Na interior adega do Amado meu, bebi; quando saía
Por toda aquela várzea, já nada mais sabia,
E o rebanho perdi que antes seguia.
Ali me abriu seu peito e ciência me ensinou mui deleitosa;
E a ele, em dom perfeito, me dei, sem deixar coisa,
E então lhe prometi ser sua esposa.
Minha alma se há votado com meu cabedal todo, a seu serviço;
Já não guardo mais gado, nem mais tenho outro ofício,
Que só amar é já meu exercício.
Se agora, em meio à praça, já não for mais eu vista, nem achada,
Direis que me hei perdido, e, andando enamorada,
Perdidiça me fiz e fui ganhada.
S. João da Cruz, Canções entre a alma e o Esposo.
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