A segunda corrente, que se originou de Strauss, é a chamada escola liberal, na investigação histórica sobre o Cristo. Ao contrário de Hegel, sustenta que são as personalidades, não as idéias, que plasmam a história.
Por isso, a personalidade de Jesus vem em primeiro plano, na sua explicação do cristianismo. A sua ambição, entretanto, é compreender a personalidade de Jesus com os recursos do método histórico, portanto, com uma rigorosa análise das fontes, e com a aplicação das leis da analogia e da correlação.
Tudo que em Jesus ultrapasse as analogias e os paralelos históricos e que se possa demonstrar esteja acima da correlação histórica, acima do nexo causal histórico é anti-histórico e, consequentemente, deve ser cancelado de sua imagem.
Com esse pressuposto, a escola liberal visa, fundamentalmente, a demonstrar que tudo o que há de misterioso e de sobrenatural na vida do Senhor é anti-histórico, mero produto da fé da comunidade.
Assim se acautela, diligentemente, de considerar toda a tradição evangélica como fruto da mitologia.
Encontra muita pedra primitiva sólida que martelo algum de crítico pode estilhaçar; tudo isso, entretanto, não passa de ruínas soltas. O crítico, porém, pode organizá-las num bloco, e o critério dessa sistematização são os ideais culturais de cada época.
Por isso, a escola liberal se vangloria de apresentar um Cristo a gosto do homem moderno. Esse Jesus se caracteriza, essencialmente, por seus traços ético-religiosos; é o mestre da vida interior, que nos leva ao Pai, o primeiro dos gênios religiosos da humanidade.
E uma vez que essa escola tira do Jesus histórico tudo o que há de sobrenatural e seu caráter messiânico, sua doutrina se caracteriza como "jesuanismo", que considera objeto da investigação histórica o Jesus da história, e não, o Cristo da fé.
Por mais que se revolva a história da fé, esse Jesus "histórico" jamais se encontra em parte alguma. Nem mesmo os monarquianos dinâmicos, que viam em Cristo apenas uma força espiritual consubstancial ao Pai, nele operante, conheceram um Jesus histórico como o da escola liberal.
Não! Esse Jesus jamais atuou na história, é um puro devaneio, uma mera criação literária.
Karl Adam, O Cristo da Fé.
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