é um órgão particularíssimo: o órgão do qual foi formado todo o Corpo Místico, inclusive a mesma Cabeça. Por sua posição orgânica central e essencial é chamada de modo muito feliz o coração da Igreja. As expressões corpo, cabeça e coração são imagens com as quais se pretende expressar uma realidade. A cabeça e o coração desempenham no corpo humano umas funções fundamentais: os outros órgãos e membros dependem desses dois em seu ser e atuar; e entre a cabeça e o coração há uma conexão especialíssima. O mesmo sucede com Maria que por sua especial união com Cristo necessita de um ligamento real - entendido como místico -, com todos os outros membros da Igreja, união que supera qualitativamente e quantitativamente a união que se dá entre os membros, união semelhante à existente entre mãe e filho, superior à existente entre os filhos. Chamar a Maria como Mãe não é uma simples imagem. Ela é nossa Mãe em sentido real e emimente, em um sentido que transcende a maternidade terrena. Ela nos gerou a vida da graça quando se entregou a si mesma, de todo o seu ser, seu corpo e alma à maternidade divina.

Por tudo isto ela nos é muito próxima. Nos ama, nos conhece, se empenha em fazer de nós o que temos que ser; sobretudo, nos quer conduzir à união mais íntima com o Senhor. Isto é válido para todos os homens; mas para a mulher tem necessiarmaente uma importância particular. Em sua maternidade natural e sobrenatural, e em sua esponsalidade com Deus, continua em certo modo a maternidade e esponsalidade da Virgo-Mater. E assim como o coração de uma mulher nutre e sustenta todos os seus órgãos corporais, assim podemos crer que Maria colabora ali onde uma mulher cumpre com sua missão feminina, assim como está presente a colaboração de Maria em todas as atividades da Igreja. Mas posto que a graça não pode atuar nas almas se estas não se abrem à sua presença, do mesmo modo Maria não pode realizar plenamente sua maternidade se os homens não se abandonam. As mulheres que desejam corresponder plenamente com sua vocação feminina, em todos os modos possíveis, alcançarão seu fim de um modo mais seguro se, além de terem presente a imagem da Virgo-Mater e tratarem de imitá-la em sua atividade formativa, se confiarem à sua direção e se abandonarem totalmente à sua guia. Ela pode formar à sua imagem a todos os que lhe pertencem.

Edith Stein, La Mujer Como Miembro Del Cuerpo Mistico de Cristo.
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