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Sola Scriptura não tem sentido


Há pelo menos mais dois artigos aqui no blog com esse tema:


Recomendo aos amigos que dêem uma lida. Mas quero escrever este artigo seguindo uma linha mais breve e demonstrando logicamente, silogisticamente, que não há sentido nesta prática instaurada por Lutero que, além de herege, era maluco e suicida.

Primeiramente, esclareçamos em que consiste a Sola Scriptura. A expressão vem do latim e significa "Só a Escritura". A escritura de que aí se fala é, obviamente, a Bíblia. Portanto, a doutrina da Sola Scriptura afirma que só a Bíblia deve ser a regra de Fé e prática do cristão. Segundo os que seguem essa idéia, tudo quanto não esteja na Bíblia carece de fundamento. A extrema maioria dos protestantes concordará com isso aí. Para alguns católicos, inclusive, isto parecerá correto. Contudo, mostremos porque é algo sem sentido.

A Bíblia é um conjunto de livros. Cada um desses livros foi inspirado por Deus. Nesta inspiração, Deus escolheu pessoas humanas como instrumentos. No entanto, muitas outras pessoas, desde o início, afirmavam ser inspiradas por Deus sem que o fossem de fato: são os falsos profetas, que sempre houveram e que foram inúmeras vezes preditos. Não é possível, pelo próprio engenho humano, saber de certeza quais o que dizem a verdade e quais os que não dizem. Porém, Deus não poderia nos deixar nessa confusão. Logo, é preciso que sejam estabelecidas autoridades escolhidas por Deus; estas autoridades cuidarão de distinguir a verdade do erro. Elas poderão ser as próprias pessoas inspiradas, ou, ainda, outras pessoas que saibam distinguir o que é divino e o que não é. Elas também devem ser reconhecidas coletivamente. Assim o foram os profetas, os apóstolos, etc. Estas pessoas recebem tal autoridade em função de sua proximidade com Deus. No caso dos apóstolos, isso está mais do que claro, uma vez que eles conviviam com Jesus, que é Deus.

A inspiração produz a intuição e compreensão de verdades divinas. Estas verdades, se bem que estejam acima das realidades humanas, deverão ser escritas em linguagem compreensível e, portanto, humana. A linguagem humana se utiliza de símbolos. Ora, um símbolo pode, por sua própria natureza, simbolizar mais de uma coisa. Esta multiplicidade de possibilidades do símbolo pode fazer referência ao significado exato que se quis dar ao símbolo, mas pode ser entendido de modo diferente e errado. Por exemplo, havia toda uma escola bíblica que via nos gafanhotos do apocalipse retratos fiéis dos helicópteros soviéticos. 

Portanto, o fato de tais coisas serem escritas só tem lógica se, paralela aos escritos, existe uma autoridade que resguarda o modo correto de entendê-las. São Paulo dizia isto: "se há quem professe, haja quem explique."

A inspiração que surge de uma intuição de realidades sobrenaturais, ao expressar-se em linguagem humana, não consegue esgotar todo o seu conteúdo. Assim, o modo como se diz é sempre inferior à própria natureza do dito, ou, se preferirem, o significante é mais pobre que o significado. Logo, existe sempre mais realidade do que a que foi registrada, o que é o mesmo que dizer que nem tudo está na Escritura. A própria Escritura o demonstra de diversos modos. Só para citar um: João diz que, se tudo quando Jesus disse e fez fosse registrado, nem todos os livros do mundo seriam suficientes para tal.

Além disso, se há verdadeiras profecias e há também falsas, antes de haver um compêndio das verdadeiras, é preciso uma autoridade que tenha a capacidade de distinguir as verdadeiras das falsas e que, então, faça a referida escolha. Ora, essa autoridade não precisa estar explicitamente descrita na escritura. A escritura, pela sua própria natureza, exige e pressupõe esta autoridade.

Portanto, não se faria um compêndio de livros sagrados sem uma autoridade anterior que lhes identificasse e lhes reunisse. Esta autoridade histórica na formação do cânon bíblico é a Igreja Católica Apostólica Romana. Portanto, acreditar que o conjunto dos livros bíblicos é, de fato, sagrado, pressupõe a Fé na autoridade da Igreja Católica.

A própria natureza discursiva da bíblia lhe dá a possibilidade de ser entendida de diversas formas, como já dito. Se é verdade que Deus nos quis comunicar verdades específicas ao invés de nos dar um brinquedo à nossa imaginação e criatividade, então é também lógico que Ele nos daria algo ou alguém que nos garantisse o modo correto de entender o que está escrito. Uma vez que Jesus quer que as verdades sobre Ele cheguem ao conhecimento de todos os homens, de todos os lugares e de todos os tempos, esta autoridade deve, também, estar espalhada em todos os pontos do planeta e deve estar presente em todas as épocas da história. Quem cumpre este papel, mais uma vez, é a Igreja Católica. O protestantismo não poderia satisfazer este requisito, uma vez que só veio surgir no século XVI. Além disto, as denominações não possuem sequer unidade entre si. Portanto, não há consenso nem entre eles sobre as verdades da Bíblia. Isto significa que eles não sabem do que a Bíblia exatamente está falando. Além de todas estas dificuldades, há outra: para entender as verdades de Deus é preciso receber do Seu Espírito, pois a Bíblia nos diz que o próprio Cristo teve de soprar sobre os apóstolos o Paráclito para que lhes fosse aberta a inteligência. Portanto, não é suficiente pegar a Bíblia e fazer uma leitura individual. Lembremos ainda da oração de Jesus: "dou-Te graças, Pai, porque escondeste essas coisas dos soberbos e as revelaste aos pequeninos". Ou seja: as verdades sobre Deus são reveladas por Ele mesmo e, para isso, é preciso manter as devidas disposições, tanto externas quanto internas. Internamente, é preciso humildade de coração, e uma pessoa que julgue que apenas pelo ato de ler curiosamente a bíblia vai conseguir entender tudo não pode ser dita humilde. Externamente, é preciso fazer parte da Igreja e receber o espírito de filiação, que é o Espírito Santo, que lhe permitirá entender a lógica interna da Escritura. Este Espírito fará com que nos submetamos à autoridade legitimamente constituída por Nosso Senhor para aprender corretamente as verdades da Fé. Tal autoridade, mais uma vez, é, historicamente, a Igreja Católica Apostólica Romana. Isto é facilmente constatável.

