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Católicos que se tornam Protestantes

Aceite Gessus

Eu costumo sempre tratar com protestantes. Alguns são meus amigos. Não tenho nenhum problema em discutir sobre religião, e até gosto de fazê-lo. Vez ou outra estamos nós a nos interrogarmos, se bem que outros preferem não se expor e permanecer numa espécie de zona de conforto, onde a gente tem que manter, sobretudo, o bem estar, e o mero respeito humano. Eu penso que esta atitude é, por si mesma, anticristã. Nosso Senhor não hesitou em tratar da verdade, com quem quer que fosse. Não penso que alguém que não se interesse pela verdade pode se pretender seguidor de Jesus. É claro que isto não implica que devamos ficar nos espetando nem contaminando nosso convívio com indiretas e ataques. Como diz S. Josemaria Escrivá, o amor à verdade passa bem longe do destempero. Mas é muito possível cultivar uma amizade sincera com um sujeito, mesmo sabendo que este sujeito pensa que estou numa religião equivocada e ainda que ele também saiba que eu o considero, tecnicamente, um herege. Não acredito que, para bem convivermos, necessitemos aprender a ser falsos e dissimular o que cremos. Isto não seria amizade. Aliás, não teria valor algum.

Pois bem. Ocorre, porém, que vez ou outra se dão umas mudanças de religião; com mais frequência, pessoas que eram católicas tornam-se protestantes. E às vezes são pessoas do nosso convívio. Aconteceu, e faz pouco tempo, que dois amigos nossos, muito próximos do Anjos de Adoração, que já caminhavam conosco um bom tempo, e até fizeram retiros conosco, terminaram abandonando a barca de Pedro e se indo se refugiar em outro ambiente qualquer, onde se sentiram bem. A coisa, porém, não pára aí. Não sei direito pelo que é que eles passam lá, mas assim que um católico vai para o lado protestante, parece que todas as formações bíblicas que ele teve antes, toda a catequese católica, todas as questões da apologética que se trabalhou, tudo isso perde o valor. O sujeito do qual antes se pensava entender alguma coisa de catolicismo, já agora começa, muito pouco tempo de sua "conversão", a levantar as já clássicas e tão pueris objeções protestantes contra o catolicismo. Antes de tratar de algumas dessas questões, quero observar um pouco mais esse fenômeno no mínimo curioso.

Qualquer um que conheça a Igreja Católica minimamente perceberá que ela, como diz o Pe. Paulo Ricardo, é um colosso de teologia, de santidade e que é uma Igreja muito séria. Verá como a alta hierarquia da Igreja é bem formada. Verá, pelo menos de relance, como a teologia é ampla e rica e profunda. Porém, esses outros, duas ou três semanas depois de terem deixado o convívio da Igreja de Cristo, de repente aparecem chieos de empáfia e ironia, demonstrando uma ignorância crassa e quase absoluta sobre tudo o que é o catolicismo, supondo que a Igreja deve ser qualquer coisa bestinha e idiota e que, por terem escutado dois ou três sermões de um auto-denominado pastor protestante, esses neófitos filhos de Lutero já podem, agora, refutá-la inteiramente, demoli-la de alto a baixo. Eles passam a se ver como instrumentos da justiça divina a profetizar contra as idolatrias do catolicismo romano, "fundado por Constantino" e não sei mais quantas baboseiras que fazem corar até o inferno. Quando o sujeito era católico, não se preocupava em estudar as questões da Fé, quase não lia, não se enamorava pela Igreja. Agora, porém, duas semanas depois, a pessoa aparece transfigurada e transformada numa espécie de "teólogo de elite", entendedor sutil e agudo de toda a história da Igreja e de toda a teologia dogmática, moral, ascética e mística. E alguns católicos ainda dizem que no protestantismo não há milagres...

Prossigamos, então.

Já ontem, uma dessas pessoas recém "convertidas", uma grande amiga e pessoa muito querida, me fez várias perguntas a respeito da Igreja; eram temas que eu supunha já serem entendidos por ela. Me surpreendi ao ver que não. E me surpreendi também por ver o tipo de ludibriação de que esses inocentes são vítimas nesses templos protestantes. É mentira e mais mentira. E o "fiel", crente na palavra do "pastô", engole o conto. Vai-me parecendo que esse negócio de "pastô" anda muito próximo do político. Será por isso que se vestem parecido?

Eu quero, antes de adentrar propriamente no teor dos pontos doutrinais, dizer o seguinte: a religião é o que há de mais importante na vida, porque ela nos mostra como conviver com Deus. Ora, é importante reconhecer qual seja a religião verdadeira e qual a falsa, pois se o sujeito segue um negócio falso, terminará que ele não se relacionará com Deus propriamente, mas com uma invenção humana a que se acostumou chamar pelo nome de Deus; uma usurpação. Então, é preciso conhecer a verdade. Jesus veio justamente para isso: "para dar testemunho da verdade" (Jo 18,37). Infelizmente, não podemos acreditar no primeiro sujeito que aparece gritando numa esquina, numa padaria abandonada onde, agora, ele jura fazer milagres. Há muita gente "esperta" no mundo, e há também muita gente ingênua.

