Dada a íntima conexão entre Jesus Cristo e sua Mãe, depois de estudar a pessoa de Jesus Cristo, é lógico tratarmos da pessoa de Maria, percorrendo os privilégios com que Deus enaltece Aquela que fora escolhida para Mãe do Redentor.
Tese: Maria é Mãe de Deus
Qualificação: De Fé.
Explicação: Supomos já provado que Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem e que o seu corpo foi gerado pela Virgem Maria. Donde se deduz que Maria foi verdadeiramente Mãe de Jesus, Mãe de Cristo. Poderá também chamar-se Mãe de Deus? É o que afirmamos e provamos na tese.
Adversários:
1º Indiretos:
a) Todos os que não admitem a divindade de Cristo;
b) Os que não admitem a verdadeira humanidade de Cristo;
c) Os que negam que essa humanidade nasceu de Maria.
2º Diretos:
Sendo Maria Mãe de Jesus Cristo, e havendo em Cristo, como vimos, duas naturezas - a divina do Verbo, e a humana constituída pelo corpo e alma humanas - Nestório e seus discípulos diziam: Maria não é Mãe de Deus, mas só de Cristo homem. Deus existia antes de Maria, logo esta não pode ser Mãe de Deus.
Advertência: À primeira vista poderia a alguém parecer que se tratava de uma questão mais de palavras que de realidades. Os hereges e os católicos sustentavam unanimemente que Deus existia antes de Maria, que de Maria se tomou a carne da qual se formou o corpo de Jesus, e que no seio de Maria se formou e dele nasceu Jesus Cristo. Diferiam, contudo, numa questão intimamente ligada com a presente, a saber: se em Jesus Cristo havia uma ou duas pessoas.
Pergunta-se: deve afirmar-se que Maria é Mãe de Deus? A esta pergunta responde afirmativamente a Escritura e a Tradição.
Provas
A) Tradição -
1- "Se alguém não confessa... que a Santíssima Virgem é Mãe de Deus, já que deu à luz segundo a carne, o Verbo de Deus feito homem, seja anátema" (Conc. de Éfeso, Anatematismo, 1. D. 113.)
2- "Se alguém diz que a Santa, gloriosa e sempre Virgem Maria é imprópria e não verdadeiramente Mãe de Deus..., seja anátema" (Conc. 2º de Constantinopla. D. 218)
3- Concílio Calcedonense (D. 148) e Concílio Lateranentese (D. 256.)
B) Escritura -
1- Segundo a Escritura, Maria deu à luz Jesus Cristo, seu filho primogênito: ora, Jesus Cristo é Deus; logo, Maria, segundo o modo de falar da Escritura, é Mãe de Deus.
"Subiu José... à cidade de David que se chama Belém... com Maria, sua esposa, que estava grávida. E sucedeu que estando ali, se completaram os dias em que devia dar à luz. E deu à luz o seu filho primogênito". (Lc II, 4 e 8)
2- S. Lucas: "O que nascer de ti será chamado Filho de Deus" (1, 35). O que nascer de Maria será Filho de Deus no sentido próprio, portanto, Deus. Ora, o que nascer de Maria é filho de Maria, por conseguinte, o filho de Maria será Deus, isto é, Maria é Mãe de Deus.
3- S. Lucas: "Donde a mim que venha à minha casa a Mãe do meu Senhor?" (1, 43). Isabel inspirada pelo Espírito Santo chama a Maria: Mãe do meu Senhor. Ora, o nome do Senhor era estritamente divino, portanto, chama Maria Mãe de Deus.
Consequência
Logo, segundo a Escritura e a Tradição, Maria há-de chamar-se Mãe de Deus porque dela nasceu Jesus Cristo, que é Deus. É este o grande privilégio de Maria. Os outros, ou são preparação para esta grande dignidade, como a sua Conceição Imaculada, ou são consequências dela, como a excelência de graças e méritos, e a Assunção gloriosa, em corpo e alma.
Nota:
Maria, Mãe dos Homens - Damos a Maria o doce nome de Mãe, e Mãe de todos os homens:
1º Porque assim a invoca a Igreja na Salve-Rainha, "Salve-Rainha, Mãe de misericórdia"; no hino Ave Maris Stella, "mostrai que sois Mãe"; na sequência Stabat mater, "eia! Mãe, fonte de amor".
2º Porque como Mãe carinhosa, tem dispensado aos homens, no decorrer dos tempos, inumeráveis benefícios, e por isso as suas imagens e santuários são extraordinariamente venerados e concorridos.
3º Porque Jesus lhe deu por filho a S. João com aquelas palavras: "Mulher, eis aí teu filho" (Jo, XIX, 26), e em S. João, "segundo o sentir constante da Igreja, designou Jesus Cristo o Gênero Humano, sobretudo os que haviam de crer nele" (Leão XIII, Encíclica Audiutricem populi, 5 Set. 1895).
J. Bujanda, Manual de Teologia Dogmática,
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