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Polêmica sobre a revogação das excomunhões de quatro bispos da FSSPX


Temos assistido a recente polêmica sobre o Papa e o levantamento das excomunhões de quatro bispos da FSSPX. A mídia, como sempre, trata de oferecer aos desavisados uma versão distorcida da história, manipulando opiniões para que, como no tempo de Jesus, a massa se decida por Barrabás.

Quero, nesta ocasião, expor rapidamente o contexto desta situação e, depois, fazer algumas considerações a respeito. Quero indicar também que este assunto está sendo intensamente tratado por outros sites, blogs e demais espaços da internet. A repercussão desembocou também na rede Globo e saiu ainda numa reportagem da Revista Veja, já famosa por suas “pérolas”. Bem, isto o que eu soube. Mas seríamos justos afirmando que o caso teve repercussão mundial.

Bem. Mas o que acontece? Tratemos do início.

Em 1988, dois bispos, D. Marcel Lefebvre e D. Antônio de Castro Mayer, solicitaram de Roma a permissão para sagrar bispos a quatro sacerdotes, devido à necessidade. Tais pretendentes ao bispado foram recomendados como pessoas experimentadas e muito aptas para o serviço. A permissão, porém, não veio. Diante de tal negação, os dois bispos acima mencionados insistiram e sagraram aos quatro bispos. Esta atitude de expressa desobediência fez com que incorressem, os bispos sagrados e os sagradores, em excomunhão latae sententiae, isto é, automática, segundo o Código de Direito Canônico. O então Papa João Paulo II Magno, de saudosa memória, tinha manifestado que esta atitude fora claramente cismática. Seja como for, os bispos em questão, pertencentes à Fraternidade Sacerdotal São Pio X – FSSPX sustentavam, a partir de estudos canônicos, a nulidade das excomunhões, apelando para o argumento da necessidade.

De forma geral, o que caracteriza os membros pertencentes a esta Fraternidade é uma intensa guarda da Tradição Católica sem inovações. Eles posicionam-se diretamente contra o Concílio Vaticano II, que acusam de ser ambíguo, e contra todos os seus frutos. A discussão gravita em torno de temas doutrinais e é justamente a mudança no campo da doutrina que, segundo eles, constitui a causa do caos teológico e litúrgico pelo qual passa a Santa Igreja nestes tempos, o que vai se refletir diretamente na conduta dos filhos da Igreja..

Bem. Recentemente, Sua Santidade Bento XVI, num gesto de paternal caridade e misericórdia, e dentro de um ambiente de já inúmeros diálogos, revogou as excomunhões dos bispos em questão. Interessante que a revogação foi a resposta a um pedido da própria FSSPX. Mas este pedido fora uma recomendação do próprio Bento XVI. E, como dizia já um membro da FSSPX, Sua Santidade não solicitaria tal pedido se não tivesse a intenção de concedê-lo. O importante é que esta graça veio... E aquilo que já era esperado em terreno eclesiástico, isto é, a polêmica por parte de membros modernistas e inimigos da tradição, irradiou-se também extra-eclesia. Mas... Por quê? Que interesse teria o mundo secular e ateu por estas questões teológicas e eclesiásticas?

Nenhum, na verdade. Ao contrário, o mundo das massas populares tem um interesse muito claro de oposição à Santa Igreja. E ao perceber uma chance, ainda que pequena, simplesmente a agarra, mesmo que para isto tenha de fazer as associações mais mesquinhas e usar das mentiras mais lavadas. Qual, então, a causa da polêmica?

Um dos quatro bispos cuja excomunhão foi revogada, Dom Williamson, defende uma tese curiosa: ele nega que tenha havido o holocausto judeu. Bem, particularmente não sei como ele defende esta visão, mas a mídia caiu em cima associando esta posição particular de Dom Williamson à atitude do Papa. Apressaram-se os manipuladores de opinião em mostrar a posição deste bispo como uma posição nazista e ainda quiseram fazer do papa um cúmplice que estaria a aprovar a teoria de Dom Williamson.

Mas, convém aqui saber separar:

1 - A revogação das excomunhões pertence a um contexto eclesiástico envolvendo questões em terreno canônico.
2 - A negação do holocausto (negacionismo) é uma posição pessoal de Dom Williamson.

Além do mais, quando a polêmica estorou, ela surpreendeu tanto ao Papa como ao bispo re-incomungado. O Santo Padre afirmou que pessoalmente não sabia da posição negacionista do bispo da FSSPX. Já este afirmou estar surpreso pelo alcance de suas palavras.