É preciso ser maximamente sincero. E isto significa que, tendo alguma dúvida, o sujeito deve procurar saná-la, obviamente. A melhor forma de conhecer a Igreja Católica não é frequentando cultos e ouvindo as baboseiras que lá se contam; ao contrário, é perguntando à Igreja mesma, é lendo a Sua doutrina, é estudando a Sua história. Essa questão, por exemplo, das imagens, que é clássica: se um ex-católico acha que a Igreja adora imagens, o que é que custa perguntar sobre isso à própria Igreja? Porque, convenhamos: se a Igreja fosse assim tão errada e corrompida em pontos tão básicos, seria preciso dizer que os católicos são todos uns imbecis por ainda ficarem nela. Mas é claro que as coisas não são assim tão simples! Não banalizem a discussão! Se se afirmam sinceros, mostrem isso e pesquisem direito. Vejam outras fontes além dos ensinamentos torcidos dos seus "pastores"!

Quero, ainda, abordar outro fato comum nesse meio. Muita gente deixa a Igreja por causa de amizades protestantes, ou por causa de familiares, namorados, etc., que costumam fazer pressão e, no fim das contas, a outra pessoa termina pensando que "tanto faz, tanto fez", e que, na verdade, não deve ser tão grave assim se tornar um protestante, etc.

Segundo esse raciocínio, a religião deve ser algo de muito insignificante, reduzido somente ao nível da conveniência. Mas, ao contrário, como eu já dizia acima, ela é o que há de mais importante. Jesus é um Deus extremamente exigente e ciumento. O que ele exige é nada mais nada menos do que o amor a Ele sobre todas as coisas. A Escritura fala de um sujeito que, querendo segui-lo, pediu para despedir-se, antes, dos pais, pelo que Jesus o criticou, dizendo que aquele que hesita não é digno d'Ele. (Lc 9,62) Consideremos que os pais são, naturalmente, muito importantes, muito mais do que um namorado ou namorada, mas Jesus exige que o que quer segui-lo saiba amar a Deus bem acima de qualquer outro, mesmo acima dos pais. Em outra passagem, o rapaz pede para ir enterrar o pai, ao que Jesus responde: "Deixa que os mortos enterrem seus mortos" (Lc 9,60). Enfim, Ele chega a dizer: "Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim" (Mt 10,37). Se devemos amar a Jesus acima dos pais, será que merecem alguma atenção as conveniências sociais, os coleguismos, as amizades, as conversinhas, o namorado ou namorada, etc? Parece-me que as pessoas não têm a dimensão de quão sério é isso tudo. Ainda que um sujeito tivesse dez anos de namoro e, de repente, visse esse seu relacionamento ameaçado justamente por esta tensão de religiões, ele deveria preferir a Deus e à Igreja que já tem mais de 2000 anos de uma verdadeira história de ardente amor por Deus.

Jesus, na verdade, já sabia que esses assuntos dividiriam os homens, mas ele também queria isso, pois é preciso decidir-se por Ele. "Não penseis que vim trazer a paz; vim trazer a espada. Eu vim trazer a divisão entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, e os inimigos do homem serão as pessoas de sua própria casa." (Mt 10,34-35).

Se os cristãos cedessem toda vez que são pressionados de algum lado, será que teríamos tantos mártires na Igreja? Será que teríamos tantos santos? E Nosso Senhor, será que teria morrido? Não entrou para a história a covardia de Pedro, que negou Jesus para "evitar incômodos"? Mas Pedro soube reconhecer a burrada que tinha feito, e em seguida chorou amargamente. Penso que essa deva ser a atitude. Refletir sobre tudo isso, compreender tudo isso e chorar amargamente.

"Pois vosso amor me é mais precioso que a vida" (Sl 62,4)

Enfim, essa introdução já vai longa. Responderei às perguntas doutrinais no próximo artigo e o farei com firmeza. Preparem os cintos, pois estou zeloso dessa luta. Mexeram com os meus; agora, aguentem a sova. Se quiserem, podem chamar "pastô", "bispo" ou até o Chapolim Colorado, exegeta do mesmo naipe desses outros. Estou disposto ao confronto, embora já suponha que isso ficará por isso mesmo. Se bem que, se tal acontecer, pelo menos estará exposto o espírito desse povo e qual a parte que estava interessada na verdade.

Que a Virgem Santíssima, cujo dia celebramos hoje, nos conduza nesta luta. Pax.

Fábio.
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Um comentário:

  1. "Ainda que um sujeito tivesse dez anos de namoro e, de repente, visse esse seu relacionamento ameaçado justamente por esta tensão de religiões, ele deveria preferir a Deus e à Igreja que já tem mais de 2000 anos de uma verdadeira história de ardente amor por Deus."

    Isto é verdade. E, falo pela minha experiência pessoal, visto que já passei por isto TRÊS VEZES: quando a pessoa chega nesta situação, o coração sofre miseravelmente, mas tem que se escolher a DEUS, em primeiro lugar.

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Fique à vontade para comentar. Mas, se for criticar, atenha-se aos argumentos. Pax.

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