Este texto que segue abaixo foi vinculado a vários sites e blogs. Como podem ver, eu não o retirei, mas, por justiça, após a leitura dele, peço que leia este aqui, no qual me retrato pelo erro de ter me referido, na ocasião, à Santa Missa como celebração antropofágica. Boa leitura.
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Ontem à noite, 27 de julho, assisti a reapresentação da entrevista entre o Pe. Fábio e o Pe. Joãozinho, onde o primeiro tentava se esclarecer a respeito da recente polêmica por causa de declarações num de seus livros abordando a temática da Eucaristia e da Ressurreição. O padre comentou também sobre a sua resposta à carta de um blogueiro, o Gustavo, onde diz que o "dogma evolui".
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Ontem à noite, 27 de julho, assisti a reapresentação da entrevista entre o Pe. Fábio e o Pe. Joãozinho, onde o primeiro tentava se esclarecer a respeito da recente polêmica por causa de declarações num de seus livros abordando a temática da Eucaristia e da Ressurreição. O padre comentou também sobre a sua resposta à carta de um blogueiro, o Gustavo, onde diz que o "dogma evolui".
Porém, agora quero me ater a uma questão levantada no programa, em que o próprio Pe. Joãozinho afirmou coisas estranhas a meu ver. Tratando da Eucaristia, e criticando uma posição "materialista" que consistia em focar-se no aspecto material do Corpo do Senhor, o padre falou que, mesmo depois da transubstanciação, continua existindo vinho. É como se o sangue ficasse presente no vinho. Ora, mas isto é doutrina luterana, a chamada empanação.
O sacerdote dehoniano argumentava que o que acontece na Santa Missa é a transubstanciação e não transmaterialização.
Esclareçamos algumas coisas. O que defendia a doutrina da empanação de Lutero? O protagonista da "revolução" protestante defendia que, na Eucaristia, Cristo estava presente juntamente com a substância do pão. Isto se assemelha muito à posição que o padre defendeu. Mas continuemos... Pouca gente sabe, mas o grande motivo da condenação de Galileu se deu por motivos teológicos. Este cientista, metido a metafísico e meio místico, andou elaborando uma teoria, segundo a qual, os acidentes de determinado ser, seriam eles mesmos, compostos de substância. Com isto, Galileu simplesmente negou a possibilidade de separação entre substância e acidente. Ok.. Mas e o que isto tem com a Eucaristia? Tudo.
Antes, porém, tratemos ainda de outra breve questão. O que faz com que uma coisa seja o que é, é a sua substância. Se mudamos somente os acidentes de algo, este não deixa de ser o que é. Quando Juliana corta o cabelo, faz as unhas, troca de roupa, bronzeia-se na praia, etc... não deixa de ser Juliana. A mudança de acidentes não implica que se deixe de ser quem é. No entanto, quando mudamos a substância de algo, mesmo que permaneçam os acidentes, aquele algo já não é o mesmo ser. O que se dá na Santa Missa é, justamente, a mudança da substância do pão para a substância da Carne de Nosso Senhor. Portanto, de forma alguma pode-se dizer que, após a consagração, ainda há pão. Daí ser errado dizer que "a carne do Senhor está presente no pão", pois já não há mais pão, nem vinho.
Voltemos à doutrina de Galileu e sua relação com a Eucaristia. Na transubstanciação, a substância é mudada, mas permanecem os acidentes. Dizemos que o Corpo do Senhor e o Sangue do Senhor estão "sob as espécies do pão e do vinho". Com "espécies" quer-se dizer "acidentes" ou "aparências". Estes acidentes, embora permaneçam para nos exercitar a Fé, NÃO são compostos da substância do pão. A afirmação de Galileu mexia, portanto, no "Mistério da Fé", que a Igreja guarda com máximo zelo, sendo mesmo o centro e ápice da vida cristã.
Agora, porém, Pe. Joãozinho, conhecido por sua erudição, aparenta defender que, mesmo após a consagração, permanece a matéria do pão e do vinho. Se, por matéria, ele quiser dizer "acidente", tudo bem. Mas que se explique. Depois, (se eu estiver errado, alguém me corrija), a celebração eucarística é sim antropofágica, pois o que comemos é, de fato, a carne de um homem, embora seja Deus. Não é simbolismo, é literalmente carne e literamente comida (Jo 6,55).