O próprio Dom Williamson, logo após o levantamento das excomunhões, pediu perdão ao Papa, reconhendo que o tinha feito passar por dificuldades desnecessárias. Recentemente ele foi advertido a retratar-se publicamente. A isto respondeu calmamente, dizendo que irá procurar as comprovações históricas sobre o assunto tratado, e que isto durará um tempo. Se ficar convencido de seu erro, se retratará.

Ademais, eu soube que ele foi proibido de falar publicamente sobre política e história.

Bem. Esta é a questão. Sei que este texto já vai um tanto extenso, mas gostaria de comentar algumas coisas.

Primeiramente, a posição de Dom Williamson é curiosa. Vemo-lo totalmente disposto a discutir a questão no campo dos argumentos, enquanto que foi só levantar uma suspeita sobre a veracidade do holocausto para, com isto, incomodar o mundo, o que torna toda esta situação, no mínimo, suspeita. E isto se torna ainda mais suspeito se considerarmos que hoje em dia é comum que muitas pessoas cultivem dogmas científicos, históricos, etc. Veja-se, por exemplo, o caso do evolucionismo, totalmente insustentável. Mas hoje isto virou sinônimo de autoridade incontestável. Veja ainda a posição do ateísmo, como se fosse algo dignamente racional. Obervemos os mitos criados a partir de distorções da Santa Inquisição e das Cruzadas. Veja o caso do Galileu. Tudo isto, ensinado de forma deturpada, criando erros que são sustentados por livrecos e professores faltos de sinceridade intelectual. Não quero aqui sugerir que Dom Williamson esteja certo... ao contrário, penso que ele não está (embora eu não tenha condição nenhuma para negar ou afirmar algo neste campo); mas creio que a questão deve ser vista de uma forma mais séria.

Depois, vejamos a grande movimentação que isto causou em solo católico. Parece que até um padre abandonou a Igreja depois da revogação das excomunhões. Há bispos que se apressam em dizer que Sua Santidade agiu de forma muito errada; há outros que solicitaram a re-excomuhão de Dom Williamson; um outro enraivou-se dizendo que não há lugar para ele na Igreja Católica; um outro ainda afirmou que alguém que defenda uma tal posição não pode ser reintegrado no Magistério da Igreja.

Tudo isto não deixa de ser muito revelador, visto que a grande crítica que sempre se ergueu contra a FSSPX consistia em acusá-la de desobediência e cisma. Agora, porém, diante da decisão do Santo Padre, são muitos os que erram justamente neste ponto, recusando-se em acatar a decisão do Sucessor de Pedro.

Isto se deve ao incômodo que sentem certos membros da Igreja, acostumados às inovações cômodas da modernidade em campo doutrinal e herdeiros da falsa hermenêutica do Concílio Vaticano II, condenada por Bento XVI. Sua Santidade, pois, como o Cristo, é hoje por muitos abandonado, mas segue firme na defesa da Fé e da Tradição. É ele eminente exemplo do que Cristo diz: “Eis que vos envio qual cordeiros no meio de lobos”, e é justamente esta a petição que ele faz aos fiéis depois que é eleito para a Cadeira de S. Pedro: “Rezai por mim, para que eu não fuja, por medo, diante dos lobos”

Outra questão que eu gostaria de levantar: atentemos sobre a política de Bento XVI na Igreja. Ele é um grande defensor da Tradição. Há quem queira negar, mas Sua Santidade, graças a Deus, deve sim intentar conduzir a Santa Igreja de volta à Sua Tradição Única e Autêntica, combatendo os erros e maus costumes que assolam hoje a Esposa de Cristo. E para defender esta posição, provas e exemplos não faltam. Basta que observemos as suas attitudes: liberação da Santa Missa no Rito Tridentino a partir do Motu Próprio; Revogação das excomunhões da FSSPX; fundação do Instituto Bom Pastor (IBP) para a crítica e reta hermenêutica do Vaticano II, organização cujo rito ordinário da Santa Missa é o tridentino; uso de vários instrumentos da Missa de Pio V em suas celebrações; comunhões de joelhos e sempre na boca; posicionamentos corajosos sobre inúmeros temas: Islamismo, relativismo, homossexualismo…, seguindo sempre a linha da Tradição, atraindo o ódio de muitos, cumprindo em si mesmo o que profetizou o Cristo: “Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a Mim antes que a vós”.

Recentemente, Bento XVI sagrou bispo a um sacerdote austríaco, Mons. Gerhard Wagner, e o enviou à cidade de Linz, na Áustria. Este padre, tratado pelo pecho de “ultra-conservador” pelos que não lhe são simpáticos, tem causado furor no local, muito conhecido pela grande degradação moral e pelo clero super-modernista. A decisão de Bento XVI, sem nem mesmo consultar o clero local, dá mostras de sua visão acerca dos erros dos liberais católicos que, direta ou indiretamente, se insurgem contra o Supremo Pontífice da Igreja.

