A mais alta inteligência sofre a incapacidade absoluta de assimilar o Infinito. Há poucas palavras tão empregadas quanto essa: eternidade. No entanto, onde se encontra o monstro de gênio que conseguirá dar uma explicação qualquer desse lugar-comum? O que não tem começo nem fim! Sabe-se pela fé, e mesmo pela razão, que isso existe. Chega-se mesmo a saber que somente isso existe, realmente. Mais, eis tudo. Mais além, é o muro de aço ao encontro do qual esbarra toda força intelectual. É o domínio de Deus, o Jardim do Milagre, o tabuleiro da Rosa Mística. Os muito pequenos e os muito humildes podem perceber, algumas vezes, de infinitamente longe, os altos bosques. Excessiva condescendência do Mestre e privilégio raro entre os raros. E estes não compreendem mais do que os outros. Apenas, o dom dos milagres lhes é então outorgado como um perfume revelador, como um átomo de poeira das flores desconhecidas. Aquele por quem é necessário esperar, o Estrangeiro que só ele poderá pôr fim à incomensurável Tribulação, será certamente um homem de eternidade, nesse sentido que terá permissão para beber no Reservatório do temível jardim, não muito longe da velhíssima Árvore da Ciência, justo no lugar onde caía o Sangue da Mão direita de Jesus, logo depois de ter sido pregado na Cruz, face ao Ocidente.
Octávio de Faria. Léon Bloy. Rio de Janeiro: Gráfica Record, 1968. p.86-87
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