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As vaidades do mundo versus a vida ordinária dos cristãos


Hoje em dia, a maior parte das pessoas repudiam a simplicidade, o cotidiano mantido, a fidelidade à rotina. Numa total inversão de valores, fizeram a infeliz e falsa descobertade que a vida posta sob holofotes e pesadas caixas de som, de onde saem, quando não músicas pornográficas, ao menos sons ensurdecedores de um romantismo enjoado hollywoodiano, é mais agradável. O show da ostentação tem lançado sua névoa sobre os ingênuos indivíduos de nossa triste sociedade, que têm se deixado seduzir da maneira mais tosca. A total ignorância de si mesmo vem acompanhada pela sede desenfreada de pura ostentação. E dá-lhe orkut, e dá-lhe msn.. não, não é para discutir ou ler temas interessantes, mas para partilhar fotos, propostas nojentas, interesses torpes, vaidades e vaidades. E vem o Big Brother, já não sei quantos, onde a tortura televisiva se universaliza, onde o paladar visual (?), sob duras penas, rebaixa-se à mediocridade... E, enquanto isso, os dias comuns são, à toda força, camuflados e escondidos. Querem ser artistas, querem fazer filmes... ah, mas não têm competência. Ora, não tem problema, faz filme pornô, ou então vai dançar funk (que é quase a mesma coisa). E a maior parte dos que decidem mergulhar em tanta miséria, seguem feito zumbis na onda do besteirol. Mas, é importante dizer que estas atitudes forçadas não trazem nada de bom. Os sorrisos são puramente encenados. As tristezas, puramente camufladas. E no fim, se convencem de que a vida é assim mesmo. Ora, não é isto já um ensaio para a tristeza eterna? Esta, porém, sem disfarces.

O especial, mesmo quando sadio, só existe se tiver por base o ordinário. Não há feriado, sem dias comuns. Não há data comemorativa, sem que haja momentos simples. No fim, e muitos estão vendados para ver isto, o ordinário é, talvez, muito mais verdadeiro e consistente do que o extraordinário. Vários indivíduos vivem atrás da fugacidade das sensações baixas, e desprezam o verdadeiro tesouro, escondido no normal. Todo este jugo do sensacional funciona, somente, como forma de distração do essencial e verdadeiro. Ora, mas esta distração não acontece apenas com os mundanos das baladas e festas de funk e outras porcarias. Infelizmente, está também nos mundanos católicos. Pessoas que vivem por momentos, arrastões, retiros emocionalmente promissores, arrepios, lágrimas forçadas, caretas, dancinhas, rebolados... Tudo isso somente serve como uma forma de distração do verdadeiro, escondido justamente no compromisso diário. É comum que ao terminar um “retiro” destes, ou mesmo um show, os seus espectadores perguntem, ao se entreolharem: “quando vai ter outro?”. E não conseguem ver que o verdadeiro, o especial, o essencial de suas vidas acontece, justamente, todo dia. Ora, mas isto não interessa. Por que será? Porque aquelas festas, aqueles momentos nunca foram amor. Foram sempre buscas da própria sensualidade, que acaba cegando sempre mais. São apenas os subvalores mundanos trazidos a solos católicos. Não estou aqui criticando os eventos em si (se bem que alguns, sinceramente, são tudo, menos católicos... inclua-se nesta lixeira, por exemplo, a infeliz cristoteca e os tristes arrastões), mas, antes, a atitude dos que ali se fazem presentes, em busca de mais divertimento irracional, de mais sensacionalismo forte, de mais, quem sabe até, uma amizade colorida promissora ou, mesmo, Deus nos livre, de uma “ficada”.

Mas existem, claro, e graças a Deus, os que se preservam destas loucuras. São, justamente, os considerados loucos. E, de fato, a ordem destes é para que sejam, não DDDs (que tosco!), mas adeptos da loucura da Cruz! São pessoas simples, que cultivam o essencial, que limpam os olhos no trato de intimidade com Deus. Sabem ver o momento presente, enxergar a riqueza escondida no ordinário. Enquanto tantos vivem à espera da noite que será palco das maiores porquices (sem querer ofender os porcos...), os verdadeiros cristãos sabem reconhecer a beleza de uma árvore balançando, de uma leve lufada de vento no rosto, de uma nuvem graciosa no céu, de um momento simples e puro de silêncio, de um olhar de caridade cristã. Não que eles vivam procurando estas coisas, como se fossem sentimentalistas... Não, querem somente a Deus, em tudo. Justamente por isto, têm os olhos limpos para contemplarem, sem apegos, com gratuidade, os fenômenos que refletem a bondade, o amor, a beleza e a sabedoria dAquele que aprenderam e aprendem a amar. Os simples, os que vivem o rotineiro, os que cultivam a oração diária, os que foram à Santa Missa ontem, vão hoje, irão amanhã, e depois, e depois, e depois, têm uma alegria imensa e sóbria e um coração que é todo amor e graditão. Eis a figura odiada e repudiada pelo mundo de hoje. Nestes católicos se cumpre o que S. Francisco dizia: “o Cristão não consegue esconder a sua felicidade de ter descoberto tão grande tesouro”. Ele descobriu justamente porque é escondido, revelado aos humildes, aos sóbrios. São estes que dia a dia carregam a sua cruz, que sabem negar-se uma satisfação egoísta e forçar-se até a violência para um bem ou uma virtude que não tenha tanto gosto, do ponto de vista dos sentidos. Eles sabem que a ordem das coisas é diferente da que o mundo observa. O que menos é saboroso, em termos de virtude, é justamente o mais valioso. Os mundanos trocaram a noite pelo dia, vivem como morcegos, de cabeça para baixo, olhando tudo invertidamente. É deles que o profeta falou: “ai daqueles que à luz chamam trevas, e às trevas, luz”.

Enfim, que bom ser ordinário. Que bom ser evitado e olhado meio que de lado. Que bom ser visto como alienado, porque não se vive mergulhado no mesmo poço de enxofre e porque se persegue um bem eterno, e não temporário e fútil. Estranho seria se fôssemos elogiados por quem Nosso Senhor define como cães e porcos. Que bom ser cristão, mas não cristão morninho ou tolerante, mas cristão absoluto, que só conhece uma voz. Que bom ter no coração o zelo violento de querer agradar somente a Deus e, aos homens, fazer o bem, como muito bem o expressou S. Pe. Pio. Que bom sofrer por Deus, estar ao pé da Sua Cruz, experimentar a Sua solidão por Lhe amar e por proclamar e, sobretudo, viver a Sua Verdade no meio de uma sociedade perversa e maliciosa.

Fábio Luciano
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