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Quarta feira de Cinzas - Significado das Cinzas


Queremos antes de tudo corrigir um equívoco uma vez propagado aqui pelo blog: Não. Hoje, Quarta feira de cinzas, não é dia de preceito. Não obstante, é altamente recomendável que o católico vá à Santa Missa. Além do sugestivo sinal das cinzas, e da recepção do Sacratíssimo Corpo do Senhor, é também o início formal da Quaresma. Nada melhor do que adentrar neste tempo forte e santo da Igreja participando do Sacrifício e Banquete do Senhor, e comendo, como dizia Sta Teresa Benedita da Cruz, o "pão seco dos fortes".

"Mas qual o significado das cinzas?", alguém pode perguntar. "Esses católicos inventam muita coisa". Desde o Antigo Testamento, as cinzas sempre foram apresentadas como sinal de penitência. Os habitantes de Nínive, ao ouvirem a pregação de Jonas, se arrependem e fazem penitência, inclusive o rei, vestindo-se de sacos e cobrindo-se de cinzas. (Jn 3,5-6) Mardoqueu, no livro de Ester, ao saber do decreto do Rei Asuer I que condenava à morte todos os judeus do império, veste-se de saco e cobre-se de cinzas implorando o favor divino. (Est 4,1) Jó, quando arrependido, faz o mesmo. (42,6) Também Daniel, suplicando a Deus, impõe-se o cilício e se reveste de cinzas (Dn 9,3). Por fim, Jesus igualmente faz referência ao uso das cinzas em Mt 11,21.

Vê-se que o seu uso está grandemente fundamentado nas Escrituras e indica um claro sinal de arrependimento, de contrição, de súplica pela misericórdia divina. Assim, nada mais apropriado do que ser reutilizado no início da Quaresma, tempo por excelência de conversão.

Além deste significado, as cinzas também encerram a idéia da finitude e efemeridade da vida. Quando o padre no-las impõe à festa, ele diz a fórmula: "porque és pó e em pó te hás de tornar." A consciência da finitude, do limite, da não auto-suficiência é um realismo necessário sem o qual não há vida espiritual. "Deus resiste aos soberbos", diz a Escritura. Portanto, o pressuposto da conversão é a humildade. A cinza, sendo o resto daquilo que era vivo - são os restos das palmas usadas na celebração de ramos do ano anterior -, antecipa o destino humano. Torna presente aquilo que infalivelmente será a sua sorte. Ela traz à consciência a célebre fórmula de Salomão: "Vaidade das vaidades, tudo é vaidade." Ao desesperançar do que vai debaixo do sol, a alma se abre àquilo que está acima do efêmero, à "Beleza tão antiga e tão nova", Àquele que, por transcender o tempo, renova todas as coisas, inclusive o nosso coração.

Mas lembremos que o cinza é também uma cor, e, como tal, ocupa um lugar entre o preto e o branco. O preto, sendo ausência de cores, foi entendido pela Igreja como um símbolo da morte - ausência de vida - ou com as trevas exteriores. O preto assim pode simbolizar aquilo que está fora da via de salvação. Um primeiro movimento em direção a Deus seria a tomada de consciência da distância d'Ele e o arrependimento. Este primeiro passo espiritual marca o trânsito entre o preto e o branco. A primeira saída do preto em direção ao branco gera o cinza. Assim, o cinza se torna, também pelo simbolismo das cores, o sinal do início de uma mudança que, por ser só início, é disposição do coração, arrependimento. "Rasgai os vossos corações", diz Deus, "e não as vestes". O coração é o que há de mais íntimo no homem, em oposição às vestes, que são aquilo que está aparente. Nesta Quaresma, peçamos ao Senhor que a nossa conversão seja verdadeira, e não meramente exterior. Que a Virgem Santíssima caminhe conosco. Pax.

Fábio

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Um comentário:

Fique à vontade para comentar. Mas, se for criticar, atenha-se aos argumentos. Pax.

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