Sobre o Purgatório, costuma-se dizer que os católicos inventaram isso. Reflitamos um pouco.
1- Os homens são livres. Logo, podem fazer coisas boas ou más.
2- Com relação às coisas más, há evidentemente uma gradação na maldade. Uma mentira não é o mesmo que um roubo, que não é um mesmo que um assassinato, etc.
3- Os religiosos crêem que, à moralidade ou imoralidade de uma vida, segue-se-lhe uma sanção, que é fruto da justiça, e que recebe o nome de recompensa ou punição.
4- Haveria, assim, duas realidades póstumas extremas, chamadas "Céu" e "Inferno", referidos como "Salvação" ou "Condenação".
5- É geralmente consenso - e é bíblico - que, sendo Deus alheio a toda imperfeição e pecado, não é possível a uma pessoa que não esteja inteiramente purificada vê-Lo face a face.
6- É fato que quase ninguém morre em estado de perfeição.
7- Deve haver um grau de pecado além do qual a pessoa se condena. Logo, aquém desse grau, uma pessoa deve livrar-se da condenação.
8- Os que estão aquém daquele grau de maldade não são, no entanto, necessariamente perfeitos. Há, assim, um raio tolerável de imperfeição.
9- Tendo, porém, ainda manchas na alma, estas pessoas estão naturalmente impedidas de ver a Deus face a face, pois nada impuro entra no Céu.
10- Isso indica uma terceira possibilidade, que não é exatamente um meio termo, visto que já é impossibilidade de condenação. Este estado, tendo em vista uma ulterior purificação, é preparação para o Céu, sendo, por natureza, provisório.
11- "Purificar" é sinônimo de "Purgar", daí o termo "Purgatório", que é como uma extensão da misericórdia divina àquilo que não se realizou de todo na vida mortal.
12- A negação do purgatório decorre de uma confusão protestante entre a justificação e a santificação. Justificação indica que Jesus assumiu o nosso lugar no suplício da Cruz, de modo que, se estivermos n'Ele, não somos condenados. Porém, a justificação não anula as nossas más tendências, a concupiscência que nos flui na alma, que é evidente a qualquer um de nós, e que não pode entrar no céu. Logo, é preciso estar purificado desses ranços de egoísmo e desequilíbrio antes que se dê a visão beatífica que caracteriza a Salvação.
13- Jesus indica a realidade do purgatório em várias passagens, como quando, referindo-se às últimas coisas, diz do servo que foi chicoteado poucas ou muitas vezes, ou do que não sai da prisão até ter pago o último centavo, que são punições póstumas e que, porém, têm um término. E ainda quando afirma que o pecado contra o Espírito Santo não será perdoado nessa vida nem na outra, o que sugere a possibilidade de um perdão post mortem para outros pecados.
14- A posição católica, portanto, se harmoniza com a lógica e a bíblia.
Fábio
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