Estaremos disponibilizando aos leitores, que ainda são poucos, algumas formações sobre os Sacramentos e a sua vivência constante. Atualmente, ao nosso derredor, podemos assistir a triste banalização da vida sacramental no cultivo de uma falsa mística onde os Sacramentos são meros complementares, onde já não importa a pertença à Santa Religião Católica, mas o critério para saber se o “cristão” é realmente válido tem sido apenas a questão das “experiências” sensíveis. Vivemos num tempo de calamidades litúrgicas, e, não raro, encontramos estes defensores de inovações, as mais ridículas, por aí... É, meu caro.. estão soltos e ensinando o que não sabem... cegos que guiam cegos: ambos cairão no mesmo buraco.
Por isso, é sempre benéfico expor o que a Santa Doutrina ensina sobre os Sacramentos e sua indispensável importância na vida cristã... viram o termo que usei? Indispensável... justamente isto. Não é mero capricho ou mero complementar, é necessidade para o autêntico cristão.
O termo sacramento vem do grego Myisterium que, mais tarde dará origem, tanto ao termo “sacramento” quanto a “mistério”. Percebemos, então, por essas derivações que é próprio dos Sacramentos terem o caráter do mistério. O que caracteriza este mistério não é a impossibilidade de se conhecê-lo, mas justamente o fato de ser inesgotável, de não se encerrar... é preciso reconhecer que, embora seja muito profundo o que se pode saber, é sempre maior o que falta conhecer. Ou, na linguagem sanjoanista, tratamos então das notícias de tais verdades, enquanto a substância deles permanece oculta. A Igreja diz que, aquilo que então era manifesto e visível na vida humana do Cristo, após Sua ressurreição e ascensão, dá-se a partir do mistério, de forma velada, onde devemos ir por Fé. Diz ainda que os Sacramentos são sinais visíveis de graças invisíveis. Sobre esta necessidade de se ir por Fé, S. Paulo nos dá o conceito exato do que é esta virtude teologal: “É o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê” (Heb 11). Podemos traçar um paralelo entre esta passagem e a advertência que Nosso Senhor faz a S. Tomé: “Felizes os que crêem sem ter visto”. Em toda a doutrina e em toda a escritura sempre veremos uma exaltação à Fé. Abraão é chamado o “pai da Fé” porque tendo ouvido de Deus a ordem de sair de sua casa e a promessa da terra prometida, sem exigir nenhuma evidência do cumprimento da promessa divina, lançou-se na viagem. O crer antecede a experiência sensível e mesmo a compreensão. Neste sentido também nos diz S. Paulo: “Crede e compreenderás”. O caso do “sem ter visto” estende-se a toda e qualquer evidência sobre o objeto a ser acreditado. Os sacramentos, por tanto, devem ser cridos, sem exigir-lhes comprovações. Para confirmar-lhes a autenticidade, é bastante a autoridade da Igreja conferida pelo próprio Senhor.
Mas, qual a função dos Sacramentos? Por que são indispensáveis? É possível ser cristão sem observá-los? A resposta, de antemão, damos: é não! O fato de serem indispensáveis, indica que são irrenunciáveis. Ou se os observa, ou não se é cristão. Mas, então, expliquemos um pouco algumas coisas...
Assim como Adão pecou e, por Adão, todos pecaram, assim também a Redenção deveria ser universal. Nosso Senhor, morrendo na cruz, redime a humanidade e o faz de forma atemporal, isto é, aproveitam dos efeitos da Paixão do Senhor os que viviam então contemporâneos ao fato histórico, os homens do passado e, também, todas as gerações futuras. Com relação a estas, se faria a exigência de que, para serem de fato favorecidas pelos méritos de Cristo, se incorporassem na Igreja que Ele mesmo fundou, no Seu corpo místico. Essa tal Igreja é a Igreja Católica que vem desde os Apóstolos. Em verdade, esta Igreja surge, mesmo, aos pés da Cruz, do lado de Cristo, o Novo Adão adormecido. É a Nova Eva, assim como a primeira Eva surgiu do lado do primeiro Adão entregue ao sono. Cristo, no sono da morte, inicia a Igreja ao derramar, do seu lado aberto, Sangue e Água, os símbolos da Igreja: o Sangue é a Eucaristia, o próprio Cristo, vértice e fonte de toda prática religiosa autêntica. A água é o Batismo, pelo qual somos inseridos neste Corpo Místico de Cristo e recebemos a vida da Graça. Os Sacramentos, pois, pela própria vontade e instituição de Cristo, são sinais pelos quais vêm a nós os efeitos da Redenção. É por eles, como que por portas, que nos expomos aos raios salvíficos do Sol da Salvação. Estes sacramentos, pois, estão validamente na Igreja, que foi a quem Jesus deu autoridade para ministrá-los. Funcionam, então, como pontes, ligações estabelecidas entre os homens e Deus.
Esta autoridade, de forma absurda, é negada pelos protestantes à força de omissões que fazem dos textos sagrados. Mas, convém saber que ela se fundamenta nas palavras do próprio Jesus. Por exemplo, Jesus diz a Pedro e aos Apóstolos (hierarquia da Igreja e não a qualquer um): “A quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados. A quem os retiverdes, serão retidos”, “Dou-vos o poder de ligarem e desligarem, unirem e desunirem. O que vocês ligarem na terra será ligado no Céu, e o que vocês desligarem na terra, será desligado no Céu”. Por fim, Nosso Senhor ainda diz à Sua Igreja: “Quem vos ouve, a Mim ouve. Quem vos rejeita, a Mim rejeita”. Prova disto, é quando fala a S. Paulo, no episódio de sua conversão: “Saulo, por que me persegues?”
Cristo identifica-se com Sua Igreja bendita, Sua esposa, a quem tanto ama e por quem deu Sua vida. Portanto, aqui compreendemos bem três verdades: que os sacramentos foram instituídos pelo próprio Jesus, que a autoridade para ministrá-los foi dado somente à Igreja Católica e que é por eles que vêm a nós os efeitos redentores da Paixão. No entanto, veremos que em um deles, embora seja bem recomendável, não se torna estritamente necessário que se dê por um representante da Igreja... Mais à frente trataremos desta questão.
Importa saber que para estarmos em comunhão com Cristo é preciso ter vida sacramental, isto é, freqüência nos Sacramentos....
Bem, como introdução acho que já está bom. Cabe-nos, então, tão logo quanto pudermos, expor de forma clara e objetiva quantos e quais são os Sacramentos e as características particulares e essenciais de cada um, bem como as associações que se dão entre alguns deles.
Até a próxima oportunidade.
Que Deus os abençoe, em Maria.
Fábio Luciano Silvério da Silva
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