Excelência Reverendíssima. Cumprimentos respeitosos Tendo em vista os inúmeros ataques que V. Exa. Revma. tem recebido da parte de pessoas que agem de má fé, ignorância ou movidas por um espírito cismático, nós abaixo-assinados vimos por meio desta expressar nosso apoio a V. Exa. Revma. bem como nosso apreço pela sua prudência demonstrada na condução do diálogo com as autoridades romanas visando a obter não só um esclarecimento dos problemas doutrinários mas também uma estrutura jurídica adequada para a Fraternidade Sacerdotal São Pio X.
Como bem salientou o seu primeiro assistente Pe. Pluger, no momento a grande questão levantada pela Santa Sé a respeito da Fraternidade São Pio X não é conhecer sua posição doutrinária, suas objeções quanto ao Concílio Vaticano II e reformas posteriores (tudo isto já foi amplamente explanado por ocasião dos colóquios doutrinários), mas sim saber se a Fraternidade São Pio X efetivamente considera Bento XVI um sucessor de Pedro legítimo com poder de governo e magistério sobre toda a Igreja. Com efeito, a Fraternidade São Pio X manifestou com toda franqueza à Santa Sé suas objeções e, a despeito de tal divergência, recebeu da autoridade suprema da Igreja a proposta de ser reconhecida canonicamente como uma obra da Igreja.
Por conseguinte, trata-se no momento, como disse o assistente de V. Exa. Revma., de saber se a Fraternidade São Pio X tem o direito de recusar tal reconhecimento por parte da Igreja. Com efeito, a Igreja é uma sociedade e, como diz o axioma, ubi societas ibi ius. É absolutamente falso professar a fé católica e ao mesmo tempo pretender viver completamente à margem de sua estrutura jurídica. A necessidade de haver um ordenamento jurídico que regule a vida da Igreja, como bem sabemos, ressalta de diversas passagens da própria Sagrada Escritura. De fato, se um católico se contenta em dizer da boca para fora que reconhece a autoridade do papa mas não aceita estar ligado a ele pela lei, isto indica um espírito cismático que reduz primado de Pedro a um primado de honra. Ou ainda tal atitude pode significar que a real postura daqueles que se opõem por princípio ao reconhecimento canônico da Fraternidade São Pio X é a postura sedevacantista embora não declarada.
Queremos também dizer-lhe que apreciamos o realismo de V. Exa. Revma. ao analisar os problemas que afligem a Igreja militante. Não houve jamais, não há e nunca haverá uma Igreja ideal na terra. Sempre haverá o joio misturado ao trigo. Cite-se, por exemplo, o ocorrido na publicação do Syllabus. O cardeal Antonelli, secretário de Estado do Beato Pio IX, opôs-se ao documento e o combateu publicamente. Problemas e divisões sempre houve e haverá na Igreja. O importante é que o católico tenha a humildade, a caridade e a prudência de querer, por fé, viver sob a autoridade do papa, que, como ensina o Concílio Vaticano I, é o princípio perpétuo da unidade e fundamento visível da Igreja, do qual não se pode afastar sem perigo de naufragar na fé.
Aflige-nos pensar na hipótese de, diante dos mais diversos problemas futuros, a Fraternidade vir a esfacelar-se pela sagração de bispos desunidos entre si pela divergência doutrinária, cada um arrogando para si fidelidade à tradição católica. E tudo isto por conta da recusa da submissão à autoridade da Igreja. Seria, com efeito, um esdrúxulo protestantismo tradicionalista.
Por isso tudo queremos assegurar a V. Exa. Revma. nossas orações para que tenha as luzes e a força do Espírito Santo para conduzir a bom termo o processo de reconhecimento canônico da Fraternidade Sacerdotal São Pio X para o bem de toda a Igreja. É perfeitamente possível, com muito sofrimento e humildade, para glória de Deus e salvação das almas, lutar pela tradição da Igreja sob a autoridade do papa.
Rogando sua bênção,
Pe. João Batista de Almeida Prado Ferraz Costa
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