Por fim, uma questão interessante: Pe. Joãozinho afirmou, como prova de que o sangue consagrado permanecia, de alguma forma, vinho, que se alguém bebesse uma grande quantidade do Sangue do Senhor, viria a ficar alcoolizado. Reconheço que este terreno central da Fé é muito complexo e transcende infinitamente a nossa possibilidade de compreensão, sendo por sua própria natureza, inesgotável mistério. Porém, arrisco-me a fazer a seguinte observação: Dentro os acidentes que permanecem após a consagração do pão e do vinho, estão a cor, o tamanho, o cheiro, o gosto. Já o dizia Santo Tomás em um de seus belos poemas. Pois bem. A possibilidade do Sangue do Senhor provocar o efeito próprio da substância do vinho não seria, também, outro caráter acidental? Creio que sim, pois não há mais vinho.
Fábio Luciano
Salve Maria! Não é antropofagia. A antropofagia, segundo li, é a destruição de uma pessoa por via da alimentação. Na Eucaristia, nós não destruímos o Corpo de Cristo, mas nos alimentamos dele inteiro, não em parte, presente em todo o seu ser sob as aparências de pão e de vinho.
ResponderExcluirLuiz, Salve Maria!
ResponderExcluirSegundo o dicionário Novo Aurélio, Antropofagia é “prática regular e institucionalizada de consumo de carne humana por seres humanos, geralmente com caráter ritual”.
A Wikipédia ainda define o termo como sendo "o ato de consumir uma parte, várias partes ou a totalidade de um ser humano."
Etimologicamente, antropos significa homem e fagia, vem de fagos (phagein) que significa comer. Antropofágico seria simplesmente o que comeria carne humana.
E, de fato, nós comemos a carne de um Homem na Santa Missa.
Embora, em nenhum dos conceitos acima haja menção ao termo "destruir", sabemos que o ato de comer supõe o de destruir.
Bem Luiz.. Eu passei a considerar a possibilidade de a Celebração Eucarística ser antropofágica depois que uma professora minha de Antropologia, que era católica, fez esta afirmação.
Sobre esta questão do termo "destruir" que vc mencionou, lembrei-me de duas afirmações que são convergentes neste sentido. Primeiro, a de um amigo meu, que entende melhor de Liturgia do que eu, que disse ser costume, em uma determinada época da Igreja, o uso preciso da expressão: “Este é o meu Corpo que será destruído por vós”.
Isto bate ainda com uma pregação que ouvi há um certo tempo do Pe. Roberto Lettieri que fez a mesma afirmação.
Bem. O que concluir disso tudo? É difícil. Você poderia objetar que, sendo Deus, Cristo não pode ter o corpo destruído. E esta é uma questão complexa, pelo menos pra mim. A minha intenção com este artigo foi tentar prevenir os leitores de uma interpretação meramente simbólica.
Enfim, sendo sincero, você não me convenceu de que não é uma celebração antropofágica, mas respeito muito a sua opinião e agradeço a sua contribuição. No mais, digo que, depois de você, pra mim, esta questão fica em aberto e vou procurar me inteirar melhor deste assunto.
Peço também que, se quiseres sinceramente me convencer (e eu estou aberto a mudar de opinião se vier a perceber com clareza que a posição que sustento é errada), desenvolva uma argumentação bem trabalhada e sigamos, se assim vc desejar, discutindo esta questão.
Enfim, peço ainda que, se conheceres algum documento da Santa Igreja que trate do assunto, por favor mo indique.
No mais, agradeço.
Que Deus o abençoe e guarde.
Fábio.
Luís, Salve Maria.
ResponderExcluirAcabei de ler o artigo do site Montfort onde se trata desta entrevista e do tema da antropofagia.
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=igreja&artigo=fabio-de-melo-montfort&lang=bra
Muito interessante.
Noto que alguns visitantes continuam a ler este texto, vinculado ao site Montfort, onde se faz a sua refutação. Peço que leiam também o outro que escrevi sobre o assunto, onde admito o erro e me proponho a não mais chamar a Santa Missa de celebração antropofágica.
ResponderExcluirLeia aqui http://anjosdeadoracao.blogspot.com/2009/09/sobre-questao-da-eucaristia-e.html
Pax.