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A romanidade da Igreja - Dom Marcel Lefebvre



Não se pode negar que isto seja um fato providencial. Deus, que conduz todas as coisas na sua sabedoria infinita, preparou Roma para se tornar a cátedra de Pedro e o centro de irradiação do Evangelho. Daí o adágio: “Unde Christo e Romano”.

Dom Guéranger, na sua Histoire de Sainte Cécile, mostra a importante participação que os membros das grandes famílias romanas tiveram na fundação da Igreja, dando seus bens e seu sangue pela vitória do reino de Jesus Cristo. Nossa liturgia romana é disso testemunha fiel.

A Romanidade não é uma palavra vã. A língua latina é um exemplo importante. Ela levou a expressão da fé e do culto católico até os confins do mundo. E os povos convertidos eram firmes em, nessa língua, cantar sua fé, símbolo real da unidade da fé católica.

Os cismas e as heresias começaram frequentemente por uma ruptura com a Romanidade, ruptura com a liturgia romana, com o latim, com a teologia dos Padres e dos teólogos latinos e romanos.

(...) Tenhamos gosto em examinar como os caminhos da Providência e da Sabedoria divina passam por Roma e concluiremos que não se pode ser católico sem ser romano. Isto se aplica também aos católicos que não têm a língua latina nem a liturgia romana; se permanecem católicos é porque permanecem romanos, como os maronitas, por exemplo, pelos laços com a cultura francesa católica e romana que os formou.

É um erro, a propósito da cultura romana, falar em cultura ocidental. Os judeus convertidos trouxeram com eles do Oriente tudo o que era cristão, tudo o que no Antigo Testamento era uma preparação e iria servir de apoio ao Cristianismo, tudo o que Nosso Senhor assumiu e que o Espírito Santo inspirou os Apóstolos a utilizarem. Quantas vezes as epístolas de São Paulo nos falam sobre isso! Deus quis que o Cristianismo, moldado por Roma, recebesse um vigor e uma expansão excepcionais. Tudo é graça no plano divino, e Nosso divino Salvador dispõe de tudo, como é tido dos romanos, “cum consilio et patientia” ou “suaviter et fortiter”!

Também nós devemos guardar esta Tradição romana querida por Nosso Senhor, como Ele quis que nós tivéssemos Maria Santíssima por Mãe.

Mons. Marcel Lefebvre, A Vida Espiritual Segundo São Tomás de Aquino.
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