Por exemplo, a oração mental se vicia pelo excessivo desejo de consolações sensíveis, pela gula espiritual, pelo sentimentalismo. O sentimentalismo é, na sensibilidade, uma afetação de amor de Deus e do próximo que não existe suficientemente na vontade espiritual. Então, a alma procura a si mesma mais que a Deus. Donde, para tirar a alma desta imperfeição, Deus purifica a alma pela aridez da sensibilidade.
Se, verdadeiramente, a alma nesta aridez não é suficientemente generosa, cai na preguiça espiritual, na tepidez e não mais tende suficientemente à perfeição.
Igualmente, pelo amor desordenado de si mesmo se vicia o labor intelectual ou apostólico, pois nele buscamos satisfação pessoal, buscamos o louvor, mais do que Deus ou a salvação das almas. Assim, o pregador pode tornar-se estéril «como um bronze que soa ou um címbalo que tine». A alma se retarda, não é mais iniciante, não avança ao estado dos aproveitados, permanece uma alma retardada, como um menino que, por não crescer, não permanece menino, nem se faz adolescente ou um adulto normal, mas um homúnculo deforme. Ocorre algo similar na ordem espiritual e isto provém do amor próprio desordenado, do qual nasce a esterilidade da vida.
Pe. Garrigou Lagrange
Fonte: Permanência
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