Hoje em dia, tempo de relativismo, onde o termo “ecumenismo” tem sido solto por aí, muitas vezes com uma conotação que ele não tem, muitos têm se dado a reconsiderações sobre o papel da Igreja Católica. Parece que, enfim, a partir do Concílio Vaticano II, por uma falsa hermenêutica (interpretação) já condenada por Bento XVI, há quem esteja interessado em espalhar uma falsa noção de ecumenismo, que mais se identificaria com o sincretismo, filho do relativismo e do indiferentismo religioso, reinantes no mundo contemporâneo. E ainda dizem que a chamada Idade Média é que era a Idade “das trevas”. Mas, vamos ver o que a Igreja diz sobre este tema...
Primeiro, não se pode falar em ecumenismo com religiões não cristãs. Neste caso, temos um diálogo inter-religioso. Nestas relações com movimentos religiosos diferentes, cristãos ou não, a Igreja tem duas políticas de ação: a chamada comunicatio in spiritualibus e a Comunicatio in Sacris. Na primeira, há uma comunhão de oração, de espiritualidade. Esta é utilizada com mais freqüência. Com relação à segunda, há já uma unidade de celebração, e os critérios para tal são muito mais estritos, satisfazendo-os apenas algumas Igrejas Ortodoxas de legítima sucessão apostólica e uso dos sacramentos.
Em se tratando puramente de Ecumenismo, podemos apenas atribuir o reto uso deste prática entre a Igreja e outros movimentos que se professem cristãos. Mas, eis aí justamente a questão. Muitos têm mal interpretado esta relação como se houvesse uma “igualdade” entre as duas interpretações das coisas sagradas. Mais uma vez, esta “igualdade luterana” tem se infiltrado sorrateiramente nos ambientes, mesmo cristãos, e espalhado seus venenos. Não é assim. Não se trata da falsa noção de que o ecumenismo serve para uma possível evolução das visões acerca de Deus. Isto implicaria uma teoria já condenada pelo Papa Bento XVI segundo a qual nenhum sistema ou filosofia poderia afirmar-se capaz de dar conta de toda a realidade, sendo assim, dotada apenas de uma visão parcial. Dentro desta perspectiva, diferentes interpretações seriam, então, complementares. Cristo, desse modo, completaria aquilo que fora iniciado por Buda, por Krishna, etc., ou mesmo, uma Igreja se focaria num aspecto do Cristo, enquanto outra se debruçaria sobre um outro, fazendo assim com que tal união “ecumêmica” as fizesse evoluir. Ora, tudo isto é contrário à Fé e nada disso se inclui na proposta católica de ecumenismo. Algo que evolui é porque nunca foi perfeito. A reta noção de ecumenismo inclui, necessariamente, dois aspectos comumente desconsiderados:
Que não haja um tal indiferentismo entre a Igreja Católica e os demais sistemas. Ter este indiferentismo seria pecar contra a Fé, negar a realidade objetiva e apelar, mais uma vez, para o subjetivismo, onde a opinião pessoal teria precedência de valor em relação à realidade exterior. Isto é heresia, e não corresponde com o próprio conceito de Verdade, que é única e absoluta. Já vimos que não convém considerar que, uma vez que exista este real, cada sistema religioso lhe abarcaria uma parte. O dado revelado o foi de forma absoluta. Jesus é a total verdade sobre o Pai: “ninguém conhece o Pai senão o Filho”. Cristo é a Verdade que deu-se totalmente. Não há outras além dEle. E é óbvio que, existindo de fato, não lhe correspondem as inúmeras interpretações, muitas delas opostas, sobre uma mesma realidade objetiva. Cristo é um só e, como católicos, devemos crer que a plenitude da Revelação está somente na Igreja Católica, fundada por Ele mesmo. Qualquer um, então, que deseje fazer um diálogo ecumênico, de acordo com o que ensina a Santa Igreja, jamais deve vestir-se desta indiferença com relação à Verdade. Deve saber, de antemão, que dispõe de doutrina plena, de Verdade irrefutável, de Revelação Infalível.
O diálogo ecumênico jamais acontece, legitimamente, sem que haja a exposição da Verdade, isto é, da interpretação católica, munida da autoridade do próprio Cristo, seu Esposo. Sabendo que todos os homens são ordenados para a Verdade, para o Bem e para a Beleza, a exposição da doutrina católica, luminosa em si, perfeita, belíssima e sumamente verdadeira, pois ensinada por um Deus, despertará, se mostrada em sua autenticidade, a concordância do ouvinte. Sempre consideramos que a Santa Igreja satisfaz os mais profundos anseios do homem. Ela é de fato a Cidade de Deus, querida e fundada por Seu Filho. Aqueles que lhe resistem faltam com a sinceridade ou não abrem os olhos o bastante para verem.
Enfim, o ecumenismo não tem nada a ver com esta troca religiosa que muitos pregam hoje em dia. O ex frei Leonardo Boff, em um artigo seu, parabeniza um grupo de freiras que, tendo estabelecido morada numa tribo indígena, após 50 anos, não converteram sequer um índio. Afirma ele que isto é que é respeito pela cultura e que é, de fato, o Evangelho. Mas não foi isto o que Nosso Senhor nos ordenou: “Ide e ensinai a toda criatura e batizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. As irmãs, agindo da forma como agiram, pecam gravemente contra a Fé, negam o batismo para os índios, sem o qual não podem adquirir a vida da graça. Igualam a sua fé com a crença pagã dos nativos e, então, no final de tudo, ainda acreditam serem boas cristãs por isso... é lamentável. Vários papas e doutores, entre eles Sto Agostinho, já haviam criticado essa falsa noção de liberdade que mais corresponde à “liberdade de condenação”, totalmente oposta à proposta do Evangelho.
Que nós não caiamos neste erro de relativizar as coisas. Em verdade, o mundo atual gosta de fazer isto, de misturar tudo, de criar inovações e novidades. Mas Nosso Senhor, seriamente, nos ordena: “não vos conformeis com este mundo”.
Fábio Luciano
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