Tese: Maria foi imaculada na sua conceição, quer dizer, não contraiu o pecado original.
Qualificação: De fé.
Explicação:
Era tal a excelência da maternidade divina que exigia uma suma pureza moral em Maria. Só por meio dessa pureza "Deus preparava a seu Filho uma digna morada". Por um privilégio e graça singular preservou-a da lei geral que mancha - todos os homens propagados por geração natural - com o pecado original. Este privilégio foi-lhe concedido em atenção aos méritos de Cristo Redentor e Salvador de todos os homens.
A Redenção pode ser dúplice: liberativa, se livra de um mal já existente; preservativa, se preserva de um mal que devia existir necessariamente. Tal foi a redenção de Maria.
Adversários:
Foram-no, antigamente, grandes santos e grandes teólogos - Sto Anselmo, S. Boaventura, S. Tomás - não para diminuírem em nada as glórias de Maria, mas por julgarem que, sendo Jesus Cristo Redentor de todos os homens, também o era de sua Mãe. E tinham nisto razão; erraram, era necessário que tivesse estado, ao menos um instante, em pecado. Ora, Jesus Cristo remiu-a, não levantando-a do pecado, como aos demais homens, mas não a deixando cair nele.
Provas
A) Tradição
Definimos que... a doutrina, segundo a qual a Bem-Aventurada Virgem Maria, no primeiro instante da sua conceição foi... preservada imune de toda a mancha de culpa original, é revelada por Deus e, portanto, há-de ser crida por todos os fiéis firme e constantemente. (Pio IX, Bula Ineffabilis Deus, 8 Dez. 1854. D. 1641.)
B) Escritura
1- No livro do Gênesis (3, 15), Deus diz à serpente: "Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a sua. Ela (a descendência da mulher) esmagará a tua cabeça."
Nesta passagem da Escritura, Deus anuncia que haverá inimizades entre a mulher e a serpente e, vitória completa por meio da descendência da mulher. Ora, não seria completa a vitória, se a mulher em questão, tivesse estado sujeita ao demônio pelo pecado, ainda que este fosse só o original. Que esta mulher seja Maria, e a serpente seja o demônio, é doutrina frequente entre os padres e Escritores Eclesiásticos, embora alguns dos mais notáveis apresentem outra interpretação (Cf. Lennerz, Gregorianum, 1946, pág. 300). A prova anterior está, portanto, tirada das palavras da Escritura, tal como devem entender-se segundo a Tradição.
Pio XII, na encíclica Fulgens Corona, publicada em 1953 por ocasião do centenário da definição dogmática da Imaculada Conceição aparece nas mesmas Sagradas Escrituras, nas quais Deus, criador de todas as coisas, fala, depois da miserável queda de Adão, à tentadora e corruptora serpente, come estas palavras que não poucos dos Santos Padres e doutores da Igreja e muitíssimos reputados intérpretes, aplicam à Virgem Mãe de Deus: Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela (Gên III, 5).
Por conseguinte: se a Virgem Maria tivesse chegado a estar por algum tempo sem a graça divina, nesse espaço de tempo, por breve que fosse, não teria havido, entre Ela e a serpente, aquela eterna inimizade da qual se faz menção desde a primeira "tradição" até à definição solene da Imaculada Conceição. Teria havido, pelo contrário, certa sujeição.
2- S. Lucas: "Ave, cheia de graça". Afirma que Maria estava cheia de graça não de qualquer forma, mas como convinha à Mãe do Redentor e de Deus; ora tal plenitude de graça inclui a imunidade do pecado original, portanto Maria foi imaculada na sua conceição.
A dignidade de Mãe de Deus competia não ter tido nunca participação alguma com os inimigos do Redentor, e não ter sido nunca odiada por Deus; ora tal só pela imunidade do pecado original.
C) Razão Teológica
Convinha que Maria, que havia de ser Mãe de Deus, fosse santíssima e tivesse toda a imunidade possível de pecado. Ora, não há razão alguma que se oponha a essa imunidade; portanto teve-a desde o primeiro instante da sua conceição.
Deus pôde criar a alma da Ssma Virgem em estado de graça. A isto não se opõe:
a) o dogma da universalidade do pecado original. Deste só se pode concluir que Maria devia ter contraído o peado original, mas não se segue que Deus a não pudesse ter eximido de contraí-lo, de fato;
b) o dogma da universalidade da redenção. Deus pôde remi-la com a redenção preservativa;
c) o dogma da redenção por meio de Cristo. Deus pôde remi-la pelos méritos de Cristo absolutamente previstos.
J. Bujanda S. I., Manual de Teologia Dogmática
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