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Diálogo de um judeu com Jesus


Jacob Neusner
Joseph Ratzinger

Neusner, crente judeu e rabino, cresceu em amizade com cristãos católicos e evangélicos, ensina na universidade juntamente com teólogos cristãos e situa-se perante a fé dos seus colegas cristãos com grande respeito; no entanto continua profundamente convencido da validade da explicação judaica das Sagradas Escrituras. O seu respeito ante a fé cristã e a sua fidelidade ao judaísmo levaram-no a procurar o diálogo como Jesus.

Neste livro (A Rabbi talks with Jesus. An Intermillenial interfaith exchange), ele se coloca entre a multidão dos seus discípulos no "monte" da Galiléia. Ele escuta Jesus, compara a sua palavra com as palavras do Antigo Testamento e com as tradições rabínicas, tal como se encontram guardadas na Mischna e no Talmude: ele vê nestas obras tradições orais do início dos tempos que lhe oferecem a chave de interpretação para a Tora. Ele escuta, compara e fala com Jesus. Ele se sente tocado pela grandeza e pela pureza do que é dito e ao mesmo tempo inquieto sobre a irreconciliabilidade última que encontra no núcleo do Sermão da Montanha. Então acompanha Jesus a caminho de Jerusalém, ouve como é que nas palavras de Jesus esta temática é retomada e depois desenvolvida. Sem cessar, procura compreender; sem cessar, agita-o a grandeza; e sempre conversa com Jesus. Mas no fim decide-se por não seguir Jesus. Ele permanece - como ele mesmo diz - no "Israel eterno" (p.141).

O diálogo do rabino com Jesus mostra como a fé na palavra de Deus nas Sagradas Escrituras cria simultaneidade entre os tempos: a partir das Escrituras pode o rabino entrar no hoje de Jesus, e a partir delas Jesus vem ao nosso hoje.

(...) Procuremos captar o essencial deste diálogo, para conhecermos Jesus e compreendermos melhor os nossos irmãos judeus. O ponto central torna-se muito bem visível, como me parece, numa das mais impressionantes cenas que Neusner esboça em seu livro. Neusner tinha, no seu diálogo interior, seguido Jesus durante todo o dia e retira-se então para a oração e para o estudo da Tora com os judeus de uma pequena cidade, para conversar com o rabino de lá sobre tudo o que ouviu - sempre no pensamento da simultaneidade acima dos séculos.

O rabino cita do Talmude babilônico: "o rabino Simlaj explicava: 613 preceitos foram transmitidos por Moisés; 365 (proibições) correspondem aos dias do ano solar, e 248 (mandamentos) correspondem às articulações do homem. Em seguida veio Davi e reduziu-os a 11... Depois veio Isaías e reduziu-os a 6... Depois veio de novo Isaías e reduziu-os a 1... Mais ainda: em seguida veio Habacuc e reduziu-os a um, que quer dizer: o piedoso viverá pela sua fé (Hab 2,4).

No livro de Neusner vem em seguida este diálogo: "'Era isto', pergunta o mestre, 'que Jesus, o mestre, tinha para dizer?' Eu: 'não propriamente, mas mais ou menos'. Ele: 'O que foi que ele omitiu?' Eu: 'Nada'. Ele: 'O que foi que ele acrescentou?' Eu: 'A si mesmo'" (p. 113s).

Este é o ponto central da "impressão" perante a mensagem de Jesus para o crente judeu Neusner, e esta é a razão central por que ele não quer seguir Jesus, mas permanece no "eterno Israel": a centralidade do Eu de Jesus na sua mensagem, que a tudo dá uma nova direção. Neusner cita neste momento, como prova para esta "adição", a palavra de Jesus ao jovem rico: se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e segue-Me (cf. Mt 19,21; p.114). A perfeição, a santidade exigida pela Tora, como Deus é santo (Lv 19,2; 11,44) consiste agora em seguir Jesus.

Joseph Ratzinger, Jesus de Nazaré.
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