A este respeito, dentro desta polêmica atual, falou o próprio Dom Willamson:

“Sou apenas o instrumento” com o qual alguns querem “agir contra o Papa”. “Visivelmente, o catolicismo de esquerda ainda não perdoou o fato de Ratzinger ter se tornado Papa”.

Os lobos uivam, mas Bento XVI manté-se firme na luta em defesa da Fé.

Que Deus abençoe o Papa e lhe conceda força e coragem nestes tempos tenebrosos. Que a Virgem Santíssima seja o seu conforto e sua perseverança no trabalho de restauração da Igreja e da Liturgia.

E nós, de nossa parte, sejamos sempre fiéis às decisões do Sumo Pontífice que, iluminado pelo Espírito Santo, rema contra a correnteza, conduzindo a Barca de Cristo, fora da qual não há Salvação.

Rezemos pelo Santo Padre, o Papa; sejamos fiéis à Santa Igreja e lutemos, também, com a força que nos é concedida, em favor da Verdade e da Fé, vivendo santamente e aborrecendo o mal e a mentira com o Bem e a Verdade.
Que a Santa Cruz seja nossa arma.
Que Cristo seja glorificado eternamente.
Que a Verdade seja defendida e amada.

Salve a Santa Igreja Católica, detentora da Verdade, Esposa sem mácula do Cordeiro, via única de Salvação.

Salve o Sumo Pontífice Bento XVI, doce sombra de Cristo na terra.

Fábio Luciano Silvério da Silva


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2 comentários:

  1. Sobre a polêmica em questão, parece que as declarações de Dom Williamson não se referem, exatamente, ao holocausto em si, mas sim ao uso das câmaras de gás (isso segundo uma fonte onde vi). Seja como for, permaneço ignorante no assunto.

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  2. Uma coisa se deve aqui esclarecer. Não se deve achar que Bento XVI é contra o Concílio Vaticano II em si ou contra o rito de Paulo VI para celebração da Santa Missa. Vários de seus pronunciamentos refutam esta versão.
    Porém Bento XVI é frontalmente contra a chamada "hermenêutica da ruptura" do Concílio Vaticano II e todos os seus consequentes frutos. E, em que consiste esta hermenêutica? Consiste na interpretação do Concílio como se fosse uma ruptura, uma mudança substancial com relação à doutrina que sempre foi ensinada pela Tradição de vinte séculos da Igreja.

    E qual seria a reta hermenêutica? Seria a interpretação segundo a qual o Concílio Vaticano II continua a Tradição e não rompe com ela.

    Os grandes erros litúrgicos que vemos hoje devem-se, quase na totalidade, à hermenêutica da ruptura. Infelizmente, muita gente, até mesmo do clero, considera que a Igreja tenha mudado, o que não é verdade. É preciso se ater à Tradição e buscar interpretar este Concílio à sua luz. É herético supor evolução de dogmas e da doutrina católica.

    Outra coisa a se considerar é que o COncílio Vaticano II não é dogmático. Primeiramente, percebemos a possibiliade de interpretá-lo de uma forma errada; por este motivo, muitos o acusam de ser ambíguo. Uma proclamação dogmática, em geral, é direta, de modo a não dar margens para interpretações errôneas.
    Por este mesmo motivo, não se deve considerar este último Concílio como o de maior autoridade na Igreja, como fazem alguns, alegres pelas comodidades que a falsa interpretação trouxe.

    O Concílio de Trento, este sim, foi dogmático; isto significa que nenhum católico pode, sob pena de excomunhão, negar qualquer ponto ou agir de forma contrária a qualquer determinação deste Concílio. Percebemos, então, que seria muito lógico que os católicos se interessassem muito por ele. Mas, infelizmente, na maior parte, este interesse simplesmente não existe.

    Realmente, como previu Sua Santidade Paulo VI, a fumaça de satanás entrou na Igreja a partir desta má interpretação, desta traição a Cristo que fizeram e fazem muitos membros da Santa Igreja.

    Cabe a nós, como católicos fiéis, buscarmos conhecer, da forma mais profunda possível, aquilo que ensina a Santa Tradição, a fim de que não caiamos nos erros modernistas e nas heresias que já são frequentes, mesmo em meios religiosos.

    Que Sua Santidade o Papa Bento XVI seja abençoado e fortalecido por Deus e que Nossa Senhora o conduza e o conforte nestas lutas para que a Santa Tradição da Igreja seja mantida firme, bela e intocável. Amém.

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Fique à vontade para comentar. Mas, se for criticar, atenha-se aos argumentos. Pax.

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