Para terminar, se tudo que deve ser crido deve necessariamente estar na Bíblia, só poderíamos crer na Sola Scriptura se ela estivesse na Bíblia, e ela não está. Portanto, professar essa crença é cair em contradição pura e simples. No mero ato de declarar que só a Bíblia é regra de salvação, o sujeito está professando uma regra que não está na Bíblia.

Concluindo:

A Bíblia, pela sua própria natureza, exige uma autoridade que lhe seja anterior (para escrita e escolha dos livros) e que lhe seja simultânea (para a correta interpretação). Pela sua própria natureza, também, ela não esgota as verdades sobre Deus e, portanto, deve fazer parte de um contexto maior. Este contexto maior é a Tradição cristã. Tanto é assim que a Bíblia só vai surgir como um compêndio - o repetimos - no século IV, ou seja: os cristãos estavam a viver plenamente a fé sem que fosse necessário haver uma Bíblia. A Fé transmitiu-se sobretudo por via oral e pela tradição dos Apóstolos. Se a Bíblia vai ser formada é para somar-se a esta tradição, e não para substituir-se a ela.

A Sola Scriptura, portanto, não tem sentido nenhum.

Fábio.
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2 comentários:

  1. vcs da igreja catolica ,não diria todos por que existem no meio de vcs pessoas fieis, por Deus n leva enconta a ingnorancia, deveriao ler ais a biblia por completa, por quem sao vcs pra esta santificando homens para serem santos? queria saber agora, Fabio Graa adimiro muito seu trabalho seus comentarios sao show, n concordo com todos, entao me responda, onde esta na biblia que nos seres pecadores temos poder em santificas outro pecador, por por onde eu sei, me corrija se eu estiver errado, que santo so jesus q n conheceu o pecado, e outra coisa, onde diz que temos que ser devoto de"homens santos"... n eis o senhor dos argumentos? entao e convença. obrigado! por favor quero a resposta urgete.

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  2. Olá, Danilo. Me perdoe não ter respondido antes, é que nunca mais olhei os comentários do blog. Acabei de ver agora. Bem, primeiramente, eu pergunto: como você sabe que os católicos não lêem a Bíblia completa? Eu recomendo pra você o livro "Todos os caminhos levam a Roma" do Prof. Dr em Sagrada Escritura Scott Hahn, que era pastor presbiteriano e, pelos seus estudos, convenceu-se de que a Bíblia conduz à Igreja Católica. O Dr Scott leu a Bíblia inteira pelo menos umas oito vezes. Compre este livro, por favor. Vai ser uma prova sua de sinceridade. Compre e leia.

    Depois, se você pesquisar direitinho, vai ver que foi a Igreja Católica que escolheu os livros do Novo Testamento e até dividiu-os em capítulos e versículos para facilitar a leitura. Só há a Bíblia assim como você conhece por causa da Igreja que nos Concílios de Cartago e Hipona formou, por inspiração divina, o cânon do Novo Testamento.

    Sobre a questão dos santos: os primeiros cristãos se chamavam a si mesmos pelo nome de santos. Basta ver na Bíblia, quando são Paulo escreve "aos santos". Veja, só pra ficar em um exemplo, o livro de Filipenses, cap. 1, versículo 1. Isso contraria a idéia de que só Jesus é santo? Não, pois todos os santos só o são porque participam na santidade de Jesus, assim como todos somos filhos de Deus porque participamos na filiação do Filho Unigênito de Deus. Jesus também diz: "a ninguém chameis de pai, pois um só é vosso Pai". E nem por isso você deixa de chamar teu pai biológico de pai.. Isso quer apenas dizer que toda paternidade é uma participação da paternidade única de Deus. Sacou?

    Depois, quando a Igreja canoniza, ela não torna a pessoa santa do dia pra noite. O que ela faz é declarar que ele é santo, isto é, que morreu na Graça de Deus e alcançou o Céu, fruto do esforço de toda uma vida. Você pergunta com que autoridade a Igreja faz isso. Oras, com a mesma autoridade que o Cristo deu a ela, na pessoa de Pedro: "tu és Pedra, e sobre esta Pedra eu edificarei a minha Igreja... Eu te dou as chaves do Reino. O que ligares na terra, será ligado no céu. O que desligares na terra, será desligado nos céus." (Mt 16,13-19).

    Ok?

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Fique à vontade para comentar. Mas, se for criticar, atenha-se aos argumentos. Pax.

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